Sirius evitou a todo custo socar a parede naquele exato momento. Tudo parecia estar indo de mal a pior e nem mesmo o tempo chuvoso parecia colaborar.

Puxou de um dos bolsos a cartela de cigarros e praguejou quando se deparou com o vazio. Por fim, não socou a parede mas chutou a primeira pedra que viu em seu caminho.

Então, de repente, a mão calejada pousou em seus ombros tensos e largos, não foi preciso olhar, pois Sirius pode sentir o cheiro doce que Remus exalava; cheirava aos chocolates de Hogsmeade.

— Precisa de um? — murmurou, lhe alcançando um cigarro barato.

Não ousou recusar, naquele momento seu ser ansiava não só pelo cigarro, como também por um toque desesperado de Remus, mas soube que não o teria, pois ambos estavam ocupados demais pensando no que o futuro lhes aguardava.

— Acha que isso vai melhorar algum dia? — questionou Sirius, encostando as costas na parede de tijolos e observando o amigo lhe imitar.

— Você acha que vai? — retrucou, com os olhos fixos no homem ao seu lado.

— Acho que vai.

— Não me parece muito confiante nas suas palavras — Remus sorriu tristemente e Sirius conseguiu acompanhá-lo. Não estavam confiantes.

Sirius tentava, nos últimos tempos, amenizar as coisas com palavras otimistas e tapinhas desajeitados. Mas ver tantos bruxos morrerem devido Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, lhe causava sensações ruins e pressentimentos frágeis. Antes não conseguia agarrar-se em algo sólido; algo que lhe fizesse enxergar que haveria um futuro.

Entretanto, de alguns meses para cá, Sirius foi capaz de perceber que havia inúmeros motivos para crer e querer um futuro sem escuridão. Havia James, Lily, Peter e, o que mais lhe causava conforto, Remus.

— Você quer saber? Enquanto nós tivermos uns aos outros, as coisas vão melhorar, não acha, Moony? — “enquanto eu tiver você”, quis dizer, mas não encontrou coragem o suficiente.

Por bem, Padfoot não precisava dizer aquilo, pois os olhos de Remus pareciam entender perfeitamente suas palavras.

— Sim. Enquanto tivermos uns aos outros. — sua mão roçou nos dedos gélidos de Sirius.

E pela primeira vez em semanas, Sirius sentiu que haveria futuro se houvesse Remus.