Savior escrita por Shoreline


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem, tentei ao máximo situar cada situação. Se existirem quaisquer erros de digitação por favor me falem, tentarei ser rápida na hora de os corrigir. Boa leitura! ♥



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Não estava sóbrio, ou pelo menos não totalmente. A festa sequer havia começado, mas já tinha bebido o suficiente para que já não conseguisse raciocinar sobre qualquer bomba que Max poderia pedir no fim da tarde; ah! esse era o problema que fazia a própria cabeça girar: Max. Qualquer um que visse a própria situação poderia notar que continuava a ser um idiota por ela, era um imbecil por beber para tentar esquecer a merda na qual ela deixara-lhe desde que Chloe voltara a ser alguém presente em sua vida. Era um babaca, sabia bem disso, muita gente fazia questão de deixar o fato bem claro diante do próprio olhar, e mesmo assim continuava a dar o mundo para ela se fosse necessário.

Tinha uma queda por Max há muito tempo e sempre fizera de tudo para que pudesse ser presente em sua rotina o suficiente para que ela notasse que poderiam ser o casal perfeito, contudo, qualquer esforço da própria parte passara a ser inútil desde que a dona dos cabelos azulados aparecera. Tudo bem, elas tinham uma história de infância, wow muito comovente, e no início chegou a pensar que tudo continuaria a ser o mesmo, mas havia se enganado mais com isso do que com o plot twist principal de Star Wars... Se bem que esse já sabia desde sempre, mas não estava preparado para um plot twist na vida real, não de forma tão brusca e surpreendente que—Ah, droga, já estava divagando demais sobre o que sequer deveria pensar. A verdade era que queria esquecer Max por ao menos um momento, se deixar qualquer pensamento sobre ela de lado era sinônimo de beber todas durante a festa, o faria sem sequer pensar.

Bebeu mais um gole do líquido que estava no copo vermelho, este oferecido por um dos garotos do dormitório que faziam uma pré-festa no fundo deste. Não planejava participar da festa do clube Vortex, mas no momento parecia ser a fuga perfeita dos próprios pensamentos, portanto sequer hesitara em terminar toda a bebida, que não sabia exatamente o que era, em um gole grande que passara queimando pela própria garganta. Odiava beber, céus, como o gosto disso é ruim, mas era melhor fazer isso que ficar perfeitamente sóbrio durante um dia tão ruim para si. Fitou a tela do celular mais uma vez, nenhuma notificação, antes de o enfiar novamente no bolso da jeans para que pudesse olhar o pequeno pátio pouco iluminado do local.

Teria saído dali em pouco tempo, já começava a ficar frio e conseguia sentir alguns pingos da chuva que se aproximava, mas pode ver pela visão periférica um pequeno ponto vermelho que se escondia entre as sombras, os passos rápidos e descompassados sobre a grama aparada. Reconheceria aquele olho roxo em qualquer lugar, a lembrança de ter o feito no rosto do rapaz ainda era fresca na própria mente e não tinha sequer um pingo de arrependimento, apesar de que sentia que havia algo de errado ali; Nathan não havia falado nada sobre a briga entre eles para alguém da administração de Blackwell, ele sequer viera atrás de si mais tarde, mas o que mais estranhava era que ele não parecia estar indo para a “Festa do Fim do Mundo” que aconteceria dali a poucas horas. Prescott fazia parte da organização do evento, sabia muito bem disso assim como todo mundo que estava na lista de convidados, e imaginava que ele estava indo para o local das piscinas para fazer parte da organização, porém ele rumava para o sentido contrário do qual imaginava.

Max havia dito para si nos últimos dias que Nathan era culpado de muita coisa, apesar de ela não ter especificado muito sobre o assunto por dizer que não queria envolver-lhe, e talvez fora por tal motivo que decidira seguir o rapaz antes que o perdesse de vista. Deixou de lado o copo de plástico vermelho assim que se levantou com pressa e, com cautela, seguiu o dono da camiseta branca por entre as árvores e arbustos até que chegassem ao estacionamento, onde entrara no próprio carro com pressa para acompanhar o ritmo do fugitivo. Novamente cumpria o papel de imbecil por arriscar-se apenas por ter em mente palavras de Maxine, mas por algum motivo sentia que era necessário seguir o “dono de Blackwell” e foi o que fez até que chegasse em um galpão localizado numa parte da cidade da qual não tinha tanto conhecimento quanto desejava. Havia sido cauteloso durante todo o caminho, sem deixar que Nathan percebesse que o seguia, por mais que pudesse supor de que ele não estava num estado perfeito para notar uma perseguição, este havia sido o detalhe mais importante que notara quando decidira o acompanhar para fora da academia.

