Você já perdeu alguém que amava e queria ter mais uma conversa, só mais uma chance de voltar para o dia de quando você acreditava que ficariam juntos para sempre? Se sim, então você pode passar toda a sua vida coletando dias, e nenhum deles será o que você queria de volta.

Eu, Rachel Berry, fiz a pior coisa que alguém poderia ter feito na vida. Trai a confiança da minha namorada. Pior ainda, da minha melhor amiga.

Eu fui idiota em pensar que o amor bastava, mas eu fui ausente. Fui uma namorada que tudo o que me importava era eu mesma. Deveria ter percebido. Deveria ter notado com aqueles olhares perdidos e tristes que ela me lançava e não quando ela jogava as verdades na minha cara.

Eu estava tão focada em fazer você feliz que esqueci que eu deveria ser feliz também.

Foi a ultima coisa que Quinn Fabray me disse antes de bater a porta do meu apartamento, saindo da minha vida para sempre.

Eu chorei. Chorei muito. Meu corpo inteiro convulsionava contra a porta, contra a cama, contra a parede do banheiro. Eu não conseguia suportar. A dor era tanta. Parecia que eu tinha perdido parte de mim.

E, se estou sendo sincera comigo mesma, Quinn era parte de mim.

Uma parte de mim que se casaria daqui a uma semana.

E não era comigo.

Passamos anos sem nos resolver. Anos que eu tentei voltar para aqueles dias. Anos que eu deixei mensagens de voz no celular dela. Anos que eu chorei até dormir. Anos que meus amigos tentaram me reerguer e fazer com que eu lutasse por minha garota.

E eu lutei. Ah, Deus! Como eu lutei!

Fui no seu apartamento novo diversas vezes. Ela me recebeu nas primeiras, escutando-me atentamente, mas sempre terminando com um “sinto muito, Rachel”. Nas outras vezes, ela desistiu de me atender, com o tempo, percebi que ela tinha se mudado para Connecticut.

Eu chorei. Mas não porque ela se mudou, e sim porque o “Rachel” não saiu da minha mente. A vontade que eu tinha de ligar e pedir para que ela me chamasse de Rach ou Rae era imensa. E eu fiz isso, várias e várias vezes. Mas ela não me atendeu.

O momento em que eu finalmente desisti, foi quando se passaram três anos e em seu Facebook tinha: Em um relacionamento sério com...

Eu não quis saber quem era a vadia que tinha roubado a minha garota. Não quis nem ao menos olhar para a imagem delas se abraçando e a vadia beijando a bochecha da minha Quinn.

Na minha mente só passava imagens daquela garota beijando os lábios que eram meus, tocando o corpo que era meu. Eu vomitei bastante quando isso passou pela minha cabeça, e evitei pensar nisso. Mas uma coisa era certa... Quinn era minha... Agora não é mais.

Passei muito tempo chorando e atualizando sua página do Facebook, esperando que esse status mudasse. Mas ele não o fez. Bem, na verdade, ela mudou sim os status. Mas para pior ainda. Depois de cinco meses seu status era: Noiva de...

E eu quebrei.

Quebrei em vários pedaços irrecuperáveis.

Com todo esse drama, me saí mal em algumas performances, e minha carreira de atriz estava prestes a ir para o fundo do poço, quando Kurt me ofereceu o papel de Evita. Ele estava dirigindo o musical, e era da Broadway. Não neguei, não poderia negar, poderia ser a minha chance.  

Minha carreira não se reergueu de imediato, afinal, eu ainda estava indo muito mal nos outros musicais que tinha feito anteriormente, mas com Evita, estava começando a me dar bem.

Por um tempo, a ideia de que a mulher da minha vida estava prestes a casar com outra pessoa, estava sendo deixada de lado. Claro que eu pensava nisso. E que eu chorava antes de dormir. Não teve uma só noite em que não chorei até adormecer.

Tudo começou a ir se acalmando, até que eu recebi uma ligação de Santana. Ela estava me implorando para ir no jantar de casamento de Quinn, um dia antes da cerimônia. Implorando para que eu a impedisse de casar. Diversas vezes eu perguntei do que iria adiantar e ela me respondeu:

Ela está fazendo a escolha errada.

Claro que eu fiquei irritada e gritei com Santana, alegando que ela não estava na cabeça de Quinn para achar que era isso que ela achava. Mas Santana me respondeu com um:

Ela me perguntou sobre você, perguntou se você está bem, e me perguntou se estava fazendo a escolha certa casando-se com Nia.

