Mesmo se não der certo escrita por prr


Capítulo 28
28 – O fim


Notas iniciais do capítulo

Bom, a história chegou ao fim. A ideia era contar como Denis lidou com a descoberta da doença, até um determinado ponto, onde ele realmente decide qual atitude tomar perante a situação. Além disso, mostrar que não é apenas uma pessoa que tem problemas, mas os outros ao seu redor também, e as coisas ficam mais fáceis de se resolver ou de seguir por um caminho melhor quando tem alguém para ajudar ou pelo menos apoiar. Espero que tenham gostado da história e obrigada pelos comentários e por lerem o que escrevi. Ah e nunca desistam porque as coisas parecem só dar errado. Porque no fim, de alguma forma, tudo sempre dá certo. Até a próxima =D



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Os dias foram passando. Denis e os outros eram apenas jovens como quaisquer outros jovens. Aproveitando cada minuto que restava das férias, fosse para dormir um pouco mais ou passar mais tempo com os amigos. O quarto de Sabrina na casa do pai já estava arrumado e ela estava se dando bem com a nova família. Victor tirou o gesso uma semana antes da volta às aulas. Pedro resolveu entrar na aula de violão e arrastou Denis junto. Leonardo e Sabrina se preparavam para o início das aulas na universidade (felizmente Sabrina conseguiu uma vaga na universidade que ficava na cidade onde morava agora, e onde Leonardo iria estudar).

Denis resolveu voltar para a escola, porque sentia falta dos colegas e os colegas sentiam falta dele. E apesar de sua visão estar piorando a cada dia, raramente estava irritado. Sua mãe até passou a deixá-lo sozinho por alguns minutos.

A mãe de Denis estava ajudando ele a preparar uma receita sustentável, como parte de um projeto da escola, mas acabou cortando o dedo. Como o corte foi fundo e não parava de sair sangue, ela teve que ir para um hospital. Leonardo estava no meio de uma prova e não podia ir para casa ficar com o irmão. Então ele acabou ficando sozinho em casa por um longo tempo.

Denis se despediu dos pais e garantiu a eles que ficaria bem e que não, não queria ir no hospital. Caminhou até seu quarto, ligou o computador e salvou alguns vídeos em um pen drive. Pegou um papel na escrivaninha do irmão e escreveu: “Para todos aqueles que amei e que me amaram”. Deixou o bilhete em cima da sua escrivaninha e colocou o pen drive em cima. Seu olhar era triste, mas não tinha lágrimas para sair. Pegou uma corda, que se encontrava bem escondida no fundo solto do velho guarda-roupa. Buscou uma cadeira na cozinha e subiu nela para amarrar a corda no puxador mais alto do guarda-roupa. Colocou o pen drive novamente no computador, para verificar se todos os vídeos estavam lá. Respirou fundo, subiu na cadeira e preparou um laço na corda.

Ele não queria que terminasse assim, mas sabia que era a melhor forma de acontecer. A vez em que se jogou no meio da rua, ou a outra vez em que cortou os pulsos, ele não estava pronto para partir e nem sua família pronta para perdê-lo. Ele estava apenas desesperado. Agora as coisas eram diferentes. Tinha deixado boas memórias para o irmão e o melhor amigo. Tinha mostrado aos pais o quanto os amava e era grato por tudo que fizeram. Até mesmo, tinha conseguido afastar a garota que sempre gostou, fazendo dela nada mais que uma amiga de infância, garantindo assim que ela não sofresse demais por sua perda. E deixou uma mensagem de despedida para cada uma das pessoas que mais fizeram por ele, que mais o amaram.

Respirou fundo. Ele não queria partir ainda. Estava tudo indo tão bem. Mas estava difícil continuar tentando ser um herói. Ele não era um herói. Era apenas uma vítima de uma doença que o estava deixando cego. Em algum momento as coisas iriam piorar. E o melhor seria que todos se lembrassem dele rindo e feliz, do que triste e irritado. Ou o que ele considerava pior, ser lembrado como alguém incapaz e totalmente dependente da ajuda dos outros.


— Denis! Denis! – Vitória estava há uns dois minutos tocando a campainha na casa de Denis. O pai dele tinha ligado na casa dela, para ver se Victor e Pedro tinham chegado do treino de futebol e irem pra lá, ou então ela mesma ir. Como os garotos não tinham chegado, Vitória foi, andando mais rápido do que estava habituada. Desde a noite anterior ela sentia que tinha algo errado e agora sabia o que era. Mas ninguém abria a porta e a garota estava desesperada.

— Tudo bem, Vitória? – Leonardo acabava de chegar em casa, carregando uma mochila pesada e dois livros nas mãos.

— Não sei. – O rosto de Vitória estava pálido e seus olhos arregalados.

Assim que Leonardo destrancou a porta, Vitória entrou correndo e entrou caindo no quarto de Denis. Leonardo deixou as coisas na sala e foi atrás da garota, preocupado com a forma com que ela estava agindo.

— DENIS! – Vitória gritou.

Leonardo entrou no quarto do irmão e a primeira coisa que viu foi uma corda pendurada no guarda-roupa e uma cadeira jogada no chão. Depois, olhou ao lado e viu o irmão, encolhido no chão, com Vitória chorando ao seu lado. Leonardo não se mexeu. Olhava da corda para o chão. Do chão para a corda. E então percebeu uma coisa.

— Vai ficar tudo bem, maninho. – Leonardo se ajoelhou ao lado do irmão e segurou sua mão tremula.

— Eu vi vocês. – Denis falava em meio a soluços. Vitória estava paralisada, em choque, segurando com toda a sua força a outra mão de Denis. – Eu não consegui.

— A gente sempre vai estar aqui por você. – Leonardo falou, também em meio a soluços. Os três ficaram sentados no chão chorando por alguns minutos.

— É... eu sei. Porque a vida é assim. Temos as nossas pessoas e elas nos ajudam a seguir em frente, a viver cada dia, cada ano. Às vezes, algumas pessoas novas chegam, outras vão embora, outras sempre estão por perto. E a cada dia, a cada segundo, a gente aprende que nada nunca acontece como planejamos, mas acontece da melhor forma que poderia acontecer. E cabe a nós, com a ajuda das nossas pessoas, descobrir como fazer para mudar os planos e conseguir ser feliz.

— Quando ficou tão sábio assim? – Leonardo tentou sorrir.

— Uns vídeos que gravei me fizeram refletir sobre isso. Só que eu estava meio cego para enxergar o caminho certo. – Denis sorriu. – Obrigado por não desistirem de mim e não deixarem que eu mesmo desistisse de mim.

— Prometemos nunca desistir. – Vitória falou.

Denis apertou com força as mãos de Leonardo e Vitória. Então se levantou, desamarrou a corda, guardou a cadeira e deletou os vídeos do pen drive e do computador. Depois se virou para os outros dois que continuavam sentados no chão com lágrima escorrendo pelo rosto e falou:

— Vamos tomar sorvete?


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