Magia na Floresta escrita por Vlk Moura


Capítulo 24
Capítulo 24




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675922/chapter/24

A Granger tinha me chamado na biblioteca. Granger? Eu realmente falei assim? Tenho que parar de andar com o Draco. Falando nele deve ter sido uma noite difícil. Ele dormiu pouco depois de terem nos trancado, mas ele estava inquieto, eu fiquei observando seu sono perturbado, ele chegou a acordar algumas vezes, mas não me viu acordada o observando e isso levou a noite inteira, eu não tinha certeza do que poderia fazer por ele e considerando os últimos tempos eu queria poder fazer algo por ele. 

A biblioteca estava com todos ali, me junteia  mesa cheia, Nyack estava com olheiras gigantes e Gina comentou algo sobre ele ter sido controlado durante a noite e acabou rolando uma batalha entre Nyack e Harry. E eu me senti péssima, porque enquanto isso ocorria eu estava trancada. Por que não deixavam Nyack e eu no mesmo quarto e nos trancavam, iam poupar trabalho, por que só eu e Draco ficavamos trancados? Será que tinham medo de nós?

— Agnes! - Hermione chamou a minha atenção, eu a olhei, eu tinha me distraído - Descobrimos quem ele é...

— Finalmente! - falei e olhei para todos na mesa - E quem ele é?

— Ele é alguém que deveria estar morto - Harry falou e eu não entendi.

— Morfino Gaunt - Rony falou.

— Isso deveria ser o suficiente para eu saber quem ele é? - eu pousei meu olhar sobre Draco, ele estava horrível.

— Deveria - Carla me olhou chamando minha atenção, eu a olhei desatenta, o que estava acontecendo comigo, eu mal tinha prestado atenção a aula de Feitiços e isso era péssimo - Você é a nossa CDF, deveria conhecer esses nomes.

— Acho que deixei algo passar - falei e passei a mão pelo Peru que se ajeitou no meu cabelo.

— Tio de Tom Riddle. - Gina falou, e eu ainda não estou entendendo quem ele é.

— Tio do Voldemort - Luna falou e todos a olharam - Vocês dão muitas voltas.

— Concordo com ela - falei - Quer dizer que o cara que está brincando comigo e o Nyack é o tio do cara que brincou com o Harry? - eles confirmaram - Certo e quando eu vou morrer?

— Para de falar besteira - Carla brigou comigo.

— Não sei se você entendeu, mas ele é o tio do cara que quase dominou o mundo bruxo, o que eu poderia fazer contra ele?

— O que você vem fazendo até agora - olhei Neville - Lutar.

— Desculpa, tem um problema ai - ele não entendeu - Eu tenho resistido e não lutado, talvez até sobrevivido e não lutado. Eu não consegui lutar até agora, fiz tudo, menos lutar. 

— Então continue fazendo o que está fazendo. - Rony falou.

— Eu vou enlouquecer se isso continuar por muito mais tempo - falei - Eu não sou como o Harry, não sou tão forte para resistir tanto.

— Mas acho bom passar a ser - Carla falou - Porque se eu souber que você tentou mais alguma loucura como a da fazenda, eu juro que você não terá tempo para o suicídio, eu te mato antes mesmo de você tentar.

Eu não estava gostando daquilo, a voz na minha cabeça estava me deixando louca, logo ele iria agir e não teria ninguém por perto para me parar e eu sei por tentativas falhas que não conseguirei reagir. E eles querem que eu faça algo que eu não posso. Nyack parecia pensar o mesmo que eu, ele também não tinha conseguido resistir aos chamados, a pesar de em uma vez ter conseguido resistir e correr para longe da porta, mas eu não tinha nem mesmo uma única vez para me apegar e acreditar que poderia repetir. 

— E sobre a maldição? - perguntei tentando não pensar em coisas ruins - Descobriram algo?

— Nada além do que já sabemos - Rony falou e debruçou na mesa - Mas eu prometo que vamos conseguir algo.

— Não duvido disso - eu me levantei e encostei a cadeira - Obrigado pelas boas novas - tentei sorrir, mas aquilo nem mesmo teria me enganado - Eu vou... - apontei para a porta - Enfim, vou dar uma volta.

