Flashlights & Clapperboards escrita por Paper Wings


Capítulo 3
Cap. 2: Best Day Of My Life


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!! Novo capítulo e leiam as notas finais, ok? Importante! Repito: leiam as notas finais!
Boa leitura.



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 "The stars were burning so bright
The sun was out 'til midnight
I say we lose control (control)
This is gonna be the best day of my life"
Best Day Of My Life - American Authors

 

Eu estava tão ansiosa e minhas mãos suavam. Não era todo dia que tínhamos a oportunidade de conhecer o elenco de "The Walking Dead" e, para melhorar, buscar o script com as falas da personagem, a qual eu iria interpretar na série. Na verdade, acho que era um sonho duplo sendo realizado: ser atriz e atuar em um dos programas mais assistidos e concorridos da televisão americana.

Assim que a Sra. Pine foi embora, algo que gerou uns sinceros "Aleluia." da minha parte, comentei com minha mãe sobre ela me dar carona até o set, após buscar o carro na concessionária. Ela não hesitou nem por um instante, algo que me deixou um pouco triste. Eu já não entendia mais se ela estava sendo liberal por conta das discussões que fui obrigada a escutar por meses ou simplesmente não se importava. Os sorrisos enviados a mim eram tão passageiros, tão... Mentirosos. Por outro lado, quando desci, mamãe gostou da minha aparência e enviou-me um olhar sorridente, e isso já era alguma coisa, por hora.

— Está linda, querida... — Aproximou-se de mim, batendo seus saltos contra o assoalho de madeira. — Vai a algum lugar?

Sorri suavemente, contendo em vão minha animação, e assenti.

— Mãe, você não vai acreditar! Recebi um e-mail pedindo para que eu desse uma passada no set! Dá para acreditar?

— Isso é ótimo, meu Rouxinol...

O clima de repente ficou mais pesado e ela não falou mais até o momento atual: já estávamos no carro — um Prius prata com cheiro impregnado de couro novo —, nem sei quantas horas depois do ocorrido; a caminho do set. Era difícil para ambas escutar aquele apelido de infância sem lembrar de papai. Eu sempre fui uma criatura meio isolada e o único que deixei entrar em minha vida, exceto minha família, fora Nate. Quando eu era pequena, eu amava fazer apresentações aos três e, às vezes, aos pais do garoto. Fossem teatros ou uma música qualquer, meu pai sempre elogiava minha voz. "Parece um rouxinol... O meu pequeno rouxinol." eram as palavras dele... Com o tempo, mamãe também passou a me chamar carinhosamente da mesma maneira, mesmo eu ficando mais velha a cada dia que passava.

Deixar papai em Londres foi difícil. Chorei bastante, apesar do sorriso que se formava em meu rosto ao pensar que iria atuar em uma série famosa e minha vida estava aparentemente mudando para melhor. Decepcionei-me um pouco ao notar que ele não me chamaria de Rouxinol nem uma única vez... Afinal, demoraria algumas boas semanas para nos vermos, sem ser por Skype e ele poderia fazer uma força para melhorar o ambiente sempre de discussões incessantes; porém, sua cabeça parecia estar em outro lugar. Tal pai, tal filha... Dois indivíduos presos em outro mundo.

Não pestanejei nem por um instante diante da decisão sem argumentos de mamãe vir comigo aos Estados Unidos. Primeiro, por ser impossível meu pai largar o emprego na Inglaterra; e segundo, ela passava por maus bocados e minha obrigação como filha era fazê-la melhorar o quanto antes possível. O aborto foi uma bomba, algo destrutivo que deixou estilhaços em seu coração. Consequentemente, as pessoas ao seu redor também foram atingidas pela explosão... No início, quando eu ainda não sabia dos detalhes, eu culpava mentalmente a mulher: como ela era fútil, importando-se apenas com a aparência e descontando tudo no marido, o qual não fez nada de errado, a não ser trabalhar horas e horas para sustentar parte das contas... Hoje, eu me amaldiçoava por pensamentos tão feios e somente Nathaniel tinha conhecimento deles; era o único que sabia dos meus podres e me ajudava a sobreviver, lutando contra eles.

Assim, depois de cair na própria armadilha do passado, ela simplesmente fechou a cara, em um misto de dor, raiva e angústia, e não dirigiu mais a palavra a mim, como se fosse minha culpa ter de lembrá-la de papai a todo momento. Começou a me ignorar, algo que eu relevava quando eu conseguia, o que decidi fazer desta vez, porque não queria estragar mais ainda nosso recomeço de vida. Ela resolveu outras coisas sobre nossa mudança e também reclamou escandalosamente pelo celular com a firma que não entregara nossos pertences ainda. Pelo que entendi, erraram na hora de colocar nossos objetos nos caminhões e, portanto, eles foram para um outro estado e, o que estava vindo para nossa casa estava preenchido de bens de outra família. A previsão era de que tudo chegaria somente no dia seguinte, então, adeus à possibilidade de decorar meu quarto.

Eu comia um lanche do McDonald's, pois não havia como preparar um almoço em casa, assim, compramos no caminho para o set, sendo que apenas eu me atrevi a ingerir aquele hambúrguer com altas taxas calóricas e mamãe contentou-se com uma garrafa de água. Só não sabia como... Eu pensava em Nathaniel e em como ele disse que eu iria engordar ao comer tanto fast-food. A lembrança da mensagem por Skype fez com que um esboço de sorriso formasse em meu rosto.

