Polaroid escrita por Swimmer


Capítulo 16
Just a Travel


Notas iniciais do capítulo

Olá, donuts açucarados!
Como tá a vida de vocês? Tão de férias? E o cachorro? Passaram bem desde o último capítulo?
Deu até saudade de tanto tempo...
Chega se enrolar, vamos ao que interessa.



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Annabeth

No fundo de sua consciência, Annabeth sabia que deveria levantar. Ela abriu os olhos e pulou do sofá.

É isso aí, Annabeth, primeiro você dá um fora no cara e logo em seguida dorme na casa dele. Meus parabéns”, ela repreendeu a si mesma.

As costas doíam, por mais confortável que o sofá fosse, era uma péssima cama. Percy colocara Aurora no sofá, apoiada nele. Ela só não caíra por um milagre. Ele dormia profundamente, todo torto e com o celular em uma das mãos.

Ela precisava admitir, era uma cena fofa.

A campainha tocou novamente. Era isso que a tinha acordado.

Acordar Percy parecia impossível só de olhar para ele. Ela respirou fundo e correu para a porta. Só depois de abrir a porta ela se deu conta de que não devia estar nem um pouco apresentável em seu vestido emprestado e pés descalços.

—Você de novo? – Tyson perguntou.

—O que vocês estão fazendo aqui? – a pergunta saiu antes que a garota pudesse pensar.

—O que você está fazendo aqui? Achei que sua mãe tivesse dito que estaria em casa, falei com ela hoje – Ella respondeu, desconfiada.

—Eu... vim... visitar o Percy, ele tá meio que passando mal – ela sorriu.

—Ah – Ella assentiu, claramente sem acreditar uma só palavra. – Ele tava estranho ontem, então viemos vê-lo.

Que tipo de família era aquela, em que depois de uma ligação as pessoas já entravam num avião? Eles carregavam, cada um, uma mala. Annabeth ficou encarando os dois com um sorriso forçado até perceber que estava bloqueando a porta.

—Vocês não podem entrar. É uma doença muito contagiosa.

—Então por que você está aqui? – Tyson tombou a cabeça de lado.

—Eu já fui vacinada! Por que não voltam amanhã?

—Não, acho que não. Preciso ver o que o meu irmãozinho idiota está aprontando, com licença – Tyson avançou e entrou.

Ella foi logo atrás e Annabeth não teve escolha a não ser fechar a porta e tentar chegar ao sofá – que para sua sorte ficava de costas para a porta - antes deles. Ela correu até lá e se jogou no sofá para cobrir Aurora de um modo que não estivesse em cima dela. A mãe jamais aprovaria aquela posição.

—Ele tá dormindo – ela sussurrou e chutou as pernas do garoto com força – melhor não incomodar. Que tal irem embora agora?

Percy acordou, olhou de um lado para o outro e parou o olhar em Tyson.

—O que você tá fazendo aqui, cara? – ele se levantou.

—Viemos ver o que você estava aprontando pra precisar saber o que fazer com um bebê no meio da madrugada – Ella respondeu.

—Nada. Não estou aprontado nada, juro – ele sorriu.

—Tem certeza? – ela apontou Annabeth.

—Annie veio fazer um trabalho da escola – ele forçou o sorriso ainda mais.

Annabeth chutou mais forte que da primeira vez e ele caiu no sofá.

—Achei que estivesse doente! – Ella ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços. – Talvez só quisesse saber porque estava pensando em fazer um bebê.

Tyson deu a volta e procurou o que eles claramente tentavam esconder.

Uou. Eu achava que levava uns meses pra eles ficarem prontos – o rapaz se admirou.

Ella o seguiu e foi até Aurora, que ainda dormia. Annabeth se levantou e foi se sentar na poltrona.

—Por que tem um bebê dormindo no sofá, Percy? – Tyson encarou o irmão.

A garotinha acordou e pegou a mão de Ella.

—Pessoal, essa é a Aurora – Percy suspirou e começou a explicar a história.

Enquanto ele contava, Annabeth foi até a cozinha buscar refrigerantes.

Tyson e Ella decidiram que eles mesmos levariam a menina até a assistência social.

—Bom, acho que vou embora também - Annabeth disse depois de usar toda a força de vontade para não chorar. Tinha se apegado à garotinha, mesmo que não a conhecesse por mais de doze horas.

—Eu te levo - Percy ofereceu.

Por mais alto que sua cabeça dura gritasse "não", a parte que dormira por umas quatro horas num sofá não estava nem um pouquinho a fim de andar até em casa, então ela concordou. Subiu, pegou as coisas e eles saíram.

Não levou nem cinco minutos para chegarem, a casa dela era realmente perto. Percy andou com ela até a porta.

—Será que daria pra gente dar uma revisada na matéria de matemática?  - ele sorriu.

Droga, droga, droga... Como ela tinha esquecido da prova? Tinham uma prova no dia seguinte e ela nem começara a estudar.

—Eu tô super cansada, você não consegue revisar sozinho? - ela se apoiou na parede.

—Por favor - ele fez um biquinho ridículo.

—Meu Deus. Para com isso. Vai ter que esperar eu tomar banho, então.

Percy assentiu e entrou.

