Go Home, Dominique escrita por Miss Jackson


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olááá meus amores! ♥ Como estão? Espero que estejam bem :3
AH, QUAL É? EU NÃO POSSO ME SEGURAR, TÔ MUITO FELIZ SNKLJDFÇNFD Em menos com a história postada JÁ TEVE UMA RECOMENDAÇÃO!!!! Meu Deus, eu não imaginava que o feedback seria tão maravilhoso assim, e em tão pouco tempo. Muito obrigada, Neko Hina, pela recomendação (te considero pakas, sabe disso, né?) ♥ ♥ ♥ Quero agradecer também à todos vocês por me darem uma chance. Obrigada, sério. Eu amo vocês.
Agora fiquem com esse capítulo que tem uma revelação bem louca u_u Espero que gostem!



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No dia seguinte, a conversa com aquela senhora ainda me atormenta. Tracey não apareceu mais, e sinceramente acho que estou ficando louca de verdade. Será que um hospício seria uma boa?

Hum, melhor não pensar nisso. Talvez minha mãe até concorde.

Todo aquele papo sobre o limbo foi assustador. E como diabos aquela senhora poderia conhecer Tracey? Ela está morta! Conhecer a Tracey no limbo? Deus, isso é loucura.

Balanço a cabeça, tentando afastar todos esses pensamentos e perguntas da minha mente. Sento no sofá, ao lado da minha mãe. O Gato, que está deitado em seu colo, automaticamente se eriça e avança em mim. Minha mãe o segura.

— Você poderia ter escolhido um gato menos assassino, mãe — digo, brincando, e sorrio pra ela. O sorriso não é retribuído, como eu imaginei. — A senhora está bem?

— Não. Acordei com uma sensação estranha. Espero que passe logo — responde ela rapidamente. Gosto da voz da minha mãe, e isso quase me faz sorrir, mas não é um diálogo muito adequado para tal coisa. Antigamente era comum ouvir minha mãe gargalhando com meu pai e até comigo. Já faz tempo que não a ouço rir, isso me deixa magoada.

— Vai passar — garanto, suspirando em seguida. Olho pela janela, já está escurecendo. O dia hoje passou bem rápido, comparado a ontem, quando aconteceu aquelas loucuras. — Você quer que eu faça a janta hoje?

Minha mãe finalmente me olha. Seu olhar está vazio, mas ela dá um mísero sorrisinho, balançando a cabeça positivamente. Levanto e vou para a cozinha, já sabendo quem me espera lá.

Tracey está sentada numa cadeira, irritada. Desde ontem, quando Henry fez aquela mágica, Tracey está furiosa em dobro. Ela me olha, torcendo o nariz.

— Veio fazer a comidinha pra sua mamãe maluca? — provoca enquanto distribuo os ingredientes de uma boa lasanha na mesa.

— Ela é sua mãe também.

— Não considero muito — diz ela, dando de ombros. — Acho que é de família todo mundo ser louco, né? E, se aquele garoto idiota te querer mesmo, seus filhos não vão ser diferentes.

— Cale a boca — ordeno, com raiva. É aí que começam os sussurros no meu ouvido. Tracey continua ali, sorrindo pra mim. Não é ela que está sussurrando, são outras coisas ruins. Meus outros demônios.

Eu conheço essas vozes horríveis, que fazem de tudo pra me botar para baixo. Também são conhecidas por depressão. Essa doença alimenta Tracey, faz com que ela cresça e tenha um poder sobrenatural (ironia?) sobre mim.

Tento ignorar e continuar fazendo a janta, sentindo os olhares de Tracey em cima de mim, me testando para ver até quando vou conseguir aguentar.

Louca. Idiota. Horrível. Gorda. Ridícula.

— Parem — murmuro, apertando os olhos com força, como se só fechá-los não fosse suficiente. Por incrível que pareça, ao ouvir o "Gorda" e outras ofensas em relação ao meu peso, eu não fico abalada. É uma coisa que eu já superei há muito tempo. Não me importo quando fazem piadinhas sobre meu peso, mas já me importei um dia. É verdade, eu sou gordinha. Não ligo para isso, eu gosto do meu próprio corpo e essa é uma coisa que nunca mais vai me abalar. A partir do momento em que você se aceita, não precisa da aceitação de mais ninguém.