Realmente esperava que eu conhecesse pelo menos uma pessoa com que me relacionar na escola ou durante as filmagens... Como eu sempre vivera ao lado de Brown, fazer amizades não era meu ponto forte, mas eu não poderia depender de meu amigo para sempre. Estava na hora de andar com minhas próprias pernas; aprender a sorrir sem necessitar de alguma memória londrina; esquecer e perdoar a maneira como minha mãe agia comigo... A cada olhar da mulher, uma pontada de mágoa surgia dentro de mim, porém, eu não queria mais pensar mal dela, afinal, era a minha mãe. Mãe esta que vivenciou uma experiência horrível. Eu ainda tentava entender seu lado; eu precisava...  Já errara meu julgamento sobre ela uma vez, não cometeria o mesmo deslize novamente.

Alcancei meu celular na bolsa, coloquei os fones de ouvido e abri o Skype. Tudo bem que eu planejava conhecer novas pessoas e não depender de Nate, entretanto, precisava contar para ele aonde eu ia e, talvez, causar uma inveja positiva, feita de bom coração de um melhor amigo para o outro. Ok, eu iria me divertir.

Encarei o garoto pela tela e abri um sorriso debochado.

— Adivinha para onde estou indo neste exato momento?

Nathaniel arqueou a sobrancelha e fez uma careta, como se estivesse lendo minha mente em busca da resposta.

— Para o mundo da obesidade? — Chutou, irônico. — Vejo batatas na sua mão, Pips? Ou é só impressão?

Revirei os olhos dramaticamente.

— Vou conhecer o elenco. — Sorri genuinamente, revelando a informação em um tom melodioso. — Hoje; daqui a pouco; em poucos minutos...

Enquanto eu analisava a estrada, ele deu um riso anasalado e negou com a cabeça algumas vezes.

— Esfrega na cara mesmo, sua filha da mãe! — Enviou-me um olhar falsamente assassino. — Já imaginou o que vai falar quando vir Andrew Lincoln novamente? Ou como vai falar com Norman Reedus? Ei! — Nate ficou ereto de repente, como se lembrasse de algo muito importante. — Peça um autógrafo a Lauren para mim ou terá sérias e dolorosas consequências, entendeu?

Mordi os lábios, fingindo contemplar a ideia. Mais uma vez no dia, o menino enviou-me uma expressão estranha e eu só queria dar umas sacudidas nele para conseguir meu parceiro de volta. O que estava acontecendo com ele? Nathaniel começara a agir de maneira absurdamente diferente desde que eu chegara aos Estados Unidos e eu estava morrendo de curiosidade sobre a razão de seus olhos brilharem como estrelinhas cintilantes cada vez que eu abria a boca para falar alguma coisa.

— Vou pensar no seu caso, Brown. — Me fiz de difícil, contendo um sorriso. — Você está abusado demais. Só me insultando...

— Como não vamos nos ver toda hora, meu dever como amigo é sempre insultá-la, Pips. Vai saber que não sabia disso? Está no manual do bom amigo. — Adquiriu, então, um semblante sério. — Além do mais, se eu não a deixar na linha, você se tornará aquelas garotas chatas e mesquinhas.

Fiz uma careta.

— Bata três vezes na madeira por mim, idiota. — Ri. — Tenho que ir... Vou descobrir quem é... — Eu estava prestes a dizer o nome da minha personagem, mas mordi minha língua a tempo. — Ah, não posso dizer. Política de sigilo. — Sorri, singela. — Vou matar você de tanto suspense agora!

— Sinta-se livre para tentar. — Rebateu. — Você tem algum tipo de característica em mente? Sabe: "Ah, era assim que eu gostaria de ser..."...

Eu até havia pensado no assunto e, sinceramente, eu não queria ser alguém facilmente descartável; queria ser uma sobrevivente como Rick, Daryl, Michonne e o restante do grupo; queria cantar, mas isso ocuparia o lugar eterno da pequena Greene... Só de me imaginar tendo uma morte injusta como a de Beth, uma das minhas prediletas na série, me dava calafrios. Após assistir ao episódio oito da temporada cinco, passei noites em claro em estado de decomposição psicológica. Chorei até não aguentar mais e surtei — Nate precisou aguentar tudo, afinal, quem mandou ele ser amigo de alguém tão sensível? —, passando dias só amaldiçoando os roteiristas. Talvez eu não tenha chorado tanto quanto na temporada anterior, quando o bom velhinho, Hershel, bom... Daquela vez, eu queria me afundar no edredom e não sair mais de lá, somando ao fim nada satisfatório que o maldito Governador teve. É, foi difícil de engolir...

— Estou pronta para o que der e vier.

O jovem entortou os lábios, impressionado e não acreditando em uma palavra minha sequer.

— Aham... E se você interpretar a antagonista, hein?

Dei uma leve gargalhada, divertida, imaginando-me como a pirralha que matava pessoas inocentes, apenas pelo puro prazer de assistir suas vítimas sofrendo e partindo em meio às próprias poças de sangue. Eu duvidava um pouco que Jodie Lancaster fosse alguém assim.

