O Espirito do Lobo escrita por Sensei


Capítulo 5
Continue a nadar


Notas iniciais do capítulo

Fiquei doente.
Deu pra atualizar. *-*
Espero que gostem!
Câmbio e desligo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/677257/chapter/5

 

Capítulo 4

Mais tarde na aula de cálculo Bella sentou ao meu lado e tentou falar comigo, mas eu apenas levantei a mão.

—Você é melhor que isso Bella. Não pode deixar ele mandar na sua vida. –Falei e levantei na carteira indo sentar ao lado de Carter.

Ele arqueou a sobrancelha, surpreso, e parou de conversar com o JP para falar comigo.

—Por favor, me diga que você não se meteu naquela história. –Ele suspirou olhando em direção e Bella que  olhava fixamente o caderno em branco.

—Você quer a verdade ou algo que o faça se sentir melhor? –Perguntei.

Ele fez uma careta.

—--

O resto da semana se passou arrastado.

Eu me recusei a falar com Bella até que ela tomasse uma atitude quanto ao comportamento do namorado dela. Como a garota era tão submissa a ponto de deixar Edward controlar a vida dela? Mentindo e manipulando!

Estava completamente decepcionada.

Aquela não era a Bella que eu conhecia.

Minha casa e a escola estavam ambos insuportáveis, parecia-me que o único lugar em que eu ficava feliz era em La Push, com Embry. Por isso naquele final de semana eu levantei cedo para me arrumar e vê-lo, era o dia em que prometi finalmente conhecer a mãe dele.

Quando abri o quarto me deparei com meu pai, parado em frente a minha porta, como se estivesse pronto para bater. Ele abaixou o braço e sorriu pequeno.

—Oi minha menina. –Falou delicado.

Ficamos nos encarando, semanas haviam se passado e eu ainda me sentia muito magoada pelos segredos que ele havia escondido.

—O que você quer? –Perguntei cansada.

—Conversar... Pedir desculpas novamente... –Ele entrou no quarto me fazendo dar passos para trás. –Qualquer coisa que faça você me perdoar.

—Pai...

—Por favor Erika. Você é o que eu tenho de mais precioso nesse mundo. Não sabe o quanto eu sofri guardando esse segredo, com medo de estar decpcionando você.

—Você me decepcionou. –Respondi.

—Eu sei. Mas quero me redimir. Me dê uma chance, você sabe que eu nunca faria nada para magoa-la intencionalmente. –Ele pediu pegando minha mão e fazendo nossos dedos se entrelaçarem.

Olhei para nossas mãos.

Eu sabia que não havia ninguém no mundo que me amasse tanto quanto meu pai. Ele esteve lá nos meus primeiros passos, foi severo comigo quando criança, aguentou minhas crises de pré-adolescência e abriu seus braços me perdoando quando cometi o maior erro da minha vida ao me envolver com Theo.

Ele sempre esteve lá por mim.

Sempre.

—Prometa para mim. –Pedi. –Prometa que nunca mais vai me esconder coisas novamente!

—Minha menina. –Ele me puxou pelo braço e me abraçou forte.

Passei os braços pela sua cintura, sentindo meus olhos marejados, mas estava cansada de chorar!

—Não quero que minta para mim! É o meu pai. Se não confiar em você, em quem confiarei? –Perguntei levemente zangada.

—Você está certa. –Ele segurou meu rosto em suas mãos. –Eu prometo meu amor, prometo que nunca mais esconderei nada de você. E para  provar que estou dizendo a verdade, tenho algo importante para contar.

Me afastei olhando seriamente para ele.

—Eu vou ficar zangada? –Perguntei.

—Provavelmente, mas não comigo. –Ele disse.

Arregalei os olhos.

—Okay, o que a Tia Jasmine aprontou? –Perguntei levemente assustada.

—Ela convidou a sua avó para a sua formatura e a do Carter.

—O que?! –Exclamei horrorizada. –Oh, não. Definitivamente não. TIA JASMINE!

Saí correndo pela escada procurando-a pela casa.

Meu pai me seguiu nos encontrando discutindo na cozinha, Tia Jasmine o olhou reprovadora enquanto tentava me explicar que a presença da vovó era necessária por esse ser um evento importante de nossas vidas.

Mas eu neguei com a cabeça.

Nós duas paramos de discutir quando a risada do meu pai soou animada pela cozinha.

—Isso não é engraçado, Dandelion! –Tia Jasmine reclamou.

Mas o meu pai sorriu.

—Estou feliz por estar em casa. –Ele disse por fim.

