Era uma sexta-feira, pré-estréia do tão aguardado Decifra-me ou devoro-te 2: a vingança das múmias. Era tarde da noite e em frente ao cinema se encontravam milhões de fãs, que acamparam no local por semanas e a imprensa que esperava os atores principais e o cineasta Sasuke Uchiha que seria a grande aparição da noite. O tapete vermelho se estendia por quilômetros na rua até chegar a porta do carro onde as estrelas desceriam. Chegaram primeiro atores que faziam papeis pequenos, depois a atriz principal do filme, Karin, conhecida por todos como revelação no cinema, vieram logo em seguida alguns convidados da produção incluindo Itachi Uchiha acompanhado desta vez por Ino Yamanaka, cantora mega conhecida mundialmente e por último, quando todos já estavam cansados de esperar surgiu Sasuke Uchiha que foi recebido por gritos histéricos, aplausos, flashes e milhares de propostas de casamento por suas fãs. Passou nada sorridente como sempre pelo tapete e deu breves entrevistas para sites que transmitiam a première ao vivo. A exibição do filme pela primeira vez foi algo que deixou todos contentes, afinal foram meses gravando e editando cada parte para chegar ao cinema do jeito que estava. Após a exibição teve a festa e lá sim a coisa pegou fogo.

— parabéns pelo filme, estava incrível como sempre – Ino sorria pra mim com aquelas duas fileiras de dentes e o decote grande demais para que eu pudesse notar as duas novas próteses de silicone
— Obrigado – agradeci e logo peguei uma bebida, não agüentaria ficar de goela seca tendo que aturar gente daquele tipo, certamente era Itachi que tinha carregado ela pra lá.
— Pensei que talvez depois daqui; em algum lugar mais reservado pudéssemos conversar mais a vontade sobre o meu filme – ela então tomou o copo da minha mão achando que estava sendo sensual e bebeu o resto da minha bebida.
— Desculpe, mas eu já disse Ino. Eu não vou fazer um filme da sua história. – fui direto
— Eu não aceito não como resposta – insistiu
— De jeito nenhum então vai ter que servir – falei sendo o menos grosso possível e me retirei. Ela era chata. Vulgar demais. Mas não demorou muito e outra mulher insuportável veio me abordar: Karin.
— Mal nos falamos hoje Sasuke, não acha indelicado tratar assim a estrela do seu filme? – a voz dela era manhosa e praticamente vinha embutido com um “leve-me para a cama”
— A estrela do meu filme já é muito bem tratada por milhões de homens, fãs e jornalistas. Eu não faço falta na sua lista – tentei ser educado
— Bobinho, claro que você faz falta. Eu estava contando as horas pra te ver de novo, desde a galeria acho que não tivemos uma oportunidade melhor de nos aproximarmos. – ela vinha chegando perto e eu me afastando
— Karin, meu relacionamento é estritamente profissional com você. – fui direto, mas ela não parecia entender de jeito algum
— Podemos falar de trabalho na cama – ela sussurrou em meu ouvido
— Não podemos. Você pode até fazer isso com o meu irmão, mas não comigo.
— Sentiu ciúmes Sasuke? – ela ainda tinha esperanças
— Não. Karin ponha nessa sua cabecinha que eu e você nunca vamos ser um casal. Eu não vou aceitar nenhuma proposta indecente sua. Eu não sou igual ao meu irmão. – não adiantava eu tinha que ser grosso
— Eu não quero que você seja igual ao Itachi. Só me beije Sasuke – ela fechou os olhos e veio se aproximando de mim, eu apenas saí dali e a deixei sozinha. Quem será a próxima mulher a me atacar em menos de dez minutos?
— Que foi Sasuke? Viu fantasma? – Itachi ria já alegrinho demais por causa da bebida
— Pior. Vi a Karin e a Ino.
— Só você pra fugir de mulher, ainda assim por causa da Sakura?
— É, faz duas semanas que eu não a vejo nem falo com ela. O que eu sei é o que Naruto me conta.
— E o que anda acontecendo com ela?
— Pelo que eu saiba depois que eu fui embora os pais dela pediram pra ela voltar pra mim e aí ela ficou com mais raiva ainda expulsou eles de lá e que agora mesmo que ela nunca mais ia querer nem ouvir minha voz.
— Que trágico – disse Itachi bebendo todo o conteúdo de sua taça de uma vez só
— Pois é e agora eu decidi ficar um tempo longe pra ela pensar melhor. Não quero simplesmente impor a minha presença, mas quando ela menos esperar eu vou encontrá-la pra ajudar na produção do documentário do Naruto que logo vai ser finalizado.
— Boa sorte então, mas mano você bem que podia me ajudar com a Ino pô – pediu
— Como eu poderia te ajudar?
— Faz o filme dela, ou pelo menos diz que vai fazer só pra eu levar ela pra cama como agradecimento sabe?
— Você é louco. Eu não vou me meter nisso. Quer mesmo ficar com ela? Consiga isso por mérito próprio e não usando meu nome. Por isso que a Konan não te quer de volta, dou toda razão a ela. – saí dali. Logo depois tive que dar mais algumas entrevistas e posar para fotos com o elenco, foi quando Karin me surpreendeu com um beijo de repente. Todos fotografaram e eu fiquei com muita raiva, com tanta raiva que quase agredi um fotografo. Não quero nem imaginar as manchetes amanhã...