Annabeth subiu, pegou roupas dela e tomou banho, depois pegou a mochila e desceu. Percy decidira esperar balançando o globo de neve de Atena para cima e para baixo.

—Por favor não toque nisso, se quebrar minha mãe me mata.

—Beleza - ele devolveu o objeto à estante.

A garota abriu o caderno, separou as anotações e começou uma conta rápida sobre quantos minutos precisariam para cada item da lista que tinha feito. O celular dela começou a tocar e Annabeth preferiu ignorar, mas na segunda vez o barulho ficou irritante. Ela jogou os livros no sofá e pegou o aparelho.

Era um número que não estava salvo e ela não conhecia, mas atendeu mesmo assim. Um minuto depois, o coração parou. Ela sentia o sangue se movendo pelas veias, o desespero tomando conta de cada músculo. Respira, instruiu a si mesma. Antes que as pernas começassem a fraquejar, ela correu escada acima.

Pegou uma bolsa no quarto, correu para o quarto da mãe, abriu o armário, puxou uma caixa, tirou o que precisava e correu novamente para baixo, tudo isso sem desligar o celular. A garganta fechara, ela nem se lembrava que Percy estava ali até vê-lo de pé, no meio da sala de estar com o celular na mão. Ela parou por um segundo no último degrau e esperou.

O olhar antes brincalhão, agora estava só... perdido em algum canto do cômodo.

Okay— ele desligou e virou o rosto para ela, uma pontinha de desespero tentando escapar no meio do torpor. - Meus pais... meu irmão... a... a sua mãe...

—Eu sei - foi tudo o saiu, em tom baixo.

Sem trocar mais uma palavra, os dois correram para o carro de Percy.

Quando chegaram ao hospital não puderam fazer outra coisa além de esperar. O desespero só aumentava, a recepcionista chegou a perguntar se Annabeth queria um calmante antes de começar a explicar o que acontecera.

Por um motivo desconhecido, os pais de Percy e a mãe de Annabeth tinham decidido encurtar a viagem. Pegaram um helicóptero de volta à Santa Mônica no início da manhã, mas algo dera extremamente errado e o helicóptero caíra. Não tinham uma resposta quanto ao estado dos quatro passageiros ou do piloto.

Annabeth não se sentiu abalada com a história. Para ela estava mais para uma estória, uma invenção. Não parecia real, ela se sentia paralisada.

Ela ligou para Jake. Ele só atendeu na terceira vez e disse que chegaria o mais rápido possível.

Tyson e Ella apareceram e falaram com Percy, tentaram puxar assunto com Annabeth também, mas o máximo que ela fazia era acenar. Quando Percy saiu para ir ao banheiro, Tyson comentou com a namorada;

—Eu não acredito nisso, Ellie... Sally sempre foi a única figura de mãe que eu já tive.

Antes que Percy voltasse, eles saíram para buscar comida. Quando o garoto apareceu, antes que ele se sentasse, um médico entrou na sala de espera e chamou por parentes de Atena, o nome foi tudo que ela ouviu. Isso tirou Annabeth do transe, fazendo-a se levantar num pulo.

—Aqui - ela se levantou.

Ela e Percy andaram até o médico.

—Não há nenhum adulto da família aqui? Não posso passar informações para menores.

—São os nossos pais - Percy implorou. Annabeth nunca tinha visto ele tão abalado.

—Tudo bem, crianças. Vocês precisam ser fortes. O que posso dizer por enquanto é que todos se encontram em estado grave. Não tenho a informação de quão grave ainda, mas sei que há riscos. Peço que liguem para um responsável o mais rápido possível.

Annabeth voltou para a sua bolha, mas agora não parecia mais feita de sabão e sim de borracha. Ela se sentou e encarou o piso. Cara barulho, fosse passo, conversa ou a tosse de um desconhecido fazia uma sirene tocar dentro da cabeça dela.

Não, não e não. Como isso poderia estar acontecendo? Num momento a maior preocupação dela era esconder um bebê dos irmãos do amigo e agora fora substituída pela dúvida, a mãe sobreviveria?

Céus, aquela manhã parecia ter acontecido a meses.

A mãe - e também o irmão - era tudo que ela tinha. Se a perdesse... Não. Atena era a mulher mais forte que Annabeth já conhecera, ela jamais...

Todos os pensamentos de Annabeth foram interrompidos quando ela percebeu que estava chorando. Ela não conseguia parar, os soluços cada vez mais alto e frequentes. Ela desistiu de tentar segurar e só deixou as lágrimas rolarem, como não deixava desde que era criança e a mãe levara a ela e ao irmão para visitar o túmulo do pai deles.

A garota sentiu braços a envolverem. Percy. Ele também chorava, mas silenciosamente. Por mais difícil que pudesse ser pra ele saber que três das pessoas que mais amava no mundo estavam em algum lugar daquele prédio, ele pensara em consola-la. Ela tentou ver as coisas pelo lado dele e a dor só piorou.

Alec. Ele era só um garotinho e tinha muito o que viver. Ele definitivamente não merecia isso. Nenhum deles merecia.

Annabeth se permitiu aquele momento de fraqueza. Não rejeitou o abraço, afundou o rosto na camiseta do amigo e esperou que os soluços diminuíssem sozinhos.


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Notas finais do capítulo

Amo vocês ♥



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