—--

Eu definitivamente devia ter esperado o final de semana passar antes de perdoar o meu pai.

Com toda certeza.

—O senhor realmente não precisa fazer isso agora pai. –Pedi.

Mas o meu pai apenas sorria levemente e batia os dedos no volante seguindo a melodia que saia do som do carro. Estavamos no carro dele pegando a estrada secundária em direção a La Push.

—Ele é o seu namorado. –Respondeu. –Eu tenho que pedir desculpas.

—Não hoje. –Murmurrei baixa e nervosamente.

—Mas hoje é o dia perfeito! –Ele falou animado. –Já aproveito e conheço a mãe dele junto com você.

—Mas pai...

—Está com vergonha de mim Erika? –Ele perguntou bem humorado.

Uma brincadeira.

Mas eu o olhei feio, fazendo-o rir.

—Nunca tive vergonha do senhor. Nunca. –Falei irritada. –Mas é a primeira vez que vou conhecê-la, já não basta o desastre que foi quando ele foi conhecer o senhor?

—Mais um motivo para eu ir me redimir com ele e a mãe dele, não?

—Não antes de mim!

Ele riu.

—Okay, eu não vou com você até a casa da sua... –Ele parou pensando sobre o melhor jeito de dizer aquilo.

—Sogra? –Sugeri.

—A minha filhinha tem uma sogra... Estou ficando velho. –Ele suspirou.

Eu soltei uma gargalhada.

—Obrigada pai. –Falei.

—Mas eu realmente preciso me desculpar com o garoto. –Ele continuou. –Não foi cortês e nem educado o jeito como o tratei.

—Certo, então podemos encontrá-lo na casa da Emily. –Falei.

—Quem é Emily? –Ele perguntou confuso.

Eu sorri.

—Entra na próxima esquerda e o senhor vai saber.

—--

Quando chegamos a casa de Emily o lugar parecia vazio, mas o Jared apareceu na porta, com o cenho franzido. Não havia reconhecido o carro, abaixei o vidro lentamente.

—O Embry está aí? –Perguntei.

Ele negou com a cabeça.

—Está em casa, se perfumando para ver você. –Ele  disse debochado saindo do chalé e descendo as escadas para vir em minha direção.

—Confessa que você faz a mesma coisa quando vai visitar a Kim. –Respondi.

Ele soltou uma gargalhada se encostando na janela no carona onde eu estava.

—Com certeza. A gente tem que fazer bonito para as nossas garotas. –Ele disse dando de ombros. Então notou o meu pai. –Você deve ser aquele com o nome estranho, o pai da Erika.

—Esse sou eu. –Ele disse.

Então Jared perdeu o sorriso e olhou seriamente para ele.

—Não gostamos do jeito como você tratou o Embry. –Ele respondeu.

Senti uma ponta de ameaça na voz dele.

—Está ameaçando meu pai? –Perguntei, com uma expressão de censura.

—Entenda como quiser. –Falou.

Dei uma leve tapa na cabeça dele que voltou a sorrir e fingiu que havia doído. Meu pai me olhava com olhos arregalados e fez uma expressão como se dissesse ‘é por causa desse tipo de coisa que tenho que me desculpar com seu namorado’. Não que a ameaça do Jared fosse mesmo verdadeira... Eu acho.

—Papai está aqui para se desculpar com o Embry, aconteceram muitas coisas Jared, não seja tão cabeça quente.

—Ah, se é assim, então seja bem vindo. –Ele disse animado.

—Está sozinho? –Perguntei.

—Sam saiu com Paul para fazer uma ronda, me deixou aqui com a Emilly por que a sobrinha dela veio passar um tempo com ela e ele não quer que as duas fiquem desprotegidas. –Ele explicou.

Como que para provar o que ele dizia Emily saiu do chalé com uma menina nos braços. Senti uma dor oca no meu baixo ventre ao olhar para a criança, ela parecia ter uns dois anos, com cabelos dourados e olhos castanhos, ela brincava com o colar de conchas que Emily usava no pescoço.

—Jared, o que está fazendo? Quem está aí? -Ela perguntou.

O garoto virou fazendo com que Emily pudesse me ver.

Eu geralmente evitava crianças desde que havia perdido meu bebê, mas naquele momento, depois de tudo o que meu pai havia me dito... Eu me sentia tão estranha em me aproximar de uma criança.

—Erika! –Ela sorriu animada.

Eu saí do carro indo abraça-la, nos encontramos na metade do caminho. Ela passou um braço ao meu redor por que segurava a menina com o outro.

