- É... – Comecei a dizer, mas ela me interrompeu.

- Isso é possível? Meu Deus, que aberração! – Sua voz estava exaltada, por mais que ela ainda não gritasse.

- Mãe...

- Meu Deus Seth, isso é medonho! É coisa do demônio e...

- Claro que não mãe... – Dessa vez minha voz foi um pouco mais forte.

- Desculpa Seth, namorar um vampira eu aceito, mas ter um filho... Eu não sei o que pensar sobre isso!

- Mãe, me escuta. Nós não tivemos culpa, mal sabíamos o que estávamos fazendo e...

- Eu sei que vocês não tiveram culpa mas...

- É estranho, surreal, mas não tem o que fazer! Eu NÂO vou abandonar meu filho. – Murmurei bravo.

- Não é isso que estou pedindo, só acho... Eu não sei.

- Por favor, seja compreensiva mãe... Tente pensar que é um bebê comum, que não é filho de um vampiro com um lobisomem, por favor mãe... – Dessa vez eu implorava.

- Tudo bem... eu... eu tento dar meu máximo, prometo, mas é muita coisa para minha cabeça!

- Eu sei, para a minha também é, pode ter certeza disso.

Minha mãe ficou pensativa um momento, não falei nada, seja lá o que ela tivesse pensando, eu esperava que fosse algo bom. Não queria que sua atitude fosse essa, mas o que eu podia fazer?

Enquanto pensava notei que Charlie saiu meio que pela tangente para pegar algo em seu carro. Era melhor, pelo menos ele não ia presenciar nossa discussão.

- Vamos vê-la? – Minha mãe rompeu meus devaneios e eu me surpreendi com a decisão.

- Você que sabe mãe...

Mal terminei a frase e algo ocorreu. Um barulho alto escoou pela sala, não tinha idéia do que era, só sabia que era algo bem ruim. Parecia um uivo, mas não apenas o uivo, tinha gritos!

Sai desesperado a procura de Sophy, meus instintos avisaram que poderia ser algo com ela. Olhei para os lados e percebi que Leah não estava mais ali perto de nós.

Isso não estava cheirando coisa boa! Corri ainda mais quando percebi isso, temia a reação de Leah em relação à gravidez de Sophy.

Eu estava certo.

Quando a encontrei fiquei abismado. Não podia estar acontecendo isso, ELA não podia estar fazendo isso!

Leah estava como lobo, furiosa, seus pelos erriçados, a boca aberta com os dentes a mostra. Alguns vampiros a seguravam, mas eu não os via, não queria pensar nisso.

Deitada no chão estava Sophy, toda encolhida protegendo sua barriga. Poderia ter me desesperado se não tivesse visto que ela estava quase bem, só um pouco assustada e surpresa.

Claro que se Sophy quisesse Leah não faria nada.

Mas ver Leah tentando machucar meu amor, meu imprinting? Isso era muita coisa para minha calma, eu não consegui segurar meus instintos e acabei explodindo também.

O que será que essa desgraçada da minha irmã estava pensando? Ela sabia tanto quanto eu, se não mais, o que era perder um amor, e ela ia causar esse mal a mim?

Pulei em seu pescoço, naquele momento os vampiros que a seguravam devem ter soltado. Eu girei com ela muitos metros a frente, e em algum lugar saímos para fora. Separamos a briga quanto algo nos atingiu.

Deveríamos ter quebrado muitas coisas, inclusive alguma janela, esse baque que senti deveria ser exatamente isso.

Estávamos do lado de fora, um encarando o outro, os dentes a mostra. Eu uivava enfurecido, ela não reagia, mas estava posicionada para se defender.

- O que você está fazendo Leah? Você ia matar meu amor?- Falei através de meus pensamentos.

- Não Seth, eu não ia...

Como ela tinha coragem de dizer isso? Eu escutava claramente seus planos.

