Flashlights & Clapperboards escrita por Paper Wings


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey! Para quem não me conhece, sou Paper Wings, prazer. Tenho outras fics sobre TWD, como "Natural Selection" e "Not About Angels", e sintam-se à vontade de dar uma conferida nelas, combinado?
A garota da capa é a Emily Rudd. Tenho plena noção de sua idade, mas convenhamos... Ela tem uma carinha de adolescente ainda, então, sim, ela é a nossa Piper Murray. *w*
> Importante!!! Link nas notas finais, então, leiam, ok? ⬇⬇⬇
Boa leitura a todos.



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Acho que estou nas nuvens. Bom, não literalmente... Quero dizer, na verdade, literalmente também, pois estou no avião, rumo à Atlanta, Geórgia. Só que não era bem disso que eu estava falando. Dentro da minha cabeça, sinto estar flutuando com as nuvens, vivendo meu sonho e finalmente feliz. Ainda não consigo acreditar em como tudo foi rápido e inusitado.

Meu nome é Piper Murray e sou inglesa. Sempre fui da capital, nasci e vivi meus quinze anos completos de vida em Londres, e eu gostava muito de lá, apesar dos apesares... No apartamento de minha família, meus pais deixaram-me ter não só a privacidade de decorar meu próprio quarto, como também um cômodo à parte, no fim do corredor, que não tinha qualquer uso previsto. Fiz de lá o meu refúgio, afinal, toda adolescente precisa de um. Tenho orgulho de revelar que possuía, então, dois refúgios, onde somente uma pessoa, além de nossa empregada, tinha o direito de entrar: Nathaniel, meu único e melhor amigo de todos os tempos.

Nate e eu nascemos grudados, como nossas mães diziam... Conheço ele desde os meus dois ou três anos de idade e, para ser sincera, só de me imaginar nos Estados Unidos sem a sua companhia, sinto um embrulho no estômago e meu coração parece querer pular pela boca de tanto receio. Nem sei quem é Piper Murray sem Nathaniel Brown. Esse foi um dos meus maiores sacrifícios, abandonar meu parceiro de todas as horas.

Sacrifícios... De fato, fiz vários para concretizar meu sonho. Deixar Nate, o meu bobão favorito; meu quarto e meu refúgio seguro, o qual guardava os meus segredos mais obscuros, que apenas meu amigo tinha conhecimento; o melhor pub do mundo — identidades falsas são impressionantemente oportunas nessas horas —; meu pai... Uma jogada estratégica, eu diria. Ao receber o telefonema sobre o resultado da audição, meus pais estavam vivenciando um momento muito delicado, e foi quando eu soube, escondida atrás da porta, de um aborto espontâneo e a perda de um futuro irmão ou irmã. Ambos nunca me contaram e eu permaneci calada, como se estivesse totalmente alheia à causa de tantas discussões à noite, das gritarias e das ameaças de um deles deixar nosso lar. Eles revelariam ao estarem prontos para isso.

Lar doce lar... Irônicas palavras, já que meu lar de doce não tinha nada. Pelo menos, não atualmente. Eles passaram a fazer terapia de casal e a doutora sugeriu uma mudança de ares. Por isso, fora um jogada estratégica. Aparentemente, segundo um novo estudo psicológico, se meus pais não permanecessem sob o mesmo teto, as coisas acabariam melhorando, vai entender... Assim, durante um jantar em uma hamburgueria, quando contei sobre me quererem atuando em uma das minhas séries prediletas, foi uma prece sendo atendida a eles. Minha mãe é estilista e, imediatamente, ela pediu transferência para uma filial da empresa de moda e costura localizada na América. Não era bem em Atlanta, e sim, na cidade vizinha, mas pelo menos não eram quilômetros de água salgada nos separando, como em relação ao meu pai.

