PDV - Sam

 Segunda-feira: mais uma tediosa semana na minha escola.

Ao menos Carly e eu voltamos a nos falar como antigamente e estava sendo ótimo, pois tínhamos diversos assuntos para tratar e nenhuma novidade escapava das nossas conversas. Então a Carly fazia com que as minhas semanas na escola não fossem um total lixo e perca de tempo.

(***)

Estava eu sentada na entrada do colégio, comendo os meus Bolos Gordos e esperando a Shay chegar, quando avisto o Brad. E, droga, ele estava vindo falar comigo.

— Bom dia, Sam - Ele disse gentilmente. Pensei em respondê-lo, mas optei em atolar todo o meu Bolo Gordo na boca para não ter que falar com ele. - Não se esqueça do nosso jantar amanhã a noite. 

Eu terminei de mastigar o meu lanche e expressei um sorriso forçado para ele.

— Pode deixar - falei, ainda com um sorriso falso no rosto. 

Brad acenou levemente para mim e se afastou. Minutos depois, Carly chegou e, pela expressão, ela deve ter me visto conversar com o Brad. 

— O que ele queria com você? - Carly, de braços cruzados, me questionou. 

— Nada demais... - falei enquanto mastigava mais um Bolo Gordo e fazia a minha expressão de tédio. - Apenas veio relembrar o nosso encontro de amanhã. 

O encontro entre Brad e eu foi algo combinado pela Pam, que achou uma ótima oportunidade de fazer com que eu volte com o Brad, mas isso não vai rolar. 

Mas o pior de tudo é que ainda não superei o Benson. Além de me largar, teve a ousadia de sumir do mapa. Por um lado ele fez bem, pois eu não teria coragem de revê-lo nem tão cedo.

— Sam... - Carly chamou a minha atenção quando estávamos indo para a sala de aula. - Tenho uma notícia não tão boa sobre... Eh...

A morena não sabia bem o que dizer. Estava muito nervosa na hora de me contar o que tanto queria. 

— Sobre o quê? - Quis saber.

— Eh... hmmm... Sobre o Freddie. - Ela disse coçando a cabeça. 

Ergui as sobrancelhas para ela. 

Por mais que eu estivesse curiosa em saber, o meu orgulho não permitira tal curiosidade. 

— Olha, Carls...

— Tudo bem - A morena me interrompeu. No fundo ela sabia que eu não estava a fim de discutir sobre o nerd, mas o que realmente me intrigou foi o fato da morena retirar um papel amassado da mochila e me entregar: - Toma.

Sem entender, peguei o papel das mãos da Carly e perguntei:

— O que é isso? 

— É uma "carta" do Freddie - disse a Shay. - Sam, ele fez questão de escrever isso, pois tinha certeza de que você não iria me ouvir. E olha só... Ele estava certo...

Me segurei para não expressar um sorriso idiota.

— Nessa carta ele explica o real motivo do sumiço e... Outras coisas a mais - continuou a morena, enquanto eu encarava a tal carta. Não sabia ao certo se lia ou não aquele papel amassado. - Ele me avisou para você ler quando a sua raiva passasse.

Guardei - de forma indelicada - a carta no bolso e olhei diretamente nos olhos da Shay, dizendo:

— Tipo... Nunca.  

(***)

Infelizmente o dia do jantar na minha casa chegou. Pam encomendou bastante comida (chinesa, tailandesa, africana e italiana). Tudo isso para agradar o Brad e seus pais ricos. 

P.S.: Não me pergunte como e onde Pam arranjou dinheiro para tanta comida assim.

— Use uma roupa mais causal, Sam - pediu minha mãe, que por sinal, usava um vestido caríssimo. 

— Tá, Pam! - revirei os olhos e continuei a fazer o que eu estava fazendo: nada. Bem, na verdade eu estava jogada na poltrona da sala de estar, encarando a tal carta do Benson, que, encarecidamente, não li.

Enfim, eu não estava dando a mínima para esse jantar ridículo. A única coisa que me interessava de verdade era a comida.

Quando restava dez minutos para a vinda da família do Brad, comecei a me arrumar. Passei um tempão no banheiro - não tomando banho -, depois passei longas horas no meu quarto vendo uma roupa que não me deixasse "patricinha".

— Sam! - ouço a minha mãe me chamar e bater na porta do meu quarto. - Agiliza! Brad e os pais dele já estão aqui! 

No final, acabei pondo uma roupa qualquer. Quando cheguei na cozinha encontrei Pam servindo lasanha para o pai do Brad, enquanto a mãe do Brad bebia um copo de vinho. E o Brad, bem, ele estava sentado a mesa, como a minha mãe e seus pais, todos bem arrumados. - Sam! - Ele abriu um longo sorriso quando me viu e olhou para uma cadeira vazia ao seu lado. - Está linda como sempre...

Sentei-me em silêncio. 

— Olá, Sam! Boa noite - disseram os pais do Brad. E, claro, fingi ser gentil antes de tocar na comida.

Minha mãe fez um olhar de reprovação para mim. 

— Samantha - disse minha mãe depois de servir o pai do Brad. - Cadê as roupas que lhe sugeri? Por que não está usando? Foram caríssimas...

Ergui as sobrancelhas para ela.

— Ah, aquelas roupas que você roubou? - questionei num tom irônico. 

Ela arregalou os olhos para mim e forçou uma risada para abafar o momento. 

— Sam... Sempre brincalhona - disse Pam aos pais do Brad, fazendo-os rir.

Em si o jantar foi um tédio. Comi bastante, mas, em compensação, tive que aturar as histórias incríveis/chatas dos pais ricos do Brad. Em alguns momentos, eu tive a sensação de que a minha mãe estava dando em cima do pai do Brad, ignorando totalmente a presença da mãe do garoto.

— Último prato da noite - anúncio a minha mãe, que vinha buscando uma jarra cheia de sushi de dentro da geladeira. - E temos novidades, certo, Brad?

— Certo, Sra. Puckett - disse Brad, já se levantando da cadeira. Eu fiz uma cara de quem não entendeu. - Esse jantar não é apenas um jantar. Ele tem um propósito...

Brad fez com que eu me levantasse também e quando fiquei de pé, ele se ajoelhou e, mais que de pressa, retirou uma aliança de dentro do bolso. Ouro puro. 

— Sam Puckett - disse ele lentamente. - Quer noivar comigo? 

Olhei espantada a minha volta e notei que a Pam fazia uma expressão séria, meio que me obrigado a aceitar. Já os pais do Brad aparentavam muito felizes com a atitude do filho. 

— Então, Sam? Aceita? - Brad me perguntou novamente. 

Eu suspirei e fechei os olhos por alguns segundos. Por alguma razão eu ainda pensava no pateta do Benson e nos nossos pequenos momentos. Argh, como aquilo me irritava! Como ele pôde ser capaz de destruir algo tão facilmente!?

— Vamos, Sam! O garoto não vai ficar ajoelhado para sempre. - dizia a minha mãe.

Reabri os meus olhos e dei a minha decisão:

— Aceito...

Depois que aceitei foi uma comemoração sem fim. A mãe do Brad quase desmaiou, o pai do Brad gritou feito um louco e a minha mãe quase pulou nos braços dele.

O Brad foi o mais feliz de todos. Ele pulou, comemorou, colocou o anel no meu dedo e quase me beijou, mas, no momento, virei o rosto. 

— "POR QUÊ, SAM!? ENLOQUECEU! POR QUE ACEITOU SE CASAR COM O BRAD!?" - Dizia a minha consciência.