—Essa daqui é a Claire. –Emily apresentou. –Claire dá oi para a Erika.

Ela me olhou desconfiada.

—Oi. –disse encabulada e escondeu o rosto no ombro de Emilly.

Nós rimos.

Eu achei aquilo tão adorável. Era impossível não pensar em como teria sido se o meu bebê... Engoli em seco balançando a cabeça para tirar aqueles pensamentos.

—Oi princesa. –Respondi sem jeito.

—Venha, eu acabei de fazer uma torta de maçã maravilhosa, você vai adorar. –Ela disse me puxando pela mão em direção ao chalé.

—Está sempre cozinhando Emily? –Perguntei.

—É o meu passatempo predileto. –Ela respondeu rindo.

Virei para o carro onde meu pai esperava com seus óculos escuros e a mão do lado de fora da janela.

—Vem pai! –Gritei. –Jared vai chamar o Embry, daqui a pouco ele chega.

Ele saiu do carro vindo em direção ao chalé, Jared já havia corrido para a floresta com a intenção de se transformar em lobisomem. Na sala Emily havia colocado a pequena Claire no chão e foi para a cozinha, ela deu uns passinhos em direção ao tapete e pegou um brinquedo no chão o colocando na boca. Eu me aproximei dela meio ansiosa...Claire me olhou curiosamente então veio até mim, me ajoelhei para ficar mais perto dela e a criança entregou o brinquedo.

—É para mim? –Perguntei.

Ela fez um barulhinho como se confirmasse e me entregou o brinquedo babado, era um pequeno lobo de plastico. Eu sorri emocionada, foi mais forte que eu quando uma lágrima solitária escorreu pela minha bochecha e caiu na minha blusa.

Dei um leve beijo nos cabelos dourados da pequena Claire.

—Obrigada. –Falei.

Ela sorriu mostrando os poucos dentinhos.

Senti alguém colocar a mão no meu ombro e virei, meu pai me observava com uma expressão tristonha, parecia também conter as lágrimas. Eu me levantei e lhe dei um abraço, com as emoções a flor da pele era difícil me controlar.

—Eu vou acha-lo. –Ele disse com a voz falha. –Eu prometo, minha menina. Ele vai voltar para os seus braços.

Eu acenei que sim com a cabeça, escondendo meu rosto em seu peito.

—Hey, Sam falou que estava por perto da... Aconteceu alguma coisa? –Jared perguntou entrando num rompante dentro de casa.

Me separei do meu pai limpando as lágrimas.

—Não. –Falei tentando sorrir. –Nada não Jared. O que você estava dizendo?

A pequena Claire correu em direção ao garoto, sorrindo.

—Jedy, Jedy! –Ela repetia.

Jared sorriu ao vê-la correndo em sua direção e a pegou nos braços na metade do caminho.

—Olá lobinha. –Ele disse sorrindo. -Sam estava por perto da casa de Embry, então vai passar lé e pedir que ele venha. Vou trocar de lugar com ele para que possa vir ver a Emily. –Ele explicou em seguida.

—Certo. –Falei olhando a menina sorridente puxar os poucos cabelos de Jared. –Vou avisar a Emily que Sam está chegando.

Não esperei responsta e segui até a cozinha, coloquei a mão na barriga como se sentisse o vazio ali dentro e respirei fundo antes de entrar no cômodo.

—Por favor esteja vivo... –Pedi para alguma coisa, qualquer coisa, que pudesse ajudar. –Esteja vivo e eu vou te achar, não importa quanto tempo demore.

—--

Shamrock

—Você e a Memphis brigaram? –A som característico da minha mãe.

Parecia levemente desinteressado, mas eu sabia que essa curiosidade estava corroendo-a por dentro. Olhei para o lado onde ela nadava balançando a cauda laranja levemente, suas escamas brilhando por estarmos mais perto da superfície do que de costume.

—Não sei se quero responder essa pergunta. –rebati.

Ela pareceu um pouco frustrada.

—Vamos lá Rock, você vai ficar desse jeito amuado pelo resto da vida?

Fiz um muxoxo.

—Eu ainda não engoli toda a história sobre o meu pai, então é bom não me irritar.

—Você sabia que seu pai era humano! –Ela lembrou.

—Mas não sabia que tinha uma irmã que também era! –Lembrei-a.

Ela parou de nadar me fazendo parar também e virar para olha-la.

—Sua irmã não é humana. –Ela disse firme. –Ela é um peixe, como eu e como você. Ela não é humana.