— Com essa minha carinha de santa?

— Ha ha... De santa você não tem nada, Piper Murray. — Ergueu o queixo com uma superioridade irônica. — Espera só eles conhecerem quem você é de verdade! Um ser diabólico e das trevas... Você esconde seus chifres com o cabelo.

Esbocei um sorriso cínico e murmurei um "Tchau, bobão. Passar bem.", antes de desligar o Skype. O carro acabara de virar à direita e, logo, seguimos por uma estradinha de terra. Os pneus faziam peso contra os cascalhos e, a cada metro à frente, sentia meu estômago fazendo acrobacias e tentando devolver meu almoço nada saudável.

Eu realmente estava lá. Pensar que conheceria um elenco perfeito dava-me calafrios. Deveriam ser calafrios bons. E só de imaginar Andrew lembrando-se de mim já fez com que eu fizesse uma lista mental sobre o que faria. Ela incluía: negar veemente até o ator desistir; rir e tentar tornar o clima mais cômico que humilhante; sair correndo e me esconder em algum canto; controlar o impulso de desmaiar de tanta vergonha... E não era só. Ainda havia o fato de conhecer Chandler Riggs. Eu iria ficar escarlate só de olhá-lo, pois durante um tempo eu tive um "crush-monstro" nele. Era uma tolice guardada em segredo e a minha única informação inteiramente sigilosa, já que nem Nate tinha conhecimento desta.

Depois de algumas semanas, o que eu sentia acabou passando, por sorte. Era meio vergonhoso, ainda mais que ele possuía uma namorada. Gravar com o garoto no mesmo espaço, tentando não ruborizar, seria um desafio, porém, se eu realmente quisesse ser atriz, eu precisava saber dividir minha vida pessoal da minha profissional.

Logo, chegamos em uma catraca. Uma casinha com vidro escuro na janela estava no meio dos dois corredores para passagem de veículos, onde um homem segurava uma prancheta e era cercado por um computador e um rádio. Ele escutava alguma música country, enquanto observava as imagens filmadas pelas câmeras de vigilância na tela.

— Boa tarde, sou Felicity Murray, mãe de Piper Murray. — Minha mãe apresentou-se ao guarda. — Minha filha recebeu um e-mail pedindo que ela comparecesse ao set de filmagens após o almoço... É sobre a personagem que ela interpretará.

O homem analisou em sua lista os vários nomes, a qual provavelmente continha toda a vida agitada dos que trabalhavam por trás das câmeras, como também o elenco e outras pessoas importantes. Depois de alguns segundos, o cara assentiu com a cabeça algumas vezes — provavelmente por ter encontrado nossos nomes — e anotou a placa do Prius.

— É só seguir reto e virar à esquerda. — Explicou, entregando uma ficha, a qual dizia que estávamos usando o serviço do estacionamento. — Estará tudo sinalizado, senhora... Vou avisar que chegaram.

— Obrigada.

A catraca foi levantada e minha mãe fechou o vidro, dando partida no carro e obedecendo as coordenadas dadas pelo funcionário. Logo, estávamos com o veículo prata estacionado em uma das vagas restantes e a mulher ainda não havia tirado a chave do contato. Seus dedos de porcelana ainda estavam abraçando o volante e eu simplesmente sabia que ela estava prestes a dizer algo, enfim. Decidir permanecer quieta, aguardando-a pelo tempo que precisasse. Nessas horas, eu tinha ciência de que ela precisava organizar direito seus pensamentos e palavras, por isso, esperei com bastante paciência.

— Querida, me desculpe. — Ela encarou-me finalmente. — Eu sei que está sendo muito complicado para você e eu sou uma das grandes causas para você estar meio caidinha. — Molhou os lábios, frustrada. — Eu estou tentando, Piper. Eu estou, entendeu?

Suspirei, em silêncio. Estava surpresa pela franqueza de minha mãe e internamente, feliz. Não era algo muito comum para ambas nos abrir daquela maneira, por mais curto e direto fosse o comentário.

— Eu também estou. — Disse, sentindo um bolo choroso em minha garganta. — Também estou, mãe...

Saímos do carro e fomos em direção ao edifício principal. Alguns trailers encontravam-se mais ao longe e várias pessoas trajando bonés — por conta do intenso sol — corriam para todos os lados. Em suas mãos, papeladas, maletas, entre outras coisas essenciais evidenciavam a correria e o compromisso em relação ao trabalho na série.

Ao abrirmos a porta dupla, o ar condicionado imediatamente refrescou meu rosto e eu suspirei, aliviada. Eu continuava com minha embalagem vermelha de batatas-fritas do McDonald's, mesmo mamãe tendo me enviado um olhar frustrado pelo meu comportamento. Fazer o quê? Eu não abandonaria minha comida no carro... Estava com fome.

O saguão estava aparentemente vazio. Ele era preenchido por alguns sofás de couro e mesinhas de centro comportando revistas, além de vasos consideravelmente grandes decorando alguns dos cantos da saleta. Eu girei os calcanhares, encarando o espaço ao meu redor com uma animação e um certo temor sobre como minha vida passaria a ser dali em diante.

