Lágrimas Perdidas escrita por Candy


Capítulo 6
Capitulo 6: Amigo é.. aquele que faz uma tremenda bagunça na sua mala


Notas iniciais do capítulo

Ei, gente! Tudo bem?
Mais um capítulo! Boa leitura!



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Depois de tomar banho, me deitei na cama e fiquei passando os canais na TV, mas nada parecia me interessar. Com um suspiro entediado desliguei a TV e abri meu notebook. Fui direto ao meu foro, e em menos de um minuto, agradeci por ter ido até lá. Havia infinitas homenagens e palavras lindas de felicitações não só pelo meu aniversário, mas também pelo meu trabalho. Abri alguns vídeos e me surpreendi com, não só o amor e carinho dos fãs, mas também a criatividade e dedicação que têm para expressar o que sentem.

Já era quase fim de tarde, quando me lembrei de checar meus e-mails e respondê-los. Mais mensagens de felicitações que qualquer outra, mas estas eu confesso que não respondi. Por fim, saí da Internet e me lembrei do poema que escrevi na noite passada, então resolvi digita-lo na minha pasta de poemas do note. Antes de voltar a me deitar, fui até a janela e o sol já estava se pondo. Suspirei e fui para a cama pensando em como muitas vezes eu não queria ser essa Dulce, eu apenas queria ser eu mesma e poder viver em paz, sem pressões externas, nada para intervir na minha vida pessoal. Minha primeira discussão com Luke foi justamente por isso.

Após quase três meses que estávamos juntos, tudo começou a mudar. Como se já não bastasse o clima que ficou entre Poncho e eu, as coisas começaram a desandar na minha vida. Poncho se limitou a falar comigo, Annie até tentou me entender, mas um minuto era suficiente para que discordássemos de uma palavra que eu tenha dito e as duas já viravam a cara fazendo carranca. Meus encontros com Luke se tornaram difíceis. A banda estava em uma carga muito intensa de trabalho e passávamos por vários hotéis em apenas uma semana. Não dava nem para respirar, quanto mais para nos encontrarmos em algum dos hotéis, e quando um encontro acontecia, era muito breve devido ao tempo limitado de cada um. Eu com meus compromissos da banda, ele com seus negócios.

"Não seja injusto Luke. Eu faço o possível para estar aqui com você" - eu falei com minha voz mais alta que o normal, depois de dois meses juntos - "Meus amigos estão frios comigo, meu quarto está vazio lá embaixo porque escolhi passar esta noite aqui com você, me arriscando ao fazer isto"

"Será que não vê" - ele me perguntou, passando as mãos nos cabelos - "Queria você mais vezes comigo"

"E você acredita que eu não?"

"Ficamos duas semanas sem nos ver. E quando penso nisso me pergunto se isto tem como piorar. Aí vejo que sim, tem como piorar. Poderemos ficar um mês.. Ou mais nos falando apenas por telefone"

"E o que quer que eu faça, hã? Que renuncie ao meu sonho?"

"Você é o meu sonho agora, Dulce" - me calei por alguns segundos.

"Luke, veja bem.. Precisamos equilibrar as coisas. Quero dizer, está certo que nestas duas semanas na maioria das vezes foi por causa do meu trabalho que não podemos estar juntos, mas houve vezes que foi por causa do seu"

"Por que tudo tinha que ser tão complicado?" - ele se virou de costas, colocou as mãos sobre a cabeça e respirou fundo.

"Papá..?!" - Mel entrou timidamente na sala - "Que pasa?" - juntando as mãosinhas na frente do corpo. Ela usava uma camisola rosa que se estendia até um pouco abaixo dos joelhos, e seus cabelinhos negros estavam desgrenhados.

"Vê?" - Luke se virou para mim, perguntando - "E em meio a tudo isto, ainda tem Mel" - se aproximando da menina, pegando-a nos braços. Mel deitou a cabeça no ombro dele e coçou o olhinho - "No pasa nada, pequeña" - Cheirando o pescoço dela, mirando-me em seguida.

Despertei com batidas na porta. Pisquei várias vezes e cocei meus olhos em seguida. O quarto já estava todo escuro, então me dei conta que adormeci em meio às minhas lembranças. As batidas continuavam. Levantei-me e fui ver quem era arrumando meus cabelos no caminho.

"Hola, Chiquita!" - Mai entrou no quarto - "Que escuridão é esta?" - procurando o interruptor, acendendo a luz ao encontra-lo.

