Linhas Cruzadas. escrita por MissDream


Capítulo 3
Presente.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, estou de volta com mais um capítulo. Antes que vocês fossem a leitura eu gostaria de esclarecer algumas coisas, porque acredito que nesse começo a fic fique um pouco confusa. Felicity não apareceu ainda, pois o enredo é sobre três relacionamento, logo esses primeiros capítulos mostrará um por um. Segundo, Oliver não será o único com um passado, nossa heroína também terá o seu, por isso deixo avisado que ela será como uma rosa que desabrochará capítulo por capítulo.

Tendo dito isso, deixo vocês com mais um cap, boa leitura e as espero nos comentários.



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"It's dark inside it's where my demons hide..."

 

Senti minhas costas ser dedilhada suavemente, enquanto meu corpo relaxava me virei encarando o par de iris azuis dilatadas, Helena me encarava com um sorriso preguiçoso nos lábios.

̶  Preciso ir, tenho alguns documentos do hotel para revisar. – fiz menção em levantar, mas senti meu braço ser puxado arrastando meu corpo de volta à cama. 
̶  E eu acho que você deveria relaxar. Anda Oliver, eu posso fazer cafuné até que pegue no sono. – tentou me persuadir.
̶  Helena. – adverti vendo seu cenho erguer em desafio.
̶  Eu não entendo Oliver, você nunca fica após o sexo. O que tem demais nisso?
̶  Helena, não vamos por esse caminho. – levantei catando minhas roupas por seu quarto.
̶  É só que eu queria que você ficasse, passasse a noite como um cara normal.
̶  Acontece que eu não sou um cara normal, você sabia desde o começo como seria e mesmo assim quis se manter nessa situação. – eu percebi seu semblante cair em desapontamento, mas ela sabia como as coisas funcionavam. Eu não dava satisfações, não levava para jantar ou ao cinema e o principal, eu não dormia. – Preciso ir.

Helena era minha secretária nos negócios do hotel, ela havia sido contratada a pouco menos de dois anos. A princípio nossa relação era estritamente profissional, apenas quando completara um ano que ela trabalhava pra mim, que passei a notar seus olhares, Helena era discreta, não questionava, não pedia satisfações e tinha uma noção de como funcionava meu humor. Então passamos a ter esse rolo sem compromisso, ela não sabia nada sobre o meu passado ou meu outro trabalho, o que facilitava ainda mais as coisas.

 

̶  Bom dia Ollie. – Sarah entrou em minha sala sem bater, pra variar.
̶  Você não bate? – questionei irritado. – Eu poderia estar num momento embaraçoso.
̶  Eu bateria se estivéssemos no andar de baixo. – ela se referia a Helena. – Mas como sei que sua secretária não vem até aqui. – deu de ombros deixando a frase em suspenso.
̶  Preciso conversar com Ray sobre seu comportamento.
̶  Ray não é meu dono ou meu pai sei imbecil. – socou meu braço fazendo careta. – Ele é meu doce e sensível marido.
̶  Traduzindo: você é o homem da relação. – ela me ofereceu o dedo do meio para em seguida gargalhar junto comigo.
̶  Mas e a sua Helena? Quando irá nos apresentar? John e eu estamos fazendo um bolão.
̶  Primeiro, ela não é minha Helena. Segundo, ela não vai ser apresentada a nenhum de vocês. – tentei ser o mais calmo possível. – É apenas um rolo sem compromisso, Sarah.
̶  Qual é Oliver, já faz dois anos, você precisa superar. – e lá vamos nós mais uma vez. – Laurel sumiu do mapa como se fosse mágica, você já fez tudo que esteve em seu alcance e o que obteve em resposta? Apenas mais questionamentos.
̶  Sarah, não vamos voltar com esse assunto. Eu te amo e você é minha melhor amiga, mas, por favor, não comece com isso de novo, não quero brigar com você.
̶  Ollie, eu não gosto de te ver desse jeito tão fechado em copas. – ela suspirou cansada. – É só que você vestiu essa armadura de aço onde ninguém consegue chegar perto. Eu só queria o velho Ollie de volta.
̶  Você sabe que esse ai se foi a cinco anos atrás, certo? – ela assentiu.
̶  Você precisa parar de se culpar. – senti seus lábios tocar meu rosto antes de sair da sala.

Sarah era minha melhor amiga, crescemos junto, o que dava a ela entrada grátis para conhecer todos os meus segredos. Fomos juntos para a faculdade, fazíamos o curso de direito quando a Argus nos recrutou para treinamento, gosto de pensar que ela é uma versão feminina de mim de tão parecidos. Eu vi Sarah lutar e matar por sobrevivência, a vi ter sua experiência homossexual com uma assassina de aluguel, a vi  quebrada e confusa quando precisou escolher qual o lado que defenderia, Sarah estava acostumada com a escuridão assim como eu, e talvez por isso seja a única a conhecer meus segredos. Mas ainda assim, ela conseguiu nadar até a superfície, ela tinha em Ray a luz que precisava para fugir desse buraco negro em qual vivíamos. E ela fugiu.

̶  Waller. – cumprimentei assim que a imagem abriu na tela. 
̶  Queen, preciso que você e sua equipe venham aqui. – inquiriu com seu costumeiro tom superior. – Tenho uma nova missão para vocês. 
̶  E por que não me envia todo o arquivo com os dados da missão, como sempre faz? 
̶  Digamos que essa missão seja bastante sigilosa e eu preciso cortar qualquer margem de vazamento.
̶  Você não acha que está exagerando, Amanda?
̶  Esteja aqui as 10:h de amanhã Queen, ou você perde o caso para o Boltton.

