Acredito que tudo na vida tem um propósito, nem todos são felizes, nem todos são tristes. Mas uma coisa que temos em comum é que todos temos problemas, alguns mais, outros menos. Entretanto sempre temos problemas. No meu caso, jogo para o time dos que tem problema, grandes problemas. A ponto de chegar aquele momento que eu sempre preciso de ajuda mas não tem ninguém para me ajudar, então eu paro e penso, ninguém se importa. Às vezes eu apenas sinto-me sozinha, perdida, e são essas coisas que me fazem pirar – literalmente –. Penso que se você está lendo isso, é porque algo aconteceu, e tenho várias teorias; Ou você descobriu meu esconderijo, ou me ameaçou, ou eu morri e você está limpando meu quarto e achou isso por acaso – por favor, se eu morri enterre esses livros comigo, eles são parte de mim e de minha alma. Não estou brincando – eu posso também ter lhe dado – saiba que se eu lhe dei, com certeza você é a pessoa que eu mais amo no mundo –

Apenas peço uma coisa; Se achou isso, tente entender meus sentimentos antes de me julgar, tem coisas aqui que eu mesmo nunca pensei que escreveria. Eu me considero uma pessoa que sofreu muito na vida para ter apenas 16 anos, e se um dia o mesmo aconteceu com você, escrever é uma ótima opção, e saiba que o que me salvou foi escrever. Ainda tem a hipótese de eu mesma está lendo isso, então Annabeth do futuro, acredite que eu te considero uma guerreira por esta viva e ter enfrentado tudo isso, tenho orgulho de você. Foi do nada, meio sem lógica, eu não queria fazer um diário, não queria fazer uma coisa comum. Com isso eu tive a ideia de rasgar a primeira folha limpa do meu caderno, tive a ideia de fazer a folha minha psicóloga e desabafar com ela de um jeito que eu nunca desabafei...Ops, de um jeito que eu não tenho ninguém para desabafar.

Sabe quantas vezes eu tentei me matar hoje? Na verdade, sabe quantas vezes eu já tentei me matar esse ano? Sim, eu sei, todo dia. Mas aqui estou eu, vivendo mais um dia com meus problemas ridículos, com minhas lágrimas ridículas, Bem, folha, acho que só consigo desabafar com você, porque? Porque eu sei que você não é uma pessoa, não irá julgar e nem falar contestar. Eu juro, só estou cansada de críticas, estou cansada de magoas, estou cansada de ninguém me entender, estou casada da vida. Pense que isso não é um diário, Isso é apenas os sentimentos de uma pessoa que está exausta, querida folha. Porém eu só queria escrever, escrever tudo que sinto, tudo que penso, tudo que passo, porque choro, porque sorrio. Porque aqui estou eu folha, escrevendo, tremendo e chorando. Como alguém consegue fazer três coisas cansativas ao mesmo tempo? Eu consigo. Eu consigo fazer várias coisas, correr rápido o suficiente, ficar por 1 minuto e meio de baixo da água, cozinhar sem me queimar, ler um livro de 345 páginas em 4 horas, botar o pé na cabeça, ficar de cabeça para baixo por 4 minutos me sustentando só por uma mão, consigo até suportar pessoas falsas e hipócritas por um determinado tempo. Tudo isso pode ter certeza que eu consigo, porém tem uma coisa que eu não consigo aguentar, uma coisa que ninguém conseguiria, e essa coisa não está no livro Guinness World Records 2016 na livraria.

  Me pergunte apenas uma vez, me pergunte se eu estou bem, para eu te contar mentiras, não queria mentir para ti, mas eu literalmente pareço estar bem? Eu só digo uma coisa, nunca acredite em um “ eu estou bem” quando a pessoa está quase chorando. Só se você não se importar com a resposta, porque se não ligar e perguntar só por educação, não insista na resposta, o que eu sinto mais raiva nas pessoas é isso.

Acabei de escutar mais uma tapa, as lagrimas caíram dos meus olhos, tenho vontade de me bater por chorar mais ainda. Eu queria simplesmente desistir de tudo, sério, bastava mais um comprimido ou um corte e tudo estaria acabado, mas eu penso na minha mãe, que tinha uma pele de anjo e agora coberta por hematomas, será que isso ia resolver? Ou no final iria piorar? Estou tentando suportar, suportar por minha mãe, mas porque tem que doer tanto? Tantas perguntas que não sei a resposta, tantas perguntas que não sei explicar. As lagrimas caiem toda noite dos meus olhos, toda noite. Não tem mais um lugar na minha pele que não tenha cicatrizes, que não tenha hematomas, não tem um lugar dentro de mim que não esteja magoado, eu sou uma cicatriz não curada, uma cicatriz aberta que ninguém será capaz de curar.

Uma folha já se foi, arranco outra sem dó.

Sim folha, eu já parei de chorar. Os barulhos das tapas e os gritos da minha mãe já pararam e eu finalmente parei de sangrar. Agora só estamos eu, o sangue, o lápis e você. Vamos lá para mais uma pergunta, porque ainda estou viva? E essa é mais uma pergunta que um dia eu espero poder ter a resposta. Acredito que a vida deveria ser pelo menos um pouco feliz, e eu deveria pelo menos ter um pouco menos de problemas. Vejo pessoas felizes, podem não ser tão felizes como acho, mas pelo menos conseguem dá um sorriso. Nesse momento, eu acho que sumi seria uma ótima opção, mas uma opção que não posso realizar, uma opção que eu não tenho escolha, a não ser esperar, e deixar que o tempo resolva tudo.

Se alguém um dia ler isso – o que provavelmente nunca irá acontecer- o primeiro pensamento vai ser “”que drama” sim, pode ser drama, mas se você passasse pelo que eu passo todo dia, o mundo me veria diferente, poderia até olhar e apontar para mim falando “olha que guerreira”, com certeza nunca aconteceria. Porque o problema da humanidade é julgar demais, é cuidar da vida dos outros antes mesmo de cuidar da sua.

Amanhã será um novo dia, em uma nova escola, com novas pessoas. Meu problema é ter esperança demais, ter esperança que amanhã será um dia melhor, eu só vou para uma nova escola, para que tanto? Eu sempre vou ser a garota que é bonitinha mas ninguém olha porque é esquisita. Fim.

Então folha, por hoje é só, eu espero que você tenha uma ótima noite sendo amassada e até mais.