Wolf's Eyes escrita por Marih Yoshida, Tia Ally Valdez


Capítulo 6
VI - Encontro


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!
Eu sei que demoramos! E pedimos mil desculpas por isso! Mas nós duas tivemos nossos probleminhas para escrever esse capítulo até que, num surto de criatividade durante a noite, mandei para Marih Yoshida a seguinte mensagem: "estou escrevendo WE", e surgiu essa belezinha de 2mil palavras! :3
Antes de mais nada, MUITÍSSIMO OBRIGADA A RAINHA DA LUA E DAMA DO POENTE PELAS RECOMENDAÇÕES, SUAS LINDAS! NÓS AMAMOS MUITO E SURTAMOS MUITO, VIU?
Bom, passado o surto, vamos ao cap!
Esperamos que gostem e se divirtam tanto quanto nós nos divertimos com ele! ^-^
Enjoy it! ;)
~Tia Ally Valdez

Oya!
Sinto muito pela demora no capítulo, e, mais uma vez, agradeçam à Ally por ele.
Mas a gente jura que não vai abandonar essa fic ❤
E nossos planos para ela são muito bons.
MUITO MUITO MUITO OBRIGADA À VICKY E A RAINHA DA LUA PELAS RECOMENDAÇÕES. EU AMO VOCES ❤
Espero que gostem!
~Marih Yoshida



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Thalia acordou num pulo. Estava dormindo sobre a grama, bem escondida entre as folhas e de frente para a cidade. Ela olhou ao redor, confusa. Depois reconheceu, à sua frente, a janela do apartamento de Nico. Ela estava em sua forma lupina. E o sol já surgia entre os prédios não muito longe.

Ela fitou a janela a tempo de ver Nico abri-la. Pelo estado do cabelo, havia acabado de levantar. Estava sem óculos ainda. Ele fitou as árvores, como se a procurasse. O que não seria novidade, pois era o terceiro dia em que a morena ia visitá-lo.

Nesses três dias, Thalia não trocou uma única palavra com Jason. E o loiro também não fez muita questão de conversar com ela. Na escola, Nico já havia notado isso. Mas não dissera nada. E a morena esperava que continuasse assim.

Por fim, ela virou-se e correu para dentro da floresta. Era domingo. Não tinha muita coisa para fazer. Então optou por correr um pouco pelo local, apreciando os sons da manhã na floresta. Assim como o cheiro. Adorava dar voltas e voltar por ali.

Como estava de dia, Thalia optou por correr de maneira silenciosa. Era complicado, mas ela tinha dez anos de experiência e podia fazer isso. Mesmo que preferisse acordar metade da floresta com seus passos pesados, assim como sua respiração.

Ela perdeu noção do tempo, bem como a conta de quantas voltas deu por ali, e freou subitamente quando viu Nico adentrando a floresta. Dessa vez pela trilha. Provavelmente indo em direção à casa dos lobisomens. Ela tropeçou, retornando à forma humana conforme rolava pela grama e caía justamente aos pés do garoto, que, assustado, teve um sobressalto, ajudando-a a levantar assim que a reconheceu.

— Thalia? – Chamou ao ver que a menina, envergonhada, ainda não o havia encarado. – Tudo bem?

Ela deu um sorriso dolorido, esfregando as costas. Claro: já tivera quedas piores do que aquela, mas a dor era igualmente desagradável. E a vergonha por se arrebentar no chão na frente de seu amigo apenas piorava a situação.

— T-tudo... – Ela rangeu os dentes, contendo um gemido de dor. A voz soava sufocada. E Nico, que não era nenhum idiota, negou levemente.

— Deixa eu te ajudar... – Pediu, passando um dos braços pelas suas costas e o outro sob suas pernas, erguendo-a antes que ela pudesse sequer negar. Ela abriu a boca para dizer que estava bem, mas Nico a antecipou: – Eu sei que está doendo e sei que você não está bem. Deixe-me te ajudar.

Ela o encarou por um longo momento. Estava pensativa. Nico não esperou que respondesse e começou a caminhar até a casa. E Thalia não pode fazer nada a não ser se acomodar em seus braços conforme iam até a aconchegante casa, que não ficava tão aconchegante assim quando ela e Jason estavam no mesmo ambiente e os demais lobos tinham de aturar o clima pesado entre os dois sem poderem sequer perguntar.

Assim que Nico abriu a porta, reconheceu Jason do lado de dentro. O loiro ergueu o olhar, pronto para cumprimentar o melhor amigo. Mas, assim que viu Thalia, seu semblante fechou por completo e tudo o que saiu de sua boca foi um “oi” um tanto seco dirigido a Nico enquanto caminhava para fora e fechava a porta quase que com força.