Dei as costas, eu estava mal, não, péssima é o termo correto, como eu poderia resistir por muito mais tempo, ele estava mais invasivo, ele já estava brincando com as minhas lembranças e distorcendo algumas coisas e por enquanto eu tinha consciência disso, mas eu precisava dar um jeito, precisava pensar em algo que fosse me fazer resistir até que eles descobrissem como fazer isso parar. Sentei na árvore central, eu precisava de um pouco de calma e essa tarde parecia uma boa tarde, as nuvens de chuva ainda não tinham atingido a região. Encostei a cabeça no tronco da árvore e coloquei Peru no meu colo, ele se ajeitou nas dobras da camisa e da calça e voltou a dormir, eu queria pensar em algo, algo que realmente fosse me fazer parar quando ele tentasse se soltar. Ele agora tinha um nome, Morfino Gaunt, eu conhecia o sobrenome, mas a pessoa em si não fazia ideia de quem fosse. 

— Preocupada demais? - Draco se jogou ao meu lado.

— Sem querer ser mal educada ou qualquer coisa, mas eu quero ficar sozinha agora - ele me olhou.

— É só não falar comigo que não falo contigo e você fica sozinha - eu suspirei irritada.

Ficamos em silêncio, pensei que até mesmo par ao menino solitário ele tinha ficado tempo demais quieto quando o olhei sua cabeça quase caia sobre a minha. Draco tinha dormido, ali, no meio da escola. Peru dormia em meu colo e Draco começava a escorregar, aquela situação não era nada confortável. A cabeça dele caiu e só tive tempo de tirar a bolinha azul do meu colo. O Malfoy pareceu não acordar, se ajeitou nas minhas pernas e continuou dormindo, eu fiquei encarando a  cena, era inacreditavel que ele realmente estivesse dormindo tanto. Coloquei Peru na lateral da cabeça do loiro e os dois continuavam dormindo como se eu ali fosse apenas um travesseiro.

— Que ótimas companhias-  reclamei sozinha.

— Pensei que quisesse ficar sozinha - Draco falou, eu o olhei incrédula.

— E eu pensei que estivesse dormindo - ele riu.

— Eu poderia, aqui está confortável. - Peru se mexeu - E acho que para ele também - Draco levou a mão até meu pássaro que se assustou e depois aceitou o carinho. Realmente não estou acreditando nesses dois. 

— Você teve uma péssima noite, não foi, Malfoy? - ele ficou em silêncio - Sei como é...

— As lembranças as vezes me atingem - ele se sentou e colocou Peru em seu colo - A morte de Dumbledore e tantas outras e algumas delas nem foram por minha culpa - ele suspirou - E quando tudo volta é impossível dormir.

— Sei bem como é - sorri para ele - Você começa a achar que poderia ter escolhido outra coisa e se sente péssimo - ele me analisou - As vezes isso acontece comigo quando lembro da floresta.

— Mas a magia volta, Dumbledore não.

— É ai que está a diferença - ele franziu o cenho - Eu posso voltar a ferir as pessoas pessoas repetidas vezes até ele se cansar de vê-las sofrendo, Dumbledore morreu e acabou, você não pode mais ficar dando cutucadas nele ou o provocando, pronto, fim.

— Eu preferiria que pudesse voltar a machucá-lo a ter de matá-lo - eu o observei - Ele era alguém bom e hoje vejo isso, depois de tudo eu consigo ver as coisas com clareza e isso é ruim, queria poder ver essas coisas quando eu era novo antes de ter cometido tudo isso.

— Você amadureceu, Draco, é por isso que agora vê as opções.

— Não, não é assim que funciona, veja o Harry ou a Hermione, cresceram em um mundo trouxa, mas se tornaram bruxos fantásticos, quem no mundo trouxa nunca ouviu falar de Harry Potter e o raio em sua testa? Apenas alguém que tenha nascido trouxa e está entrando agora na escola de bruxaria. Vocês entram aprendendo a amá-lo, o menino órfão que salvou o mundo e a me odiar, o menino egoísta que fez burrices.

— Ei! - ele me olhou - Vá com calma, ai, Malfoy - ele me olhava e eu via a tristeza inundando seus olhos, aquilo estava apertando meu coração - Eu entrei na escola de magia e bruxaria e sabia quem ele era e nunca tinha ouvido falar de você, isso é verdade, mas depois que aprendi a história da guerra que vi os dois lados eu passei a te entender bem.

— Duvido.

