The Great Escape escrita por Aline


Capítulo 1
A Hard Day's Night


Notas iniciais do capítulo

Uma one antes que eu volte para o meu InFeRNo de colégio, na segunda-feira. Só pra situar vocês, em “Opposite Date” aparece uma garotinha no hospital veterinário, e ela é uma das pessoas que se mete na conversa de Beck e Tori até a Jade aparecer. Eu gostei da menina porque ela defendeu a Jadey sem nem conhecê-la, então...
Enfim, boa leitura!



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P.O.V Beck

  -Mas eu vim com o meu pai! –Falei, passando a mão pelo cabelo.

—Ah, fala sério, eu vim com a minha mãe... –Jade disse, revirando os olhos, enquanto nós dois caminhávamos pela calçada. –Nunca mais aceito carona daquela velha inútil. – Resmungou. Eu ri. Ela era terrível. Definitivamente difícil de lidar. E acho que eu havia até sentido falta de seus insultos, mas não só deles... –Desde quando você fica vindo pra escola com seu pai, hein?

—O meu carro quebrou, eu acho. E eu também não tava afim de levar a Meredith pra casa. –Expliquei, e percebi que a Jade desviou o olhar do meu, se afastando. –O que foi?

—Você tava num encontro com ela... Há poucos minutos. Ew! –Reclamou, fazendo uma expressão de nojo.

—Mas... Você disse que eu podia sair com quem quisesse! –Lembrei, indo para mais perto dela enquanto ela fazia exatamente o contrário.

—Ah Beck, você é tão estúpido. E... Você ainda tentou beijar a Veja! –Falou, erguendo o tom de voz para me intimidar.

—A gente não tava junto naquele tempo.

—Isso não muda nada!

—Na verdade, muda sim! –Exclamei, tentando perceber qual era a lógica que ela estava usando. –E ah... Eu lembro que você também fez algo do tipo.

—O quê? –Questionou, e parecia confiante ao pensar que eu não teria nada pra rebater os seus argumentos.

—Você ficou com o Moose!

—Eu... –Jade tentou, mas se calou e deu uma risadinha envergonhada. –Quem te contou isso?

—Ele... E ele ainda me pediu desculpas por isso, mas eu disse que tudo bem porque a gente não tava mais junto. Mas seguindo a sua linha de pensamento... Acho que não tava tudo bem, não é? – Falei, lembrando de ter pensado naquele dia que realmente não estava tudo bem. A Jade beijando outro cara era...

—Okay, Beck, então... –Ela disse, andando para trás e chegando mais próximo da parte da calçada que dava margem à estrada.

—Jade, cuidado! –Adverti, puxando-a para o meu lado quando um caminhão de tralhas quase a atingira. –Cuidado, meu amor... –Sussurrei, juntando nossos rostos. Senti sua respiração bater na minha boca. Mirei os seus olhos e eles pareciam meio assustados. O meu coração e o dela descompassaram, e eu consegui notá-lo porque estávamos grudados. Eu a encostei na cerca de uma propriedade privada qualquer, e a beijei, pondo em sua boca o estímulo guardado que não seria dado pra nenhuma outra garota. Só para a minha garota. Ela tinha as mãos revezando entre meu pescoço e meus ombros, apertando-os, eu usava os meus dedos para brincar com a sua pele quente, passando as mãos por baixo de sua roupa.

—Ei, vamos pra casa. –Ela disse, pondo as mãos em meu peito, parando o beijo. Olhei os seus lábios vermelhos e meio inchados, e a beijei novamente, ignorando o que havia dito antes. –Beck, sério! Vão achar que somos dois maníacos... Ou ninfomaníacos. – Falou, indicando com a cabeça uma casa, na qual uma senhora de aparentemente uns 70 anos fechava as cortinas, com uma expressão barbarizada. Nós rimos e demos mais um beijo, antes de continuar a caminhar. –Espera, a gente vai andando?

—Você quer esperar a sua mãe? –Questionei, olhando para os portões da Hollywood Arts, que não estavam tão distantes, já que havíamos saído há pouco.