[...]

— Hinata, o que tanto você vê nesse computador? – perguntei, pois Hinata estava muda há horas na frente daquela tela
— Estou vendo as noticias sobre a première do filme do Sasuke.
— Disso eu não quero saber.
— melhor mesmo – disse inconscientemente
— Por quê? O que aconteceu lá que você quer me esconder?
— Na-nada – gaguejou, sinal de que ela estava mentindo
— Pode falando, agora eu quero saber. O que aconteceu?
— Você não vai gostar Sakura, além disso, pode ser apenas fofoca.
— Fofoca?
— É. Fofoca, sempre inventam muitas coisas, então certamente o Sasuke não beijou a Karin porque ele quis.
— Ele beijou aquela atriz do filme? – mesmo não querendo admitir meu coração ainda batia mais forte por aquele homem e saber que ele já estava com outra me deixava mal, as lágrimas já estavam rolando pelo meu rosto
— Tem uma foto deles se beijando aqui e na legenda diz: “Sasuke Uchiha não resiste ao charme de Karin. A Atriz beijou o cineasta com paixão no fim do evento deixando no ar a suspeita de romance. Sasuke como sempre reservado ficou nervoso com a atitude da moça deixando o local as pressas. Karin apenas relatou que entre eles existem mais coisas do que nós podemos ver.”
— Cachorro – falei de punhos cerrados. A raiva já me dominava.
— Acho que ela é uma cachorra, não ele. Ao meu ver foi ela que agarrou.
— Ele deixou.
— Ele não deve ter tido tempo pra reagir.
— Não importa, ele não é nada meu. – saí de lá ainda chorando.

[...]

— o que tem no jornal? – perguntei a Nagato que estava completamente entretido lendo as noticias do dia
— Ah Konan, estão falando da première do sucesso de bilheteria Decifra-me ou devoro-te. Estou olhando as fotos pra conferir as beldades que passaram pelo tapete vermelho e pra mim as ganhadoras são Karin e Ino Yamanaka. Elas estavam deslumbrantes. Vestidos perfeitos que realçavam todas as suas formas. – olhei então para as fotos. Karin vestia um vestido longo preto, com uma fenda gigantesca na coxa direita. O vestido não era decotado na frente, mas era muito justo na parte dos seios. Já atrás o decote das costas era enorme mostrado tudo que ela não mostrou na frente. Pra mim uma piranha. Ino não era muito diferente da ruiva. A loira trajava um vestido curto, dourado com um decote grande demais na frente pra exibir o silicone. Tirando os olhos azuis o resto era tudo falso naquela mulher.
— Muito vulgares. Não sabia que esse era seu tipo de mulher.
— Elas devem ser boas de cama – ele disse com um sorriso bobo nos lábios
— Se você acha – então quis me retirar, mas Nagato me impediu deixando o jornal de lado e segurando meu braço
— Eu prefiro você – disse olhando nos meus olhos
— Sou muito diferente delas.
— Por isso mesmo. Elas são só pra diversão, você é coisa séria.
— Isso é uma cantada? – perguntei arqueando uma sobrancelha
— Pra mim é praticamente um pedido de casamento – ele ia se aproximando, estava a ponto de me beijar, quando Deidara apareceu...
— Seu irmão está te esperando Nagato – disse distraído e depois percebeu a situação – estou atrapalhando?
— Não – respondi
— Sim – Nagato disse e Deidara ficou confuso
— Sim ou Não?
— Não. O Nagato já vai subir pra falar com o Sasori. – respondi. Nagato subiu para falar com Sasori e Deidara ficou me olhando com uma cara de “Você está me traindo” e olha que eu nem tenho nada oficialmente com ele.

