Conto das Marés escrita por J L Vianna
Notas iniciais do capítulo
Oi gente, então tá ai o segundo cap dessa história que eu to amando escrever! Desculpe os erros e me avisem se tiver alguma informação errada, é que o meu amigo que dá uma revisada pra mim não teve tempo. Enfim, espero que curtem ^^
Sarah Fortune descobriu que a companhia de Nami era muito útil. Com o báculo, a sereia acalmava as marés, afastava as criaturas marinhas e fazia o barco velejar mais rápido com auxílio das correntezas criadas por ela. Fazia sol forte naquele dia e o vento soprava fraco, o calor e o clima abafado predominava o ambiente.
Os marujos de Fortune andavam por todo o convés checando se estava tudo ao gosto de sua capitã. Alguns limpavam com pesados esfregões, outros checavam os canhões no andar de baixo e ainda tinham aqueles que cuidavam do entretenimento. Cantando músicas e servindo rum, incentivando aqueles que trabalhavam.
Miss Fortune estava sentada na borda do navio, atrás do timão. A pirata sorria de leve com a alegria constante de seus homens, quem os visse nesses momentos não acreditaria que eram cruéis e brutais no calor da batalha.
—Seres terrestres são realmente intrigantes. – disse Nami surgindo através de um gêiser atrás de Sarah.
—Não se costuma festejar no seu reino? -- perguntou a ruiva.
—Só quando uma Conjuradora das Marés surge, então acontece um ritual de cerimônia e depois que a conjuradora traz a pedra da lua, há uma grande comemoração. – explicou
— Nós, terrenos, acreditamos que enquanto houver alegria e esperança, sempre é uma boa hora de se comemorar.
Nami inclinou a cabeça para o lado, sem entender muito os sentimentos terrenos. Fortune então pegou a luneta que ficava presa a cintura e mirou a longínqua linha do horizonte. Uma ilha emergia sob as águas e acima dela, uma grande formação rochosa poderia ser vista. Em seu topo uma construção opaca se destacava.
— Homens! – chamou a capitã – Terra à vista!
Já estavam muito próximos da ilha quando coisas estranhas começaram a acontecer. O primeiro e mais notável sinal a ser percebido foi o céu. Quanto mais se aproximavam mais escuro o teto celeste ficava. Nuvens negras barravam os raios solares, criando uma ilusão de noite e escurecendo tudo ao redor. O ar se tornou gélido e pesado. Os ventos voltaram a soprar e agora com força, movendo o barco com tudo em direção à margem. Tanto Miss Fortune quanto seus piratas seguraram fortemente na embarcação, enquanto eram tragados pela ventania. As amarrações da embarcação soltaram, baldes rolaram pelo convés junto com esfregões e canecas cheias de rum. O mar ficara agitado criando ondas altas e perigosas.
Nami então ergueu seu gêiser mais alto e direcionou seu báculo para a embarcação. O bastão brilhou em cor esmeralda, vívido como o próprio oceano.
— Prisão Aquática! – brandiu a sereia.
Três tentáculos de água ergueram do mar e envolveram a embarcação em uma gigantesca bolha cintilante, impedindo-a de ser arremessada com tudo em direção à baía. Lentamente, a bolha desceu até próximo à margem e se dissolveu.
— Com mil diabos, o que foi isso? – exclamou a pirata se recuperando da tormenta repentina.
Nami desceu próximo ao navio.
— Estão todos bem? – perguntou a criatura.
— Sim, mas tenho certeza que isso não foi nem um pouco natural. – respondeu à ruiva rangendo os dentes, enquanto pegava seu corsário que havia voado. – Seja quem for não quer que nos aproximemos da ilha.
O convés havia se tornado uma bagunça. As velas caíram, rum fora derramado e cordas cobriam e se embolavam por todo lugar. Os marinheiros tentavam se recompor, alguns estavam com ferimentos leves devido a agitação, mas fora isso nada os havia acontecido.
— Homens! – chamou a capitã. – Ancorem aqui e arrumem a bagunça, estou indo para terra, mas estejam preparados e atentos a qualquer sinal de perigo.