De uma porta, uma mulher vestindo roupas simples e confortáveis apareceu com uma série de pastas, e seu cabelo estava todo bagunçado, tamanha a agitação do retorno das atividades. Realmente deveria ser uma correria daquelas começar as filmagens, tendo que arrumar tudo; conseguir o que faltava a qualquer custo; organizar as falas, a equipe e cumprir com o período de tempo que lhes fora dado.

— Boa tarde. — Ela falou automaticamente, como se estivesse com pressa. — Nomes, por favor?

Antes que pudesse nos dar a chance de responder, ela levantou o dedo indicador, pedindo-nos silenciosamente para aguardarmos um momento. Ela pareceu estar ouvindo algo em seu ponto na orelha.

— Ah, sim... — Fitou-nos de novo. — Sra. e Srta. Murray, não é? Bem-vindas à Atlanta. Fizeram uma boa viagem?

— Sim, obrigada. — Minha mãe sorriu, escondendo sua faceta usualmente perdida em pensamentos dolorosos. — Tenho algo para assinar, eu presumo?

— Ah, sim! Por favor, me acompanhem.

Seguimos por um corredor transversal e, no final dele, havia uma sala de reuniões. Uma mesa comprida estava repleta de papeladas e alguns laptops. Três pessoas discutiam os assuntos importantes da série, porém, levantaram o rosto quando minha mãe e eu entramos no recinto.

— Boa tarde, Piper. — A mulher estendeu a mão para minha mão e eu. — Sou Gale Hurd, produtora da série. Estes são Scott Gimple, também ajuda na produção, e acho que já conhece nosso diretor executivo, Robert Kirkman.

Ela provocou alguns risos e eu cumprimentei a todos, extasiada.

— É um prazer conhecê-los. — Forcei um sorriso calmo. — Nem acredito que estou aqui.

— Você tem muito potencial, Piper. — Scott arqueou as sobrancelhas. — Nossa equipe de casting acertou em cheio ao escolherem você. Ficamos surpreendidos por sua performance naquele vídeo. Um tal de... — Teclou algumas palavras no computador. — Nathaniel Brown fez o favor de nos contatar, não é?

Aumentei meu sorriso, tornando-o menos forçado. Eu estava realmente feliz de ter alguém como Nate em minha vida e pensar que demoraria para vê-lo novamente pesava em meu coração.

— Ele é um grande amigo. — Molhei os lábios. — Provavelmente o melhor do mundo... Só não deixe ele saber disso, se não ele ficará todo convencido.

Eles riram e minha mãe até conseguiu dar um sorrisinho também. Será que era para manter a boa aparência ou ela estava sendo sincera? Decidi somente me concentrar nos três indivíduos à minha frente, com certeza, eu ganharia mais.

— Scott tem toda razão. — Gale concordou. — Não demorou nem uma semana para sabermos que era de você que precisávamos para abrir a segunda parte da temporada.

A informação bateu contra mim e voltou, refletindo minha surpresa. Nem sei quanto tempo fiquei piscando, igual a uma idiota, e boquiaberta, ainda tentando assimilar o que ela dissera. Abrir a segunda parte da temporada? A Sra. Hurd estava tirando uma com a minha cara?

— Ahn, me desculpe... — Murmurei. — Você acabou de...

— Como eu mencionei, Scott tem toda razão. — A produtora interrompeu-me gentilmente. — A senhorita tem um grande potencial e com as cenas certas, acredito que terá um espaço muito grande para estrelar no universo cinematográfico mundial. No vídeo, você cantou, falou sobre a sua vida com o jovem Nathaniel e interpretou uma típica americana em diversas situações: apenas o dia-a-dia; apocalipse; mundo sobrenatural... Foi uma das melhores audições que tivemos a oportunidade de assistir. Passou direto pelo processo de seleção e não demorou muito para ser escolhida, obviamente. — Abriu um sorriso orgulhoso. — Ficamos em dúvida no início, entretanto, pois não fora uma audição clássica, com sua presença física na sala, e ainda havia o fato de você apresentar o sotaque britânico, contudo, a senhorita consegue esconder perfeitamente o sotaque. É incrível!

— Um dos meus maiores sonhos era estrelar em algum filme de Hollywood. — Confessei, sentindo-me corar pelas palavras da mulher. — Desde pequena, eu treinava para esconder meu sotaque e torná-lo o mais imperceptível que desse...

— Bom, vejo que valeu à pena.

— Ahn, com licença.

Franzi a testa e olhei para o lado, deparando-me com uma expressão frustrada vinda de minha mãe. Ela deveria estar, sei lá, orgulhosa. Então, por que ela aparentava estar impaciente? Aquela era ela tentando?

— Eu tenho um importante compromisso e...

Suspirei pesarosamente e fiquei séria.

— ... e minha mãe precisa assinar o que tiver para ser assinado o quanto antes. — Completei automaticamente com uma voz tediosa e magoada. — Me desculpem por isso, mas há alguma maneira de acelerarmos isto para ela não perder o compromisso com a empresa?

O clima ficou meio pesado e um tanto desconfortável. Afinal, não era para menos... Minha mãe, a responsável por mim, estava me abandonando ali, quando ela deveria estar animada e feliz por tantos talentos destacados por Hurd. Na realidade, parecia até que a produtora havia adotado o papel maternal há alguns minutos.