[...]

— Por que deixou aquele bilhete em casa pra eu vir até aqui? Não dava pra esperar até a noite pra conversar comigo? – falei
— Eu detesto esperar – Sasori disse virando a cadeira que antes estava de costas
— Legal, vim suprimir um capricho seu ao invés de dormir a manhã inteira.
— Você é muito preguiçoso. Se acha que vai ser sustentado por mim está enganado. Você vai trabalhar.
— Então me arrume um emprego, porque eu não vou procurar. – falei brincando ao me sentar na cadeira em frente ao meu irmão
— Já tenho o emprego perfeito pra você. - deu um sorriso como se estivesse tramando alguma coisa
— Onde?
— Aqui. Eu estava precisando mesmo de um recepcionista.
— O que um recepcionista faz?
— Você vai ficar ali fora numa mesa atendendo telefonemas, anotando recados e agendando compromissos. Eu não sei ensinar esse tipo de coisa, mas a Konan vai te ensinar o trabalho. Acho que está na hora dos donos da galeria deixar de fazer esse trabalho somos muito ocupados.
— Não parece tão ruim.
— Não é. E nos dias de exposição você vai ficar na porta principal checando a lista de convidados para que não entre nenhum penetra.
— E quanto vai ser meu salário?
— 500 dólares, só que vai ter alguns descontos, porque você mora comigo então eu tenho que tirar um pouco do seu dinheiro pra pagar as contas, então você só vai receber 150 dólares.
— Isso é um roubo. – gritei
— Não. É justo. Com esse dinheiro dá pra você vadiar por aí nos dias de folga.
— Quando é a minha folga?
— Sábado e domingo.
— Eu não vou ter direito de reclamar né?
— Não. – sorria vitorioso
— Se é só isso então já vou – me levantei, mas Sasori não me deixou sair da sala
— Espere... Não é só por isso que te mandei vir. – o tom de voz agora era sério, tinha cheiro de bronca.
— O que mais você quer? – me virei para encará-lo
— Eu ouvi o seu celular tocar ontem de madrugada e vi você saindo do apartamento para atendê-lo. Quem era?
— Era engano. – respondi prontamente
— Você é péssimo mentindo. Diga quem era? Se fosse engano você não teria se dado o trabalho de sair do apartamento só para atender.
— Era uma namorada.
— Continua mentindo – será que ele não podia acreditar na minha palavra?
— Tudo bem, não era uma namorada. – admiti
— Quem era?
— Não vou falar – me recusei
— Nagato, você viveu os últimos 13 anos longe de mim. Eu não sei o que aconteceu com você, mas você cheira a encrenca. – foi direto
— Você não precisa se preocupar
— Você é meu irmão mais novo, é meu dever me preocupar com você.
— Você quer mesmo saber o que está acontecendo comigo?
— Quero – a voz continuava grave, aquilo não era um pedido. Era uma ordem.
— Então você vai ouvir tudo o que quer, mas fique sentado, porque você corre o risco de desmaiar ao saber a verdade. – coloquei um meio sorriso no rosto e os olhos de Sasori eram como pedras de gelo
— Fale logo. Não quero perder meu tempo com suas criancices.
— Minha história é longa, você tem tempo?
— Todo o tempo do mundo para o meu irmãozinho – ele disse e então comecei a contar meus segredinhos...

[...]

— Dei – ela me chamou pelo apelido com a voz mansa – você é único e especial. Você é meu melhor amigo, entenda que não quero magoá-lo. E eu não sei responder a sua pergunta. Nagato é apenas o irmão do Sasori pra mim e Itachi um canalha que eu desprezo. Você significa mais que os dois juntos. – sorriu gentil e depois se retirou. Ela sempre fazia isso... Nunca me deixava continuar quando me decidia lutar por ela. Amigo? Será que eu sempre serei fadado a ser só isso?