Passei a minha última noite em Londres com Nathaniel. Tinha que ser com ele. Como não? Nate sabia mais sobre mim que eu mesma; sempre esteve lá para mim, durante as noites em claro por causa das incessantes brigas; e deixava claro em cada uma de suas ações que nunca me esqueceria. Ele tentou não deixar uma lágrima sequer escorrer, mas ao me ver fungando e com os olhos avermelhados e inchados, não aguentou. Acho que, no final, quem mais chorou foi ele, mas como uma boa e compreensiva amiga eu... Eu zoei ele até não suportar mais. As horas correram e as pessoas fitavam-nos de maneira torta, imaginando qual era a nova droga no mercado que fazia os jovens delirarem: gargalhando como hienas constipadas e debulhando-se em prantos a ponto de soluçar escandalosamente, revezando entre as duas atividades em intervalos de cinco em cinco minutos. Foi inesquecível.

Talvez não fosse a coisa mais carinhosa do mundo, mas ao me despedir de meu pai no aeroporto, eu não conseguia tirar o sorriso estampado em meu rosto, premeditando minha estadia na Geórgia, apesar de estar chorando litros e mais litros sem parar. Após abraçar Nate bem forte, praticamente tendo um ataque de ansiedade, ele pendurou uma correntinha em meu pescoço e colocou o pingente dentro da minha blusa. Tentei ver o que era, porém, o garoto pediu que eu só olhasse quando estivesse sentada na poltrona do avião, lá no alto com as nuvens. Se estivesse em minha sã consciência, possivelmente eu teria chamado-o de idiota e verificado na hora, mas eu obedeci. Meu estado emocional brincava em uma gigantesca montanha-russa naquele momento.

Estávamos no ar há mais de nove horas e eu ainda não tivera coragem de olhar o pingente. Dormira, comera e assistira a uma boa quantidade de filmes antigos. Nem sei a razão de evitar tanto dar só uma espiadinha... Provavelmente porque tornaria tudo mais real, mais tateável... Acho que, no fundo, eu ainda pensava que acabaria acordando e perceberia que tudo não passara de um sonho e eu não queria repetir a dose, depois de tantas vezes que isso havia acontecido.

Logo, o avião pousaria e a maioria das pessoas dormia, inclusive minha mãe. Ela deveria ser a mulher mais arrumada ali: usava botas com salto quadrado; echarpe florida; óculos de sol que descansavam na gola de seu casaco de veludo; sem falar também na maquiagem impecável. Coisas de estilista... Enquanto eu parecia uma menina que acabara de sair de um filme de terror ou que estava de porre. Isso só analisando meu rosto. Eu decidira não me maquiar, algo que não era muito do meu feitio, mesmo sentindo-me confortável com a minha aparência. A causa era explícita: eu sabia que ia chorar até estar beirando uma morte por desidratação. Minhas roupas também não eram chamativas: trajava uma regata cavada, calça jeans preta e um par de All-Star estampado. Optei por não colocar lentes, portanto, usava meus óculos e, para não parecer desleixada demais, enfeitei-me com algumas bijuterias.

— Tripulação, pouso autorizado.

Um frio na barriga me fez desejar que não fosse minha mãe capotada ao meu lado. Sentia saudades de Nate. Ele diria algo engraçado e, em um impulso contraditório, meus dedos tocaram na corrente de prata e retiraram levemente o pingente de detrás da minha blusa. Meus olhos arderam e suprimi uma risada embargada. Eu estava certa. De um jeito ou de outro ele sempre estaria comigo, nunca desistindo de me fazer feliz. Fitei a rosquinha com calda cor-de-rosa. Era uma piada interna, a qual deixou-me atordoada em meio a pensamentos.

Foi em uma tarde chuvosa. Nathaniel e eu tínhamos acabado de fazer uma maratona de "The Walking Dead". Decidimos parar logo após o episódio do ataque à prisão e eu não conseguia parar de chorar pela morte de um dos meus personagens favoritos. Para me alegrar, ele me levou a um café para comprar algo para comer e optei por levar uma caixa com vinte rosquinhas. Nate pagou. Nem fiz muito chilique por causa disso, pois já estávamos acostumados a pagar as coisas um do outro, porém, ao sairmos da doceria, demos de cara com nada mais, nada menos que Andrew Lincoln. Sabe, só um dos protagonistas dos quadrinhos e da série mais badalados atualmente...

