PDV - Freddie

Só de saber que a Carly iria trocar de sala - no caso, vir para a minha -, eu quase surtei.

Iria ser muito difícil se concentrar em Matemática Avançada com a Carly ao meu lado, mas irei me esforçar ao máximo. 

— "É hoje, Freddie!" - pensei, sorridente, pois neste dia iria ter aula com o Sr. Howard.

Como a minha sala era extremamente cheia, eu logo guardei o lugar da Shay ao meu lado, apenas para admirá-la de vez em quando. 

— Bom dia a todos - o Sr. Howard finalmente chegou na sala. - Queiram abrir os seus cadernos.

Olhei em volta e não encontrei em a Carly em nenhum lugar daquela classe, o que me desanimou um pouco. A sala estava totalmente cheia e eu não tinha contato com quase ninguém. 

— Hoje, iremos aprender sobre a distância... - O sr. Howard é facilmente interrompido por uma forte batida na porta.

Ele bufou, enquanto ia abri-la.

— Odeio atrasos! - Ele resmungou.

Minha animação rapidamente se reconstituiu ao saber que a tal 'pessoa atrasada' só poderia ser a Carly, mas...

— Pois não? - quis saber o professor quando abriu a porta.

Ao invés de uma morena gentil, afeminada e gentil, notei uma garota bem desleixada, loira e altamente arrogante. 

— Essa é a minha classe agora - disse Sam, sem muita importância. Reparei que a garota olhou em volta e revirou os olhos. - Eu já falei com o diretor Franklin.

O professor deu de ombros e fez com que a Sam se sentasse ao meu lado, pois era a única cadeira vazia:

— Vá se sentar - Ele apontou na minha direção e se dirigiu ao quadro.

Sam jogou a mochila vermelha de lado e se sentou na cadeira, entediada. 

— O que você está fazendo aqui? - murmurei baixinho para a Sam, tentando chamar a atenção dela.

Antes que ela pudesse falar algo, o Sr. Howard gritou:

— Silêncio! - E voltou a copiar algo no quadro.

Inconformado, retirei o meu caderno da mochila e comecei a copiar o assunto, quem sabe assim poderia me esquecer da tediosa presença da Puckett.

(***)

Minutos depois, a porta volta a ser "agredida" por alguém e, mais uma vez, o Sr. Howard deu uma pausa na aula para atender a porta.

— Quem ousa atrapalhar minha aula!? - Ele a abre e se depara com a professora Briggs, que cochichou algo em seu ouvido. - Ok... - Ele virou para a classe. - Volto em um instante. Não quero bagunça! 

Depois que o Sr. Howard saiu, ouço a Sam lançar um assobio para mim. Eu, certamente, ignorei o primeiro chamado dela, mas a atendi no segundo:

— O que foi!? - descansei a caneta na banca e olhei diretamente para a loira.

Ela suspirou, sempre com a mesma expressão: "TÉDIO".

— Carly mandou eu pedir desculpas a você - Ela estava com os braços cruzados e quase deitada na cadeira. 

Eu ergui as sobrancelhas para ela.

— Não aceito suas desculpas... - Voltei as atenções para o meu caderno e passei a copiar o assunto do quadro, embora a Sam continuasse a falar:

— Ótimo! - Ela quase cuspiu essa palavra em cima de mim. - Porque eu não iria fazer essa idiotice.

P.S.: Ela é tão infantil! Infantil ao cubo!

— Cadê a Carly, hein!? - Virei-me mais uma vez para a loira - E por que você veio para essa classe? Você nem se quer estuda...

Sam deu um sorriso maléfico. 

— Escuta, nerd, a Carly não conseguiu vir porque o diretor Franklin apenas disponibilizou UMA ÚNICA vaga, que pertencia ao meu namorado - Ela explicou. - Foi a Carly que me incentivou a mudar de classe com ela, mas o diretor fez questão de me colocar nessa classe estúpida, sozinha, pois as minhas notas eram bem baixas... 

Foi a minha vez de lançar um "sorriso maléfico":

— Eram!? - tentei ser irônico. - Pelo que eu soube ainda são baixíssimas...

Sam fechou a cara para mim e, por vingança, ela simplesmente chutou a minha cadeira, com bastante força.

Com o chute, eu fui arremessado para frente e acabei caindo de cara no chão.

— AH! - gritei.

Os meus outros colegas de classe, incluindo a Sam, deram boas risadas da minha queda. 

— Isso é o que acontece com quem não segura a língua - caçou ela, vitoriosa.

E claro, eu não poderia deixar a Sam me humilhar daquele jeito, na frente de todo mundo. Pensei seriamente em contar o ocorrido para o professor, mas não iria adiantar de nada e eu ainda seria alvo de brincadeiras de mal gosto, como "Correu pro professor" e outras coisas.

Então me aproximei da banca da loira, encarei-a - por uns dois segundos -; e peguei a mochila vermelha dela, que estava de lado.

— Surtou, Benson!? - Ela se levantou da cadeira e tentou recuperar a mochila das minhas mãos. 

Antes que ela pudesse por as mãos na sua mochila, eu arremessei o objeto para a outra extremidade da sala, o que deixou todos surpresos, inclusive a mim.

— Você está morto! - Sam puxou as alças da minha camiseta e quase me bateu na frente de todo mundo. A minha sorte foi que o Sr. Howard chegou a tempo.

— O que significa isso!? - Ele olhou o estado da sala de aula.

(***)

Enfim, fomos parar na sala do diretor. Sam e eu sentamos lado a lado, em silêncio, esperando o Sr. Howard terminar de falar com o diretor Franklin. 

— Eu estou decepcionado com os dois - argumentou o diretor para nós dois, após o discurso do professor de matemática. - Sam, eu dei uma oportunidade para você mudar as suas atitudes e não para você arrumar confusões...

Notei que a Sam simplesmente ignorou a falatória do diretor.

— Enquanto a você, Freddie... - Ele suspirou. - Eu ainda não estou acreditando que você fez isso...

— Desculpa - abaixei a cabeça.

— Lamento ter que fazer isso com você... - O diretor se aproximou de mim e retirou o meu distintivo de Aluno Destaque do Ridgeway. 

Fiquei em choque após esse ato inesperado.