O moreno fitou a porta, curioso e, ao mesmo tempo, assustado com a atitude do amigo. Mas, por fim, acomodou Thalia em um dos sofás, procurando qualquer evidência de cortes ou arranhões. E Thalia rezou mentalmente para que não houvesse nenhum ferimento, ou sua cura acelerada cuidaria de fazê-lo desaparecer e deixaria Nico com uma expressão de pura interrogação.

Para a sorte da morena, Nico não chegou a encontrar nenhum corte muito visível. Apenas hematomas. Ele suspirou baixo e pegou um pano, molhando-o com água e limpando o excesso de terra de Thalia.

— O que foi aquilo? – Perguntou por fim. Thalia ergueu o olhar para fitá-lo, cogitando se diria ou não.

Por fim, ela suspirou baixo.

— Não estamos nos falando...

— Por quê? – Ele perguntou depois de um longo silêncio.

— Bem, tivemos uma briga sobre segurança... Sabe que a floresta não é um lugar muito seguro para se ficar.

Nico assentiu, mordendo levemente o lábio inferior. Afinal: ele mesmo vagou pela floresta para procurar um lobo que nem sequer sabia se o ouviria. Se concordasse com Thalia, estaria sendo hipócrita.

— Por que não tentam se entender? – Perguntou por fim. Thalia negou devagar.

— Jason é um cabeça-dura.

Só ele? Nico quis perguntar, mas se conteve. O pobre armário arrebentado no primeiro dia de aula já havia provado que Thalia poderia mandar seu nariz para dentro do crânio com um soco. E a última coisa que Nico iria querer seria virar um cosplayer eterno de Lord Voldemort.

— Eu sei... – Ele disse por fim. – Convivo com Jason desde que mudei de escola. – Nico suspirou baixo quando terminou de limpar a terra. Depois ajudou Thalia a levantar, vendo que ela estava estranhamente bem. Há dez minutos, mal podia andar e, naquele momento, parecia que ela iria sair correndo pela porta a qualquer segundo. – Mas mesmo assim... Não custa nada tentar.

— Provavelmente iríamos sair aos berros. – Thalia disse, fazendo-o rir alto. Os dois ficaram por um longo momento sem dizer nada até que a morena se pronunciou: - O que estava vindo fazer aqui?

No mesmo momento, Nico lembrou-se do motivo de estar caminhando pela floresta num domingo.

— Bem eu... – Ele corou levemente, percebendo o quanto a frase que diria a seguir soaria completamente ridícula. – Eu queria te ver...

— Me ver? – As bochechas de Thalia se avermelharam e ela olhou para o relógio que havia ali. Precisava treinar com Hestia novamente, porém não tinha alguém para levá-la, já que Jason não estava falando com ela. – Mas... Por quê?

— Para te mostrar a cidade. – Nico convidou. – Você é nova aqui, não? Acho que deveria conhecer Skywood. Inclusive o melhor café daqui!

Thalia sorriu levemente. Aquele era um convite irrecusável, já que, curiosa como sempre foi, sempre teve vontade de conhecer a cidade. Sem falar que Skywood era uma cidade pequena. Não era como se fossem ficar dias ali para conhecê-la. Porém, se aceitasse o convite de Nico, perderia o treino com Hestia.

E ela realmente pensou em recusar. Ia dizer não, mas, quando viu os olhos negros de Nico, não conseguiu negar aquele convite.

Por fim, ela suspirou, derrotada, e assentiu, vendo um sorriso doce surgir no rosto de Nico. Ela retribuiu seu sorriso e ambos saíram pela porta, caminhando pela trilha enquanto conversavam sobre assuntos banais. Algumas vezes ligados à escola e outras vezes ligados às suas maiores atrapalhações durante a infância.

Nico começou a mostrar a cidade a partir do prédio onde morava, detalhando cada lugar. Ele mostrou também a livraria, um de seus lugares favoritos, onde gostava de passar horas e horas lendo vários livros sem se importar com o tempo. Mostrou também o cinema e o parque de Skywood, onde casais transitavam. Thalia fitou, encantada, o modo como os casais davam as mãos conforme caminhavam. Claro: já havia visto aquilo várias e várias vezes entre sua família, porém era possível ver o sentimento de felicidade que praticamente exalavam ao passar. Aquela energia positiva fez bem à Grace, que sorriu levemente. Ela percebeu que Nico a encarava, curioso, e apenas deu de ombros, fazendo-o sorrir levemente.

