PDV - Freddie

 Será que àquela garota era mesmo a Sam!? Afinal, por que ela iria para a escola de bicicleta e num tempo chuvoso? Bem, isso não faz sentido algum...

— Freddie! - Carly, que estava sentada ao meu lado, chamou a minha atenção, fazendo com que eu saísse do meu momento pensativo. - Chegamos! - Ah, finalmente o ônibus chegou no colégio. 

Carly e eu esperamos o resto do pessoal descer a nossa frente e, já que o ônibus era muito estreito, tivemos que fazer uma fila indiana.

Quando desci notei que havia outros dois ônibus estacionados na entrada principal do Ridgeway, e talvez a Sam estivesse em um deles...

...Ou talvez não, como comprovou a Carly:

— Olha a Sam ali! - murmurou a morena, contente, para uma direção qualquer quando estávamos prestes a subir os degraus do colégio. 

— Onde? - perguntei vagamente. 

Eu nem estava prestando tanta atenção assim, mas quando a Carly anunciou, eu perdi o total controle do meu corpo. Cheguei até a tropeçar em algo, e cair por cima de uma poça de lama.

— Freddie! - berrou Carly com a minha bela queda. Ela ainda estendeu a mão para me ajudar a levantar. - Se machucou?

— Não... - murmurei, já em pé, olhando para o estado das minhas roupas. Algumas garotinhas passavam deram risadas abafadas do meu tombo, mas não dei a mínima para elas. - Eu estou bem, valeu! 

Avistei a Sam há vários metros de distância de nós (Carly e eu). E, sim, ela estava montada numa bicicleta. Porém, descartou o veículo no gramado do colégio quando estava se aproximando dos ônibus escolares.

A Shay decidiu ficar parada na porta do colégio, esperando a loira se aproximar dela e, eu, querendo ou não, também fiz o mesmo.

Sam vinha chegando ainda mais próximo. No entanto, quando reparou que eu estava ao lado da sua melhor amiga, diminuiu os passos.

Deduzi que talvez ela não quisesse falar comigo, assim como eu não estava muito disposto a falar com ela. 

"Então por que ela me beijou!?" - questionei-me, chateado.

Virei-me para a morena, dei um curto abraço amigável nela e me despedi:

— Até mais, Carly! - falei rapidamente antes de entrar. 

PDV - Sam

Aproximava-me da minha melhor amiga, que fez o favor de me esperar no portão do Ridgeway, quando noto algo meio... Hmm... Suspeito!?

O idiota do Benson deu um forte e curto abraço na Shay antes de ingressar no colégio. 

— Ah, Sam! - Carly mal acabou de abraçar o Benson e já estava me cumprimentando com um longo sorriso no rosto. 

— Por que aquele pateta lhe abraçou? - questionei, fazendo uma das minhas expressões de tédio.

— Não sei - respondeu a Carly. - Eu também não entendi o que deu nele... Sabe, o Freddie anda muito estranho ultimamente e eu estou procurando entender o porquê.

Ergui uma das sobrancelhas para a Carly sem pronunciar uma única palavra. 

— Pensei que você não viria para a escola hoje - disse Carly, mudando de assunto. Dei alguns bocejos enquanto íamos entrando no colégio. - E pela sua expressão, parece-me que você não dormiu bem.

Bufei.

— E não dormir, Carls - murmurei, com as mãos no bolso. - A minha mãe me encontrou escorada na parede da cozinha, quando chegou hoje de manhã, e me obrigou a vir para a escola.

Carly deu boas risadas, mas ela não sabia realmente o que eu estava passando/sentindo...

A primeira aula daquele dia foi justamente da Srta. Briggs. Carly e eu pegamos uma cadeira no fundo, e esperamos a professora chata chegar na sala.

Estava quase pegando no sono quando a Shay me cutucou para falar de um gordo idiota, que acabara de chegar na sala e de se sentar:

— Olha lá, Sam! - disse uma desesperada e discreta Carly para mim. - Aquele ali não é o Gibby?

— Ah, o que é que tem ele!? - Olhei para o garoto e voltei a fechar os meus olhos. 

— É que eu preciso saber de algumas coisas sobre o... - A Shay mal conseguiu terminar a própria frase, pois, no momento, a Srta Briggs apareceu na sala e gritou um alto e irritante "BOM DIA!".

Reparei que todos contribuíram o "Bom dia" da Srta. Briggs, exceto eu, que permaneci de braços cruzados e com uma cara de que iria dar mais um bocejo. 

— SAM PUCKETT! - gritou a professora para mim. - Saia da minha sala imediatamente!

