Olicity - Lies escrita por Buhh Smoak


Capítulo 26
Capítulo 26




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POV ~ Felicity 

 

Eu já tinha lidado com a morte de muitas pessoas, mas nunca com uma onde eu tivesse que lidar com a reação de uma criança que a cada dia se afundava mais na tristeza. Já fazia duas semanas que a Samanta tinha falecido e não encontrar uma maneira de ajuda-lo a lidar com aquilo me enlouquecia. 

 

Ainda conseguia ouvir os gritos dele ecoando em minha mente quando Oliver contou sobre a morte da mãe. Eu esperava sua revolta, mas não que a reação dele fosse contra si mesmo. Os gritos aumentavam mesmo com Oliver tentando acalma-lo, mas ele repetia que a culpa era dele e que se nunca tivesse pedido para conhecer o pai nada de ruim teria acontecido. Precisei força-lo a me ouvir para que ele parasse de dizer aqueles absurdos. Quando finalmente permitiu que eu o abraçasse o choro não parou mais. 

 

Assim como o filho, Oliver também entrou na fase do silêncio depois do enterro de Samanta. Eu tentava encontrar uma maneira de ajudar, mas o sofrimento de ambos, um pela mãe e outro pelo filho, não me davam alternativas a não ser estar por perto mesmoque somente compartilhando do mesmo silêncio. 

 

Oliver dormia depois de uma longa noite de combate ao crime, ele disse que iria comigo na fisioterapia, mas seu cansaço fez com que eu ignorasse seu pedido em ser acordado. O frio não me ajudava, porque as dores tinham me feito perder o sono, mas comparado a semanas atrás aquilo não era nada. 

 

— Vai sair tia? 

 

Levei um susto ao encontrar o pequeno na sala, deitado no sofá. Pelas olheiras fundas não parecia ter dormido. Eu tinha aposentado a cadeira de rodas, mas naqueles dias frios eu estava começando a pensar em tira-la do armário. 

 

— Vou sim. – Sentei ao seu lado, deixando as muletas apoiadas entre nós. - Já está acordado? 

— Não consegui dormir direito. – se encolhendo. 

— Pesadelos? 

— Sim. 

— Deveria ter nos acordado. 

 

O silêncio veio assim como das outras vezes. Sabíamos que ele não dormia direito, mas nunca dizia sobre os pesadelos. 

 

— Vou para a fisio, quer ir comigo?

 

Ela não me respondeu de imediato, por isso eu achei que diria não, mas ele pegou minhas muletas e levantou. 

 

— Vamos?

— Vamos. - respeirei fundo para não deixar minha emoção transparecer. - Só vou avisar seu pai. - levantando e pegando as muletas.

 

Ele foi para a cozinha enquanto eu seguia para o quarto. Tive que me controlar para não aceletar o passo, aquela atitude do William era muito mais do que qualquer outra nas ultimas semanas. Abri a porta do quarto e a visão do meu noivo deitado só coberto da cintura para baixo quase me fez desistir da terapia. Me aproximei e sentei ao seu lado, fazendo carinho em seu rosto. 

 

— Amor?

— Uhm. - se mexendo, mas não acordando.

— Estou indo. - me inclinei e beijei seu rosto. 

 

Como das muitas outras vezes antes de todos nossos problemas começarem, ele reagia quando eu o beijava. Virando o corpo ele abriu os olhos e por alguns segundos ele parecia o mesmo Oliver de antes, sem a dor das ultimas semanas.

 

— Vou com você. - tentando levantar, mas eu o impedi apoiando a mão em seu peito.

— Não, o William vai comigo.

— O Wiliam? - esfregando o rosto.

— Sim, fique descansando. Acho que essa é uma boa oportunidade para ele começar a nos deixar ajuda-lo. 

 

Ele esfregou os olhos de novo e sentou na cama. Aquele corpo sempre tirava meu foco, mas eu não poderia me deixar levar por tudo aquilo agora.

 

— Você está bem? - olhando para minha barriga.

— Estou. - sorri, tentando não deixar minha aflição transparecer.

— Eu não estou sendo o marido, nem o pai que meus filhos precisam. - pegando minha mão e me puxando para perto. - Me perdoe.