— Os pensamentos positivos não vão te tirar dessa, Nique — provoca Tracey. — Desista. Você não é forte, e essa máscara logo vai cair.

— Para com isso — digo, talvez um pouco alto. As vozes estão aumentando, e os sussurros começam a virar gritos nos meus ouvidos, como se eu estivesse rodeada por pessoas que gritam meus defeitos e me magoam. Cada palavra é uma navalha. — Para.

VOCÊ É FRACA.

Agarro meus cabelos, ficando fora de mim mesma, e caio sentada no chão.

Molenga. Sem noção.

— Para! — exclamo, lentamente ficando em posição fetal ali mesmo, já sem conseguir mais me manter forte. As vozes gritam nos meus ouvidos e bem na minha cara, é como se me batessem. — PARA, MAS QUE MERDA!

Começo a puxar meus cabelos com força e a gritar de desespero, e isso só incentiva mais as vozes a me  infernizar. Quando me dou conta, estou em prantos, me debatendo no chão.

— VÃO EMBORA!

Minha mãe entra na cozinha e se ajoelha na minha frente, me sacudindo. Eu ergo a cabeça, encarando-a, mas nem raciocino e só grito mais.

— FAZ PARAR! — imploro.

— PARA COM ISSO, DOMINIQUE! — grita ela, também em completo desespero e chorando. Minha mãe nunca consegue ajudar direito, ela só grita, o que me faz gritar mais e mais, até sentir minha garganta doer.

Mas, alguns segundos depois, tudo que eu ouço são meus gritos e o choro desesperado da minha mãe. As vozes pararam, e logo eu paro de gritar, observando minha mãe de coração partido. Eu fiz isso com ela, eu enlouqueci a minha mãe.

— Sinto muito — sussurro. — Eu realmente sinto muito, mãe.

Ela fita meus olhos por um minuto antes de levantar. Percebo que ela está tremendo muito, e demoro um pouco até levantar também. Lanço um último olhar para Tracey, que observou tudo. Ela sorri mais ainda e desaparece.

Eu odeio isso. Odeio todos esses problemas. Odeio que Tracey tenha morrido e odeio ter depressão. É horrível. Já ouvi comentários idiotas sobre depressão, como "para mim depressão é quando a gente acorda um dia e diz que tá depressivo". Depressão é um transtorno, uma coisa horrível que pode levar uma pessoa à loucura.

Tenho vontade de morrer, mas me falta coragem para fazer o serviço, então enquanto não morro por causas naturais eu só gostaria de ser um pouco... Normal.

— Pode sair da cozinha. Eu faço a janta — diz minha mãe, com a voz vacilando. Do jeito que eu a conheço, só vou ouvi-la falar algo novamente no próximo dia.

. . .

Novamente um pesadelo.

Dessa vez, estou caindo. O lugar é escuro, e parece ser um poço infinito. Depois de alguns minutos, começo a enxergar uma luz exatamente onde eu vou cair. Ao me aproximar mais, sinto cheiro de fumaça.

Um incêndio.

No primeiro momento eu me desespero e me debato no ar, tentando evitar o inevitável, mas relaxo um pouco ao lembrar que é só um pesadelo.

Para minha surpresa, eu não caio direto no fogo, mas na frente. Franzo a testa. É um enorme casarão em chamas.

— É só um pesadelo — repito várias vezes e, então, eu começo a entrar no casarão com cuidado.

Entro na sala no exato momento em que um pedaço de madeira em chamas cai ao meu lado, me assustando, mas continuo em frente. Ouço algumas risadas femininas e, quando olho na direção das risadas, há um sofá completament livre de chamas onde está sentada uma mulher jovem e aparentando estar alegre. Em seu colo estão duas bebês idênticas, sorrindo para a mulher.