—Não!

—Quer esperar o meu pai?

—Preciso responder essa? –Disse, erguendo as sobrancelhas. Jade sabia que o meu pai a odiava. E quase todo o resto da minha família. Mas isso não importava muito, porque nós estávamos juntos de novo e com certeza bem melhor que antes. Era o que eu esperava. Já que não íamos ir pra lugar algum com nossos pais, demos as mãos e fomos andando, sabendo que era tarde e os perigos da cidade grande se multiplicavam. A gente tinha decidido dar uma de “grandes fujões”, escapando do colégio antes do fim do Improviso da Lua Cheia e antes que qualquer pessoa viesse falar com a gente (exceto a Cat, a ruivinha tinha conseguido nos encontrar e se jogou em cima de nós dois, falando que sabia que um dia a limonada de morango* estaria de volta).

                                                        ***

Estávamos no meio fio, já tínhamos brincado centenas de vezes de nos equilibrar nele, atraindo a atenção de poucas pessoas que passavam pela rua. Quando ficamos cansados, diminuímos o passo e Jade se apoiou no meu ombro, enquanto eu a mantinha colada a mim com o meu braço enlaçado em seu quadril. Foi quando percebi que a gente estava... Muito parecidos com antes. Antes das brigas. Antes do nosso relacionamento virar uma droga ruim. Antes do nosso término.

—Jade... –Chamei-a, observando seu rosto, que estava voltado para o chão.

—Hm?

—Eu quero muito que a gente fique junto como antes. Eu quero muito você!

—Ahn... A gente tá junto agora, eu tô com você. –Respondeu, me olhando e sorrindo sem sarcasmo, como geralmente ela só fazia quando estávamos a sós.

—Tá, mas... Eu não quero que a gente volte a ficar daquele jeito. Aquilo estragou... Tudo. Estragou o que a gente era. –Falei, lembrando que depois de três anos de namoro, fomos nos desligando um do outro, ficando juntos só por ficar, só por sexo, para os outros verem que ainda éramos um casal, mesmo que estivéssemos desunidos. Fomos deixando até de ser amigos, coisa que conseguimos retomar algum tempo depois da quebra.

—É, é... Eu não sei o que houve. –Jade disse, erguendo a cabeça.

—Jade, eu quero que você confie em mim! –Pedi, parando-a mais uma vez no meio da rua. O vento que arrastava o lixo no asfalto passou por nós dois.

—Hm, eu confio em você, Beck. –Garantiu, tentando desfocar seu olhos dos meus. –Eu amo você.

—Eu amo você também. Eu quero que a gente volte a ficar junto, mas não dá pra ser daquele jeito.

—Eu sei... Okay, eu fui muito culpada nisso. –Murmurou, suspirando. Aquilo me surpreendera. Acho que era a primeira vez que ela dizia algo assim.

—Não. Nós dois. Nós dois que mudamos a coisa toda, a gente se perdeu no nosso namoro e... Sei lá, gastamos todos os momentos bons? –Sugeri, vendo-a rir disso.

—É. “Gastamos”... Mas você podia ter aberto aquela porta, Oliver... –Falou mais alto, caminhando à minha frente.

—Okay. –Resmunguei, revirando os olhos e mexendo no meu cabelo. –Você vai me perdoar se eu te comprar café?

—Você vai ter que ir além de café.

—Mas tem uma cafeteria 24h do outro lado da rua, olha só. –Indiquei o local, que era iluminado por uma lâmpada alaranjada e tinha um aspecto contemporâneo.

—Eu acho que alguém vai ser perdoado hoje! –Jade exclamou, voltando para perto de mim.

Andamos até uma faixa de pedestres, esperando os poucos carros pararem de passar por ali. Entramos na loja, e Jade revirou os olhos ao ouvir o som de um sininho ao abrir a porta. Sentamos em uma das cadeiras do lado do balcão e eu pedi o café “para a minha namorada”, coisa que eu realmente disse e fez a Jade lançar um sorriso presunçoso para a atendente. Sentei-me ao lado dela e ficamos brincando com a as balinhas usadas para confeitar os doces.

