Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 27
Capítulo 27




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Busquei por Nyack pela escola, demorei até encontrá-lo. Ele estava na biblioteca estudando quando me joguei ao seu lado, ele me olhou confuso.

— Sei como acabar com ele - ele franziu o cenho.

— Como?

— É arriscado, mas precisamos confiar um no outro.

— Confiar? Confiar quanto?

— Muito - peguei a mão dele, ele observou essa ação - Vamos precisar entrar na mente dele.

— Isso pode ser perigoso - ele tirou a mão da minha e olhou a entrada da biblioteca, segui o olhar dele, Draco entrava parecendo procurar alguém - Isso pode ser muito perigoso.

— Por isso não podemos fazer sozinho. Não posso entrar lá sem estar acompanhada e nem você.

— E como teremos certeza de que ele não vai brincar com a gente? 

— Porque sabemos como ele atua na nossa mente e mais, sabemos como ele atua na nossa mente. 

— Entendi e juntos poderiamos nos conter.

— Exatamente.

— E como pretende chegar até ele?

— Ele quem? - olhamos Draco que se sentou a nossa frente e nos encarou curioso.

— Morfino - falei, ele se assustou.

— O que pretendem fazer?

— Entrar lá.

— Eu não vou deixar isso acontecer - ele falou preocupado - Entrar lá pode ser muito perigoso para vocês.

— Já estamos correndo riscos aqui fora, lá é como aqui. - Nyack falou - E acho que pode dar certo.

— Já falou com seu namoradinho sobre isso? - Draco me encarava, o encarei de volta.

— Não, ainda não. Vim primeiro falar com a pessoa que está diretamente ligada ao assunto.

— Ele não vai te deixar fazer - Nyack falou e olhou Draco - O professor Neville se colocaria no seu lugar para impedir que você faça uma idiotice dessa.

— Mas não dessa vez, ele não pode fazer nada por mim. Somos só eu e você, Nyack.

Ele confirmou.

Aproveitei que já estava por ali e peguei alguns livros para ler. Draco ficou na nossa frente de cabeça baixa e acabei não perguntando por quem ele procurava. Meu celular apitou duas vezes chamando a atenção dos dois a frente, Jorge me mandara uma foto dele com a Kat e meu avô, estavam acampando perto da plantação dos pais dele, pareciam alegres. Senti ainda mais falta deles. Mandei uma breve mensagem dizendo que gostaria de estar com eles, não fui respondida. 

Eu tinha tido uma ideia para acabar com o Morfino, eu estava confiante, verdade, mas eu estava com medo de que algo saisse errado, de que alguém se machucasse gravemente e mais ainda, eu estava com medo se os outros iriam nos deixar fazer isso. Entretanto se não concordassem talvez não fossemos ter outra chance de agir. A escola estava vazia, a Diretora permitira que os alunos voltassem para casa para passar o tempo e voltassem depois. Os professores conseguiam supervisionar os poucos que ficaram por aqui e deixá-los longe da área de perigo seria bem mais fácil. 

— Quando pretende falar com eles? - Draco perguntou.

— Hoje no jantar - olhei Nyack - Acho que podemos fazer tudo amanhã.

— Seria bom usarmos feitiços de proteção e bloqueio - Draco recomendou - Hermione pode ajudar com isso, e pode fazer com que os outros se sintam mais seguros em deixá-los sozinhos entrando.

— Acho que você tem razão. - falei me sentindo cansada de repente.

O jantar tinha sido anunciado. 

Peguei os livros levei para meu quarto, Peru dormia profundamente. 

No salão todos estavam em uma mesa apenas, escrevi um bilhete para Neville, pedi Peru para entregar, chamei Carla e Leo para se juntarem a mim e Nyack na mesa dos outros que nos olharam surpresos. 

Peru retornou com Neville ao seu lado. 

Eu estava nervosa para falar aquilo, eu não tinha certeza da reação deles. 

— Aconteceu algo? - Harry perguntou preocupado.

— Não - Nyack falou - A Agnes teve uma ideia de como podemos acabar com isso de uma vez.