Ela balançou a cabeça fazendo seus cabelos claros ondularem na água, parecia irritada com aquele pensamento.

—Explique-me então por que ela tem pernas? -Pedi

—Você também teve e veja só, está nadando aqui comigo com sua cauda, debaixo d’água, como um peixe. –Ela rebateu.

—Certo, mãe. Não vamos brigar de novo, tudo bem?

—Só não a chame mais de humana. Ela é minha filha, sua irmã, então é um peixe, como eu e você. –Ela disse e nadou mais na frente.

Estávamos viajando há alguns períodos de sol, decidimos ficar mais perto da superfície para podermos nos orientar melhor. Minha mãe havia ido atrás de notícias do meu pai e encontrou um humano na enseada que explicou onde ele vivia agora, disse que ele estava nos esperando... Que minha irmã nos esperava.

Uma irmã.

Ela nunca me contou sobre isso, nunca.

A única sereia que eu considerava como tal era Memphis que cresceu comigo, mas depois que tudo aquilo aconteceu, depois de me declarar para ela e ser completa e totalmente rejeitado, as coisas estavam estranhas entre nós. Mesmo quando eu estava prestes a sair de viagem com a minha mãe, ela não veio se despedir.

Não veio dizer adeus.

Aquilo me doeu mais que a rejeição.

Mas não era hora de me pensar isso, eu tinha muito mais preocupações na ordem do dia do que meu pobre coração partido.

Havia uma irmã – gêmea pelo que minha mãe havia contado – que eu não conhecia, que nem fazia ideia existir. Uma garota andando por aí pela superfície, tínhamos os mesmos pais, viemos do mesmo ventre. E enquanto a ela foi privado a chance de estar ao lado da mãe, a mim foi tirada a chance de ter um pai.

Imagino o quanto ela deve ter sofrido. Tritões são raros e os poucos que existem são, assim como eu, filhos de uma sereia e um humano. Mas a maior parte das vezes esse humano é um transformado em selkie então não é como se fossem realmente humanos. Essa é a grande questão. Como minha mãe sereia e meu pai humano conseguiram copular e terem dois peixinhos? É meio difícil de acreditar. Ela diz que ele tinha cauda, mas não consigo pensar que isso seja, hum, como posso dizer... Plausível.

Mas a gente vê de tudo embaixo da água, uma vez eu me lembro de ter visto até um lobo gigante! Mas eu era muito pequeno, então não tenho certeza se não estava alucinando ou coisa assim. Bem, faz muito tempo então não importa muito.

Havia também outra coisa que povoava meus pensamentos.

Meu pai.

Eu não tinha ideia de como reagir, continuava seguindo minha mãe onde quer que ela me levasse, eu confiava nela, mas não tinha certeza do quanto as coisas mudariam daqui em diante.

Principalmente por que eu não tinha ideia de como fazer minhas pernas aparecerem desde aquela noite meses atrás. Tinha medo delas ao mesmo tempo que as achava fascinante. Parte de mim não queria nunca mais ser humano, mas uma parte insistente pensava sem parar... Como será ser um humano?

Mais à frente minha mãe parou de nadar em frente e começou a nadar para cima, eu sabia que sempre que ela fazia isso era para saber em que parte da terra nós estávamos. Nadei até o lugar onde ela havia parado e a esperei descer novamente, não demorou muito para que eu a visse sorridente nadando em minha direção.

—Já chegamos aos Estados Unidos! –Ela disse animada. –Acabei de ver aquela estatua grande segurando um livro que seu pai falou.

—Mãe, eu não sei o que é “Estados Unidos”! –Respondi. –Metade dos sons que você faz me parecem estranhos.

Ela pareceu contrariada.

—Vamos logo, devemos chegar na terra dos lobos em alguns períodos de sol, ouvi dizer que lá é onde existem rochedos frios.

—É lá que eles estão? –Questionei. –Perto dos rochedos frios, na terra dos lobos?

—Sim. É lá. –Ela disse. -Eles estão nos esperando. Seu pai e sua irmã.

—Só mais alguns períodos de sol. –Repeti.

Ela então estendeu sua mão em minha direção, levantei a minha e entrelacei meus dedos os seus.

—Só precisamos continuar a nadar*. –Ela disse.

Então nós fizemos isso.

Continuamos a nadar.

—--

*Referente a frase “Continue a nadar” de Procurando Nemo. (Ain, gente, eu simplesmente TINHA que fazer essa referência a Dori.  Quem vai assistir ‘Procurando Dori’ aí levanta a mão! o/)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA!
Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
Câmbio e desligo