~^~

— E, por fim... – Nico abriu a porta do estabelecimento à frente dos dois. Não era tão grande, mas também não era pequeno. Tinha dois andares e uma aparência confortável. – Esse é o melhor café da cidade.

— Persefone’s Cafe? – A morena questionou, apreciando a música num volume moderado que tocava no ambiente. Algumas pessoas se encontravam do lado de dentro. Algumas apreciavam um café e outras apenas conversavam entre si. Nico guiou Thalia até o balcão e foi cumprimentar a mulher que se encontrava ali atrás, conferindo alguns papéis. Provavelmente contas. Ela ficou apenas observando por alguns momentos enquanto o garoto abraçava a mulher. Ambos sorriam. Ela olhou novamente e viu que Nico a chamava com um gesto.

Hesitante, Thalia se aproximou dos dois, sorrindo timidamente.

— Thalia... – Começou Nico. – Essa é minha “boadrasta”, Perséfone. Perséfone, essa é minha amiga, Thalia.

Perséfone sorriu levemente, estendendo sua mão para Thalia, que a apertou levemente, evitando usar sua força sobrenatural para não quebrar a mão da pobre Perséfone.

— É um prazer conhecê-la, Thalia! – Disse, sorridente. Thalia devolveu seu sorriso.

— O prazer é meu, Perséfone. – A morena respondeu. – O café é seu então?

Perséfone assentiu.

— É sim... Eu o ganhei da minha mãe e, como gosto de trabalhar aqui, continuei o trabalho, mudando apenas o nome.

— O que é bom porque gera café da manhã grátis pra mim! – Nico disse com um sorriso, fazendo a Grace rir baixo. Perséfone, por sua vez, revirou os olhos com um sorrisinho, dando um tabefe no enteado.

— Engraçadinho... – Ela virou-se para Thalia. – Pode vir aqui sempre que quiser, Thalia. Qualquer amigo de Nico é bem vindo aqui.

— E você ganha desconto no café da manhã, mas não deixe ninguém saber... – Nico disse em seu ouvido, fazendo a morena rir baixo e, ao mesmo tempo, se arrepiar levemente com o sotaque italiano que até então não havia notado. – Enfim... – Ele sorriu outra vez. – O que acha de ficarmos para comer alguma coisa?

Thalia ponderou a ideia por um longo momento, mas, por fim, aceitou. Afinal, já havia perdido o treino com Héstia. Que diferença faria ir naquele momento?

Ela seguiu Nico até uma das mesas, sentando-se nela e vendo as opções no cardápio. Não havia comido nada desde que acordara e estava com uma fome gigantesca.

— O que você gosta de comer? – Nico questionou.

Thalia se esforçou ao máximo para manter a palavra “cervo” presa na garganta, o que a levou a engasgar levemente por quase ter deixado escapar sua refeição favorita quando em sua forma lupina. Então ela pigarreou baixo e puxou de sua mente a primeira coisa gostosa que lhe veio à cabeça. Ela se lembrava de quando Jason as preparou no intuito de fazê-la provar outras coisas além de... Bom, cervos.

— Panquecas – Disse, sorrindo levemente. Nico devolveu seu sorriso e, quando uma garçonete se aproximou, ele pediu duas porções de panquecas e duas xícaras de café. Thalia acompanhou enquanto a moça anotava em seu bloquinho de papel e caminhava até o balcão. – Você também gosta de panquecas?

Nico sorriu, ainda fitando o cardápio.

— Adoro panquecas... Desde criança eu como no café da manhã. – Ele se inclinou sobre a mesa, como se fosse lhe contar um segredo. – E, sinceramente, as panquecas da Perséfone são as melhores.

— São? – Thalia questionou, sorrindo levemente enquanto o moreno ria baixo. – É que eu só como quando... Bem, quando Jason faz.

Nico assentiu levemente, compreendendo.

— Espero que goste das panquecas daqui... Sem querer desmerecer as de Jason, essas são melhores.

E, naquele momento, Thalia se viu obrigada a rir diante do comentário de Nico, fazendo o moreno acompanhá-la conforme a garçonete se aproximava com duas xícaras de café.

~^~

Apesar de ainda estar zangada com Jason, Thalia não queria desmerecê-lo (ou desmerecer suas panquecas), mas teve que admitir: as panquecas de Perséfone foram as melhores que ela já havia provado.