— Você foi criado para ser um Comensal da Morte, seus pais te cegaram para esse mundo de coisas boas, eles te criaram para ser um vilão e você foi, ruim isso, mas você foi e foi um ótimo vilão, mas veja você agora, mesmo tendo crescido em um ambiente em que o mau era bom e bom era mau você conseguiu reverter tudo, você está nos ajudando agora, demorou para encontrar o caminho, mas antes tarde do que nunca, Malfoy. Eu não vou deixar você ficar com esse pensamentos enquanto estiver perto de mim.

— Veja só você - ele riu - Deveria usar toda essa energia para criar forças e lutar contra Morfino - ele riu -  E não desperdiçar com esse destinado a Azkaban.

— Eu desperdiço com você porque se eu sair viva disso aqui vou querer um companheiro de cela - ele riu e me abraçou, eu precisava daquele abraço e só percebi quando o recebi. - Você está mais tranquilo agora?

— Tem como não estar? - eu ri e o olhei.

— Quer dormir?

Ele olhou em volta parecendo receoso, deitou a cabeça no meu colo novamente e ele dormiu, eu mexia em seus cabelos loiros e me perguntava como alguém podia sobreviver se atormentando como ele fazia, Peru se ajeitou sobre o corpo do Malfoy e voltou a dormir, o dia passou e os dois continuavam ali dormindo enquanto minha perna formigava de uma forma absurda, mas eu estava com pena de tirá-los dali.

'Você é uma idiota se pensa que pode viver bem para sempre, eu estou aqui, ao seu lado.'

— Não se preocupe, eu sei que está.

'Ótimo, porque minha presença será percebida logo menos'

— Sei disso, você é pior do que seu sobrinho.

'Claro que sou, sou puro-sangue'

— E isso ainda não será suficiente, Morfino - em minha mente ele pareceu se assustar por eu saber seu nome - Vão descobrir um meio de te derrubar e será seu fim.

'É o que veremos'.

Ele saiu de minha mente. Draco acordou aos poucos, me olhou sonolento, Peru se assustou e pulou para a grama. 

— Dormi muito - dobrei minha perna e agradeci por a circulação voltar - Desculpa.

— Tudo bem, você estava precisando - eu me levantei.

— E você?

— Estou bem - sorri para ele - Vou para minha aula particular de Herbologia - ele sorriu.

— Você falando assim não sei se está empolgada para a aula ou pelo professor - eu mostrei a língua para ele, arrumei meu cabelo e Peru pousou - Boa aula.

— Se cuida.

— Você também.

Entrei na estufa, Neville mexia com algumas plantas e parecia alimentar outras, a devoradora de pássaros logo se arrumou ao perceber Peru que se encolheu ainda mais contra meu cabelo me fazendo rir.

— Pensei que você não viria - Neville me olhou.

— Por que não viria?

— Draco - revirei os olhos.

— Se falar assim vou até pensar que está com ciúme - ele desviou o olhar - Estou pronta e você?

— Sempre. - ele se aproximou da mesa, me entregou algumas imagens e eu fiz o mesmo.

— Me diz quais você conhece e quais sabe a funcionalidade - falei.

— Faça o mesmo.

Sentamos cada um de um lado da mesa e começamos a escrever, um vento gélido soprou vindo da mata, provavelmente choveria bastante a noite o que era ótimo para dormir. Neville analisava cada imagem com cuidado, escrevia os nomes e pensava e enumerava todas as funções das plantas, vez e outra eu me pegava distraída observando-o, era ótimo poder estar perto dele novamente e ainda estarmos trocando conhecimento era muito bom. 

— Vocês ficam muito bem juntos - eu o olhei sem entender - Draco e você - revirei os olhos e o encarei.

— Você realmente acha isso?

— Claro. Veja os números - eu o observei - Você e ele são incompreendidos, os dois atendem ou já atenderam a chamados de pessoas ruins, você e ele trabalharam ou trabalharam para a mesma família.

— Você podia ter ficado quieto - falei rindo - Você e a Luna também combinam - ele me encarou - Os dois gostam dessas coisas naturais, participaram da mesma guerra, têm o mesmo ciclo de amigo, suas idades são bem próximas e os dois são estranhos - ele me encarou ainda mais me fazendo rir.

— Não somos nada além de amigos.

— Eu e o Draco também.

— Ele quer algo mais.

— É pode ser, já que dormimos no mesmo quarto, vemos um ao outro praticamente o dia inteiro, ele é mau e você sabe - ele negou - os caras maus têm seu charme - ele ficou me olhando sem dizer nada. 