Todos me olharam, senti um suor frio escorrer pela minha testa. Draco me incentivou com o olhar, Nyack pegou minha mão me fazendo me sentir um pouco mais segura. Olhei Harry, ele entenderia essa necessidade de encararmos Morfino.

— Vamos entrar lá. - falei de uma vez.

— Todos de uma vez pode se ruma boa ideia - Rony comentou.

— não todos. - falei e olhei Neville - Apenas eu e Nyack - seu semblante mudou, ele ficou preocupado - Eu e ele entendemos as brincadeirinhas dele, se formos apenas os dois e mantivermos sempre o contato vamos conseguir.

— Conseguir o quê, exatamente? - Luna perguntou curiosa.

— Acabar com ele. - ela me analisou - Eu entendi como é o joguinho dele.

— Ele brinca com a nossa mente - Nyack falou - Se usarmos a arma dele contra ele próprio será o fim do Morfino.

— Mas isso é muito arriscado, muita coisa pode dar errado - Carla falou me olhando - Não vou deixar você se arriscar dessa forma.

— Ou isso, ou essa tortura continua - Nyack falou - Nossas opções não são as melhores.

— E por que acharam que deixariamos correrem tanto risco? - Hermione cruzou os braços.

— Não estamos pedindo permissão. - falei, ela me encarou, com toda certeza minha relação com ela não era a melhor - Estamos apenas informando e se possível pedir apoio - olhei Neville, ele pareceu se entristecer e aquilo me machucava muito. Apertei a mão de Nyack inconscientemente, ele me olhou e depois para o professor.

— Falei com eles - Draco finalmente falou e ganhou a atenção de todos - Imaginei que poderiamos usar alguns feitiços de proteção  -ele olhava Hermione - Não vamos conseguir pará-los, então podemos ajudá-los.

Hermione respirou cansada, olhou a mim e Nyack e depois olhou Neville esperando que ele fosse falar algo, mas ele apenas nos ouvia sem dizer uma palavra sequer.

— Isso o loiro aguada tem razão - Carla falou e se colocou ao meu lado, pegou minha outra mão e sorriu - Eu te conheço o suficiente para saber que algumas palavras não irão te parar, então prefiro ficar do seu lado.

Os outros ficaram em silêncio.

— Estou com vocês - Harry falou e olhou os outros - Só eles podem parar Morfino, é como era minha relação com Voldemort, eu acho que consigo entendê-los - eu e Nyack sorrimos para ele em agradecimento.

— Acho muito arriscado, mas concordo com vocês, o que tem de ser feito deve ser feito - Rony olhou a irmã e a esposa - Não é como se nós nunca tivessemos feito coisas extremamente perigosas. 

Gina também nos apoiou, e já disse conhecer alguns feitiços que poderiam nos ajudar. Hermione ficou nos encarando como que tentando pensar em algo para nos dizer, mas inspirou fundo e concordou balançando a cabeça meio sem opção. Luna sorriu para nós. Olhei Neville, ele não falava nada e aquilo estava me matando. Ele me olhou fundo nos olhos.

— Eu não posso te fazer mudar de ideia, não é? - ele falou com uma voz fraca.

Apenas balancei a cabeça confirmando. Eles respirou fundo.

— Vou ver o que posso fazer por vocês - ele olhou Nyack e logo se afastou.

Um silêncio constrangedor tomou o grupo. 

Depois de terminarmos de comer eu corri para a estufa, uma luz artificial vinha dali. Entrei com certo receio, Neville mexia com algumas plantas e separava outras. Ele me olhou meio assustado.

— Você está bem? - perguntei preocupada.

Ele suspirou e passou a mão enluvada pela nuca, ele não estava bem.

— Eu não concordo com você fazer isso. - parei de frente para ele que me olhava de cima, eu queria sorrir para ele, mas não podia fingir que tudo poderia ficar bem sabendo que a probabilidade é baixa.

Ficamos em silêncio.

— Eu me preocupo muito com você.

— Eu sei - agora eu sorri - E eu com você, por isso não posso deixar que tudo continue, não quero te ferir novamente.