Apaguei o nome da vadia rapidamente e deixei com que a voz de Santana me embalasse. Santana continuava falando sobre Quinn e eu não consegui aguentar. Aceitei o pedido que ela me fazia.

Eu vou impedir o casamento da mulher da minha vida.

—_

Agora, aqui estava eu. Em Lima. No meu quarto. No quarto em que Quinn e eu tivemos nossa primeira vez. No quarto em que eu a amei com todo o meu coração. E ainda a amo. Quinn nunca sairia da minha vida, nem mesmo se eu tentasse.

Eu fui a idiota por ignorar os pedidos dela de passarmos os dias juntas, de sairmos de férias juntas e de ignorar aqueles olhares machucados que ela me lançava sempre que eu lhe negava.

Escutei a buzina do carro de Finn no andar debaixo. Meus pais já tinham ido para o jantar de casamento e eu lhes pedi para que me deixasse aqui e que Finn iria me buscar. Desci as escadas e escutei a campainha. Abri a porta e encontrei Finn com um olhar carinhoso.

Ele estava estranho com aquela barba, mas sempre mantinha o olhar carinhoso de quando nós éramos adolescentes, e me confortava imensamente.

— Está linda, Rach. – Ele me elogia e eu lhe sorrio.

— E você está muito elegante, Finn. – O elogio de volta vendo seu sorriso aumentar e então seus olhos suavizarem. Virei para fechar a porta e arrumar a bolsa no ombro. – Estou pronta.

— Vamos. Precisamos pegar a sua garota de volta.

Soltei uma risada suave. Era uma risada nervosa, mas ainda suave. Finn acreditava em mim. Todos eles acreditavam. Desde que acordei naquele dia, recebi diversas mensagens de apoio dos meus amigos. E Finn era um deles.

Finn parou o carro na frente de um restaurante arrojado. Talvez o único restaurante arrojado da cidade. Desci do carro e olhei ao redor, procurando encontrar o Beetle vermelho, quando o achei, meu peito se apertou e soltei um suspiro para suavizar o aperto. Quinn estava aqui. Não era seu casamento ainda, mas ela estava aqui. Perto de mim. Depois de tanto tempo sem estarmos nem mesmo no mesmo estado, agora estávamos quase no mesmo ambiente.

— Então tudo certo? – Olhei para o lado quando escutei uma voz diferente. Era Claire. Claire Young. A garota que namorou Quinn antes que eu pudesse tê-la para mim. E também uma das melhores amigas de Quinn. Ela estava agora, lançando olhares excitados para mim.

— Tem certeza de que esse plano vai funcionar? – Indaguei e senti a mão de Finn no meu ombro. Claire me lançou um sorriso entusiasmado.

— Claro que tenho! Ela me chamou para cantar durante o jantar, então sim, tudo vai dar certo. Estou louca pra ver a cara daquela vadia quando ver o olhar apaixonado que Quinn vai lançar pra você quando vê-la cantar. – Claire fala tudo de uma vez e eu a olho com os olhos arregalados antes de morder o lábio inferior em nervosismo.

— Certo. – Murmurei para mim mesma.

— Me segue. – Claire ordena e aponta para uma rua ao lado do restaurante. – Vamos entrar pelos fundos.

Finn apertou a mão em meu ombro e eu virei para ele.

— Vou estar lá pra você. – Ele avisa e beija minha testa antes de sair de perto e entrar no restaurante.

Engoli em seco e voltei meu olhar para Claire. Assenti para mim mesma e a segui até os fundos do restaurante. Ninguém sabia a música que eu cantaria, apenas chegaria lá e cantaria. Mas eu tinha uma na cabeça. Ela poderia ser a minha salvação, mas também poderia ser o meu ponto final.

Se Quinn não me quisesse essa noite, eu iria embora da sua vida. Ela nunca mais me veria e eu seguiria em frente. Exatamente como deveria ter feito, mas precisava do meu ponto final. A ideia de Quinn me negando mais uma vez era extremamente dolorosa, mas eu teria que fazer isso.

Tínhamos passado pela cozinha e entramos em uma sala ao lado do salão principal. De onde estávamos escutei a voz de Santana xingando alguém. Provavelmente estavam ganhando tempo pra mim. Ela tinha sido uma verdadeira amiga para mim desde que Quinn foi embora.