"Estava dormindo" - disse me jogando na cama - "Que horas são?"

"Hora de você levantar seu bumbum daí e se arrumar para sairmos e comemorar seu aniversário"

"Ahh.." - suspirei.

"Eu sei que você está super ansiosa e animada. Eu também estou" - abaixando e me dando um beijo na bochecha - "Agora, ande! Vamos nos arrumar" - puxando meu braço para que eu me levantasse - "Vou ao meu quarto me arrumar. Em uma hora estou de volta, sim?"

"Hay otra?" - perguntei sentada na beirada da cama. Ela me mandou um beijo antes de sair do quarto.

Caí para trás, deitando-me novamente e suspirando. Ela definitivamente não ia desistir!

Levantei-me e fui tomar um banho. Lavei meus cabelos e enquanto a água quente caia sobre o meu corpo, eu tentava não pensar em nada. Não demorei muito ali, já que Mai disse que estaria pronta em uma hora e eu precisava dar um jeito nos meus cabelos. Após me secar e vestir um jogo de lingerie, tirei o excesso de água dos cabelos e fiquei um bom tempo secando-o com o secador. Depois foi mais rápido ondula-lo com o babyliss. Fiz a maquiagem super rápido e voltei para a cama. Fiquei deitada com os braços esticados no alto na cabeça, olhando para o teto. Que tédio, que desanimo, que preguiça!

Fiquei assim alguns minutos, até que batidas na porta me avisaram que Mai estava de volta. Coloquei um roupão e fui atender.

"Ainda está assim?" - entrou no quarto, e eu fechei a porta. Ela estava toda linda, muito mesmo. Dei de ombros e me sentei na cama.

"Não sei o que vestir, estou desanimada para escolher, enfim" - fiz uma careta.

"Então vejamos" - ela disse revirando os olhos pelo quarto - "Onde está sua mala?"

"Atrás de você" - ela assentiu abaixando - "Nossa, que bagunça" - brincou, claro. Porque minha mala não estava tão bagunçada assim - "Que tal esta?" - levantou uma blusa. Torci o nariz - "Mm.. é talvez não, quem sabe outro dia" - assenti - "E esta? Esta sim é linda!" - tombei a cabeça e torci o nariz outra vez - "Esta difícil, hã!?" - ela me olhou por um breve momento, antes de continuar procurando. Depois de fazer uma tremenda bagunça na mala, ela se levantou com algumas peças na mão - "Prontinho! Vista!"

"Mas você nem vai me perguntar o que eu acho destas?" - perguntei pegando as roupas da mão dela.

"Não! Me dei conta de que se eu continuasse a pedir sua opinião, ficaríamos aqui a noite toda" - dei uma breve risada, percebendo também que seria desse jeito mesmo.

"Mai, vamos parecer irmãs siamesas" - comentei levantando uma sobrancelha ao ver a roupa que ela escolhera para mim.

"Claro que, não.. Dãr" - imitou o Christian e riu. Eu ri também - "O que tem de igual na nossa roupa? Estou de blusa e saia pretas e corpete preto com prata. Você estará de legue e corpete pretos e blusa roxa. Sem falar que peguei este casaquinho, caso sinta o seu habitual frio"

"Está bem" - disse tirando o roupão.

"Onde guarda seus sapatos?"

"Ali" - apontei para outra mala. Enquanto eu me vestia, ela foi escolher um sapato - "Mai, me ajuda a fechar o corpete?!" - pedi minutos depois, me enrolando toda com as cordinhas da parte de trás. Ela se aproximou, colocando os sapatos escolhido ao meu lado no chão e foi para trás de mim ajustar o corpete - "Que? Sapato igual também?"

"Hello" - imitando a Annie. Eu ri - "A idade está te deixando daltônica, chiquita? Pensei que seus sapatos fossem roxos"

"É mas.."

"Ah, bem" - rindo - "Vai combinar com sua roupa"

Minutos mais tarde, já estava pronta para sair. Peguei minha bolsa e já caminhava para a porta, quando ela me parou.

"Espera!" - parei e olhei para trás - "Você vai com esta bolsa?"

"Vou, oras" - disse olhando para minha bolsa azul, uma das minhas preferidas.

"Vou ter um ataque, entrar em coma estético e sei lá mais o que a Annie vive falando" - ela disse rindo, enquanto se abanava.