Não estava perfeitamente são para que pudesse sair correndo e acertar alguns socos em Prescott por ele estar fugindo de suas obrigações, nada poderia dizer se tinha ido até o local dirigindo embriagado – quase batendo em três placas diferentes durante o caminho, diga-se de passagem –, e fora por isso que se ocultara em qualquer lugar em que isso era possível para tentar entender o que acontecia por ali. Estavam sozinhos, nenhum outro veículo estava por ali, e por mais que se sentisse inseguro – nunca havia sido o melhor dos espiões nas brincadeiras de criança – continuou a seguir o rapaz até que chegasse no... Ah, merda, o que era tudo aquilo?

Era assustador, não que houvesse objetos de tortura e sangue espalhados pelo lado, para dizer a verdade tudo era limpo demais como se o local fosse usado com frequência, mas apenas o aroma e o clima no local sob o chão faziam com que estremecesse. De início havia pensado que era um bunker de fato, um lugar para que alguém pudesse se proteger de qualquer catástrofe que viesse a acontecer, mas assim que lera uma carta que estava sobre a pia de metal, esta sobre Nathan Prescott, soube que o lugar tinha mais do que apenas enlatados e mais outros diversos suprimentos para um apocalipse.

Se perguntava por qual motivo alguém poderia ter um local do tipo em Arcadia Bay, não era como se desastres naturais acontecessem com frequência por ali, até duvidava muito que qualquer apocalipse zumbi fosse começar por ali. Ler a carta do doutor sobre Nathan acabou por trazer preocupação para si, o rapaz não era flor que se cheirasse, até onde o conhecia, mas não era justo que ele fosse abandonado de tal forma se precisava de ajuda. Sentiu um certo arrependimento apertar o próprio peito; havia sido o responsável por deixar o olho dele roxo horas antes e também foi aquele que o culpou de diversos acontecimentos que sequer sabia se eram de fato culpa dele.

Assim que entrou na sala que se localizava após o cômodo com suprimentos sentiu-se mais confuso, afinal, por que deveria haver um estúdio de fotografia em um local de sobrevivência? Não imaginava que isso pudesse ser do garoto rico, apesar de que todos os móveis, equipamentos e ele sozinho ali gritassem o contrário. Desviou o olhar para o sofá assim que notou o movimento breve. Nathan estava sentado, balançando-se levemente vez ou outra; reconhecia sua voz por mais que ele sussurrasse e reconhecia seu choro por mais que só tivesse o ouvido uma vez enquanto passava pelos corredores dos dormitórios durante uma madrugada. Observou o local com atenção antes de tentar se aproximar, não havia nada que parecesse perigoso para ambos e por isso resolveu dar alguns passos a frente para alcançar o outro; ele havia notado a própria presença antes mesmo que chegasse perto o suficiente.

— Acabe logo com isso, por favor, Mark. — o ouviu dizer com o tom alterado. Assim que o loiro se virou pode ver seus fios desgrenhados e o quanto seus olhos estavam vermelhos, como se ele estivesse chorando por tempo demais para que pudesse lembrar-se. Conseguia ver nele sinais claros de que as coisas não estavam bem para o seu lado há muito tempo, enxergava em seu olhar o pânico e a tristeza que jamais tinha visto antes em tal local; por um momento percebera por qual motivo sentira que deveria ter vindo até ali.

Suas roupas estavam tão desarrumadas quanto os cabelos e podia ver sua pele marcada não apenas com o soco que dera mais cedo, mas também com arranhões que pareciam ser recentes o suficiente para que pudesse supor que era ele quem havia os feito. Sem que ele estivesse com o casaco vermelho, pode enfim ver os seus braços nus e não evitou fitar cada uma das cicatrizes horizontais que o marcavam repetidas vezes; cada uma parecia um pedido de socorro diferente e mais uma vez a culpa caíra sobre a própria cabeça.