Ele levou a mão enluvada até meu rosto, fechei os olhos sentindo melhor seu toque. Ele se aproximou de mim, fiquei na ponta dos pés, ele me beijou, mas foi diferente dos outros, foi como se fosse nosso último, era quente e intenso, ele apertou a mão no meu rosto e me abraçou ainda mais forte pela cintura, abracei seu pescoço forte, eu não queria que ele se afastasse, eu não queria que ele saisse de perto de mim, eu precisava do Neville como nunca antes senti que precisava de alguém. Ele deu um longo beijo na minha bochecha. Senti meu rosto molhado e o dele também, nós dois estavamos chorando e foi quando entendi porque aquele tinha sido tão intenso, tudo poderia dar errado e aquele seria nosso último momento a sós. Aquele seria o último momento que eu estaria na estufa com o professor Neville e mais, seria a última vez que eu estaria na estufa com Neville e Neville como meu namorado ou sie lá o que somos, essa seria nossa última vez assim apenas sendo nós dois. 

Ele arrancou a luva da mão e segurou meu rosto com as duas mãos e olhou bem fundo nos meus olhos, eu senti meu rosto ruborizar, que idiota, por que estou ficando vermelha? 

Aqueles olhos intensos, eu gostava deles e gostava ainda mais quando parecia que podia mergulhar de cabeça. Seus olhos grandes estavam brilhando, toquei seu rosto tentando ser o mais delicada possível, ele os fechou e transbordou. Peru saiu voando do meu cabelo o que nos fez rir. 

— Você vai ficar muito tempo aqui? - perguntei percebendo que o clima tinha sido quebrado no momento em que Peru voou.

— Estou procurando algo especifico - ele falou olhando para as plantas - Mas acho que vou deixar para amanhã. - ele me olhou, eu sorri para ele que me respondeu de volta. 

— Pensei que demorariam para arrumar a nova enfermaria. - falei olhando em volta.

— Eu também - ele olhou a estrutura - Mas agradeço que eles já tenham tirado tudo daqui, estava atrapalhando as plantas. - ele me observou.

— Você ainda tem aquela coisa? - apontei para  a planta comedora de pássaros, ele riu.

— Claro! - ele foi até ela - Mas a terra está fraca - ele me olhou pelo ombro - Seu avô tem mais daquela coisa?

— Ele sempre tem - peguei meu celular - Vou mandar uma mensagem para ele.

Eu terminei de digitar, enviei e fui olhá-lo no chão, ele não estava lá, estava me pé na minha frente me observando, eu o olhei sem entender ao certo o que ele olhava em mim, Neville pegou meu celular e colocou de lado, passou a mão pelo meu rosto novamente, meu coração estava acelerado e eu não tinha certeza porquê. Ele deu um sorriso de canto que fez meu estomago se mexer como se várias borboletas tentassem sair de lá desesperadas. Eu não tinha certeza do que deveria fazer. 

Neville se aproximou e abaixou até ficar da altura da minha cabeça, me deu um beijo suave. Eu não me mexi, fiquei ali sendo beijada e não beijando de volta. Ele beijou minha bochecha e depois meu pescoço, as borboletas se agitaram ainda mais, minha respiração ficou pesada, ele me olhou nos olhos novamente, o olho estava claro e não era por lágrimas, brilhava com algum brilho que eu entendia o significado, mas estava com medo de tê-lo entendido.

Eu observei cada movimento dele, cada milimetro que ele ocupava conforme mexia o corpo. Como se uma energia me puxasse de encontro a ele, me aproximei e o beijei, dessa vez a intensidade era grande também, mas o sentimento de ser a última vez tinha mudado. Os toques antes delicados agora eram quentes, minhas mãos exploravam as costas dele e as dele as minhas. Eu não tinha certeza de onde vinha tudo aquilo, mas eu sabia que se não fosse agora nesse exato momento talvez nunca mais fosse ocorrer, as chances de voltarmos a ter isso depois eram tão pequenas que eu nem ligava para o fato de que alguém podia entrar ali a qualquer momento. 