— É realmente importante... — Mamãe fez o favor de enfatizar. — O que eu preciso assinar?

Houve mais alguns minutos de silêncio até Scott tirar de uma pasta de couro uma série de formulários para ela dar uma olhada. Era uma pilha de umas vinte folhas, contendo possivelmente certificados de sigilo, dados sobre meu salário, entre outras coisas...

— Estávamos pensando em fechar um contrato para mais duas temporadas, além do finalzinho desta quinta, por enquanto. — Gale ponderou. — Não sabemos muito sobre quantas mais temporadas já estão garantidas, mas vamos conversando sobre isso conforme o tempo passe.

Consegui esboçar um leve sorriso, ainda ciente da presença de minha mãe apressada, a qual assinava os documentos com uma voracidade bem desnecessária, tanto é que não demorou muito para ela levantar-se e agradecer aos três adultos e enviar um beijo no ar para mim, dizendo por fim: "Me ligue na hora em que eu precisar buscá-la.". Pelo menos, mamãe me buscaria...

— Me desculpem por isso. — Fiz questão de repetir, ainda humilhada publicamente. — Ela preza demais o trabalho.

Eles sorriram, meio desconcertados e entreolhando-se, porém, pela primeira vez, Robert pronunciou-se, dando fim ao silêncio constrangedor:

— Como você dizia... — Incentivou a todos que deixassem o incidente para trás. — Você sempre gostou de atuar?

Assenti, agradecida pela mudança de ares.

— Sim, é um sonho realizado agora.

— Você é uma gracinha de menina. — Hurd juntou as mãos e sorriu. — Nem parece a garota do vídeo, fingindo ser uma assassina profissional de zumbis. Não acham, senhores? — Deu um riso anasalado. — Acho que nosso segundo roteiro vai se encaixar muito bem entre eles... Que tal chamá-lo agora?

Arqueei a sobrancelha discretamente. tentando acompanhar o diálogo entre eles. Chamar quem?

— Piper, lembra-se de que mudamos a vida de Jodie Lancaster? — Scott indagou. — Bom, tivemos a ideia de pintar um outro triângulo amoroso na série. Os jovens adoram isso. — Suspirou. — Queremos fazer uma pequena audição agora para ver com qual roteiro seguiremos com a sua personagem, tudo bem?

Engoli em seco e dei de ombros, um pouco temerosa. Será que eu teria de beijar alguém? Eu nunca havia beijado uma pessoa na vida real, como seria ter que fazê-lo na tela, com a equipe inteira assistindo? Ai, não... Eu morreria de vergonha, porém, se atuar era meu sonho, eu precisava saber dividir minhas vidas.

Alguém bateu à porta, interrompendo meus pensamentos adoidados.

— Com licença...

Gelei, reconhecendo a voz masculina. Mantenha a compostura, Piper Murray... Compostura... Ai, eu não esperava por isso. O que eu faria? Ainda bem que eu estava bem maquiada e minha base esconderia minhas bochechas vermelhas como um tomate maduro, pensei. Seria um tanto vergonhoso. Ele tem uma namorada e minha fase "tenho um crush-celebridade" já havia passado, certo? Por que eu estava tão nervosa? Ele estava se aproximando...

— E aí, gente? Vocês me chamaram?

Eu ainda não havia virado para trás, continuava rezando para não cometer alguma besteira hedionda, algo praticamente impossível. Eu precisava ter autocontrole, isso sim. Se eu continuasse fazendo merda atrás da outra eu nunca conseguiria ser atriz. O que acontecera com Andrew não poderia, em hipótese alguma, se repetir. E seria atriz, simples. Fingiria estar confortável e nem um pouco preocupada. Somente sorria e acene... Ao tentar virar, desisti e prossegui daquela forma, dando as costas ao ator mirim.

— Olá, Chandler. — Robert cumprimentou o garoto. — Como foram as férias?

— De boas... — Respondeu. — Fiquei um bom tempo em Orlando e viajei para alguns lugares com a família também. Foi legal.

— Que bom. — Gimple sorriu. — Hora de voltar ao trabalho, garoto. Preparado para matar uns errantes?

— Nasci pronto, Scott. — O adolescente brincou. — Pode mandar.

— Assim que se fala, Chandler. — Gale sorriu, ficando ao meu lado e forçando-me a olhar para o menino. — Esta é a nossa mais nova atriz da série. Se tudo der certo, vocês vão fazer várias cenas juntos.

Ele era tão lindo pessoalmente... Quero dizer, foco! Compostura, Piper Murray. Compostura!

— Eu sou o Chandler. — Sorriu. — Qual é o seu nome?

Ok, minha compostura foi para o saco... Arquejei, tentando respondê-lo, mas eu não conseguia. Ele estava falando comigo! Eu nem acreditava. Nossa, como eu era tão trouxa e não sabia?