—Ei... Eu conheço vocês! –Ouvimos a voz de uma garotinha, atrás de nós. Nos viramos e demos de cara com uma pessoa que era realmente familiar, mas que usava umas roupas bem estranhas. Ela estava com um vestido longo e amarelo-dourado de mangas longas, além de uma peruca loira muito bem colocada que ostentava na cabeça uma tiara em forma de coroa, além de brincos de rubi e sapatos um tanto altos demais para alguém da sua idade, provavelmente uns 10 anos.

—Eu hein, que troço é esse que você tá usando? –Jade perguntou, confusa.

—Ah, eu tô numa festa infantil idiota! E eu sou a Princesa Amber, passei aqui pra pegar um muffin. –Explicou, e eu ainda não conseguia recordar exatamente quem ela era. Sabia quem era Princesa Amber. E a minha namorada também, graças à Cat, que quando descobriu um novo desenho animado chamado “Princesinha Sofia” foi direto pra casa da Jade, onde eu estava naquele dia. Ela alugou os três primeiros episódios e fez de tudo para que nós víssemos com ela, já que queria alguém para dialogar sobre o “assunto” tratado no enredo. Inclusive tinha até uma personagem com o nome da Jade, o que a deixava irritada.

—Como é seu nome? –Perguntei, dando-lhe um sorriso.

—Amber!

—Não... Seu nome real.

—O meu nome é Amber, por isso que eu tô fazendo ela. Vou ganhar uma grana! –Disse, movendo as mãos enquanto explicava. Fazia sentido ela interpretar a personagem por ter em comum o nome, já que fisicamente ela não era muito parecida com a garota do desenho.

—Então... Ér a gente te conhece? –Jade indagou, indiferente.

—Claro! Eu vi você no veterinário umas semanas atrás. –Ela falou e instantaneamente recordei que Amber era uma daquelas pessoas enxeridas que começaram do nada a falar com a Tori e comigo no dia do nosso “encontro ao contrário”. Jade suavizou o rosto, e notei que ela também havia lembrado. –Hmmm... Vocês estão juntos de novo? –Perguntou, com um tom insinuante.

—Sim, nós... Voltamos hoje! –Concordei, vendo a atendente deixar o café no balcão, entreguei-a o dinheiro e ela foi atender os outros clientes.

—Ah, que bom, Beck! –Amber falou, surpreendendo-me por lembrar meu nome. –Foi a melhor coisa que você podia ter feito! Aquela outra lá... Tori, né? Era muito atirada. E a Jade é bem mais bonita que ela! –Exclamou, sorrindo para a Jade e recebendo o mesmo em troca. Espera. O quê? Jade sorriu para ela?

—Obrigada, Amber. –Agradeceu, tomando um gole do café. Eu mirei a Jade, depois a Amber, depois a Jade de novo. Como ela havia dito “obrigada” para uma quase desconhecida? As duas continuaram conversando. E aí eu notei que a Jade havia gostado da Amber pelo que tinham em comum: as duas, por alguma razão desconexa, detestavam a Tori.

—Você não sabe as coisas horríveis que aquela menina falou sobre você! –A garotinha disse, tirando o papel que estava em volta do seu muffin.

—O que ela disse? –Jade perguntou, chegando mais perto dela.

—Érr... Amber, você não tinha que voltar pra festa? Tão te pagando, né? –Tentei mudar o assunto, já que não seria nada legal pra Jade nutrir esse ódio por alguém que ela já quase considerara amiga.

—Verdade! Eu tenho que ir. Olha, Jade, pega o meu número. Esse é o meu telefone para contratos de festa, mas você pode ligar quando quiser. Aí a gente conversa sobre... Você sabe o quê! –Amber piscou, e as duas riram. Quando ela foi embora, olhei para a Jade, extremamente perplexo.

—Que é?

—O que foi aquilo?

