Porto-Seguro - Corações Incompletos I escrita por Bia Zaccharo


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Gente história nova! o/ tutz tutz tuz rs' espero que gostem ❤



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Anastásia Steele

 

—Você quer voltar para o quarto do castigo? —Mamãe pergunta e eu balanço a cabeça negativamente. —Foi o que eu pensei. Agora pegue uma cerveja e dê para o seu pai. Ande.

Encaro mamãe e balanço a cabeça enquanto torço meus dedos. Ela se vira e sai do quarto, então eu me levanto do chão e ajeito minha camisa. Ela é grande e a gola fica caindo sobre meu ombro. Caminho para fora do quarto até a cozinha e abro a geladeira, empurro uma cadeira com cuidado e subo para pegar a cerveja de papai. Assim que pego desço da cadeira com mais cuidado ainda. Não quero correr o risco de cair e quebrar a garrafa, eu sei que papai me bateria de novo, e depois eu voltaria ao quarto com cheiro de naftalina e poeira.

Olho para os lados e avisto o abridor em cima da pinha, ponho a garrafa na mesa e caminho até lá, não noto a faca com a ponta virada, apenas quando corto minha mão. Encaro o sangue escorrendo, mas não choro, não faço nada. Pego o abridor de garrafa com cuidado para não o sujar com meu sangue. Caminho até a mesa e pego a garrafa novamente.

Papai está no sofá com um cigarro de maconha na boca. Eu sei a diferença entre esse o outro, porque sou eu que enrolo esse, e o outro papai compra no mercado. Quando eu perguntei porque ele não poderia comprar esse lá, ele ficou muito bravo e me chamou de menina burra.

Papai cheira à maconha. Às vezes ele tem cheiro de outras coisas, um pozinho branco que ele sempre está pondo sobre a mesa para cheira, ou algumas pedrinhas que mamãe guarda em sua gaveta. Mamãe tem cheiro de álcool. Ela fica brava quando não bebê, ela bebê perfumes quando não há cervejas. Eu já tentei beber perfumes, mas o gosto é horrível.

—O que você faz parada aí? Me dê isso! —Papai diz bravo.

Abaixo a cabeça e me aproximo erguendo sua cerveja e seu abridor.

—Me dê isso aqui! —Papai arranca a garrafa da minha mão juntamente com o abridor e depois me empurra. —Vá lavar sua mãe, menina nojenta. Peça a vadia da sua mãe que arrume algo para por aí.

Balanço a cabeça e me afasto com cuidado. Papai chama mamãe assim, ela fica brava, mas se brigar, ele bate nela, então ela me faz rir quando o chama de Corno, ou outras coisas. É o nosso segredo, eu gosto de segredos com a mamãe. Caminho até o quarto e paro na porta, segurando no batente. Passo meu dedo pelos risquinhos que mamãe faz para ver o quanto eu cresci. A medida de dois e três anos só tem um dedinho de diferença.

—O que é isso?

Viro assustada e encaro mamãe, ela se aproxima e segura minha mão. Olho envergonhada.

—Você se cortou? Mexeu naquela faca? —Mamãe pergunta e eu balanço a cabeça. Ela me empurra e vai até a sua cômoda, pega um curativo e põe na minha mão. —Os curativos estão acabando, a pomada também, você vai ter que se virar, ouviu?

Balanço a cabeça e me afasto. Caminho pelo corredor, observando o curativo de bichinhos. Papai está com um novo cigarro quando entro na sala, caminho até o tapete verde e me sento. Ele é pegajoso, mas eu gosto de brincar aqui, gosto de brincar com a minha boneca. Eu só tenho ela, e ela só tem uma perna. A outra sumiu quando papai me batia, ela a jogou longe. Talvez ela esteja embaixo do sofá, mas eu não alcanço lá.

—Anastásia venha aqui! —Ordena papai.