Muitas pessoas poderiam não ter simpatia pela família dos Prescott, sabia muito bem qual eram os seus motivos e em alguns ousava concordar sem saber a história completa, mas naquele momento, dentro daquele estúdio mal iluminado enquanto ouvia os primeiros trovões da noite, soube que deveria ser a primeira pessoa a estender uma mão de ajuda para o pequeno garoto encolhido no sofá. Ele não poderia ser a melhor pessoa do mundo, apenas se fosse o primeiro no “rank” de saber muito bem onde acertar alguém em uma briga, mas depois de ler tanto livros e conhecer tantos vilões diferentes, tinha certeza de que Nathan não era a pessoal culpada do que acontecia por ali.

Pode ver o pânico aumentar no olhar do outro assim que ele notara que não era quem ele esperava e imediatamente levantou ambas as mãos como uma forma de demonstrar que nada faria. Eram notáveis no corpo do adolescente todos os sinais de ataques de pânico, podia ver o quanto seu corpo tremia ligeiramente vez ou outra e ouvia bem a sua respiração descompassada e rápida, ele não estava totalmente seguro mentalmente, pouco conseguia entender o que ele dizia em sussurros desesperados, e isso fez que tentasse dar um passo a frente, o que acabou fazendo que o menor se levantasse de onde estava.

— Você tem que ir embora, Graham. — o ouviu, por fim, dizer em meio aos soluços causados pelas lágrimas que aos poucos desciam por suas bochechas pálidas. Ele não estava armado, apesar de sentir que deveria haver algumas armas escondidas pelo estúdio, e muito menos estava arrumado para encontrar-se devidamente com alguém, então por qual motivo tinha de ir embora? Por que ele havia dito o primeiro nome do professor de fotografia, afinal? — Se ele te encontrar ele... Ele vai... Nós não fizemos- Me desculpa, Warren, por favor, me perdoa.

Desesperou-se. Não evitou se aproximar para que pudesse segurar ambos os ombros do mais velho assim que o viu oscilar entre os calcanhares quando este tentou se desaproximar mais de onde estava, não queria que ele ficasse mais machucado do que já estava, tanto física quanto mentalmente. Assim que ele se curvou sobre si, sentiu suas mãos segurarem a própria camiseta e então pode ouvir o seu choro com mais força e volume; não entendia o que estava prestes a acontecer por ali, mas ver o medo estampado no rosto de quem sempre havia visto como um valentão trouxera calafrios até para si, era terrível tentar imaginar que alguém havia feito que o rapaz ficasse tão fraco e frágil, tal como era estranho imaginar que ele sempre estivera em tal situação sem que ninguém percebesse. Sentia o calor das lágrimas que molhavam a própria roupa e por isso levara ambas as mãos até as costas do mais velho de forma que ao menos pudesse o confortar, independente do que estivesse acontecendo e por mais que isso não parecesse muito natural se alguém os visse.

— Se acalme ok? Eu vou nos tirar dessa. — prometeu assim que pode ver novamente suas íris azuladas sob a luz fraca, apesar de ele evitar olhar para si enquanto tentava secar as próprias lágrimas, o que acabava por ser em vão já que sempre que ele terminava seus olhos marejados transbordavam novamente. — O que é tudo isso? Esse lugar é seu? —indagou ao desaproximar-se por um momento para que pudesse ir até um dos armários próximos no qual pode ver frascos de substâncias perigosas, às quais conhecia pelos incessantes estudos em química, alguns equipamentos de fotografia novos e algumas pastas bem organizadas e rotuladas.

Nathan nada respondera além de um aceno negativo com a cabeça e por ele não ter dito para parar de bisbilhotar, permitiu-se ver por qual princípio os arquivos eram organizados ali e o que lera fizera que sentisse náuseas imediatamente.