Amanda Waller sabia como irritar alguém, lembro quando ela me chefiou em minha primeira missão, tão mandona e irritante. A diaba fez de tudo para me tirar do serio, me designando as tarefas mais estapafúrdias, mas ela sabia que eu era bom, sempre soube, por isso por mais que ela me odeie, ela não pedia para que eu fosse transferido para outro departamento.

 

(...)

 

Eu sentia o ar faltar em meus pulmões, à medida que acelerava as passadas, subi até o terraço do prédio sentindo toda a tensão presente no meu corpo. Uma espécie de filial da máfia portuguesa estava instalada no oeste de Star, eles estavam traficando um tipo de anabolizante com uma substância de efeito entorpecente, essa droga já tinha feito cinco vítimas e eu precisava do cabeça detido. 
̶  John, tem um helicóptero pousado, ele,está fugindo. – informei pela linha aberta. - Sarah, você consegue rastrear em qual heliporto ele irá pousar?
̶  Sim, posso te enviar as coordenadas. Está com seu celular?
̶  Estou. – antes que eu pudesse falar qualquer coisa, senti algo picar minha perna, olhei para trás para ver o que tinha acontecido, mas o movimento brusco fez minha visão ficar turva.


̶  Oi Oliver. – mamãe estava ali em minha frente. – Por que você não se manteve afastado de encrencas? Será que custava tanto se manter na linha?  - seu tom era baixo e acusador.
̶  Mãe? Não, eu não fiz nada, eu juro.
̶  Querido, até quando vai continuar com essa vida arriscada? Você nos pôs em risco, Oliver.
̶  Não mãe, não foi minha intenção. – cambaleei para trás sentindo minhas pernas fraquejar, o silencio tornando a mim por alguns segundos.

 

̶  Eu te criei para ser meu garoto prodígio, o orgulho da família, meu sucessor. Mas você foi covarde Oliver. – o olhar decepcionado do meu pai era latente. – Você vendeu todas as ações sem nem pensar no legado da família, que decepção.
̶  Pai, essa não era minha vocação. – senti meus olhos arder com o peso das lágrimas e um tapa esquentar meu rosto. 
̶  Você é um fraco, Oliver. – Robert tinha um meio sorriso amargo no rosto. – Você não foi capaz nem de segurar uma mulher.
̶  CALA A BOCA! – minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento. – Ela se foi porque quis, ela me abandonou.

 

̶  Não Ollie, eu fui porque não aguentava maia sua covardia. – virei vendo o rosto de Laurel embaçado, senti outro tapa me acertar a face. – Fui porque não suportaria viver a sombra do seu fracasso.
̶  Não... Não... Não. – o gosto metálico em minha boca denunciava sangue, eu tinha levado um soco no maxilar. – Laureeeeel.

 

̶  Sabe o que é pior de tudo isso? Você era meu bigbro, o que prometeu me defender de tudo. Mas você me deixou sangrar Ollie, me deixou sentir dor. Eu confiei em você Ollie.
̶  Speed eu não queria, eu juro. – senti as lágrimas escorrerem grossas.
̶  Eu era sua irmãzinha, eu confiei em você e o que aconteceu? Você pôs seu maldito trabalho acima de tudo.
̶  Me perdoa Speed, me perdoa. – sentia meu corpo inteiro doer, mas nada se comparado a minha alma. Eu fui o culpado, eu os deixei para morrer, eles eram minha família.

̶  Você me deixou pra morrer, Ollie. – a voz melancólica de Thea dançava em meus ouvidos.

 

 

̶  Você é um mentiroso, Oliver Queen. – a voz feminina invadiu meu campo sonoro, para em seguida eu contemplar seu rosto desfocado. – Você mente para as pessoas que te amam, porque é covarde demais para se manter limpo e verdadeiro.
̶  Helena, me ajuda. – o sorriso de escárnio que ela deu foi a resposta antecipada.
̶  Eu não costumo ajudar traidores, querido. – senti seu salto acertar minhas costelas. – Você não percebe que mentindo para mim me põe em risco? 
̶  Eu não quero te por em risco, Helena.
̶  Você pintou um alvo nas minhas costas, Oliver. Eu tinha o direito de escolher se queria ou não, mas ele me foi tirado por um mentiroso covarde.
̶  Não, eu sinto muito, eu não queria. – o desespero em minhas entranhas crescia gradativamente.
̶  Você afasta as pessoas e por isso vai acabar morrendo sozinho no seu mundo escuro e sombrio.

Todos passaram a me chamar de mentiroso, covarde, irresponsável. As palavras se misturavam provocando uma confusão na minha cabeça que parecia uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento. Tudo parecia girar, as frases embaraçadas, a promessa de solidão proferida por eles, eu me senti zonzo com tudo, senti meu corpo perder as forças e minha vista escurecendo aos poucos, o sentimento avulso dentro de mim, eu precisava calar aquelas vozes.

̶  Eu não quero morrer. – mergulhei no escuro do meu subconsciente sentindo todo meu corpo apagar.


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Notas finais do capítulo

E então? Espero a opinião de vcs em ;)