—Ela é uma menina legal. –Deu de ombros, bebendo o último gole de seu café e largando o copo. Enquanto continuamos a caminhar em nossa volta demorada, conclui que aquela era a primeira vez que Jade se dava tão bem com uma criança.

                                                       ***

—Ei, Beck, Beck, Beck! –Nós paramos, provavelmente pela sétima vez naquela noite. Já devia passar das onze da noite, mas àquela altura não estávamos tão longe do meu R.V.

—Sim, querida...

—Vamos assaltar aquele carinha ali! –Ela disse, e eu arregalei os olhos, observando o pobre senhor que tinha uma barraquinha de petiscos no meio da calçada.

—Quê?!

—Ah Beck, para de ser idiota. É a chance incrível pra zoar com a cara dele! –Suspirei aliviado, percebendo que ela não queria de fato assaltar o homem, apenas pregar uma peça nele.

—Pra que a gente ia fazer isso? –Questionei, ainda não entendendo como isso iria funcionar para ela.

—Sabe, só pra animar esse lugar. Tá tudo tão morto... Não que morrer não seja irado, mas... –Eu a fitei novamente, preocupado, lembrando de uma vez que a gente já havia tentado assaltar uma mulher com um bebê a pedido da Jade. Estávamos ela, eu e a Cat. De alguma forma Jade conseguira nos convencer a brincar dessa forma, mas na hora do “assalto” a Cat desistiu vendo o choro da criança e declarou que era tudo mentira, o que realmente irritou a criadora da ideia.

—Okay, então vamos lá. Qual o plano?

—Sério? Você vai? Assim sem nenhum discurso chato e moralista?

—É, vamos lá...

—Tá. A gente atravessa a rua... –Indicou, já que estávamos no sentido oposto ao da barraquinha. –Aí a gente finge que quer comprar alguma comida, e depois ameaçamos ele com as tesouras –Retirou duas tesouras de algum lugar de seus sapatos. Provavelmente ela tinha mais tesouras em outro lugar do corpo que eu só descobriria mais tarde. –Quando ele der o dinheiro, vamos fingir ir embora e depois voltamos pra entregar... E dizer a verdade. –Soltou a última parte num murmúrio desinteressado, para ela essa era a coisa sem graça da situação.

Eu assenti ao que ela disse, o que a deixou feliz e surpresa. Seguimos exatamente tudo do plano, mas... Quando “sacamos” as tesouras -eu já estava quase rindo com aquilo- uma sirene policial surgiu no meio do nada, fazendo com que o velho gritasse por socorro. Jade e eu nos entreolhamos e eu segurei sua mão antes de começarmos a correr rápida e nervosamente. Felizmente a polícia não ouviu (ou fingiu não ouvir) o escândalo do homem da barraquinha, já que estava numa busca por um ladrão de torres telefônicas (?).

—Jade, olha... –Foi a primeira coisa que eu falei quando chegamos ao R.V. Eu estava suado e ela estava arfando, com o rosto rubro. –Nós nunca, nunca mesmo vamos fazer uma coisa dessas de novo, entendeu? –Ela deu de ombros, se jogando na cama, passando as mãos pelos meus lençóis. –O que você tá fazendo?

—Só... Sentindo isso aqui. Ainda tem uma gaveta com roupas minhas aqui, né?

—Sim. –Falei, sorrindo para a ideia de que mesmo separados ainda estávamos tão ligados.

—Okay, eu vou dormir aqui.

—Eu senti falta disso. –Sussurrei, me aproximando da cama e ficando por cima de seu corpo. Jade sorriu e segurou meu rosto. Nos olhamos. Como antes, quando as coisas entre nós era puro desejo e amor.

—É, e o que você vai fazer a respeito?


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Notas finais do capítulo

*Limonada de morango: No TheSlap, Cat fez um álbum chamado “Hollywood Fruits”, onde ela colocou Jade como o limão e Beck como o morango, porque ela gosta muito de limonada de morango e queria que eles voltassem a ficar juntos (ela fez isso enquanto Beck e Jade estavam separados).Reviews?



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