Eu fiz uma careta estranha para ela e dei um sorriso, que poderia dizer: "É brincadeira, não é!?"

— Mas o que foi que eu fiz dessa vez? - questionei, mantendo meu sorriso.

— Nada - Ela me respondeu na maior naturalidade. - Mas tenho certeza de que irá fazer... Então, saia!

— Ó, a senhora não pode expulsá-la sem motivos! - argumentou a Carly para a professora. - Deixa só o diretor Franklin ficar sabendo...

— Ah, então quer se juntar a Puckett, Shay? - Ela perguntou a morena e eu fiz um sinal simples para que a minha amiga permanecesse em silêncio. 

Revirei os olhos, peguei minha mochila vermelha, me levantei e saí da sala. 

(***)

Depois que fui "expulsa" por não ter feito nada de errado, decidi guardar a minha mochila dentro do meu minúsculo armário e, retirei de dentro dele um arco e várias flechas - roubei de algum calouro aí. 

Era sempre assim. 

Quando era expulsa das salas por alguma banalidade, eu invadia a quadra do colégio e praticava o tiro na cesta de basquete. Também me ajudava a refletir sobre o meu cotidiano e eu estava precisando muito desse tempo para pensar no que anda ocorrendo...

"Seriamente, ainda procuro sentido para ter beijado o nerd daquela maneira. Qual é, Puckett? O que deu em você, garota? Estava possuída ou o quê?"

Acertei a primeira flecha na cesta e no momento em que ia preparar a segunda flecha, ouço alguns passos.

Olhei em volta da quadra à procura de alguém e noto alguém chegando na arquibancada. Era ele...

ELE!

Naquela escola poderia haver milhões de pessoas, mas o "destino" iria fazer com que eu me encontrasse com este idiota, como está fazendo agora:

— Então era você... - Ele disse saindo da arquibancada e entrando na imensa quadra. - Eu ouvi uns barulhos do corredor e vim aqui vê.

 Ignorei-o, voltando as minhas atenções para o arco e a flecha, mas, por incrível que pareça, eu perdi o foco e acertei o muro.

— Foi expulsa, não foi? - Ele me perguntou, como se já soubesse da resposta. O pior de tudo era ter que olhar aquele sorriso patético. 

— E daí? - dei de ombros, fazendo uma careta de repulsão. - Volte para a sua aula, nerd!

Suspirei, exausta, dando as costas para ele.

— Eu vou, mas antes eu quero saber de você! - Ele disse, fazendo-me virar para ele. - Eu preciso saber disso, pois não consigo suportar mais essa tensão...

Larguei o arco e as flechas no chão, passando a encará-lo com um olhar desafiador.

— Você sente alguma coisa por mim? - perguntou ele com a maior seriedade. 

Não suportei, logo dei uma intensa gargalhada da cara do nerd.

— Sam... - Ele me repreendeu.

— Claro que não! - eu respondi, prendendo a gargalhada. - Que pergunta maluca é essa?

Ele ficou em silêncio. 

— Escuta, Benson! Eu não sei o que deu em mim quando eu te beijei ontem... Na verdade, eu estava me sentindo sozinha, mesmo tendo a Carly ao meu lado. - expliquei, relembrando do ocorrido. - Nunca pensei que iria dizer isso, mas, eu vi muito do Brad em você e talvez... Talvez eu tenha confundido as coisas. 

Houve um momento constrangedor entre nós dois depois que eu expus um pouco sobre o que eu estava sentindo.

— Hmm... Daria para você esquecer esse beijo? - Pedi.

— Acha que eu não estou tentando!? - Ele falou exaltado. - Sei que para você isso pode não ter sido nada, mas... Droga! Eu traí o meu melhor amigo! Penso nisso toda hora! - Ele gritou, vermelho.

Estava prestes a gritar de volta, revidar, e explicar que ele estava errado em dizer aquilo. No entanto, volto a ouvir passos em nossa direção. 

Noto que o Freddie também ouviu os passos e fez um olhar de assustado para mim. Então, em silêncio, corremos e procuramos um local seguro para nos esconder.

— Atrás da arquibancada! - Eu sussurrei para ele, sem parar de correr.

Freddie e eu ficamos escondidos em um local bastante apertado por trás da arquibancada. 

— Será que já foi? - O pateta me perguntou, depois de alguns minutos.

— Calado! - eu murmurei, tampando a boca do nerd. O meu pressentimento dizia que a pessoa não fora embora e eu estava certa:

Os passos voltaram a me deixar alarmada, pois estavam vindo na nossa direção - atrás da arquibancada. 

— Quem está aí? - Ouço uma voz feminina.