Eu me debrucei na mesa, Neville não se mexeu, eu estava bem próximo dele, próximo até demais. Ele me olhava nos olhos e eu ia avançar mais já que ele não tinha recuado, quando algo bateu na mesa quase a virando e eu praticamente caí vergonhosamente.

— Essa maldita planta ainda vai comer meu Peru! - eu falei brava encarando a planta que tinha saltado até ali, sim aquela coisa se movimentava e tinha acabado de tentar subir na mesa.

— Calma é só uma planta.

— Eu sei que é só uma planta, mas é uma planta que come pássaros e nãos ei se notou eu sempre estou com um na cabeça. - falei apontando para o Peru que estava acordado e atento olhando em volta. - Você devia por uma coleira nessa coisa.

— Coisa, não. Planta. - eu o encarei - Não vou fazer isso, ela é como minhas mascote.

— Você podia ter tantos mascotes e vai ter logo uma planta carnívora. Você realmente se parece mais com ela do que eu imaginava - falei cruzando os braços brava.

— Você brava fica uma graça - olhamos para  a porta, Draco ria da cena.

— Cala a boca, Malfoy! - falei - Acho que já acabamos por hoje, professor - comecei a recolher meu material, parei ao lado de Draco - Vou estar no quarto caso precise de alguma coisa.

Ele confirmou e sorriu, entrou na estufa.

Eu realmente estava brava, como Neville podia ter como uma mascote uma planta comedora de pássaros quando Peru é um pássaro e está o tempo inteiro comigo? Sério, ele podia ter pego qualquer planta, existem tantas outras carnívoras que não saem correndo por ai tentando caçar, por que não pegou uma dessas, tão mais inofensivas. Me joguei na cama, observei as anotações do professor, ele tinha feito tudo certo, aquele homem realmente tem o dom para as plantas, ele colocou cada função corretamente e até as que sabia que podiam ser chá ele anotou. Espero algum dia ser assim tão boa.

Depois do jantar percebi algo errado, tinha uma agitação no ar e não era possível que só eu tivesse percebido aquilo. Os nossos convidados que já eram residentes não estavam ali, Raoni e a Diretora não estavam conosco, mas os professores estavam, olhei nas mesas e discretamente pedi para Peru buscar por Nyack e Mari. Ele levantou voo e rodou as mesas, pousou em meu cabelo e não me puxou para nenhum lugar, eles não estavam ali. Pedi que procurasse por Draco, ele levantou voo e também ficou quieto depois de se ajeitar no coque. Algo estava muito errado por ali. 

Alguns alunos terminaram de comer e iam sair quando um dos professores trancou a saída do salão. Olhei para a mesa dos professores, Neville estava ali, mas eu não fazia ideia por que os outros não estavam por perto. Ele me olhou e eu não entendi o que queria dizer. Olhei na mesa, Carla e Leo estavam fora também, como era possível, como os dois estavam fora e eu não tinha percebido. 

'Eles podem te trancar ai dentro, mas eu conheço sua mente' Peru levantou voo.

— O que você fez? - caiporas começaram a invadir o salão. - O que você fez com eles?

'Apenas brinquei com seus amiguinhos'

Levantei e fui até os professores.

— Por favor, eu preciso sair - falei.

— Ninguém deve sair foram ordens da Diretora - o professor de Criaturas Magicas falou. - Todos os alunos devem ficar aqui dentro até segunda ordens.

— Então o senhor vai gostar de saber que estão faltando quatro estudantes.

— Não é possível.

— É sim - falei, olhei pelo ombro - Por favor eu preciso sair, preciso fazer algo.

— Nada é tão urgente quanto a segurança dos alunos - uma professora falou - Volte para o seu lugar.

— Eu a acompanho - Neville se levantou - Sair acompanhado não tem problema, ela disse para ninguém sair sem um responsável. Me responsabilizo pela senhorita Lima - eu o observei.

— Tem certeza, senhor Longbottom? - ele confirmou - Certo...

Neville destrancou a  entrada do salão e quando ultrapassamos ele fechou ruidosamente.

— Obrigada - falei.

— O que há de errado? - ele perguntou olhando em volta.

— Pensei que soubesse - ele negou - Suspeito que ele esteja livre - ele franziu o cenho - E fez algo com eles.

— Eles?

