O amor é cego escrita por British


Capítulo 6
Romantismo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681030/chapter/6

— E aí como foi a conversa com ela? – Sasuke me perguntava quase pulando no sofá de tanta ansiedade
— Sinceramente, você está parecendo uma menina do colegial esperando pra saber de uma fofoca – analisei e depois apenas conferir a cara do Sasuke de “eu vou te matar agora”
— Fala – disse sério
— Ta bom... Ela ficou espantada ao saber que você era meu amigo. Disse que assistiu ao seu filme, mas não ficou muito impressionada, afinal ela só podia escutar. Disse que prefere filmes de romance e ela e a amiga me perguntaram por que você não faz nenhum.
— Só isso? – O rosto dele aparentava decepção.
— Eu acho que até foi muito. Se eu falasse mais ela ia desconfiar não acha?
— Você tem razão – ele parou pra pensar
— Por que você não faz um filme de romance depois desse de terror? – sugeri
— Você sabe muito bem por que eu não faço filmes sobre romance. – Sasuke se levantou do sofá e foi em direção a janela do apartamento observar a cidade.
— Eu sei, mas já passou. Faz quantos anos mesmo?
— três anos – a voz dele parecia triste e distante
— Você já superou isso não? – levantei e coloquei a mão sobre o ombro do meu amigo
— Não sei – confessou
— Sasuke, aquela mulher não era pra você. Você quis a surpreender fazendo um filme contando a história de vocês, ajeitou tudo, colocou no seu primeiro festival profissional, era uma excelente prova de amor.
— Mas ela não pensou assim, quando ela assistiu ao filme e ainda por cima meu filme não ganhou premio algum ela me disse barbaridades. Me lembro como se fosse ontem. Ela disse “Acha realmente que essa porcaria de filme é bom? Você não é bom. Você é uma piada. Perdi meu tempo com você. Eu apostei minhas fichas em você, até acreditei que você poderia ser brilhante no cinema, mas não passa de uma grande merda. Nunca mais me procure Sasuke”. Foi isso que eu ouvi depois de tê-la pedido em casamento na frente de todo mundo naquele festival de cinema após a exibição do filme que eu fiz pra ela.
— Sasuke, eu duvido que Sakura seja capaz de te dizer essas barbaridades.
— Eu também achava que aquela mulher não me diria nada disso e ela disse.
— Elas são pessoas diferentes – avisei
— Eu sei, mas eu quero conhecê-la mais. Eu estou apaixonado e quero pedi-la em namoro no momento certo.
— Ah a Sakura me mandou te dar um recado.
— Que recado?
— Ela me mandou te dizer que sofrer é inevitável, mas que é melhor se arriscar e viver do que se arrepender mais tarde.
— Até parece que ela sabe quem eu sou.
— Não, ela não sabe, mas ela deve ter vivido algo parecido. Pelo menos foi essa minha impressão.
— Ela passou por muita coisa Naruto. Ela ainda não consegue falar do acidente.
— Ela não falou nada?
— Falou sobre o ex-namorado, o Kiba, que morreu no acidente, mas não deu detalhes de como tudo aconteceu.
— Ela ainda não superou isso
— Eu sei, por isso que ainda não pedi ela em namoro, ela poderia dizer não. Então vou com calma.


[...]

— Você já disse pra alguém eu te amo? – Kiba me perguntava aquilo casualmente enquanto folheava as folhas do livro de português
— Já – falei não entendendo muito bem o porquê daquela pergunta.
— Pra quem você disse? – insistiu ainda encarando o livro
— Pros meus pais oras, pra quem mais eu diria? – o encarei e por um segundo ele tirou os olhos do livro
— Só pros seus pais?
— Só. Mas por que a pergunta? – ele então rapidamente mudou de assunto.
— Vamos nos concentrar no trabalho. – disse voltando a só olhar pro livro
— ta – não dei muita atenção
— “Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos” – recitou e eu estranhei profundamente
— Por que recitou isso?
— é parte do nosso trabalho sobre o romantismo poxa. Álvares de Azevedo.
— Eu prefiro outro poema dele. Aquele que fala sobre morte
— Todos falam sobre morte, sobre morte e amor...
— Ah, mas tem um que fala mais
— Acho que sei qual é... - Disse voltando a olhar para o livro e recitou – “Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!” – bati palmas de pé
— Você recita muito bem Kiba
— Valeu – disse fechando o livro – Já pensou se a gente morresse amanhã?
— Vira essa boca pra lá, a gente é novo, não vai morrer
— Álvares de Azevedo também era novo quando morreu, ele tinha 21 anos.
— Mas ele morreu de tuberculose numa época que não tinha cura pra doença. Hoje em dia a medicina é bastante avançada.
— tudo bem, mas mesmo assim e se a gente morresse?
— Nunca pensei nisso. – afirmei
— Eu também nunca tinha pensado... Mas agora fiquei curioso, se eu morresse você choraria por mim?

Nesse momento abri meus olhos e percebi que esse era mais um sonho. Mais uma vez eu sonhava com o meu passado, com algum momento importante. Na época eu não me dei conta, mas nesse dia muitas coisas importantes aconteceram, afinal aquele tinha sido nosso último trabalho de literatura do colégio, romantismo. Foram dias depois desse que Kiba se declarou pra mim, a pergunta sobre o eu te amo e sobre chorar caso ele morresse se tornaram realidade, afinal eu disse pra ele que o amava no dia do acidente e pouco depois ele morreu e eu chorei. Como chorei, pensei que me desmancharia em lágrimas. Dizem que a maior parte do nosso corpo é feita de água, então eu tinha quase certeza que toda a água que estava presente em meu corpo se converteu em lágrimas do tanto que chorei. Talvez esse sonho viesse me mostrar que ainda é cedo pra dizer que eu amo alguém, afinal meu amor pelo Kiba foi crescendo ao decorrer de toda uma vida, como um estranho podia ficar tão importante em menos de um mês? Eu não posso dizer que amo Itachi, mas gosto, gosto demasiadamente demais. Que confusão. Não sei se quero encontrá-lo de novo, pelo menos não por enquanto.

Enquanto essa dúvida me assombrar e esse medo me corroer eu não posso encontrá-lo, afinal vá que ele diga que me ama? O que eu poderia dizer? Não faço idéia. Tenho medo até em pensar, mas talvez seja precipitação minha pensar que ele possa querer dizer que ama, afinal mal me conhece. E mesmo que ele diga que ama, como posso saber que é sincero? Eu demorei anos pra dizer ao Kiba que o amava, não seria sincero dizer a um desconhecido em menos de um mês ou algo assim, pois nem certeza sobre isso o que sinto eu tenho.

[...]

— O Itachi quer falar com você no telefone. – dizia Hinata na porta do meu quarto
— Diz pra ele que eu to ocupada – logo dispensei
— Mas é a terceira vez que o rapaz liga.
— Nem que fosse a milionésima.
— por que isso? – Hinata não me entendia, afinal eu tinha dito a ela que gostava dele e de verdade gosto, mas estou com medo.
— Por que eu não estou preparada pra falar com ele. Peça pra ele esperar até sábado. Sábado vou vê-lo co Central park como de costume.
— Ok. Vou avisar. – Tinha me decido. Seja lá o que eu decidisse até sábado era lá, naquela hora que eu ia conversar com ele. Antes eu não podia, não estava preparada. Eu já tinha me esquecido como era gostar de alguém, afinal faz tanto tempo...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O amor é cego" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.