Nico sorriu conforme caminhava junto com a morena para fora do estabelecimento, já se direcionando ao caminho que levava à floresta. Thalia observou o céu e as ruas, vendo que Skywood estava tranquila, como sempre foi. Até mesmo durante a noite. Dificilmente se ouviam carros fazendo barulho durante a madrugada, já que a maioria das pessoas já está em suas casas a essa hora.

No entanto, a cidade se encontrava numa tarde tranquila, sem trânsitos, já que era domingo e os estabelecimentos mais importantes dificilmente ficavam distantes das casas, então a maioria dos moradores sempre prefere uma boa caminhada com seus cães do que dirigir até o mercado (a não ser, é claro, que a compra seja grande).

— Bem... – Nico sorriu quando chegaram em frente à trilha. Thalia devolveu seu sorriso. – Está “entregue”. – Ele fez aspas com os dedos, fazendo Thalia rir baixo.

— Obrigada pelo passeio. – Ela disse. – Eu adorei.

Nico sorriu mais uma vez e a abraçou levemente antes de se afastar, acenando de uma maneira que Thalia julgou fofa. Ela observou enquanto o moreno atravessava a rua e seguia em frente.

Com um suspiro, a morena adentrou a floresta, saindo da trilha e transformando-se em lobo na metade do caminho enquanto ia por um caminho maior até a casa dos lobisomens. A única coisa que habitava seus pensamentos era o sorriso carinhoso de Nico conforme ele lhe mostrava cada parte da cidade.

Ela continuou correndo por um longo momento até chegar à casa, vendo que Jason estava parado à porta, levemente impaciente. Ele ergueu uma sobrancelha quando ela parou ao seu lado e retornou à forma humana. Depois cruzou os braços.

— Onde você estava?

Thalia deu de ombros.

— Nico quis me mostrar a cidade e eu aceitei o convite.

— Você tinha treino com Héstia hoje! – Jason reclamou, fazendo a morena revirar os olhos.

— Pela maneira completamente gentil com a qual você saiu de casa, eu não imaginei que fosse me levar até lá!

— Pensei que soubesse ir sozinha.

— Pensei que tanto Zeus quanto Héstia haviam pedido para que eu, uma Custode, não fosse sozinha e desprotegida até ela – Disse por fim antes de desistir de ir para casa e optar por fazer uma visita a Lupa.

~^~

Já estava escuro quando Thalia, novamente, foi até perto do prédio de Nico, fitando sua janela, logo ao lado da saída para as escadas de incêndio. A luz acesa na janela indicava que Nico estava em casa, o que a fez se sentir levemente aliviada, já que, se ele estivesse longe, ela não poderia vigiá-lo, caso algo ocorresse a ele.

Ela ainda fitava a janela, vendo Nico surgir ali. Pelo pano sobre seu ombro, provavelmente estava lavando a louça ou cozinhando alguma coisa. Ela ainda o fitava distraidamente, pensando em como ele foi gentil com ela ao se oferecer para lhe apresentar toda a cidade de Skywood e lembrando-se do seu toque quando ele lhe afagou os pelos na noite em que ela o encontrou novamente na floresta.

Uma ideia lhe veio à cabeça, a qual ela cogitou seriamente descartar, mas sua teimosia, como sempre, falara mais alto. Ela olhou ao redor, vendo que não havia ninguém ali por perto. Então, cautelosamente, ela fitou as portas de cada saída de incêndio e notou que algumas estavam cobertas do lado de dentro por cortinas. Em outras as luzes estavam apagadas. Então a Grace concluiu que era seguro se aproximar.

Lentamente e olhando em volta com cuidado, ela saiu das folhagens densas que a escondiam e atravessou a rua, vendo que ninguém a havia visto. Então, levemente aliviada, ela se direcionou às escadas de incêndio e as subiu silenciosamente. Por um momento, pensou em dar as costas e ir embora antes que se arrependesse ou fosse notada.

Porém, ao ouvir Nico cantarolando uma música qualquer enquanto, aparentemente, lavava os pratos, ela não pôde se conter e continuou subindo as escadas e, antes que sequer percebesse, ela estava parada à porta aberta da saída de incêndio enquanto fitava um Nico completamente apavorado com as costas apoiadas na parede atrás de si.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Gostaram tanto quanto nós duas gostamos? O que acham que vai acontecer?
Espero que tenham gostado tanto quanto nós! :3
Nos vemos nos reviews e até o próximo cap! :3
Bjoks! *3*
~Tia Ally Valdez

Espero que tenham gostado!
Tchauzinho! ❤
~Marih Yoshida