— Chandler Riggs. — Falei, entorpecida, até piscar e fazer uma careta. — Quero dizer... Não! — Praticamente gritei e juntei as sobrancelhas, ao vê-lo se assustar pela minha reação. — Você é Chandler Riggs. — Dei um riso estranho, repleto de vergonha. — Seria estranho ter duas pessoas com o mesmo nome e na mesma série, não é? — Ri mais um pouco, sem sentir o mínimo de graça. — Imagina! Uma loucura... — Estava ciente de estar dizendo tudo muito acelerado e eu só conseguia pensar "Pare de falar agora, sua retardada!". — Pff... Praticamente impossível. E eu... Eu sou uma garota. Estranho duplo! — Arregalei os olhos. — Tão... — Minha voz foi sumindo gradativamente. — ... estranho. — Suspirei como uma condenada, fitando meus próprios pés. — Piper Murray. — Alcancei meu pacote inacabado de McDonald's. — Quer batata?

Por que eu possuía essa saída estúpida de oferecer comida às estrelas de "The Walking Dead" quando fazia alguma burrada? Era macumba, só poderia ser isso. Ou karma. Quero dizer, eu sempre fui um ser inocente demais para receber um retorno tão cruel assim... Não poderia ser karma. Alguém deveria estar fazendo vodu. É... Eu queria tanto dar um tapa na minha própria cara e me enfiar na lata de lixo, a qual estava ao lado da porta. Será que... Nem pense nisso. Sua imagem será destroçada. Foco!

— Anh... — Chandler corou um pouco, mesmo tendo um sorriso incerto no rosto. — Obrigado. É que eu acabei de almoçar.

Acenei com a cabeça e voltei a encarar o chão. O carpete de repente parecia tão interessante...

— Ela é adorável, ainda mais com esse sotaque... — Scott riu. — Agora, continuando... Chandler, estávamos pensando em um triângulo amoroso, lembra? A Katelyn deve estar chegando, só que vocês dois já se conheceram. Bom, esta é Piper Murray, a possível terceira parte desse triângulo. Podemos fazer um teste rápido agora? Só para esclarecer nossas dúvidas...

— É claro. — Aceitou as folhas grampeadas, as quais lhe foram estendidas. — Jodie... — Leu o nome em voz alta, como se o testasse. — Jodie Lancaster. Gostei.

Peguei o meu script temporário e imediatamente a vergonha foi embora. Era tão simples... Eu sabia que era ali mesmo que eu deveria estar. Era a minha casa: um script e minha personagem, somente. Li as palavras grifadas com marca-texto azul, indicando as minhas falas, e sorri para mim mesma. Jodie Lancaster vinha antes de dois pontos, apresentando o que eu diria, sendo intercalado pelas frases de Carl Grimes. Era perfeito, era real.

— Comecem quando se sentirem prontos. Não há a necessidade de decorar, é apenas uma coisa rápida, jovens.

Tomei coragem para fitar Riggs e eu indaguei silenciosamente um "Pronto?". Ele assentiu e eu fiz o mesmo em resposta. A primeira fala seria minha e Jodie havia acabado de matar alguns errantes e escapar de uma horda, que a cercara uns minutos antes. Ela arfava e sentia um cansaço terrível — palavras do script, não minhas — e daria de cara com o filho do xerife... Decidi começar daquela maneira: andar, trôpega, e arquejando.

Chandler fingiu surgir na surdina e passou a me observar. Na verdade, Carl estava entre as folhagens e fitava Jodie, a garota que parecia ter levado belas surras do apocalipse. "Um galho quebra."... Era a minha deixa; quando minha personagem percebe que estava sendo seguida por alguém.

— Quem está aí? — Escondi meu sotaque britânico. — Apareça.

— Eu a vi em Alexandria. — O garoto admitiu. — Por que não está lá, segura?

Estreitei os olhos e dei uma volta no mesmo lugar, tentando encontrar o garoto no meio das árvores.

— Não gosto de lá. — Praticamente cuspi minha resposta, observando cada parte daquela sala de reuniões. — O que você está fazendo aqui?

O então incorporado Carl demorou um tempo para responder, como mandado pelo roteiro.

— Estava atrás de uma pessoa.

Dei um riso anasalado, debochando. Empunhei minha faca imaginária, mostrando ter a impressão de saber aonde ele estava escondido. Aproximei-me lentamente de Chandler, fingindo não enxergá-lo, apesar dele estar a poucos metros de mim, agachado ao lado de uma das cadeiras, e ser praticamente uma missão impossível não querer fitar seus olhos azuis.

— Enid, talvez? — Esbocei um sorriso irônico, encarando de relance minha próxima frase no papel. — Ela também não quer esquecer daqui, o lado de fora, onde a morte nos rodeia...

Riggs finalmente levantou-se, atuando a cena em que Grimes revela seu esconderijo.

— O filho do xerife... — Minha voz estava transformada: tanto pela falta de sotaque como pela presença de um tom quase maldoso. — Novato de Alexandria. Não aguentou ficar ao redor de gente vivendo suas vidas normais?

— Tanto eu como você sabemos que não temos mais vidas normais. Aquilo é uma mentira. Pessoas fracas vivendo uma mentira bem arquitetada.

Sorri, desconfiada, franzindo os lábios.

— Exatamente. Ninguém está seguro. — Adquiri um semblante triste e evitei contato visual. — Vamos voltar...

— ... Carl.