"Ah, Mai.. Eu amo essa bolsa" - disse agarrando a bolsa, que já estava pendurada no ombro, com as duas mãos - "Deixei que escolhesse tudo, mas deixa eu ir com ela, vai?!" - fiz beicinho.

"Você joga muito baixo quando faz essa carinha" - se aproximou, me abraçando de lado. Eu sorri.

"Então vamos?" - abri a porta.

"Espera! Só mais uma coisinha.." - voltando para junto da minha mala - "Lembro de ter visto algo aqui.. mm.. deixa-me ver, deixa-me ver.." - procurando, em meio à bagunça que já se formara. Senti preguiça só de me imaginar arrumando tudo antes de ir embora - "Achei" - se levantou e se aproximou de mim, colocando uma boina roxa na minha cabeça - "Eu sabia que a tinha visto. Ficou linda"

"Onde vamos?" - perguntei enquanto esperávamos o elevador.

"Então.. Esta tarde, quando estava passeando pela cidade, eu vi alguns bares e restaurantes. Vi boates, também"

"Não, boate, não" - fiz uma careta - "Não estou animada para esse tipo de programa"

"Eu imaginei, mas acho que vai ser melhor e mais legal sentarmos numa mesinha e jogarmos conversa fora. O que acha?"

"Para mim está bem"

"Bem nada, será ótimo" - piscando para mim - "Que cres?"

"Que?"

"Oso que nos acompanhará"

"No manches" - sorri, enquanto entravamos no elevador.

Ao sairmos do hotel, vi Poncho, Annie e Christopher também saindo, provavelmente para alguma balada. Desfiz o sorriso que tinha ao vê-los e senti como meu coração disparou. Mordi meu lábio inferior e senti um frio repentino, então vesti o casaquinho. Ainda bem que Mai teve a ideia de trazê-lo.

Ela parou e olhou para trás ao dar-se conta de que eu não estava seguindo seus passos. Apertei os lábios quando ela me olhou com uma expressão indagadora. Levei minha mirada para onde Annie ria alto e com vontade, de algo que Poncho ou Christopher dissera ou fizera, enquanto caminhavam para a outra van. Mai voltou até mim e segurou minha mão. Olhou novamente para eles e acenou sorrindo quando eles olharam.

"Empina o que a Mãe Natureza foi tão boa em lhe proporcionar e tenta colocar um sorrisinho neste rostinho, sim?!" - segurou minha mão bem forte e começou a me puxar, enquanto eu tentava fazer o que ela pediu.

Ela me levou em um restaurante não muito longe do hotel, perto da praia e parecia ser muito legal. Lá fora, no deck estava tendo música ao vivo, e as pessoas pareciam estar adorando. Mai perguntou se eu queria ficar ali fora, mas eu disse que preferia lá dentro, pois ali fora seria impossível conversar se não fosse gritando. Ela riu e concordou.

Escolhemos massa para comer, e enquanto esperávamos, pedimos uma taça de vinho, cada uma.

"Vai ficar tudo bem, Dul" - ela pegou minha mão sobre a mesa e fez carinho enquanto falava, ao notar que eu estava quieta com os pensamentos longe.

"Me desculpa, Mai.."

"Por quê?"

"Você é a pessoa que mais tem me dado força, e eu não tenho te falado tudo"

"Imagina" - ela sorriu - "Não se preocupe com isso.. Você fala o que se sente a vontade para falar" - eu neguei com a cabeça.

"É que estou um pouco assustada com tudo isso, sabe?!" - ela assentiu - "Não é como se eu estivesse com um cara que mora no mesmo país que eu. Quero dizer, não é que as coisas seriam mais fáceis, mas seriam menos complicadas, eu acho" - fiz uma careta - "Vê? Me perco nas minhas próprias palavras" - ela sorriu.

"E quem disse que amar é fácil? Sempre há algo para nos inquietar"

"Com Poncho era o contrário; estávamos perto demais, todo dia, todo o tempo.. e isto afetou a privacidade de cada um, e abalou nosso auto controle"

"Vocês eram mais jovens, menos experientes, e com a vida estressante que levamos é complicado mesmo" - eu assenti.

"Eu sinto que estou o perdendo" - disse contornando a borda da taça com o dedo.

"Quem? Poncho?" - olhei para ela surpresa.

"Luke"

"Ah, sim"

"Poncho eu já perdi faz tempo" - dei de ombros.

