Annabeth P.O.V

  Eu já sentia o meu pulmão queimar, e tudo que eu conseguia pensar era que eu tinha que protege-la. Ela vinha sido minha prioridade e responsabilidade desde que vimos nossos pais serem comidos por um deles. Por um zumbi. 

  Paramos atrás de uma árvore, tentando controlar nossas respirações, qualquer barulho que fazíamos parecia ser mais alto que os grunhidos das coisas. 

  Senti minha mão ser apertada. Ela estava com medo. Ela tinha que estar. O medo a manteria viva.

  – Tudo bem — sussurrei. Acariciando sua mão com o meu polegar. – Você sabe o que fazer? – ela assentiu. Colocando a mão no seu cinto, onde estava presa uma faca. - Bem aqui no meio. Você se lembra? - circulei um ponto em sua testa. Ela assentiu novamente.

  Me levantei, eu mataria o máximo de zumbis que eu conseguisse, para que ela não precisasse se sujar. por outro lado ela precisava aprender, talvez um dia eu não estaria aqui para protege-la. Desviei o pensamento, esse era um privilégio que não podíamos ter. Pensar no futuro. Nem sabíamos se tinha um futuro á nossa espera.

  Cravei o faca no crânio do primeiro. Para nossa sorte eles não estavam andando em bando, e nem eram uma horda gigante, eram apenas meia dúzia. Demorei um pouco para tirar a faca do zumbi á minha frente, quando tirei os outros cinco já estavam próximos, bem mais próximo que o previsto. Cravei a faca em outro, não tendo tempo de tirar, fazendo com que eu fosse derrubada pelo próximo. 

  Ele se contorcia, enquanto eu o segurava pelo pescoço, cada vez mais sentido um liquido viscoso manchar a minha blusa. Sangue de zumbi. Isso é mais nojento do que parece. Tentei alcançar a faca que tinha soltado enquanto impedia o zumbi de arrancar qualquer pedaço meu, mas ela estava mais longe do que eu tinha calculado.

  – Anna! – ouvi o grito de Sophia chamar a minha atenção. um dos mortos corria em direção á ela.

  – Droga - murmurei enquanto jogava o zumbi pro lado, batendo a sua cabeça no chão, repetidas vezes, até que não desse para ver nenhum resquício do que já fora o seu rosto. Logo quando eu estava levantando senti meu pé ser puxado para baixo, agarrado por um dos zumbis. Tudo que eu conseguia prestar atenção era nos gritos de Sophia.

  Todos os outros zumbi iam para cima dela agora. Chutei a cabeça do zumbi com o meu pé que estava livre. Eu não teria tempo para procurar a minha faca.

  – Sophia, você precisa usar a sua faca. – gritei, fazendo com que um dos zumbis saísse de cima dela. Eu via ela se rebatendo mais e mais.

  – Eu não vou mata-los – ela soltou mais um grito agudo depois que gritou suas palavras para mim. Vi algo reluzir debaixo do corpo do zumbi, algo metálico. Puxei a minha faca e corri até ela, matando o zumbi que vinha em direção á mim.

  Cravei a minha faca no cérebro do três zumbis que caminhavam em direção á ela e logo depois no que estava em cima dela, fazendo com que sujasse um pouco seu rosto, e seu cabelo que agora tinha uma partes vermelhas mescladas com o castanho claro.

  – Eles já estão mortos – disse antes de tirar o corpo do zumbi de cima dela.

[...]

  A noite estava fria, então resolvemos nos arriscar, acendendo uma fogueira, mas mesmo assim a deixando com o fogo baixo. 

  Sophia me passou um enlatado que ela estava comendo. Eu neguei.

  – Come, você precisa – ela negou e se aproximou de mim. Agora deitando a sua cabeça em meu colo, mas continuou estendendo a lata. 

  – Você que precisa. Não comeu o dia inteiro – isso era verdade. Toda a comida que achávamos eu pegava apenas uma pequena parte e dava a maioria para a Sophia. – Não sei como ainda está de pé. Para de ser teimosa - disse quando viu que eu hesitava em pegar a lata de sua mão. Peguei a lata, tomando cuidado para não me queimar com o aço recém esquentado.

  Feijão não era a minha comida favorita, nunca foi, mas agora não tínhamos escolhas e acredite você imploraria por uma lata dessas em um dia ruim aqui nesse novo mundo.

  Observei Sophia enquanto ela olhava as pequenas chamas da fogueira. Eu e Sophia somos muito parecidas, pelo menos fisicamente. Apesar de não termos uma diferencia muito grande de idade, eu sou a mais velha – eu tenho quinze anos e Sophia tem onze. Sophia sempre fora mais doce que eu, mais altruísta e mesmo depois que tudo isso começou ela se recusa a mata-los, mesmo para se proteger e ela praticamente cresceu nisso aqui, não foi diferente comigo. Mesmo vendo o que eles podem fazer, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda acha que eles tem cura. 

  – Soph.. – a chamei pelo apelido, fazendo ela tirar sua atenção da fogueira olhar para mim. – Hoje, você poderia ter morrido. – ela ficou sem reação. Normalmente eu não á censurava, eu até gostava de ter ela, com o seu jeitinho sempre falando que tudo ficaria bem, me fazendo voltar á realidade, mas depois de um tempo tudo se perdeu, aquela era a realidade – Você não pode exitar. Mesmo que for alguém com quem você se importe.

  A expressão em seu rosto mudou quando ela percebeu do que eu falava. Eu estava falando que se algo acontecesse comigo, ela não podia ser fraca, ela tinha que fazer o que era necessário. 

  Ela se levantou do meu colo, foi pro outro lado da fogueira, onde estava a sua mochila. Pisou na fogueira para apagar a pequena chama que tinha nela e se deitou. 

   Ela provavelmente dormiria, eu não.