Pisquei algumas vezes, ainda sem encará-lo, e comecei a andar para o extremo oposto da sala, fingindo rumar para Alexandria. Tentei suprimir a felicidade de finalmente a comunidade aparecer na série. Era uma pena que não poderia revelar essa informação a Nate, mas ele ficaria ansioso, sendo fã dos quadrinhos como eu...

— Ei! — Chandler correu até mim e segurou meu pulso suavemente. — Qual é o seu nome?

Respirei fundo e virei parar trás, fitando-o profundamente e absorvendo cada tonalidade de azul presente em suas orbes. Minha expressão precisava ser bem séria e um tanto melancólica, fingindo pensar no meu passado tenebroso. Tudo isso, sem esquecer da minha postura cansada.

— Jodie... — Ergui o queixo. — Jodie Lancaster.

A cena havia acabado e eu quase fiquei tentada a permanecer mais meia hora olhando para Riggs, porém, isso seria muito inadequado. Forcei desviar minha atenção dele e buscar respostas dos três adultos, os quais conversavam entre si animadamente. Isso era um bom sinal, certo?

— Que química, meu Senhor! — Scott estava radiante, mesmo tendo aquele semblante compromissado. — Estamos de acordo aqui, não é?

— Com certeza.

— Vocês trabalharam muito bem juntos. — A produtora sorriu, entregando a nós os nossos reais scripts. — Piper, ficaremos com a segunda versão do roteiro, a que possui o triângulo amoroso.

— Ahn... Ok.

— Vamos apresentá-la ao restante do elenco, tudo bem?

~*~

Eu quase caí de costas, mas tentei manter uma postura altamente profissional, como se eu conhecesse elencos perfeitos diariamente; quase uma rotina. Não deixaria meu lado saltitante de tanta felicidade e animação abrir espaço, igual a um carro-monstro. Compostura, compostura... Susprimi o desejo de sair pedindo selfies e autógrafos, fitando, externamente comportada, as oito pessoas ali presentes.

Reconheci Norman Reedus, que interpretava Daryl Dixon, o caipira mais desejado do mundo pós-apocalíptico. Ele era o que mais zoava, seguido por Andrew; ambos estavam fazendo graça com o restante das pessoas, acompanhados por Steven. Eu não conseguia acreditar: era o Glenn! Danai Gurira conversava com Sonequa e Melissa Mcbride. Na minha cabeça, apenas martelava: "Meu Deus! Michonne, Sasha e Carol! Que deusas, vou morrer!", porém, eu transparecia um ar de "Hm, que interessante, acho que as conheço de algum lugar... Ah, mas isso não importa muito, seremos somente colegas de trabalho.".

Em um canto, perto de uma mesa repleta de biscoitos, tortas e bolos, havia um garoto loiro que estava sentado escorado à parede, mexendo no celular e totalmente alheio ao mundo de celebridades perto dele. Eu tinha a impressão de que era o filho de Norman, porém, não tinha muita certeza. Para ser sincera, não era no adolescente que a maioria das garotas prendia sua atenção, e sim, no quarentão palhaço, o qual era seu pai.

— Pessoal, esta aqui é a nossa Jodie Lancaster, oficialmente. — Scott apresentou-me. — Personagem nova nessa segunda parte da temporada. Comportem-se vocês, ouviram? Precisamos resolver mais algumas coisas...

— Ah, pare com isso, Gimple. — Steven fingiu desdém e sorriu, em seguida. — Você nos ama. Nem consegue esconder nessa sua expressão séria aí.

O elenco presente deu umas risadas, soltando uns "E aí?", "É um prazer." e uns "Bem-vida à família Walker.". Eles vieram em minha direção, cumprimentando-me com alguns abraços ou apertos de mão calorosos que me deixaram um tanto desconcertada. Logo, falaram com Chandler, bagunçando seu cabelo, o qual ficava mais e mais comprido a cada temporada nova.

— Oi, eu sou Piper Murray. — Sorri, encabulada. — É u-uma honra poder trabalhar com vocês, gente. — Gaguejei um pouco. — Vocês são demais.

— Uma fã?

Dei de ombros para Norman. Minha intenção era não transparecer como eu estava enlouquecendo ao redor de tanta gente maravilhosa, mas... Era o elenco de uma das minhas séries prediletas. Eu estava surtando internamente e uma hora ou outra eu não conseguiria esconder mais. O jeito era ser sincera e tentar amenizar as coisas.

— Quem sabe? — Rebati.

— Aí sim, hein?

Reedus levantou a mão e fizemos um high-five, provocando risos desconcertados de minha parte. Eu acabara de falar com Norman Reedus, sociedade! Ai, meu coração...

— Eu conheço você de algum lugar?

Gelei e arregalei os olhos, corando levemente. De repente, um silêncio oportunista surgiu e eu sentia holofotes escancarando meu mico do passado. Ah, como eu iria perturbar Nate pela eternidade; ele que aguardasse uma Piper Murray transformada em um monstro raivoso de sete cabeças, pronto para matá-lo... Abri a boca para responder, sentindo os olhares curiosos sobre mim e a expressão ansiosa de Andrew, contemplando se eu poderia ou não ser a fã obcecada e maluca daquela tarde em Londres. Meu coração bateu em falso e eu mordi os lábios.

— Ahn... — Troquei o peso para minha perna esquerda. — É, isso é meio...