Rachel Amber

Kate Marsh

Maxine Caulfield

— Por que esses nomes estão aqui, Nathan? Que merda é essa? — o tom elevou-se por mais que tentasse manter silêncio e encontrar o olhar assustado do rapaz foi o sinal de que deveria ter aguentado os próprios nervos por ao menos mais um momento, mesmo que o efeito do álcool ainda estivesse presente nos próprios passos pouco cambaleantes e nos sentidos minimamente inebriados. Nesse momento agradecia a si mesmo por não ter aceitado mais do que um copo na festa que sucedera a que o clube Vortex faria dali a algumas horas, se tivesse bebido mais do que ingerira tempos antes sequer teria conseguido chegar até ali, provavelmente teria batido o carro de alguma forma.

Nathan encolheu-se quando se aproximou mais uma vez, isso fez que parasse exatamente onde estava; ele precisava de auxilio e não alguém que gritasse com ele sobre algo que provavelmente piorava toda a sua situação. Queria ter o poder de voltar no tempo para que não tivesse o assustado de tal forma, mas isso era impossível além dos filmes, portanto apenas tratou de pedir perdão em um sussurro que tinha certeza de que ele tinha ouvido. Pode ver a surpresa breve em seu olhar, mas isso não mudara o fato de que ele continuava a ter um ataque de ansiedade.

— Me desculpa, por favor, me perdoa. — o mais velho gaguejara diversas vezes enquanto os antebraços escondiam seu rosto para que não o visse, ele novamente chorava e conseguia ver o quanto tremia com muito mais frequência. Indagava-se do motivo pelo qual ele se sentia tão culpado; tudo o que ele fizera com os estudantes de Blackwell era perdoável, de certa forma, então se perguntava se ele era cúmplice de alguma forma do que poderia acontecer dentro daquele estúdio. Já não sabia com quem estava lidando, mas mesmo assim temia que tudo piorasse, não para si, mas para Nathan. Não queria ver ele pior do que já estava; tinha que o salvar, tinham que sair dali. — Eu não queria, eu nunca quis. Minha vida é um inferno, eu não aguento mais. — aos poucos cada palavra voltava a ser um sussurro rápido e desesperado, seu corpo fraco não parecia sustentar sequer mais algumas horas em tal situação, seu psicológico estava fraco demais para conseguir aguentar qualquer outro impacto. — Ele vai vir aqui, ele vai me matar, Mark vai acabar com isso.

— Como o Sr. Jefferson está envolvido em tudo isso, Nathan?

— Warren, vai embora. Me perdoa. Estamos perdidos, nós não vamos sair dessa. — seu tom desesperado fez que corresse até onde ele estava de forma que pudesse segurar seus ombros com firmeza antes que ele acabasse caindo. Ele estava fraquejando sobre os próprios joelhos e mesmo as suas palavras já não faziam mais sentido para si; para dizer a verdade, desde que entrara no local mais nada passara a fazer sentido, não sentia a realidade tocar a própria pele, tudo parecia irreal demais para estar acontecendo de maneira tão brusca. — Eu odeio isso, por que eu não consigo ser feliz, Warren? — mais uma vez pode ouvir o seu choro, sentir o seu toque no próprio corpo, como um pedido silencioso para que não fosse embora, foi o suficiente para que tomasse a última decisão.

Por mais que não soubesse o que era sonho ou não, o próprio instinto começava a gritar que deveriam sair dali o mais rápido possível, Nathan precisava sair dali o mais rápido possível. O que poderia estar pensando? Levar o cara que agrediu-lhe para o próprio dormitório até que tudo ficasse bem? Confortar o riquinho que diminuíra tanta gente por próprio luxo próprio? É, parecia que seria isso mesmo. Não iria se arrepender, sabia que não, ao menos por um momento queria ter em mente que fazia a coisa certa, não apenas por si mesmo ou só por Max, mas por alguém que precisava de ajuda. Se saíssem rápido dali tudo poderia dar certo de acordo com o que já planejava silenciosamente; não tinha certeza se as próprias suspeitas poderiam ser suficientes para que tudo ficasse bem, mas esperava que acusar o Sr. Jefferson como Max havia feito dias antes fosse o certo. Deveria fazer tudo dar certo junto da melhor amiga, pelo menos para isso.

—Me escuta, ok? Eu vou te tirar daqui, vou te tirar dessa. — tentou usar o tom mais acolhedor possível assim que tivera atenção do mais velho, vez ou outra acariciava seus ombros apesar de ainda manter o toque firme e esperava que ele não notasse o quanto estava desesperado para que conseguissem escapar rápido.