— Minhas meninas — diz ela. Inclino a cabeça, analisando-a bastante.

É a minha mãe!

— Mãe? — chamo, mas ela não me escuta. É claro que ela não vai escutar, sua idiota!

— Dominique e Tracey — continua minha mãe, brincando com as bebês. — Minhas princesas!

O quê?

As três desaparecem e o sofá começa a pegar fogo. Sigo caminhando pelo casarão, intrigada e quase sendo queimada o tempo todo. Vejo um quarto que está livre das chamas também e entro, começando a ouvir um choro de bebê.

— Harry, me ajuda com a Tracey, por favor! — Minha mãe chama, e uma versão jovem do meu pai aparece ao meu lado, na porta, mas ele obviamente não nota minha presença e vai até um berço, pegando a bebê que está chorando no colo. Em um segundo berço está a outra bebê, observando tudo atentamente. — Não sei o que há com a Tracey. Será que deveríamos levá-la à um médico?

Meu pai sorri daquele jeito capaz de acalmar qualquer um, brincando com a bebê em seu colo, que logo está rindo. Me recuso a acreditar que ela é minha irmã gêmea. Tracey morreu no parto, não é possível!

A cena desaparece e o fogo chega no quarto, me fazendo sair correndo e vou para outro, entrando. Esse quarto não tem berço e nem nada de bebê, estão só meus pais sentados numa cama de casal e conversando. Meu pai está fumando um cigarro tranquilamente e minha mãe parece não ligar, sendo que ela odiava quando meu pai fumava e até o obrigou a parar.

— Nossas filhas são perfeitas, Marie — diz meu pai, sorrindo.

— A Tracey não parece... Estranha? Talvez só diferente? — sugere a minha mãe, me fazendo arregalar os olhos. Meu pai apenas balança a cabeça negativamente.

— As duas são perfeitas.

Novamente a cena desaparece e eu continuo caminhando pelo casarão, chegando em uma enorme cozinha. Meus pais estão lá novamente, e outra vez meu pai está fumando.

— Elas dormiram? — pergunta minha mãe.

— Demoraram, mas sim — responde meu pai, jogando o cigarro dentro de uma lixeira que, quando eu analiso, está cheia de papéis.

Ah, não.

Não.

Eles saem da cozinha, mas a cozinha não começa a pegar fogo como as outras cenas. Fico encarando a lixeira, e vejo uma faísca de fogo aparecer. Aos poucos, o fogo vai surgindo cada vezmais, até a lixeira começar a queimar.

Foi o final da lembrança, porque logo a cozinha toda está pegando fogo.

Saio correndo e esbarro nos meus pais desesperados. Minha mãe está segurando uma criança que chora muito enquanto meu pai tenta entrar em um dos quartos, o dos bebês, mas não consegue entrar porque o fogo já está alto. Vendo que não tem como entrar, minha mãe começa a chorar desesperadamente.

— Precisamos sair daqui, Marie! — diz meu pai, começando a puxar minha mãe pra longe. Eu sigo os três, com o coração batendo forte, e no momento em que nós saímos do casarão o fogo o toma por completo.

— MINHA TRACEY! — berra minha mãe entre soluços. Ambos os três estão cobertos de cinzas, e meu pai abraça minha mãe, cuidando pra não esmagar a criança em seus braços. — Perdemos a Tracey, Harry...

Meu pai também está chorando, mas baixinho. Os três ficam chorando até que tudo fica em silêncio, definitivamente tudo.

Começo a entender tudo, mesmo não querendo. Todo esse pesadelo foi cheio de memórias. O casarão foi minha primeira casa, e todos da minha família mentiram a vida toda pra mim.

Tracey nasceu viva.

Mas, ao contrário de mim, ela morreu naquele incêndio, quando nós éramos bebês.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? MUHAHAHA *risada maligna fail* Finjam que se assustaram, por favor -qq Comentem o que acharam, sério mesmo. Eu não mordo e respondo com muito carinho, certo, fantasminhas? :3 Até o próximo capítulo!



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