A Lagarta escrita por Vatrushka


Capítulo 11
Nós


Notas iniciais do capítulo

Tive um mini heart attack escrevendo esse capítulo Y.Y só compartilhando mesmo...



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Lana não esperou explicações. Não se importou do que achariam de sua atitude. Estava farta de se importar. Correu para longe daquela cabana e de todos ali. Precisava de um tempo para digerir tudo aquilo.

Ainda não conseguia acreditar naquilo. Giullian estava certo, parecia estar vivenciando um livro! Príncipes perdidos... Ora, francamente...

O quê aconteceria agora? De alguma forma fantástica, derrotariam os Verdes e os Vermelhos e conseguiriam conclamar o trono de volta para Carl, as Flores voltariam a ter justiça e todos seriam felizes para sempre? Não, não era tola o suficiente para acreditar.

O mais difícil para Lagarta foi tentar decidir o que faria a partir dali. Por quê se envolvera tanto? 'Droga!' Ela não era uma política. Não podia e nem queria instaurar uma revolução, ou seja lá o que Alice e Pan estivessem querendo fazer. Agora que parara pra pensar, estava pouco se lixando para os Vermelhos. Se quisessem reinar por séculos inteiros, que assim fosse.

Claro que seria prejudicial para as Flores, mas ela não era capaz de salvar todo mundo, oras! Era só uma Lagarta! Uma pequenina, diminuta e insignificante Lagarta no meio de um País afundando em sangue!

E se no final das contas, Alice e Pan fossem até bem-intencionados? Se quisessem instaurar uma república, vai saber! Mas logo descartou a teoria. 'Qualquer um que seja assassino definitivamente não é bem-intencionado.'

Pan, talvez. Mas Alice? Jamais.

Lana sentou-se em uma pedra, bufante. Tentou organizar seus pensamentos: 'Já sei o que vou fazer. Vou ajudar a salvar Luce, nem que eu morra no meio do caminho. Mas se eu sobreviver... Tentarei fugir com Alan e Luce para o mais longe que puder... Quem sabe, até mesmo para outro mundo. Me pergunto se Lewis nos receberia em sua casa...'

Imaginando a possibilidade, sentiu uma pontada no coração. Carl. Não sabia o que faria com ele... Ainda estava furiosa demais com seu "amigo".

Por mais que, no fundo, soubesse que jamais seria capaz de deixá-lo para morrer.

'Droga!' Amaldiçoou seus próprios sentimentos. 'Droga! Droga! Droga!'

Enterrou a cabeça em suas mãos, tentando se acalmar. Ficou alguns minutos meditando, até ouvir um barulho de pés esmagando a grama.

Ergueu o olhar letalmente, sem nada falar. Reconheceria o pisar daquelas botas do outro lado da Floresta. Encarou o Chapeleiro furiosamente.

Carl sentou-se em outra pedra à sua frente. Fixou seus olhos no chão, sem nada falar.

'E ainda não diz nada.' Teve vontade de gritar. 'E ainda não diz nada!'

As mãos dele estavam tremendo. Logo, Lana percebeu que ela teria que tomar a iniciativa da conversa.

Para variar.

"Eu sempre acreditei em você, Carl. Sempre. Até quando ninguém mais acreditava." Disparou, com amargor. "Desde que te conheci, não houve um dia sequer em que eu te deixei na mão. Em que eu me neguei a te ajudar. Em que eu dei qualquer motivo para você não. Confiar. Em mim!"

A Lagarta se levantou, furiosa. Nunca explodira daquela forma. "O quê é que eu não te dei, Carl? O quê não foi o suficiente pra você?" Gritou, irada. As lágrimas já desciam, quentes. "Eu te daria a minha vida!"

Eles se encararam. Os olhos castanhos de Carl transpareciam profundo pesar, mas Lana não se apiedava mais.

Lana respirou fundo. "Eu te amo, Carl."

A moça fechou os olhos com força, assim como seus punhos. Dolorosamente murmurou: "Eu sempre te amei."

A Lagarta ajoelhou-se, em prantos. O Chapeleiro foi ao chão junto dela, abraçando-a. "Por quê nunca me contou...?" Sussurrou ela, enfim.

Carl pegou ar antes de sussurrar de volta: "N-nunca... Nunca foi por falta de confiança, Lana."

Abraçou-a mais forte. De certa forma, Lana entendia o porquê de não ter contado. Por ser arriscado demais, por ele querer esquecer o passado, por ter medo de estragar a reação dos dois, por nunca ter achado um momento certo para falar, por nunca ter visto a necessidade de falar... A lista era grande.

Para Lana, o Chapeleiro sempre fora isso. Um menino alto, desajeitado, engraçado e adorável por sua maneira de ser. Se sacrificara a vida inteira para se sentir mais próxima... E ter a ilusão de que finalmente conseguira arrancada desta maneira... A magoara terrivelmente.

Aos poucos, Lana o abraçou de volta. Controlando os soluços, sussurrou: "Nós vamos conseguir. Vamos salvar Luce e dar o fora daqui. Dou algum jeito de a gente fugir... Para qualquer lugar."

Carl a afastou e segurou seu rosto. Limpando suas lágrimas, sorriu, abobalhado. De certa forma, Carl estava mais acostumado a fugir do que qualquer outra coisa.

"Sim. Nós vamos." Assentiu. Os dois começaram a rir um pro outro. "Nós vamos!"

E eles se abraçaram mais uma vez. Desta vez, repletos de esperança e alegria. Um sempre fora a base do outro. Sentiam-se extremamente mais aliviados quando acompanhados.

De cima de um galho, o Gato a tudo assistia. Com braços cruzados e olhos atentos, tentava se conformar.

Era o Carl. Para Lana, sempre fora e sempre seria o Carl.

Engoliu a saliva. A parte egoísta de seu ser, normalmente a predominante, berrava para que saísse dali. Para que não ajudasse mais. O que tinha ali para ele, no final de contas? Nada. O que restava de sua família morrera junto com Martin.

Mas outra parte sua... Uma parte caridosa, delicada como uma flor e silenciosa como o vento... Sussurrava para que ele ajudasse. Uma parte que acendia seu coração como fogo - mas não de ódio. Mas sim de consideração. De conforto. Semelhante ao que sempre sentiu quando Lana estava perto.

Suspirou. Sim, é claro que ajudaria.

Sumindo da visão da floresta, amaldiçoou-se outra vez por ter feito a promessa à seu mestre.


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