— Carla, Leo, Nyack e Mari.

— Mas e os outros?

— Eu não vou me preocupar com eles agora, acho que já têm experiências em lutas o suficiente - peguei a varinha no meu bolso, Neville me acompanhou - Não vai vir, professor? Ainda preciso de um responsável.

Ele riu e me seguiu. Fui até o quarto onde eu tinha ficado e o homem tinha sido aprisionado, Neville me parou, eu lhe entreguei minha varinha para que eu não pudesse fazer nenhuma besteira, encostei na porta.

'Sabia que viria'

— Onde eles estão?

'Primeiro a porta'

— Primeiro eles.

'Eu dou as ordens aqui'

— Então fique preso.

Eu me afastei e descia a escada quando ele gritou em minha mente 'Você sabe onde estão e como estão. Agora abra a porta.'

— Eu só precisava ter certeza.

' Fizemos um acordo.'

— Não! Eu disse primeiro eles, não prometi que abriria a porta.

'Você pagará caro.'

— Você não tem tanta força para isso no momento.

Neville me olhou ao pé da escada, me entregou a varinha.

— Preciso te pedir algo - falei pegando a mão do professor, ele me olhou sem entender - Não importa o que aconteça, não solte a minha mão e nem me deixe fazer basteira.

— Eu prometo isso - ele sorriu - Para onde estamos indo?

— Para o lugar onde eu não queria voltar.

Eu o puxei pela mão, iluminamos o caminho com nossas varinhas, chegamos uma área em que eu o fiz parar, caiporas petrificadas, elas mexiam os olhos atentas. A floresta se iluminou e lá estava ele, Morfino estava no meio da mata.

— Como... Ele está... O que você...

— Não é ele - falei e saí de trás da árvore.

— Olá, caçadora - apertei a mão de Neville e lhe entreguei minha varinha, ele me observava - Sabia que nos encontraríamos novamente.

— Poderia até dizer que é um encontro, mas esse não é seu corpo.

— Hm... Foi mais rápida do que o recipiente.

— Na verdade, foi ele quem me informou - Morfino pareceu surpreso - Vai me mostrá-los ou ficará enrolando.

— Longbottom! - Neville apertou minha mão, eu não piscava - Sua mente também é bem bagunçada, não é, a dúvida paira sobre vocês.

— Deixe a mente dele em paz! - falei entre dentes, queria poder pular sobre aquele homem e acabar com ele.

— Por que eu faria isso?

— Porque eu sou seu brinquedinho e não ele -Neville me olhou.

— Ele está pensando como alguém tão pequena pode ser tão corajosa - eu olhei meu professor - Daria para escrever um romance trouxa com a mente de vocês dois. - eu olhei o homem.

— Eu já falei para você sair da mente dele!

— E por que eu iria te ouvir, você me enganou.

— Estamos quites então. - ele me fuzilou - Onde estão todos, me mostre-os.

— Não! Hoje eu estou a fim de machucar alguém, cansei de ser bonzinho. 

— Ele estava sendo bonzinho? - Neville perguntou, eu ri.

— Agora, quem eu devo pegar... Ah! Já sei... ALguém com quem você se importa, alguém por quem você daria a vida, alguém que você ama.

— Se tocar na Carla eu furo que vou te matar usando minhas próprias mãos.

— Não estava falando dela - olhei Neville, apertamos nossas mãos ainda mais forte, ele não tiraria o professor do meu lado, ele só faria isso se cortasse nossos braços. Apertei ainda mais Neville. - Patéticos! - olhei o homem - Estava falando de alguém realmente importante.

Se não era Carla nem Neville de quem ele estava falando? A Mari novamente? 

Tudo ficou escuro, eu abracei Neville para ter certeza de que ele não seria tirado de mim e ele me abraçou de volta parecendo querer ter a mesma certeza. Eu sentia seu queixo no alto da minha cabeça. A luz voltou e fiquei cega por alguns milésimos de segundo até eu ver Morfino segurando alguém loiro, pensei que fosse a Luna, por alguns segundos, até eu tentar avançar com ódio, Neville me segurou cumprindo a promessa de não me soltar.

— Sabia! - Morfino falou - Você irá me dar o que eu quero e prometo não deixar o Malfoy cair - olhei as caiporas, elas tentavam se mexer, mas apenas os olhos de pedra conseguiam. Meus batimentos cardiacos tinham acelerado.