— Sabe qual música vai cantar? – Escutei Claire me perguntar e finalmente levei meus olhos até ela. Fazia um tempo que não nos víamos e ela não tinha mudado tanto. Ainda usava uma jaqueta de couro, mas agora era acompanhado de um vestido preto extremamente curto e extremamente decotado.

— Stone Cold. – Falei e ela cerrou os olhos.

— Aquela nova da Demi Lovato?- Perguntou baixinho.

— Sim, essa mesma.

— Rachel... você já parou para prestar atenção na letra? É uma despedida!

A olhei por alguns segundos, comprimindo os lábios respirando fundo.

— Sim, eu sei. Se Quinn não me aceitar... se Quinn não entender o que eu quero... esse vai ser o meu ponto final. – Confessei e Claire lambeu os lábios, olhando para o lado antes de olhar para mim.

— Eu vou tocar piano pra você. – Anunciou e eu a olhei agradecida. – Mas, acredite, você vai conseguir a garota.

— Eu realmente espero Claire.

—_

Claire já estava no palco e eu estava ao lado dele. Ainda não subi então ninguém estava me vendo, mas eu conseguia ver Quinn. Ela estava na ponta da mesa, parecendo muito distraída. Seu cabelo estava curto mais uma vez, como eu sempre gostei. Ela usava um vestido roxo simples com uma faixa preta sob o busto. Linda como sempre.

Soltei um suspiro e senti alguém me cutucar no ombro. Era um dos garçons, ele apontava para a escada e eu respirei fundo antes de agradecê-lo e subir as escadas lentamente.

Se fez silencio no salão principal do restaurante. Levantei os olhos e vi que todos da mesa estava com os olhos em mim. A vadia tinha uma expressão confusa direcionada pra mim, provavelmente não me conhecia. Quinn ainda não tinha levantado os olhos, parecia muito distraída com a comida que tinha no prato.

Respirando fundo, olhei para Claire, que me olhou de volta e piscou antes de começar a tocar.

Stone cold, stone cold

You see me standing, but I'm dying on the floor

Stone cold, stone cold

Maybe if I don't cry, I won't feel anymore

Fechei os olhos quando vi que Quinn tinha levantado na primeira palavra que cantei. Meu coração batia em um ritmo quase desconhecido.

Stone cold, baby

God knows I tried to feel happy for you

Know that I am

Even if I can't understand

I'll take the pain

Give me the truth, me and my heart

We'll make it through

If happy is her, I'm happy for you

E abri os olhos. Meu olhar percorreu todos naquele salão. Não conhecia todos, é claro. Quinn só tinha alugado uma parte do salão, mas todos tinham olhos em mim. Principalmente aquela que eu sempre quis que estivesse em mim. Meus olhos encontraram os seus e meu corpo tremeu violentamente, fazendo-me tremer no final do refrão.

Hmm, hmm

Stone cold, stone cold

You're dancing with her, while I'm staring at my phone

Stone cold, stone cold

I was your amber, but now she's your shade of gold

Quinn me olhava com tanta intensidade. A mesma intensidade que ela me olhou quando nós fizemos amor pela primeira vez. A mesma intensidade que senti quando ela me disse as ultimas palavras que me feriram antes de sair do meu apartamento.

Stone cold, baby

God knows I tried to feel happy for you

Know that I am

Even if I can't understand

I'll take the pain

Give me the truth, me and my heart

We'll make it through

If happy is her, I'm happy for you

A vadia tinha se levantado da cadeira e lançava olhares para Quinn, olhares irritados. Quinn não a olhava de volta, ainda permanecendo o olhar em mim. Sua boca estava levemente aberta, uma prova de que ela estava entorpecida na minha performance. Todos tinham se levantado e Quinn ainda permanecia sentada, olhando pra mim.

Don't wanna be stone cold, stone

I wish I could mean this but here's my goodbye

Oh, I'm happy for you

Know that I am

Even if I can't understand

If happy is her

I'm happy for you

Ao terminar, todos aplaudiram e Quinn finalmente fechou a boca e olhou para as pessoas ao seu redor. Eu engolia em seco diversas vezes, repassando tudo que eu acabei de cantar. Não desviei o meu olhar da mulher da minha vida. Quinn não parecia saber o que fazer, ainda olhando para todos e fixando o olhar na vadia.

Quinn não iria reagir, ela não reagiria na frente de tanta gente.

Lambi os lábios e lancei um olhar para Claire, que tinha os olhos alertas para mim. Balancei a cabeça e coloquei o microfone no lugar, dando as costas para Quinn e meus outros amigos e também sua noiva. Sai do palco e atravessei o salão. Parando antes de abrir a porta da saída. Quinn tinha o olhar em mim mais uma vez.

