PDV - Freddie

 – Eu estou amando a Sam! - exclamei, impacientemente, ao Brad.

Houve um silencioso constrangedor entre nós dois - que durou míseros minutos. Me senti um total idiota por ter contado dessa forma e por ter demorado muito tempo para admitir tudo, mas tinha que acontecer de alguma forma, certo?

Brad, com uma expressão de espanto, me lançou um sorrisinho, como se eu estivesse fazendo alguma piada.

— Você está zoando, né? - Ele me perguntou, mantendo o sorriso, mas eu não consegui responder que "sim" ou "não", o que fez com que o Brad realmente achasse que eu não estava brincando. 

Aos poucos seu gentil e brincalhão sorriso foi sumindo do rosto e dando espaço para uma expressão fechada.

— ME RESPONDE! - Ele berrou, aproximando de mim. Nunca vi meu melhor amigo daquela forma. Ele realmente me odeia agora. - A única coisa que lhe pedi foi para que você desse uma olhada nela. Apenas isso! Qual parte do nosso acordo você não entendeu, retardado!?

— Aconteceu tudo sem a menor intenção, eu juro! - comecei, desesperadamente. - Ela me convidou uma vez para o Vitamina da Hora... Nos beijamos nesse mesmo dia... E... Eh... Depois, teve a vez no cinema e...

Fui interrompido por um soco bem dado no meu olho esquerdo. Bem, eu merecia isso. Merecia também os vários chutes que levei no estômago pelo Brad.

— CAI FORA DA MINHA CASA! - Ele me ordenou quando eu já estava jogado no chão, ensanguentado. - AGORA! 

(***)

Apenas me lembro do Brad ter me arrastado para a sala de estar, onde estava rolando a animada festa de "Boas-Vindas". A música alta rapidamente fora interrompida com os berros do Brad e logo todos os convidados lançaram olhares curiosos em nós. Era evidente que todos aparentavam surpresos ou, ao menos, desentendidos com o que acontecera.

Brad me largou num canto qualquer daquela extensa sala, para dar um aviso:

— A FESTA ACABOU! - gritou Brad, extremamente exaltado. - QUERO QUE TODOS SAIAM! AGORA!

Sam, cujos olhos se arregalaram, aproximou-se de nós sem a menor cautela.  

— O que aconteceu? - Ela questionou ao namorado. - BRAD!?

— Oh, você não sabe o que aconteceu!? Não sabe de absolutamente nada, Samantha!?

Ela olhou sorrateiramente para mim e voltou as atenções para o Brad, que bufava de tanta raiva.

— Fui enganado o tempo todo!? Pensei estar passando o meu final de semana com as duas únicas pessoas que eu confiava, mas fui ENGANADO! - Berrou o Brad. Ele estava incontrolável, vermelhão, entre outras características de irritação, chegando ao ponto de vir me agredir novamente, contudo, no momento, foi barrado pela Sam, que golpeou-o bem no rosto.

— Então é isso!? - Brad tampou o rosto com as mãos. - Vai mesmo ficar aí protegendo o Benson!?

— Não estou protegendo ninguém, Brad! - argumentou a Puckett, enquanto me puxava para o seu lado. - Não vê que está agindo por impulso e que o Freddie não pode se defender mais!? 

Na verdade eu nem tive a chance de me defender, até cheguei a me render àquelas pancadarias sem fim. 

— DEEM O FORA! - Ele mandou pela última vez. O aviso não só serviu para Sam e eu, como para alguns curiosos, que persistiram em ficar até o fim.

Sam mal chegou a falar comigo quando o Brad expulsou todos de sua casa, pois ela também parecia estar bem chateada comigo, e eu fiquei realmente triste quando ela me largou lá, sozinho.

Mas, ao menos, recebi a ajuda de uma alma caridosa: o Gibby.

— Vem - Ele estendeu a mão para mim e eu aceitei. - Eu levo você em casa...

Fiquei ainda mais surpreso em saber que o Gibby não foi o único que prestou essa solidariedade, porque a Carly estava ao lado dele e, mesmo chateada comigo, foi ela quem passou a indicar o caminho até o Bushwell.

Obs: Realmente, por essa eu não esperava...Gibby e Carly me ajudando!? Vejo que as pessoas que eu pensava que iriam agir de uma maneira leal, me provaram o contrário. 