"Sabe, você é tão madura às vezes. Mas na maioria das vezes é tão inocente, tão ingênua que é preciso medir as palavras antes de lhe dizê-las"

"Por que diz isso?" - perguntei confusa.

"Porque é assim, Dul. Não vou dizer por que disse isso, mas quero que você fique mais atenta com as coisas ao seu redor. Se abre mais para a vida, seja mais corajosa. Você é muito fechada no seu próprio mundinho, e muitas vezes deixa passar muita coisa"

"Eu realmente não entendo"

"Eu sei" - ela assentiu, sorrindo - "Mas vai entender. Mas me diz por que acha que esta perdendo o Luke.."

"Ele têm me mandado algumas mensagens de texto todo o dia. Vou te mostrar" - disse abrindo a bolsa para pegar o celular - "Espera! Uma nova mensagem de texto. Será que é dele?"

"Leia e verá" - me encorajou.

"Para o erro, há perdão. Para os fracassos, uma nova chance. E para os amores impossíveis, o tempo"

"E então?" - ela quis saber, ao ver que meu pensamento estava longe outra vez.

"Eu não sei, acho que sim, é dele"

"Como 'acho'?

"É que nenhuma das mensagens tem assinatura" - mordi meu lábio inferior - "Semana passada foi a última vez que nos falamos, e ele disse que ia aproveitar essa minha viagem para pensar sobre nós. E agora essas mensagens.."

Mostrei a ela todas as mensagens que recebi durante o dia. Falei que juntando o fato dele ter dito que iria pensar sobre nós e o conteúdo das mensagens, me fazia acreditar que ele ia terminar comigo. Mai disse para eu não me precipitar, e não sofrer por antecipação. Mas é difícil, principalmente neste momento que estava brigada com meus amigos. Eu me preocupava também pela Mel. Se nós chegarmos a terminar, eu me sentirei responsável se ela ficar mal com isto, graças a ele por ter falado tudo aquilo no dia que a conheci.

"Isto é o que menos você tem que se preocupar. Caso terminem, você pode falar com ela por telefone. Ela é pequenininha ainda, rapidinho se acostuma que você e o irmão não estão mais juntos" - assenti.

"Eu não me lembro quando foi a última vez que nos beijamos.." - disse após um momento de silêncio.

"Quem? Luke?"

"Poncho" - disse de um jeito triste.

"Ah, sim"

"Às vezes me pego pensando em nós, e não me lembro do nosso último beijo. E isso me deixa mal, sabe?! Quero dizer, ele foi tão importante para mim, e não consigo me lembrar da última vez que nos beijamos"

"Não fica assim, Dul" - ela acariciou minha mão - "É assim mesmo que as coisas se dão. Nunca sabemos que aquele beijo será o último, entende!? Não se sinta mal por isso. Pensa no primeiro, quando tudo começou que você se sentirá melhor"

"Talvez tenha razão" - assenti - "Obrigada por tudo, Mai. E pela noite" - sorri envergonhada.

"Estas son las mañanitas que cantaban el Rei Davi.." — ouvi vozes masculinas atrás de mim cantando 'Las mañanitas'. Quando me virei, vi alguns músicos da RBD. Olhei para a Mai, sorrindo com expressão indagadora.

"Eu não disse nada" - ela se defendeu, rindo.

"Segui seu cheiro" - Gonzalo me abraçou por trás e me deu um beijo na bochecha em seguida. Eu ri.

"Úuhh" - Mai brincou.

"Que seu cheiro é maravilhoso, não há dúvidas. Mas desta vez foi coincidência" – ele disse com cara de sem vergonha.

"Estávamos procurando um lugar para curtir a noite" - Charlie disse - "Passamos aqui na frente e vimos a banda ali fora e pareceu legal, então decidimos ficar. E quando estávamos procurando uma mesa, vimos um pontinho vermelho aqui dentro"

"Fica aqui com a gente?!" - convidei - "Pode, né Mai?"

"Claro que pode. Eu estava mesmo precisando de reforços" - dando uma piscadinha para mim.

Nossa massa chegou e pedimos mais vinho. Os meninos também fizeram seus pedidos. Comemos, bebemos, conversamos, rimos.. E a noite foi maravilhosa, me fazendo esquecer um pouco dos problemas. Não canso de agradecer a Mai.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?? Espero que sim!! :)
No vídeo que postei no capítulo dois tem fotos da Dulce e da Maite saindo para comemorar o niver ;)
Até o próximo!!



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