— Eu não vou te dar o que você quer - falei e olhei Neville.

Peru dessa vez ainda estava comigo, então eu comprovei que aquele realmente não era o Morfino, mas ele ainda tinha os truques na manga.

Suguei um pouco da energia de Neville, Morfino sorriu percebendo, Longbottom se assustou. 'Calma, me dê a varinha' ele me olhou curioso 'Sei como tirar o Draco dessa sem arriscar nada, mas... Você terá de soltar a minha mão' ele negou com a cabeça 'Por favor'

— Eu prometi.

— Prometeu o quê, professor? - Morfino ria.

— Que cuidaria da Agnes! - ele me soltou, apontou para o homem tão rápido eu não tive tempo de reagir. - Levicorpus! - Draco virou de cabeça para baixo. Morfino sumiu.

Fiquei olhando Neville, ele tinha me empurrado para trás dele e ainda segurava a minha mão. Seu semblante era sério, ela primeira vez o via tão rigido assim. As caiporas voltaram a se mexer. Eu ia até o Draco, mas Neville me parou.

— Agora está tudo bem - falei sorrindo meio preocupada - Ele voltou para lá. Pode me soltar e ajudar os outros.

Ele olhou para trás, corpos pendurados de cabeça para baixo. O professor deu um passo na minha direção se virou par ao circulo de corpos e desfez o feitiço, Draco ia cair de cabeça, eu o segurei de forma desajeitada. Estava mais pálido do que o normal. Limpei o suor que escorria pelo seu rosto. Raios cortavam o céu iluminando a noite. Apertei o corpo de Draco contra o meu. Ele estava bem, pelo menos fisicamente bem.

Os outros começavam a acordar e se perguntar o que tinha acontecido. Menos o Malfoy, dei leves tapinhas em seu rosto.

— Draco... - chamei o balançando - Draco, isso não tem graça acorda - busquei pelo batimento, estava fraco - Draco! - eu o sacudi - Pelo amor, Draco, isso não tem graça - eu continha as lágrimas - Malfoy! - eu gritei, senti os olhares se virarem para mim - Acorda, Malfoy! - eu o abracei bem forte- Não...

— Agnes... - olhei Neville, ele observou o corpo em meu colo - Ele...

— Não sei... Professor, por favor, faça algo! - Neville agachou ao meu lado, com esforço tomou o corpo de Draco de mim e o levantou.

— Vou levá-lo para a enfermaria, todos deveriam ir. - ele falou olhando o grupo.

Eu fechava o enorme grupo que mais uma vez marchava em direção a escola, meu coração apertado, se algo tivesse acontecido com Draco... eu me abracei, preferia não pensar nisso. A enfermeira barrou a minha entrada, Neville acompanhava o grupo e poderia ajudar com alguma planta, mas eu só seria problema. Esperei ali de fora, aquele lugar não tenha nem mesmo uns bancos onde eu pudesse me sentar, esperei de pé, algumas horas e depois me rendi e sentei no chão. Ninguém tinha saído de lá ainda. Aos poucos fui caindo no sono, fora algo leve que qualquer barulho do vento me acordava, mas depois foi como desmaiar.

— Pronto! - a enfermeira falou e isso me acordou, eu tinha algo embaixo da minha cabeça e algo cobrindo meu corpo.

Olhe a pessoa. 

O professor Neville terminava de acordar também, ele estava sema  blusa e percebi que era isso que me cobria. Peru estava dentro de um dos bolsos bem aquecido.

— Como eles estão? - perguntei me sentando e sentindo o frio que fazia ali.

— Vão ficar bem - a enfermeira olhou o professor - As poções serão de grande ajuda. Obrigada - ele sorriu e se levantou, me ajudou a levantar - Seria bom irem descansar um pouco, informei os professores do ocorrido, disseram que as aulas serão adiadas por hoje.

— Repor tudo isso no final do ano vai se rum inferno - reclamei fazendo Neville rir.

Eu me encolhia em sua jaqueta e mais confortavel do que eu estava o Peru que não se mexeu em nenhum momento. O professor me deixou no meu dormitório.

— Obrigada - entreguei a jaqueta.

— Não foi nada.

— Não só por isso, mas pelo resto da noite.

— Não fiz nada mais do que meu papel de professor, Agnes. - sorri - Se cuida.

— Você também. - a porta se fechou assim que entrei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Magia na Floresta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.