Levanto-me um pouco desconfiada, mas caminho até papai e paro em sua frente. Ele tira o cigarro da boca, encolho-me imediatamente e aperto meus olhos, mas sinto o cigarro queimando meu peito por cima da camisa. Deixo só uma lagrimazinha escapar enquanto meu corpo treme, mas fico em silêncio. Eu não posso chorar alto, se eu gritar papai me bate com seu cinto e me põe de castigo. Eu não quero ficar de castigo. Talvez ainda tenha um pouquinho de pomada, talvez mamãe me deixe passar.

—Saia daqui! —Ele grita e bate no meu rosto.

Meu corpo cambaleia antes de se chocar contra o chão; solto um pequeno gemido de dor, o que leva papai a se levantar e tirar o cinto. Encolho-me abraçando minhas pernas, tentando me proteger, então ele começa a me bater e eu apenas choro em silêncio. Quietinha. Abro meus olhos e vejo mamãe, ela está parada, me olhando, e não vem me ajudar.

Papai me chuta e eu viro com a barriga para baixo, encostando o rosto no chão.

Por que ela não faz nada? Será que não sou uma boa menina? Papai diz que não... talvez eu não seja. Eu sempre faço tudo errado, mas se mamãe me tirasse daqui eu melhoraria, eu me comportaria mais, eu faria tudo direitinho. Eu juro.

Assusto-me quando um barulho invade a sala, mamãe corre e papai grita parando de me bater. Viro a cabeça e vejo a porta caída no chão, vários homens com roupas iguais entram na casa, um deles corre e arranca papai de perto de mim, ele me pega no colo e eu começo a me debater apavorada.

Não, o que ele está fazendo? Eu não quero ele me segurando. Não.

—Está tudo bem, querida. —Diz o homem enquanto eu tento empurra-lo.

Olho para mamãe e estico meus braços para ela, para ela me socorrer, mas ela não faz, ela fica parada enquanto outro homem vai até ela e prende suas mãos. Não. Não machuque a mamãe. Não.

—Vocês estão presos por tentativa de homicídio, assalto. Sequestro de um bebê, tráfico de drogas, e com certeza agressão contra criança. —Diz o homem que prendeu papai. Papai está no chão e ele está apertando o pé sobre o rosto de papai. —Os dois têm o direito de permanecer calados, e tudo que disserem poderá, e será usado contra vocês no tribunal.

Os homens de roupas iguais levam mamãe e papai, e me deixam aqui.

—Não! —Grito. —Mamãe! Me solta!

—Tudo bem, se acalme. —Pede o homem tentando me segurar, mas como estou me debatendo acabo caindo no chão. —Me desculpe.

—Não me toque! —Grito tentando correr, mas ele me segura. —Quero a mamãe!

—Eu não vou te machucar, querida, vou apenas cuidar de você.

Paro de gritar e olho o homem de olhos azuis.

Cuidar... cuidar... cuidar. Eu não sei o que é isso. O que é cuidar? Mamãe não me ensinou essa palavra.

—Eu vou te levar para a sua família, sua família de verdade. Essa moça má não é sua mãe, ela só tirou você da sua mamãe, e agora eu vou levar você para ela. Ela vai cuidar de você e te amar muito.

—O que é amar? —Pergunto baixinho. —Cuidar... família. O que é isso?

O homem da um sorriso, mas seus olhos estão tristes. Por que ele está triste? Eu... fui má com ele também?

—Você quer descobrir? —Ele pergunta sorrindo, ele não está bravo comigo? Não vai me bater?

Balanço a cabeça com medo de dizer não e ele me bater, mas ele apenas estende a mão. Hesito um pouco e encaro sua mão estendida. Jogo a cabeça um pouquinho para o lado, paro o outro, olho para a porta, mas eu não posso correr, então seguro sua mão, ele me ajuda a levantar, mas minha cabeça dói e de repente, tudo se apaga...

Tudo se apaga...

✤✤✤✤

Anna Pequena ♥


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Notas finais do capítulo

Então meninas? :D :D , o que acharam?