- Mas é claro que ia, eu vi você em cima dela, estou vendo seus pensamentos!

- Seth, eu ia matar o filho dela...

- O meu filho? – Minha voz saiu com tom cortante.

- Não Seth, o filho dela, aquilo só pode ser algo que não vem de você...

- Claro que veio de mim, eu não tenho dúvidas disso! Você me magoou muito, não tem nada que possa fazer para eu te perdoar agora, nada! Eu te odeio!

Ela não me respondeu, seus pensamentos ficaram confusos mas eu pude ver claramente o que ela pensava. Virou as costas para mim e entrou no meio da mata, não conversamos mais.

Ela queria matar Sophy, quase pelos mesmos motivos que a alcatéia queria acabar com Bella. Só que no meio disso tudo, tinha um ponta de ciúmes dela.

Leah tinha ciúmes por causa do filho, afinal, até uma vampira pode ter um filho, e ela não. Como ela pode pensar dessa maneira? Deveria se alegrar com minha felicidade, não causar meu mal...

Ela ia matá-la, se não fosse os vampiros que a tivesse impedido... Minha Sophy estava morta!

Os pensamentos dela vendo Sophy, se enfurecendo e pulando com toda a força para cima dela, passavam pela minha mente a todo minuto, era muita tristeza para mim...

Senti duas mãos confortantes me abraçarem, as mãos de minha Sophy. Uivei de tristeza, por ela ter quase se machucado, por Leah ter feito tudo isso, por...

- Calma meu Seth, calma! Eu entendo ela, ela tem seus motivos, não a culpe, não a crucifique por isso, por favor!

Eu não respondi, continuei com minha dor. Puxa, ela era a minha irmã...

- Vem Seth, vamos aproveitar nossa festa, Leah vai estar boa quando voltar, eu tenho certeza disso! Não adianta fazer mais nada agora, venha...

Ela tinha razão, realmente não tinha mais formas de parar isso... apesar do grande escândalo que ela causou, eu não ia deixar os outros sofrerem por isso, não ia.

- Isso mesmo meu amor. Isso vai passar, vai passar! Tome, aqui tem uma roupa para você se vestir, se troque e vamos aproveitar a festa...

Peguei as roupas com a boca, tentando não amassá-las. Fui para o meio da mata para ter mais privacidade. De longe eu podia ouvir muitos murmúrios, os da festa principalmente.

Sophy explicava e tentava acalmar todos, ela era boa nisso. Por sorte Charlie não viu nada, ele estava pegando os presentes esquecidos inocentemente. A bagunça foi explicada pelas coisas que ele já sabia, foi uma simples briga de irmão.

Simples para ele, é claro! Mas ele não podia saber o motivo, só tínhamos que justificar a bagunça e o sumiço de Leah, isso já era suficiente.

Notei que o namorado de Leah tinha ido atrás dela, melhor, mais um desajustado aqui não valeria a pena. Todos estavam bem mais calmos, e com certeza tudo voltaria a normal...

Menos para mim, é claro.

Outro murmúrio que não saia de minha mente eram os protestos e lamúrias de Leah. Ela estava longe, bem longe, mesmo assim eu podia escutar seus vagos pensamentos.

Era incrível, mas ela estava com um fundo de arrependimento em sua “voz”. Claro que a raiva, a inveja era maior, mas eu até podia tentar esquecer o estrago que ela fez em meu coração.

Ela não era importante. Voltei a ser humano e apaguei qualquer pensamento que vinha dela. Coloquei minhas roupas, apenas os sapatos que eu não tinha, Sophy tinha se esquecido deles. Eu nem me importava.

Voltei e me encontrei no abraço de Sophy. Ninguém estava me olhando feio, nem nada. Até minha mãe parecia estar calma, tentando pelo menos.

Eu queria no fundo de meu coração que Sophy tivesse razão, que tudo voltasse ao normal em breve! Eu só queria ser feliz...