— Nem sempre os dois vão estar bem. Estamos aqui para nos apoiar.

— Vou dormir mais um pouco e depois vou buscar vocês na terapia, ok?

— Tá, vou para a empresa hoje.

— Tem certeza?

— Sim, o Curtis precisa de ajuda em algumas coisas.

 

Voltando a deitar ele me fez ir junto, me abraçando.

 

— Te amo.

— Nós também te amamos. - beijei seu peito.

— Tia, terminei de comer vou escovar os dentes. - ouvimos Will falar do corredor.

— Te espero na sala. 

— Ele está melhorando. - Oliver me encarou. 

— E você também. 

 

Em poucos segundos ele estava dormindo de novo. Levantei e segui para a sala, onde o pequeno já me esperava.

 

— Meu pai está bem?

— Está sim, só muito cansado.

 

Aquele dia estava sendo o melhor de todos, mas ainda tinha um caminho muito longo até que as coisas realmente melhorassem. Seguimos para o elevador e Curtis já nos esperava na entrada do prédio nos esperando. Ele e Oliver revesavam em me levar e não tinha nada que os convencesse que eu poderia ir de taxi.

 

— Bom dia, campeão.

— Bom dia, tio. - me ajudando a sentar no banco da frente.

— Obrigada. - entregando as muletas para ele, que entrou no banco de trás.

— Pronta para pegar pesado hoje?

— Minha gavidez não me protege disso?

— Claro que não. - rindo. - O Paul conversou ontem com o Jonas e ambos vão estar na sua terapia hoje.

 

Até mesmo o ar parecia diferente e eu estava extremamente agradecida por isso. As próximas três horas foram de pura tortura, mesmo que aquilo fosse para meu bem. Terminei a ultima sequencia de exercicios e estiquei meu corpo no tatame, derrotada.

 

— Mais uma semana como essa de exercícios e não serei capaz de fazer mais nada, quem dirá andar.

— Precisamos fortalecer sua coluna e suas pernas para que aguente o barrigão. - Jonas me ajudou a levantar e logo o Willian estava do nosso lado segurando as muletas.

— Estou com fome.

— Eu também, podemos comer alguma coisa antes de eu ir para a empresa.

— O pai vem buscar a gente?

— Sim. 

— Posso conversar uma coisa com você antes tia?

— Claro meu amor.

— Bom, eu vou para meu escritório. Fiquem a vontade, meu próximo paciente é em algumas horas.

— Obrigada.

 

Olhei para o Jonas e ele sorriu provavelmente entendendo que as coisas estavam melhorando, ele se despediu e depois sentamos em um grande banco que tinha em um dos cantos da sala e ele ficou em silêncio antes de começar.

 

— Esses dias eu estava muito triste tia. - olhando para as mãos sobre o colo. - Queria que minha mãe estivesse comigo, mas agora eu sei que ela vai estar do meu lado.

— Sabe?

— Sim, eu sonhei com ela ontem. - olhando para mim, no fim das contas ele não tinha tido um pesadelo. - Ela estava lá na nossa casa de Central City, sentada na varanda como sempre fazia quando eu chegava da escola. Ela me esperou chegar perto para chorar e pedir desculpas. - já falando com a voz embargada.

— Meu amor, se não quiser contar tudo. - o abracei de lado.

— Não tia, eu tenho que te contar. - esfregando os olhinhos. - Ela pedia que eu fosse um bom garoto, que eu sempre te respeitasse, mas me pediu para te dar um recado. 

— Um recado? 

 

Ele afirmou com um aceno de cabeça e se aproximou do meu ouvido para dizer o que Samanta tinha dito no sonho. A cada palavra que ele dizia eu sentia meu coração acelerar. Quando terminou e se afastou eu o vi sorrindo, mesmo com os olhos cheios de lágrimas.

 

— Se você me ajudar, eu acho que podemos fazer isso. - sentindo um nó na garganta se formar e não por algo ruim.

— É o que eu mais quero tia. - se jogando contra mim e me abraçando pelo pescoço. - Eu amo você tia.

— Eu também te amo meu amor.  


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