Sarah então olhou para Nami e a sereia assentiu.
— Maré Oscilante. – murmurou, enquanto a pirata pulava para fora do navio.
Uma pequena porção de água envolveu os pés da mulher, formando uma espécie de poça carregando-a sobre as águas até a areia. Já em terreno arenoso, Nami repetiu o mesmo encantamento, agora em si mesma, para poder flutuar sobre a superfície terrestre.
A ilha era extensa e completamente escura. Sarah perguntava-se a si mesma senão tinham ancorado na misteriosa e horripilante Ilha das Sombras. Uma densa floresta morta as esperava. Duas árvores secas e retorcidas formavam um arco, uma espécie de portal para dentro da mata sombria. Pedras trilhavam o caminho, o que denunciava sinais de civilização. Apesar de não ouvirem nenhum ruído sequer além de poucas corujas, ambas podiam sentir a sensação de olhos vigiando cada um de seus passos.
Depois de vários minutos de caminhada, escadarias de mármore rachadas e abandonadas pelo tempo às esperavam. Elas subiram até se deparar com um grande arco de pedra de calcário que separava dois enormes paredões, embaixo dele mais uma escada enorme erguia-se até a entrada de uma construção antiga. O portão branco brilhava em meio à escuridão, com detalhes entalhando a imagem de um sol em todo seu esplendor, demonstrando a magnitude e o quão poderosa era a construção em seu ápice.
— O templo dos Solari – anunciou Miss Fortune em voz baixa e assustada com a situação do local.
— Lhe é familiar? – perguntou Nami.
— Os Solari era uma ordem de guerreiros Rakkor que abandonaram os seus mantos de guerra para louvar o Sol, sua divindade máxima. Dizem que o formador deste povo detinha do poder do sol para derrotar seus inimigos. Mas eu não entendo! – exclamou Fortune – Como este lugar ficou assim? Onde estão os bravos guerreiros do sol?
— Com certeza acharemos nossas repostas lá dentro, algo me diz que o quer que tenha acontecido com este povo está relacionado com a pedra da Lua. – afirmou a Nami.
A sereia então nadou sobre a poça enfeitiçada para dentro da construção, sendo acompanhada pela pirata. Os fracos raios solares pouco iluminavam pela fresta do enorme portão, jogando o templo em uma escuridão quase total. O báculo de Nami ascendeu quase que imediatamente, jogando uma tonalidade azul marinho sobre as paredes. Estátuas, tapeçarias e até mesmo os azulejos no chão representavam a glória do povo solar e sua grande devoção. Quanto mais caminhavam pelo corredor, mais havia para se ver.
Durante a caminhada as duas não trocaram nenhuma palavra. Nami se distraiu com tanta beleza artesanal e arquitetônica daqueles humanos. Os terrenos despertavam seu interesse a cada vez mais que ela os conhecia. Sarah permanecia alerta e receosa, os Solari era um povo de grande poder e prestígio, teria de ser alguém ou algo muito poderoso para fazê-los deixar o templo de tal maneira.
Um átrio surgiu à vista. Um enorme salão oval de bronze e cobre com sete aberturas que levavam à câmeras subterrâneas, o formato da construção lembravam propositalmente a forma do sol do símbolo da tribo: uma esfera com oito traços. Nervuras de pedra lisa subiam pelas paredes e iam até o teto, enraizando a formosa cúpula no teto. No círculo central, oito estátuas gigantescas marcavam presença vestindo trajes ritualísticos, entretanto haviam sido vandalizadas. Duas estavam cortadas pela metade, com a outra parte caída ao lado. Três haviam sido desfiguradas por várias marcas profundas no rosto. E das outras três apenas os pés foram poupados, envolvidos num mar de poeira e pedras pequenas, como se houvessem sido vaporizadas. Nem mesmo a bela tapeçaria do chão havia saído ilesa, um corte crescente vinha desde a ponta até o altar que estava partido no meio.
Miss Fortune e Nami encararam os estragos boquiabertas, sem acreditar no que viam.
Os Solari haviam sido dizimados.
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É isso ai pessoal, esperando ansiosamente os comentários de vocês.