— Você é a menina da caixa de rosquinhas, não é? — O ator interrompeu-me e agitou o dedo indicador, sorrindo amplamente. — Eu sabia que já havia visto você antes!

Respirei fundo, derrotada.

— ... constrangedor. — Completei, esboçando um sorriso de lado para transparecer meu desespero e minha humilhação. — Olha... — Juntei as mãos, como em uma prece silenciosa. — Aqueles eram outros tempos... — Tentei me explicar. — Tipo a minha Idade Média pessoal, sabe? A Idade das Trevas de Piper Murray. Por favor, esqueça tudo daquele dia. — Supliquei, estranhando o semblante cômico de todos. — Eu ainda estava afetada pelos acontecimentos após o ataque da prisão. Eu estava atrasada e decidi atualizar a série, tão feliz, e vocês mataram o Hershel! Mataram o bom velhinho, seus sem-coração! — Fiz um biquinho. — Então, não... Eu não respondo pelas minhas ações daquele dia! Eu não era... Eu!

Eu suspirei, percebendo que eu falara tudo em uma velocidade sobrenatural e não havia respirado nem uma única vez, tamanha minha vergonha. Minhas bochechas deveriam estar escarlate, apesar da maquiagem, ainda mais quando terríveis segundos de silêncio prolongaram-se depois de meu surto, e eu queria correr para me esconder. Pigarreei, arrumando meu cabelo, apesar dele estar perfeitamente alinhado e liso.

De repente, todos começaram a rir e eu senti minhas mãos formigarem de vergonha.

— An, na realidade, parece igualzinha a Piper Murray da sala de reuniões... — Chandler comentou com um sorriso sacana. — Bateu aquele reconhecimento agora.

Estreitei os olhos, sentenciando Riggs à morte, porém, manter minha postura assassina era meio difícil, tendo aquele sorriso para combater.

— Seja o que for que aconteceu naquele dia, garota, acho que você era você, sim. Pelo jeito, foi uma palhaçada das boas... — Norman zoou. — Não vai contar o que significa "a menina da caixa de rosquinhas", Piper? — Deu um riso anasalado ao ver minha frustração. — Não? Ah, vamos lá, gente... Qual é? Ei, Andy, e você?

Fitei Andrew e e ele fez o mesmo comigo, com um sorriso estampado no rosto. Eu neguei repetidas vezes, boquiaberta, e ele aproximou-se de mim, colocando um dos braços pelo meu ombro e preparando-se para narrar a centésima sexta história humilhante da vida de Piper Murray.

— Ela...

Será que se eu permitisse que ele dissesse, a situação pioraria? Ou melhor: tinha como piorar?

Ok! — Praticamente gritei. — Eu conto... — Suspirei, fuzilando tanto Lincoln como Reedus, recebendo em troca risos anasalados. — Eu saí com um amigo para comprar rosquinhas e o Andrew estava passando pelos arredores. Aí, como não queríamos passar por fãs comuns, nós decidimos ser mais originais e, portanto, inesquecíveis... — Bufei, penando em como fomos idiotas. — Nós abordamos Andrew...

— Lê-se: "quase jogamos Andrew contra o chão". — O mesmo pontuou, divertindo-se. — Você quase pulou em minhas costas!

Bufei.

— Ai, que exagerado... — Suspirei teatralmente, mesmo imaginando se eu, de fato, quase o colocara para beijar a calçada. — Eu fiquei um tanto acanhada na hora e nosso plano — do Nate e eu — falhou, então, eu congelei e a única coisa que pude pensar foi oferecer uma rosquinha a Andrew.

— Você oferece comida a estranhos oportunamente assim? — Chandler decidiu colocar mais lenha na fogueira. — Rosquinhas, batata...

— Aí tem coisa, hein? — Steven arqueou uma sobrancelha sugestiva para Riggs e para mim, sorrindo divertidamente. — Tem mais história?

— Não!

— Ah, tem...

O garoto e eu respondemos ao mesmo tempo, enquanto Andrew se rachava de tanto rir, compartilhando o resto do meu mico de Londres com Norman e Danai. Ai, não. Como isso aconteceu? Ah, não. Argh. Nate vai morrer; ele que me aguarde. Aquela peste traidora... E ainda havia o adolescente lindo de... Compostura, Piper. E ainda havia Chandler para piorar minha situação.

— Vocês não estavam lá... — Lincoln deu um riso anasalado. — Foi algo tão aleatório e... — Pausou, à procura da palavra certa, mas logo pareceu desistir. — ... merda! Sinto muito, mas foi estranho, garota.

— Ei! — Protestei, fingindo irritação, porém, em vão. — Isso é jeito de falar com as fãs?

Por um tempo, esqueci de meus sacrifícios, de mamãe me magoando... Eu estava me divertindo. Assim como Brown me ajudava a espairecer, aquela família Walker parecia a maneira perfeita de dar fim aos meus problemas. Eu estava aonde deveria estar. Talvez fosse um dos melhores dias da minha vida. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam??? Comentem, gente, por favor.
Agora a parte importante: temos um trailer! Surpresa!!!
> Link do trailer de "Flashlights & Clapperboards":
https://www.youtube.com/watch?v=tOSk3Ye0i1U
Espero que gostem.
Xxxxxx



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