“O que os vizinhos podem pensar? (Baby, o tempo está ruim lá fora)

Me diga o que tem nesse drinque? (Você não vai conseguir chamar um táxi lá fora)

Eu queria saber como... (seus olhos estão brilhando agora)

...quebrar esse encanto (Eu vou tirar o seu chapéu agora, seu cabelo está ótimo)”

O Potter a olhou curioso.

— James, por favor. - ela pediu ainda sussurrando.

— Você me chamou pelo o meu nome.

— Chamei.- Lily deu uma puxadinha na mão dele, que ainda esquentando a sua. - Eles estão chegando vem.

— E esperar eles nos matarem?

— Esperar eles passarem e não nos notarem. - James mudou o peso de um pé para o outro algumas vezes antes de se aproximar da ruiva e sentar no espaço vazio que sobrou no banco, Lily se sentou, tirando sua mão da dele, e abraçou os joelhos.

Os passos pesados finalmente apareceram com suas sombras escuras no vidro fosco da cabine, eles falavam alguma língua que Lily não conseguiu identificar, mas falavam alto como se soubessem que eles estavam ali. James continuou com a varinha em punho quando eles se foram.

— Você acha que eram comensais? - Lily sussurrou depois de um tempo.

— Sim.

— O que será que queriam?

— Não sei, mas ainda estão no trem.

A grifinória respirou fundo tentando achar a coragem de que sempre falavam, James era cheio de coragem, ou estupidez Lily não conseguiu decidir.

— Por que fez isso? - perguntou para o Potter.

— O que?

— Se arriscou desse jeito pra me proteger.

— Eu não deixaria nada acontecer com você,Lily. O mundo não faria sentido sem você.

A ruiva parou de respirar.

Aquilo não fazia sentido, como ele ainda podia gostar dela? Depois dela ter passado os últimos seis anos e meio o ignorando e o tratando mal, como James Potter ainda se importava tanto com ela?

E por que Lily estava surpresa?

— Como sabia que iam fazer algo comigo?

— Eles caçam os que tem sangue trouxa, como se fossem imundos ou indignos de magia. Como se eles próprios se importassem com dignidade.

— Será que vão machucar alguém? - James não respondeu, apenas suspirou bagunçando o cabelo, Lily sentiu o coração apertar. Ela sabia que o Potter se importava demais com seus amigos e com aqueles próximo a ele, mas ele parecia estar tão calmo com a situação toda que Lily se perguntou como ele fazia isso, a própria ruiva era muito sentimental para tudo, era como tentar se esconder atrás de uma peneira, suas emoções sempre transpareciam.

James voltou seu olhar para ela.

— Por que está me olhando assim?- questionou ele.

— Assim como?

— Com esse olhar de”Ele fica tão bonito quando sério”.

Ela desviou o olhar sem impedir que um sorriso surgisse em seus lábios.

— Esse é o meu olhar normal.

— Eu sei que é. - brincou ele, Lily se controlou para não rir alto.

— Como faz isso? Muda o clima tão de repente?

Ele deu ombros.

— É mais fácil de falar com alguém com senso de humor.

— Tem razão.

— Ainda está com frio?

— Um pouco, mas vou ficar bem. - James levantou a sobrancelha.- É sério, acho que era só a atmosfera ruim.

— E a neve.

— E a neve. - concordou ela, os flocos gelados estavam se empilhando ainda mais no parapeito formando uma grossa camada.

— Ei por que se atrasou o suficiente para ficar no ultimo vagão? - perguntou ele, Lily explicou sobre o incrível livro de romance que estava lendo e talvez tenha se empolgado um pouco na explicação já que quando viu lá fora estava escuro.

— Já chega do meu resumo literário por hoje. - disse ela mudando de assunto.

— Não espera, o que acontece no final?

— Eles se casam, agora, por que você ficou no último vagão?

James deu ombros.

— Sempre fico no ultimo vagão.

Ela levantou a sobrancelha.

— Tá legal, talvez eu tenha ficado resolvendo alguns problemas na detenção.

— De novo? O que você faz para ficar tanto tempo na detenção?

— Acho que só me interpretam errado.

Lily riu de quanta confiança ele tinha naquilo.

— Ah é? Tipo quando você soltou fogos de artifício no corredor?

— Eu estava testando pra ver se conseguia fazer eles acenderem na ordem certa sem fazer muito alvoroço.

— Acho que falhou nisso.

— Meu pai sempre diz que o sucesso está no meio entre as tentativas e os fracassos. - ele sorriu de lado.

— É isso que quer fazer depois de Hogwarts? Inventar coisas como o seu pai?

— Acho que sim.

— Deveria, seus olhos se iluminam quando fala disso.

— E os seus quando fala das suas histórias.

James a olhou com seus olhos castanhos fazendo seu coração sorrir.  

— Como nós nunca conversamos assim antes? Ou conversamos no geral?

— Acho que eu pegava muito no seu pé.

— E eu era muito má.

— Você ainda é um pouquinho. - Lily lhe deu um soco no braço, ele riu.

— Éramos tão idiotas.

James concordou com a cabeça, seus olhos ainda fixos nos da ruiva. Então a distância entre eles parecia quilométrica. Lily respirou fundo encontrando aquela coragem, lá no fundo, e se aproximou. De fora aquilo deveria parecer muito ridículo mas ela precisa estar perto dele para perguntar não importando qual seria a resposta.

O Potter parecia hipnotizado, não mexeu nem um músculo até que a ruiva estivesse ajoelhada ao seu lado no banco, seus olhos ficaram na mesma altura.

— James, você ainda gosta de mim? - perguntou a ruiva finalmente.

— Sim. - disse ele,depois de uma pausa, mexendo a cabeça. Lily percebeu o quanto o seu perfume era bom, e comum na vida dela, ele sempre esteve lá. O garotinho hiperativo de óculos que conheceu no seu primeiro dia, ele continuou do seu lado mesmo quando ela o afastava, agora ele tinha crescido. A ruiva tocou seu rosto sentindo a barba por fazer pinicar sua mão. Como tinha conseguido odia-lo?

— Que bom, - disse ela finalmente. - porque acho que gosto de você também.

James passou o braço pela cintura da garota a puxando para mais perto, Lily foi de bom grado ansiando para que a distância fosse quebrada, então eles ouviram o grito.