A primeira edição d'O Expresso de Hogwarts finalmente havia sido publicada. Os últimos dias tinham sido uma loucura na vida de todos os que participavam do jornal, inclusive de Alvo, que resolveu se juntar a eles há apenas uma semana, quando Scorpius deixou escapar que certa sonserina fazia parte do grupo, mas nem por isso Rose facilitou para ele e o obrigou a ajudar Hugo na sessão de quadrinhos. Scorpius estava aliviado por aquilo tudo ter acabado e mais aliviado ainda por todos terem gostado do resultado final.

Era, sem dúvida, a melhor edição em anos.

Rose parecia bem mais leve. Por um momento, achou que ela nunca mais sorriria para ele. Ou para ninguém. Mas estava enganado. Ela o pegou de surpresa quando se jogou ao redor do seu pescoço na noite passada, mas Scorpius não pôde deixar de aproveitar para afogar o rosto em seus cachos ruivos e sentir o seu perfume de baunilha e jasmim mais de perto. Ele também não reclamou quando Rose se sentou ao seu lado em um banco, nos jardins de Hogwarts.

Foi então que surgiu a ideia de desenhá-la. 

— Eu posso me mexer agora? — tornou a perguntar Rose.

— Não — respondeu — Quero que continue parada — Scorpius segurou levemente o rosto da garota entre as duas mãos, fazendo com que os olhos amendoados de Rose encontrassem os seus — Bem assim — suas mãos escorregaram pelos ombros dela.

— Está bem — concordou Rose num sussurro e Scorpius notou, satisfeito, que ela parecia ter perdido o raciocínio por um breve espaço de tempo. Ele não queria desviar o olhar, mas precisou voltar ao desenho que fazia e que não estava saindo bem como planejara.

— Eu não sabia que desenhava — comentou a garota.

— Eu não desenho — admitiu — Eu só queria experimentar coisas novas.

— Bom, eu gostaria de não ter que ficar parada igual a uma estátua enquanto você experimenta essas novas coisas — Rose brincou e ouviu Scorpius soltar um risinho baixo — Ser bom com as palavras me parece o suficiente.

— Então talvez eu só quisesse uma desculpa para fazê-la ficar parada — Scorpius voltou a olhá-la com um sorriso no rosto — Embora, é claro, eu pudesse usar um feitiço para isso, mas acho que correria o risco de ganhar uma detenção.

— Sim, ajudar Filch a limpar a Sala de Troféus.

— Não consegue pensar em nada melhor do que isso, Rose? Você já foi mais criativa como monitora.

Ela girou os olhos.

— Vai a festa de Natal do Slughorn amanhã?

— Bom — Rose encolheu os ombros —, não é como se eu tivesse muita escolha. Imagino que queria convidar Dominique para ir, não?

— Talvez — respondeu Scorpius a contragosto, finalizando o desenho de Rose. Irritado, ele arrancou a folha de seu caderno e entregou a ela — Não é como se eu tivesse muita escolha, não é mesmo?

Rose estudou o desenho em silêncio.

— Você é mesmo melhor com as palavras do que com desenhos — disse por fim, entregando-o de volta para Scorpius e se levantando — Preciso ir agora.

Scorpius a acompanhou com o olhar. Parecia chateado. A verdade é que, se a garota não tivesse insinuado que ele deveria chamar Dominique, Scorpius teria dito que estava pensando em ir à festa com ela. Com Rose.