 O dono dos cabelos loiros tentara se soltar e começara a querer choramingar novamente, isso apenas fez com que fosse mais firme apesar de toda a agitação que tomava conta do cômodo. Ele já parecia ter aceitado que o seu fim estava próximo, mas não se deu por vencido, jamais se daria. Pelo menos uma vez queria poder ser importante na vida de alguém e desejava que fosse especial para Nathan.

Eu não quero ser o culpado por isso, Warren.

Por favor, não faz isso.

Não morra por mim.

Minha vida é um inferno.

Me perdoa.

— Nathan, você merece muito mais do que uma bala na cabeça em um quarto escuro, ok? — engoliu em seco assim que uma das próprias mãos tentou secar uma das maçãs do rosto do outro, deveria tentar a todo custo o salvar de alguma forma. — Se sua vida não é boa fora daqui, eu vou fazer com que ela melhore de alguma forma, eu vou tentar... Só me dê essa chance, por favor. — suplicou ao trazer o rapaz para mais perto, o toque quente entre ambos e os olhares trocados foram o suficiente para que se segurassem de alguma forma e saíssem dali com o máximo de pressa que poderiam ter, apesar de que ambos tivessem a sensação de que estavam sendo lentos demais.

Optaram por deixar o carro de Nathan por ali, se o professor o visse isso daria tempo suficiente para que a polícia conseguisse o seguir até o Quarto Escuro, ou ao menos esse era o plano enquanto tentava explicar em uma ligação com Max que o que ela provavelmente pensava sobre toda a situação era errado; era complicado discutir em uma chamada sobre suspeitas e planos que poderiam dar certo quanto os próprios sentidos para dirigir ainda eram complicado sob o efeito do álcool, mas principalmente quando olhava para o lado e encontrava o olhar perdido de quem estava no banco do passageiro.

Tentava ser o mais rápido possível para que conseguisse chegar a Blackwell num recorde de tempo jamais visto, o desespero parecia pesar mais o pé sobre o acelerador. Não demorara a se entender com Max quando tudo fora posto sobre a mesa, eram parceiros novamente e ambos tinham certeza de que tudo daria certo, não apenas por terem traçado cada passo, mas também por terem os contatos necessários. Não ficou bravo quando ouviu a voz de Chloe próxima a dela, para dizer a verdade até mesmo agradeceu mentalmente, afinal, o trabalho seria muito mais fácil para as duas se uma delas tinha o contato de David. Esperava que a melhor amiga conseguisse colocar em prática todo o planejado enquanto cuidava do mais velho, todas as esperanças estavam nela dali em diante.

Durante o trajeto até onde queriam chegar, tentava ao máximo dar o sentimento de presença para Nathan, o qual, apesar de instável, parecia estar muito melhor fora do ambiente claustrofóbico que era o estúdio sob a terra. Não eram próximos, jamais tinham sequer trocado um sorriso desde que se viram pela primeira vez, mas desastres costumavam unir pessoas das piores formas possíveis e era por isso que não hesitava em tocar suas mãos ou seu ombro vez ou outra, como uma espécie de precaução para que soubesse de alguma forma que, apesar de tudo, ele tinha ao menos um pequeno traço de estar bem.

Não fora fácil passar a pé por um caminho alternativo com o mais velho, tinham sorte de que quase ninguém estava nos dormitórios naquele horário, e assim que entraram em seu quarto trancaram as portas e janelas de forma que ninguém pudesse os ver ali, fecharam as cortinas e pedaços de pano nas frestas auxiliavam a ocultar a presença dos dois rapazes no mesmo ambiente. Poderiam ser tachados de loucos por qualquer um que os visse de tal maneira, mas depois de terem presenciado um local tão terrível e marcante, preferiam se segurar em qualquer alternativa que os trouxesse segurança.

Durante as agoniantes horas que se passaram, Nathan mantinha-se deitado na cama do nerd, enrolado entre as cobertas quentes e com a companhia de uma caixa de lenços e alguns remédios que o outro arriscara pegar em seu quarto quando tentara explicar o fim desses. Há muito tempo não se sentia seguro e era bizarro pensar que um viciado em filmes de terror e desenhos japonês passava para si uma espécie de confiança que jamais tinha presenciado em tanto tempo longe da irmã. Vez ou outra se perguntavam o que estava acontecendo do lado de fora do quarto, mas não se arriscavam a dar uma olhada por medo de ver entre os arbustos o rosto de quem tanto temiam no momento.

