Já faz dias em que o Eduardo está todo carioso e cuidadoso comigo, e o Joaquim morrendo de ciúmes, não queria me deixar sozinha nem esmo por um minuto. E era isso mesmo que eles estão fazendo agora, o Eduardo me chamou para ir a uma sorveteria aqui perto, e o Joaquim inventou uma história só para não irmos:

      --Que pena Eduardo, mas eu e minha linda já avinhamos combinado de sair né querida? – ele falou me olhando com uma cara que se eu não concordasse nem sei o que ele seria capaz de fazer.

      --É, é sim amor.

     --Que pena..., então vamos deixar pra amanhã Alice?

     --Não sei, ando muito ocupada e tudo mais, depois te aviso.

     --Agora que ele foi embora, eu falei que íamos sair e é verdade.

      --A é? – perguntei duvidando – e para onde?

      --Para o nosso cantinho sagrado, o campo de tulipas...

       --Você anjo querido, pensei que só tinha feito aquilo por ciúmes.

       --É sim verdade, estou morto de ciúmes, mas isso eu já havia planejado.

       --Entendi...

       --Me diz o que aquele garoto quer com você Alice?

      --Eu não sei, a gente se odiava até outro dia, e agora ele vem e começa a ser desse jeito...

      --Querida andei pensando e estou começando a da razão a sua mãe.

      --O que você está querendo dizer?

      --Acho melhor você sair do colégio.

      --Você está brincando, ne? Você sabe que eu amo ficar no colégio, e não vou sair dele.

      --Então tranca a matricula por um tempo.

      --Não, quando esses bebes nascerem eu deixarei o colégio, mas agora não nem pensar.

      --Querida é o melhor entenda, não confio nesse seu primo.

      --Nem eu, mas eu sei me cuidar, se você é tão inseguro quanto a mim a culpa não é minha. Esse seu ciúme está passando dos limites, aceitei você ficar comigo por todos os lados acabando com minha liberdade, mas agora querer que eu saia do Colégio? Não, não você está louco se pensa que irei fazer todos os seus caprichos.  – disse me levantando do banco em que estávamos sentados – acho melhor darmos um tempo para você refletir e parar com esse ciúme bobo.

      --Viu você tem que me dar razão, ele está fazendo sua cabeça, a Alice que eu conheço jamais pediria um tempo.

      --Me poupe ninguém me mudaria, se eu sair do colégio será por mim e não por esse ciúme.

      --Alice... – disse ele se levantando quando me virei indo embora.

      --Me deixe em paz!

      --Pelo menos me deixe leva-la ao colégio, não tenho boas lembranças da última vez que você saiu daqui sozinha e agora também está gravida...

       --Irei aceitar apenas, pelo motivo de eu ter esquecido dinheiro para pagar o taxi.

       Eu estava consumida pela raiva ele estava me deixando louca com esses ciúmes, fui o caminho todo olhando pela janela do carro à vista e me segurando para não chorar, senti seu olhar sobre mim várias vezes mas me recusei a me virar, se eu o olhasse não aguentaria e acabaria chorando e isso era o que eu menos queria, que ele me vesse chorando e me achasse fraca. Assim que chegamos sai correndo do carro, e fui para o lago, quando cheguei lá comecei a chorar, não consegui mais aguentar.

     --Alice, está tudo bem? – perguntou o Eduardo se aproximando, sem pensar o abracei e comecei a chorar ainda mais e ele me abraçou tão forte.

      --Estava mesmo com razão, pensei que estava triste com nossa briga e vim aqui já que como não estava no quarto era o único lugar que estaria – disse o Joaquim ao me ver abraçando ele, na hora me soltei e me recompus, e percebi em seu olhar que não havia gostado nada do que vira – mas vejo que está bem acompanhada, até demais pro meu gosto...

     --Joaquim, só somos primos entenda você está vendo coisas aonde não tem.

      --Então é por sua culpa que a Alice está desse jeito?

      --Isso não te interessa!

      --Me interessa e muito, pois ela e o.... - percebi que ele mudou o que iria dizer – ela é a minha prima, e me preocupo com ela, eu só não faço nado com você agora por ela está persente e não está muito bem, mas depois cara..., vem Alice.

      Eu me surpreendi ao acompanha-lo, pensei que iria recusar e tudo, mas estava tão triste que decidi ir com ele, ultimamente ele estava me entendendo tão bem que achei melhor ir e também evitar uma briga entre os dois.

      --O que aconteceu? – ele disse ao entrarmos no meu quarto que por sinal estava vazio.

      --Brigamos ele está cego de ciúmes vê coisas aonde não tem, e eu resolvi darmos um tempo.

      --Me sinto um pouco culpado vejo como ele fica comigo por perto, tem algo que eu posso fazer?

      --Eu o amo isso é verdade e ele parece mesmo me amar, mas precisávamos mesmo desse tempo para não desgastar as coisas, me sinto sufocada com tudo que está acontecendo EU preciso desse tempo para entender as coisas.

      --Compreendo, mas o que vai fazer agora?

      --Talvez eu siga o conselho dele e deixe o colégio, minha mãe precisa de mim e eu dela.

      --Não por favor Alice, foi difícil chegar até aqui e não me decepcione, você sempre foi forte, sei que se você sair esse colégio não será o mesmo e todos sentiram sua falta, por favor não vá.

      --Eu ainda não sei se vou.

      --Pense bem...

      --Posso fazer uma pergunta?

      --Todas que quiser.

      --Por que está agindo assim comigo, sempre nos odiamos e agora age assim.

      --Nunca te odiei já disse a minha mãe que sempre me fez te odiar, odiar você e sua mãe, mas na verdade eu te quero, quando te vejo quero te abraçar, te beijar, quero somente você.

    E nisso nos beijamos foi um beijo tão calmo, que até parecia que eu estava beijando o Joaquim e ao pensar nisso, me afastei.

    --Não isso não pode acontecer, somos primos...

    --Não, não somos...

    --Como assim, você é filho da minha tia.

    --Não, a sua avo tinha certeza que não teria filhos então adotou minha mãe ela foi o centro das atenções, até que ela já sem esperanças engravidou e minha mãe começou uma guerra com ela sem motivo, depois quando ela ficou rica, ela pensou na ideia de se aproveitar do dinheiro e tudo mais.

     --Agora tudo faz mais sentido.

     --Mas eu, eu? Nunca te odeie, sempre te amei inventei mil desculpas para vim até aqui e  poder ficar perto de você, quando soube que estava namorando e agora gravida foi como uma facada no meu coração, mas agora que você brigou com ele fiquei muito feliz, mas agora vendo sua tristeza me arrependo por estar aqui, e se alguém tem que sair daqui sou eu e não você.

    --Não – interrompi ele que estava saindo do quarto – se tudo isso for verdade, olha você sabe que amo o Joaquim e  por favor não saia do colégio, vamos fazer um trato, nenhum de nos saímos do colégio, ficaremos como amigo, nada mais.

    --Se essa é a única maneira de poder ficar ao seu lado, eu aceito.