A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 19
Rompimento




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Lana sabia que o processo para sair de uma mente seria um pouco mais complicado do que só abrir uma porta.

Ela se sentiu sugada para cima, como se houvesse um vácuo no teto que a puxasse. Uma gravidade invertida.

Isso. Estava conseguindo. Sairia dali.

Foi quando seu voo foi bruscamente interrompido.

'O quê? Não! NÃO! Não posso ficar presa aqui! Eu fiz tudo certo!'

Uma janela surgiu à sua frente. Através dela, tinha a visão no ponto de vista de Pan.

A início, a Lagarta arrepiou-se de pânico. Conseguira fugir da porta verde! Não interligara sua mente à de Pan! Por quê aquilo estava aparecendo para ela?

Depois, foi se sentindo um pouco mais segura. Ela não estava exatamente dentro da mente de Pan, apenas tinha visão à ela. Esta ideia a acalmou imensamente.

A visão de Pan estava embaçada. Ouviu seus soluços. Estava chorando, ajoelhado. Metros à sua frente, o exército rebelde marchava ao Palácio.

"Lana..." Sussurrou. "Obrigado."

A moça teve vontade de perguntar o porquê do agradecimento, mas visto o desequilíbrio emocional em que ele se encontrava, preferiu não interromper.

"Eu estava sendo prisioneiro da mente de Anh todos esses anos... Ela só me deixava ver o que ela queria que eu visse... Ela me escondeu toda a barbárie que estava fazendo para provocar uma revolução... E ainda dizia que era pra mim...!"

Lana sentiu um aperto no coração. Conseguia sentir a presença de Anh ao seu redor, lutando para conseguir respondê-lo, reagir.

"E com você imobilizando a mente de Anh, eu consegui me libertar da presença dela... Por enquanto."

A Lagarta compreendeu. Assim que saísse da mente de Anh, Pan voltaria a ser seu subordinado.

"Mas eu não posso permitir que isso aconteça. Que ela volte. Ela foi longe demais. Tudo foi longe demais."

Falando isso, Pan pegou um punhal largado no chão e colocou-o sobre o colo, apontado na direção da própria barriga. Encarou-o, como se tentasse pegar o pouco de coragem que havia sobrado.

Lana compreendeu o que ele queria fazer. Pan e Anh eram duas mentes interligadas - se um perecesse, o outro também...

A feiticeira sentiu a presença de Anh tentando se debater, berrar por misericórdia.

"Pan!" Ouviu sussurros desesperados, à distância. "Pan...!"

As lágrimas de Pan desatavam cada vez mais.

"Lana... Saia logo daí."

E cravou a adaga no próprio peito.

Lana acordou, afobada, em seu próprio corpo.

Tentou sentar-se, tonta. O Salão continuara ali. Os corpos também. O clamor da multidão enfurecida chegava cada vez mais perto da entrada do Palácio.

Ao seu lado, Alice estava caída. Sangue percorria sua boca e um buraco inexplicável perfurara seu peito.

Seus olhos, vidrados, já não viam mais nada.

"Pan..." Sussurrou Lana. "Obrigada."

Sabia que soava extremamente egoísta agradecer um sacrifício mais do que lamentá-lo - mas Lana honestamente não sabia o que faria se Pan não tivesse se matado.

Sairia da mente de Alice. E o quê? A mataria? Não gostava de pensar no que teria acontecido.

Sentiu uma mão tocar a sua. "Lana."

A Lagarta viu Ghunter, deitado e ainda tentando se recuperar - com os olhos cobertos de preocupação. "Você conseguiu."

Lana sorriu, dentre lágrimas. "É. Acho que sim."

Eles se encararam por alguns segundos, tentando decifrar a expressão um do outro.

Ouviram um estrondo. A multidão tinha conseguido entrar no Palácio.

"Temos que ir embora..." Sussurrou Lana. agarrando mais forte sua mão.

"Não se preocupe, eu teletransporto a gente. Você já se esgotou demais por hoje." Sugeriu Ghunter.

A Lagarta deixou-se levar.


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Notas finais do capítulo

Não, não é o último capítulo. Calma que tem mais.
Esse capítulo foi inevitavelmente curto por motivos necessários. Até mais! o/



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