Luna acordou atrasada, com o som dos colegas já saindo do dormitório. Devia ter dormido duas horas no máximo. Tudo nela doía e suas olheiras eram grandes, assustadoras. Trocou de roupa rápido e juntou as coisas, sem nem colocar numa bolsa.

— Luna, onde você esteve ontem de noite? Fui até a Corvinal e você tinha sumido? Você dormiu fora? Você DORMIU?

Gina inspecionava a aparência desfeita da amiga de cima a baixo. Ela era normalmente desgrenhada, mas naquele dia tinha algo errado, e algo a mais.

— Fui dar um passeio e esqueci de voltar, ginger. Eu nunca lembro mesmo.

— Passeio onde, querida?

— Pelos corredores, na Floresta... Eu só queria andar um pouco.

— Você anda estranha, Luna. O que está acontecendo? Qual o problema?

— Nenhum, não fique assim. É só... saudades de casa.

— De casa? Sei. Isso está me cheirando a homem, isso sim.

Luna gargalhou um pouco e bocejou. Estava mesmo cansada.

— Quero ver como você vai pra aula do Snape deste jeito hoje, Loony.

— Eu não vou.

— Oi?

— Eu não vou à aula dele hoje. Vou voltar pro quarto e dormir.

— Ficou louca, Luna? Faltar na aula de Poções? É por causa daquilo ainda?

— Não, nada a ver. Mas eu estou cansada. Ele me suspenderia de todo jeito.

Luna acabou o café, pegou suas coisas e saiu para a torre. Nem esperou resposta de Gina. Já estava ruim o bastante tantas mentiras.

Em sua cama, uma coruja acabara de deixar um pergaminho enrolado.

Snape, ela viu quando abriu.

"Senhorita Lovegood,

por motivo de compromissos anteriormente marcados comunico que cancelei nossos encontros dessa semana. Assim que puder voltar a atendê-la entro em contato.

Severus Snape."

O efeito daquele bilhete fora um pouco mais sério que podemos pensar.

Luna sentou na cama, lendo-o por mil vezes.

"Ele não quer me ver. Ele me odeia."

Chorando, nem percebeu quando adormeceu.

Ela caminhava pela névoa densa sozinha. Descalça, sem agasalho, sem nada. Tudo era cinza e pesado. Ela via ao fim do caminho algo negro, triste, parado. Esperava por ela. Ela esticava os braços, corria, tentava alcançar, mas não chegava. Nunca chegava. E então o que era negro caminhava em direção a ela. E ele se aproximava. E era Severus Snape. E ela queria se atirar em seus braços, dali nunca mais sair.

Eu amo você, Severus. Eu amo você."