Eu congelei no lugar, sem acreditar, e meu amigo esbarrou por trás de mim, praguejando, sem entender a razão da minha parada abrupta. Sem tirar os olhos do ator, comecei a dar tapinhas desesperados no braço de Nate, na tentativa de mostrar quem estava passando casualmente a nossa frente. Eu estava surtando em silêncio e, quando meu bobão predileto decidiu compreender, arquitetamos um plano para conversarmos com Lincoln sem parecermos qualquer tipo de fã comum e ordinário. Fizemos isso com uma simples troca de olhares.

Juntos, perseguimos Andrew até uma travessa e, lá, praticamente o atacamos, esfomeados por sua atenção, mínima que fosse. Ele levou um susto e virou de imediato, vendo um menino e uma menina com cara de pirados segurando uma caixa com duas dezenas de rosquinhas sortidas. O ator franziu a testa e abriu um sorriso meio incerto, confuso, enquanto nós três permanecemos quietos. De soslaio, encarei Nathaniel, imaginando o porquê dele não ter começado a falar ainda, afinal, discutimos o plano com nossa troca de olhares "imbatível". Envergonhada, notei a mesma expressão em meu rosto no de Nate. É claro que ia dar bosta...

Foi aí que tomei vergonha na cara e ruborizei eternamente, perguntando se Lincoln gostaria de pegar uma rosquinha. Não era muito seguro para ele aceitar comida de estranhos, mas ele agradeceu pegando uma. Minha intuição dizia que ele aceitou somente, pois eu possuía um semblante de avestruz, querendo enfiar minha cabeça em qualquer lugar. Até me imaginei tentando levantar a tampa do bueiro... Então, descontraindo um pouco, pedi um autógrafo, o qual foi prontamente permitido. Olhei para Nate com um explícito "Passe a caneta e o papel logo, estou parecendo uma fã idiota." Em resposta, meu "querido" amigo entregou a caneta e voltou a ficar lá, contemplando a companhia de Andrew Lincoln, o qual nos fitava, perdido.

Esboçando um sorriso falso e sem quebrar contato visual com Andrew, dei uma cotovelada em Nathaniel, sussurrando "E o papel?". O garoto simplesmente deu de ombros, deixando-me muito irritada. Quem anda com caneta no bolso do casaco sem papel a mão? Uma discussão silenciosa passou a ocorrer ali entre Nate e eu, com direito a chamas de ira e ódio. Juro que por pouco não depilei sua sobrancelha nas noites seguintes, após o encontro com o famoso. Quase esqueci da presença de Lincoln, porém, ao escutá-lo pigarrear levemente com uma expressão cômica diante de nós, pedi a gentileza dele autografar nossa caixa de rosquinhas... Nunca esqueci esse dia. Como poderia? E agora eu estava pousando na Geórgia e, em alguns dias, encontraria-me com o ator novamente. Só esperava que ele tivesse se esquecido de mim.

Senti o tranco do avião tocando o chão e minha mãe despertou. Em um gesto costumeiro, sacou um espelhinho de bolso e analisou sua maquiagem. Seu nariz entortou em desgosto e ela pegou a nécessaire, aplicando pó compacto no rosto e repassando o batom vermelho e, enfim, lembrou-se da minha presença.

— E aí? — Sorriu para mim com seus dentes alinhados e perfeitos. — Ansiosa, querida?

Suspirei, fitando a pista do Aeroporto Internacional de Atlanta Hartsfield-Jackson pela janelinha da aeronave. Meu coração palpitou mais rápido e senti minhas mãos suadas, devido à turbulência de pensamentos que passavam dentro da minha cabeça. Não era um sonho. Eu estava em Atlanta, estudaria em um dos melhores colégios locais dali e ainda realizaria meu desejo de ser atriz. Não respondi, apenas limitei-me a abrir um sincero sorriso, tirando da minha mente por um instante todas as inseguranças, incertezas e o peso dos meus sacrifícios... Eu, Piper Murray, estava prestes a viver uma aventura.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam, cupcakes de Nutella??? Quem dera ter a vida de Piper, não é? Ou será que não... Hmm...
Link da roupa da nossa linda protagonista: http://www.polyvore.com/flashlights_clapperboards/set?id=188823589
Comentem e deixem-me saber da opinião de vocês, ok? Dependendo do número de comentários, tento postar o próximo capítulo amanhã! *W*
Xxxxx



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