Neville me guiou até a enorme mesa que usavamos para mexer nas plantas, me sentei nela, ele me olhou como que pedindo permissão para prosseguirmos, minha resposta foi cruzar minhas pernas em volta de sua cintura e lhe dar mais um beijo. 

 

Meu coração estava acelerado, Neville me abraçava e brincava com meu cabelo, eu o olhei agora sentindo o êxtase reduzir aos poucos, olhei em volta, eu dei um riso que o fez me olhar preocupado.

— O que houve? - ele perguntou com uma voz rouca.

— Acho melhor irmos para nossos quartos - falei rindo - Alguém pode entrar aqui a qualquer momento. - ele olhou em volta e riu parecendo que só então entendia o que tinhamos acabado de fazer e mais importante onde tinhamos feito o que fizemos.

Nos vestimos, refiz o coque, mas ficou bem bagunçado. Ele apagou todas as luzes que tinha acionado por magia. Peru voou até meu cabelo enquanto iamos para o Castelo. Antes de entrarmos eu parei, ele me olhou.

— Antes de entrarmos e voltarmos a toda aquela bagunça - ele me ouvia atento - Eu... eu... eu quero te dizer uma coisa - ele pareceu se preocupar, eu estava preocupada, aquilo ou iria aproximá-lo ou afastá-lo. Mordi meu lábio preocupada.

— Foi alguma coisa do que fizemos - neguei.

— Não, não, claro que não - ele cerrou o cenho - É só que... - respirei fundo. Respirei novamente - Eu nunca fiz isso antes - ele ainda não entendia - o que vou te falar agora.

— Você está me preocupando.

— Eu te amo, Neville - os olhos dele se arregalaram, ele pareceu ficar desconsertado, droga fiz besteira! Eu não devia ter falado aquilo.

— Eu também te amo, Agnes! - ele me abraçou, eu estava sem reação, não achei que ele iria me responder de volta. - E quando tudo isso acabar quero ficar com você - eu o abracei e senti meus olhos voltarem a se encher de lágrimas - Quero poder cuidar de você.

— Quando tudo acabar - eu o olhei, ele me olhava - Eu vou ficar com você, Neville, eu prometo. - eu precisava registrar isso, peguei meu celular, ele me olhava confuso - Precisamos ter certeza de que nós, somos nós - ele me olhou - E temos de ter um código só nosso que apenas nós dois poderiamos entender, mesmo que ele invada minha mente isso não poderá ser decifrado.

— Eu sei o que pode ser.

Depois de decidirmos o que seria nosso sinal misterioso entramos na escola. Já era tarde, as caiporas corriam para cima e para baixo, Neville me levou até meu dormitório para o caso de o zelador me encontrar andando ele diria que pediu minha ajuda em uma atividade de Herbologia e como eu sempre o ajudava não teria problema. Assim que entrei no dormitório encontrei Leo e Carla sentados no sofá encarando nada, com meu barulho se viraram assustados. Minha melhor amiga se levantou rápido e veio até mim.

— Eu estava preocupada - ela brigou comigo - Já está tarde o toque soou há quase duas horas, onde você estava, o que estava fazendo?

— Eu estava... - olhei Leo - Vamos para o quarto.

Demos boa noite para o Leo que falou ter se preocupado comigo, me desculpei e fui direto para o quarto. 

— Vocês o quê? - Carla quase gritou, tapei a boca dela, ela me olhava muito assustada - Ag! Vocês... Ah, cara, que nojo! Pessoas usam aquela mesa para estudar você sabe disso.

— Foi bom - ela riu - mas foi triste - ela perdeu o sorriso - foi como se fosse nossa única chance de fazer isso.

— Ta, isso é triste - ela veio até mim e me abraçou - Pelo menos foi intenso, né - eu ri - Veja pelo lado positivo, se você morrer nessa ideia maluca de ficar frente a frente com o Morfino, pelo menos você e o professor se declararam e bem... foram além. - ela deu um risinho - Mas vai dar tudo certo, eu prometo.

Dormimos como se algo tivesse atingido nossas cabeças com força.


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