Gibby me largou no sofá da sala de estar dos Shays, até porque era o local mais apropriável para que eu ficasse. 

— Devo avisar a sua mãe? - Gibby me perguntou e eu respondi que "não" no mesmo momento. 

— Minha mãe vai surta se souber que eu me meti em uma briga...

— Mas ela precisa saber! Ela vai ter que saber um dia, não?! - Carly argumentou com as mãos no quadril, emburrada. - Foi justamente por esse motivo que brigamos da última vez, lembra? Você sempre escondendo as coisas da sua mãe...

— Ah, Carls...

Revirei os meus olhos e só por isso voltei a sentir fortes dores nas regiões. Gibby pegou um pedaço de carne do congelador e me entregou, para que eu passasse nas regiões.

— Viu no que deu quando eu expus a verdade ao Brad!? - Coloquei a carne no meu olho esquerdo.

Carly e Gibby ficaram em uma espécie de silêncio profundo, que só fora interrompido com a presença inusitada do Spencer. O irmão mais velho da Carly entrou pelo elevador, trazendo uma caixa cheia de objetos estranhos.

— Oi, crianças... - Ele disse rapidamente, correndo para o seu quarto. - Estou ocupado!

— Enfim... - Carly se sentou no sofá ao meu lado, voltando ao assunto: - Você está generalizando, Freddie! Olha, não sei o que você fez para o Brad agir daquela maneira e muito qual seria a relação da Sam com esse fato, mas não há nada de errado em dizer a verdade...

Suspirei incansavelmente para a Carly e, imediatamente, ela olhou feio para mim.

— Bom, acho melhor irmos dormir - disse uma impaciente Carly, revirando os olhos, e indo na direção do Gibby. - Você já pode ir, Gibs... Obrigada! 

A Shay acompanhou o garoto até a saída - nos fundos - e, apenas deu para ouvir um dizer "Nos vemos na escola" para o outro, antes da morena apagar as luzes do apartamento e de ter ido descansar. 

(***)

O dia seguinte foi terrível. Já acordei sentindo fortes dores no meu olho esquerdo e outras dores quando fui me trocar para ir ao colégio - tive que usar umas roupas velhas do Spencer.

— Vamos logo! - Carly me apressou quando finalizou o seu café da manhã. - Não quero me atrasar...

Fiz de tudo para que o meu café da manhã se tornasse "interminável", afinal eu estava sem a menor vontade ir a escola naquele dia. Vai que eu encontre o Brad no corredor... Ou que eu me esbarre com a Sam!? Nunca vi uma relação tão conturbada assim.

— Não posso esperar mais um segundo, Freddie! - Carly praticamente me puxou para dentro do elevador, que ficava dentro do apartamento.

Enquanto descíamos até o hall do Bushwell, Carly vasculhava a mochila de ponta a cabeça. 

— O que está procurando? - questionei-a, mas ela não me respondeu de imediato. 

— Aqui! - Ela retirou da mochila um óculos escuros bem estiloso. - Coloca isso... Nem vai dar para perceber que você levou um soco.

— Tá... - Dei de ombros. 

Assim que Carly e eu pusemos os pés nos corredores do colégio, notamos uma multidão de olhares em volta de nós, principalmente, voltados para mim. Junto aos olhares, ouvi breve sussurros de algumas pessoas - juro ter me familiarizado com algumas destas (possivelmente estavam na festa do Brad).

— Até mais... - Carly me disse rapidamente, antes de seguir um corredor diferente do meu.

"Novamente estou sozinho em um corredor qualquer e, droga, mais olhares e sussurros sobre mim. Decidi então ir para um outro corredor, mas, para onde eu fosse, seria a mesma coisa".

Fui pegar os meus materiais escolares dentro do armário, para poder ir a sala de aula, livremente.

Obs: A mesma coisa: sussurros e olhares de estranhos sobre mim.

Porém, cheguei a ouvir os sussurros mais nitidamente e pareciam mais barulhentos do que antes. Havia um motivo para essa baderna toda: Brad.

Quando retirei todos os meus materiais de dentro do armário e olho em volta, eu o vejo. Ele estava há poucos metros de mim e também estava retirando alguns materiais de dentro do armário. 

Num determinado momento, ele tirou as atenções dos materias e olhou abertamente para o meu rosto, com uma expressão de desgosto. O estranho e irônico fato era ver o seu olho direto - que roxo e minúsculo.