A vadia reclamava ao seu lado, puxando o braço pálido de Quinn e tentando chamar sua atenção. Sorri tristemente para Quinn, vendo-a arregalar os olhos.

Ela entendeu.

Entendeu que eu estou me despedindo.

E que estou tentando fazê-la feliz, e esquecendo de mim. Esquecendo de que a minha felicidade é ela.

Então saí porta afora.

—_

As lágrimas desciam incansavelmente quando a porta se fechou atrás de mim. Passei a mão pelo rosto e coloquei-a na minha boca, impedindo que um soluço quebrado escapasse. Tropecei até o estacionamento e deixei o meu corpo cair contra a caminhonete de Finn. Encostei a testa no capô da caminhonete e deixei que as lágrimas escapassem.

— Rachel! – Escutei e fechei os olhos com força. Minha mente não foi capaz de reconhecer a voz, principalmente pelo tom quebrado da pessoa que me chamou.

Levantei os olhos e encontrei os olhos verdes.

— Quinn?

— O que você... o que...? – Ela gaguejou e se aproximou, passando a mão pelo cabelo perfeitamente penteado. – Rachel...

— O que está fazendo aqui, Quinn? – Perguntei, minha voz repentinamente forte.

Ela me lançou um olhar assustado antes de dar dois passos para frente.

— Rachel...

— Eu estou fazendo o que você quer, Quinn. Estou indo embora. Não é isso?- Solucei e levei uma mão até a boca, apoiando-me no capô da caminhonete de Finn. – Eu estou sendo feliz por você, Quinn. Como você merece.

— Mas você não está feliz...

— Não. – Confirmei. Não iria mentir. Não poderia mentir para aqueles lindos olhos verdes chorosos. – Eu não estou feliz, mas eu vou tentar se feliz por você. Felicidades ao casal.

Quinn franziu as sobrancelhas.

— Não tem como ser feliz sabendo que a minha alma gêmea está infeliz.  

Levantei os olhos para ela mais uma vez. Como ela poderia dizer aquelas coisas para mim? Depois de passar anos negando uma ligação!

— Você não pode me falar isso, Quinn. – Implorei e respirei fundo, enxugando as lágrimas que insistiam em cair. – Não pode me frustrar.

— Eu não quero frustrar você. – Ela fala rapidamente e anda alguns passos para frente, quase muito próxima de mim.

Deus! Ela fica linda de roxo!

— Então para! Volta pra sua noiva!

— Rachel! – Quinn me chamou quando eu virei para o carro e tentei abrir a porta, mas estava trancada. Soquei o vidro e deixei minha testa cair nele. – Rachel, vamos conversar.

— Por cinco anos... cinco anos eu tentei conversar, Quinn. – Sussurrei sabendo que ela estava escutando. – Por cinco anos eu sofri tentando te alcançar, mas você só ia para mais longe.

E Quinn ficou em silêncio, provavelmente pensando no que eu acabei de falar. Meu peito estava tão apertado que não conseguia respirar. Não era uma sensação nova. Eu me senti assim todos esses cinco anos.

Virei e olhei pra ela. Quinn estava de cabeça baixa, parecia não saber o que responder. Balancei a cabeça soltando um riso incrédulo.

— Tão previsível. – Murmurei e andei até ela, passando ao seu lado e fechando os olhos por alguns milésimos. Seu cheiro me afetava imensamente.

Como ela continuou em silencio, resolvi caminhar até em casa. Não era tão tarde e minha casa não era tão longe desse restaurante infame.

— Não vai, Rachel. – Escutei Quinn pedir e parei de andar.

— Você foi embora quando eu te pedi isso. – Rebati e escutei ela inalando.

— Eu fui idiota, Rachel. Todos esses cinco anos eu achei que... se eu te abandonei por algo tão idiota como falta de tempo, então eu não te merecia. Achei que amor não bastava em um relacionamento, mas eu estava errada...

— Não. – Virei e encarei os olhos verdes mais uma vez. Eles estavam tão chorosos que apertaram meu peito com força. – O amor não basta, Quinn.

Ela me olhou tristemente.

— Pra mim bastava. – Ela confessou em um sussurro e as lágrimas escorreram por seu rosto, fazendo-me dar alguns passos para próximo dela. – Quando eu desejei ter você... eu desejei ter o seu amor e pra mim bastava. Eu só queria que você em amasse de volta. Fui mesquinha em apenas ir embora por uma coisa tão simples que poderia ter sido resolvida com uma conversa.