Conseguiram se entender após um tempo, era claro, e a calmaria que surgira posteriormente permitira que Prescott tentasse explicar, ao menos resumidamente, o que estava ocorrendo há muito tempo sem que ninguém notasse. Muitas vezes era possível ver que ele tremia novamente e tentava evitar as lágrimas e nessas diversas vezes o confortava de uma maneira que ele se sentisse bem para continuar, e apenas notara tudo o que havia feito assim que ligara os pontos no fim da história.

Max provavelmente já sabia disso tudo, foi a primeira coisa que pensou quando lembrou-se de todos os avisos vindos dessa ou de todas as vezes que ela agia de maneira estranha quando fazia perguntas ou tentava falar sobre o assunto que agora não era mais tão misterioso assim. Eram melhores amigos com segredos, mas no fim acabara por notar que não havia maneira de que não soubessem o que o outro guardava, era como se ambos se completassem de uma forma que tornasse possível um bom final mútuo. Não demorou muito para que ela ligasse para si, de qualquer forma; enquanto passava o tempo escondido com Nathan, algumas vezes abraçado a ele – por mais que isso aparentasse ser um tanto estranho – e em outras apenas ao seu lado para que ele sentisse sua presença, trocava pequenas mensagens com Max para que soubesse como estava tudo fora dali.

Cada passo era comunicado entre os dois e quando ela enfim dissera na chamada que tudo havia ocorrido bem e que David havia encontrado, junto de outros policiais, o professor dentro de sua estranha sala, não houvera mais motivos para que se mantivesse tenso. A troca de provas, tanto as que Max guardara em sua investigação secreta quanto as que Warren conseguira através de Nathan, foi extremamente necessária para que conseguissem confiança do padrasto de Chloe e dos policiais, assim como isso também trouxera segurança sobre as decisões que tomavam. Nathan observava-lhe com atenção e notar o seu olhar assim que recebera a notícia fora o suficiente para que o sorriso se aumentasse, sorriso o qual trouxe lágrimas novamente para o mais velho.

Estou livre.

Não evitou jogar o celular sobre a cama para que pudesse envolver o loiro num abraço que fora rapidamente correspondido sem hesitação, ambos precisavam daquilo independente de como se sentiam sobre o outro. Os sentimentos que surgiram ali nada se comparavam com qualquer filme de drama com final feliz que pudessem ter assistido um dia, nada nunca poderia ser comparado com a situação pela qual tinham passado em tão pouco tempo. Prescott jamais havia se sentido tão bem desde que o próprio mundo começara a ruir lentamente, o próprio corpo enfim parecia sentir o que muitos chamavam de liberdade e poder dividir um momento do tipo com Warren não era um problema de forma alguma, ambos sequer deram a mínima por terem ficado abraçados durante um longo tempo, até mesmo choraram juntos de alívio por um curto instante.

Sabiam que a polícia chegaria neles a qualquer momento, tinham as provas, tinham visto o inferno com os próprios olhos, e não ligavam para isso, afinal, se serem interrogados fosse suficiente para manter Mark Jefferson longe durante uma pena muito longa, o fariam sem hesitar. Arcadia Bay enfim estava em paz, tal como os corações dos dois rapazes dentro do quarto que apenas conseguiam pensar em como surpreendentemente se faziam bem e tão pouco tempo.

Mesmo que ambos ainda tivessem os rostos marcados pelas duas brigas recentes, acabaram por considerar as marcas o início de algo novo para eles, por mais que isso fosse ser considerado algo muito maior algum tempo depois. Não poderiam dizer que este era um final feliz, não era como se acreditassem nisso de fato, mas gostavam de imaginar que ao menos era o início de um.


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Notas finais do capítulo

Um pequeno romance é o que não falta nesse casal e é isso o que eu pretendo colocar no próximo capítulo, que eu prometo não demorar tanto assim para postar. Espero que vocês tenham gostado e acho que vejo vocês nos comentários, certo? çalskd Obrigada por terem lido até aqui. ♥



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