Engoli o bolo enorme que se formava na minha garganta.

— Então porque não voltou quando eu pedi? – Perguntei em um sussurro. Meu corpo estava tremendo então cruzei os braços apertados.

— Porque achei que não deveria te merecer depois do que fiz. Eu não conseguia olhar na sua cara. Então me mudei para Connecticut com a ajuda de Emily, conheci a Nia e... aconteceu... foi algo que eu não esperava.

Balancei a cabeça em descrença.

— Todas as vezes que eu implorei pra que você voltasse. Todas as vezes que esqueci a fala no palco...

— Eu fui idiota, Rachel. Muito.

— Sim, você foi.

— Me perdoa? – Ela me pede e dá alguns passos até mim, tocando meus ombros. Controlei-me para não desabar. Seu toque era algo que eu almejei tanto por todos esses cinco anos.

— Porque precisa do meu perdão? – Indaguei olhando em seus olhos. – Você vai me deixar para casar com outra mulher.

Quinn me olhou profundamente antes de balançar a cabeça.

— Não tem como eu me casar com Nia depois do que você fez, Rachel. – Ela confessa e minhas sobrancelhas franzem. – Na verdade, não tinha como eu me casar com Nia de maneira alguma.

— Quinn...

— Eu não consegui parar de pensar em você, Rachel. – Ela confessa com um suspiro e lambe os lábios antes de olhar para o céu estrelado, então volta seus lindos olhos para mim. – Eu te amo demais para fazer isso. Deus sabe o quanto eu sofri sabendo que você sofria longe de mim.

E agora eu não consegui manter minhas lágrimas, elas escorriam pelo meu rosto e eu chorava querendo abraçá-la. Quinn logo percebeu isso e envolveu-me em seus braços.

— Porque você me deixou? – Choraminguei apertando-me contra seu corpo e enterrando meu nariz em seu peito, fungando e me entorpecendo em seu cheiro. – Porque tinha que me deixar?

— Porque eu fui idiota. Fui muito idiota. E mais idiota ainda por ter quase casado com alguém que não amava. – Quinn sussurrou contra meu cabelo e eu me apertei contra ela.

— Eu tenho culpa também. – Falei e me afastei um pouco. – Você estava certa, Quinn. Amor não basta em uma relação. Precisa ter confiança e atenção. E nenhum desses eu te dei. Deixei você no escuro por tanto tempo e você me puniu, me abandonando e...

— Por favor, Rachel. – Quinn choramingou e me abraçou de novo, puxando-me com mais força e beijando a minha testa. – Eu te amo demais, Rach. Demais. E tudo que eu quero de você é o que você me oferecer.

— Eu não vou negar passar tempo com você, Quinn. Nunca. Você é tudo que eu preciso... Tudo. Eu não posso ficar sem você na minha vida.

— Então me beije. – Escutei Quinn pedi e me afastei para olhar seus olhos chorosos.

Peguei sua mão e chequei os dedos, sorrindo ao ver que não tinha um anel em nenhuma das mãos.

— E Nia? – Perguntei pegando sua mão e colocando-a no meu peito, exatamente no meu coração.

— Foi embora quando eu vim atrás de você.

— E porque você veio atrás de mim?

— Porque eu te amo e você é o meu final feliz. E tudo que eu preciso para ser feliz.

E eu não resisti ficar na ponta dos pés e colar meus lábios nos seus, beijando-a com saudade e paixão. Cinco anos sem esses lábios. Cinco anos sem ter o gosto de tocar nessa pele pálida. Cinco anos se pressionar meu corpo nesse corpo perfeito.

Nós duas erramos. E por erros que poderiam ter sido consertados tão rapidamente, nós sofremos as consequências, nos afastando por tanto tempo. Foram cinco anos que passei meus aniversários com Kurt e algum namorado dele. Cinco anos que passei os aniversários de Quinn tentando ligá-la e deixando uma mensagem lhe parabenizando.

E agora seus lábios estavam nos meus e ela estava me pedindo desculpas. E eu a perdoei por passar tanto tempo tão longe de mim. E ela me perdoou por não ter lhe dado tempo, por não ter lhe dado mais do que amor. Por não ter lhe tratado como realmente merece.

E, se tudo continuar dando certo, nós vamos conseguir superar esses cinco anos e vamos recuperar o tempo perdido.