A Fronteira Maldita escrita por Dama do Poente


Capítulo 8
7 - As Águas de Polo


Notas iniciais do capítulo

daughter of the sun, MaryDiÂngelo, Linhas e vidas, e Rainha dos Raios: muito obrigada pelos reviews no capítulo passado.
Por que eu estou postando tão cedo? Bom, daqui a pouco vou pra faculdade, mas antes queria postar em tudo e deixar um aviso: tenho menos de 10 dias para estudar para as provas, então as fics estão em hiatus temporário!
Mas antes: espero que gostem do capítulo!!



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P. O. V Autora:

Claire girava o estranho pingente em forma de chave em suas mãos, um hábito seu que demonstrava todo o nervosismo que sentia. Tinha tal cordão desde que nasceu, assim como Jasmyn, sua irmã gêmea, também possuía um igual; acreditava ser um presente de Afrodite, sua mãe, mas no momento pouco importava: não haveria presentes o suficiente para compensar aquela missão.

― Então, todo esse tempo, você sempre soube sobre mim? ― Catarina chia, despertando Claire de seus devaneios.

― Pensei que isso tivesse ficado bem claro em maio do ano passado! ― a filha de Afrodite revira os olhos, evitando encarar a prima. ― Sim, Lyra, eu sempre soube sobre você e sua maldição.

― E por que nunca me contou?

― Porque essa é a regra quando sua vida é envolvida com magia: todo mundo sabe, menos você! Basicamente é como ser corno! ― a loira que as acompanharia, Sadie, responde a Catarina.

― Tem um motivo para o tempo existir, e acho que é para dizer ao certo quando cada um deve falar! Agora, por exemplo, não é a sua hora, maga! ― Claire dispara, fazendo as duas mais novas arregalarem os olhos. ― E se você acha que eu estou feliz com essa missão, Catarina, sugiro que use seu lindo cérebro para pensar duas vezes: qualquer uma de nós pode morrer por lá, e se eu tiver que escolher, não será eu!

Poderia parecer maldade da parte dela ― e de certa forma realmente era ―, porém, para total esclarecimento dos fatos, Claire estava cansada. Desde muito jovem soube seu papel nessa maldição e, basicamente, na própria vida: cuidar da prima, impedir que essa morresse antes do tempo, guiá-la pela vida não importava os custos. Talvez até mesmo a própria vida Claire tivesse que dar para que Catarina sobrevivesse até os 15 anos.

Engana-se quem acredita que ela realmente se afastou ― mesmo que tenha tentado ―: quando ainda morava no Brasil, foi chamada para integrar a Escola do Teatro Bolshoi, entretanto não chegou a ficar mais do que quinze dias longe, pois na mesma época houve um ataque a sua prima e ela foi forçada pelos deuses a voltar. E depois, quando o pai precisou mudar, ela fingiu deixar o Rio de Janeiro, mas permaneceu escondida por todos os anos, viajando com a prima sempre que essa ia visitar o tio ― tudo para encobrir seu disfarce.

― Eu estou cansada de perder minhas chances para salvar a sua pele.

― Então não vá nessa missão! Eu nunca pedi nada a você, Claire! Talvez tenha pedido por sua amizade durante anos, mas não se preocupe, não preciso mais dela.

― Você sabe que nunca a terá, Catarina! ― Claire debocha ― E eu não deixarei de ir nessa missão: essa será a última coisa pelos deuses, porque até mesmo eu sei que é inútil lutar contra o destino!

― A probabilidade de eu sobreviver a isso é mínima mesma! ― Catarina dá de ombros, realmente pouco se importando com a discussão: era mais fácil tratar a prima de igual pra igual do que sofrer pelo desprezo que encontrava ― Só me diga para onde iremos amanhã!

― Vocês ouviram a profecia! ― Claire enfim incluí Sadie na conversa, mirando-a ― Das águas de Polo... Você sempre foi boa em história, priminha: onde Marco Polo nasceu?

Não foi preciso que Catarina pensasse muito, de fato sempre fora boa em história ― embora ela não soubesse que todos os seus conhecimentos em história fizessem parte de seu “treinamento” pré-missão. ―; apenas se virou para a maga, que ouvia calada a discussão. Sadie bem sabia que, quando se tratava de família, era melhor nunca se meter nas brigas. 

― Espero que esteja acostumada a caminhadas longas, parceira, pois pra onde vamos não há como andar sobre quatro rodas...

― E que lugar seria esse?

― Veneza, amore. Resgatar alguém que, espero, nos ajude a sobreviver a essa missão! ― e ao finalizar sua informação, Catarina deixa a casa grande. Se permanecesse ali mais um minuto, não seria capaz de controlar os próprios sentimentos.

― Saímos amanhã bem cedo! ― Claire declara, alto o suficiente para que até mesmo Catarina ouvisse. ― Tente dormir bem, maga: essa pode ser sua última noite de descanso. Pelo menos sua última noite viva!

E com essa nada agradável recomendação, Claire deixa Sadie para trás, buscando ela mesma um pouco de descanso. Embora ela soubesse: jamais teria descanso.

Era uma semideusa afinal.

P. O. V Catarina:

Eu sempre convivi com pesadelos, e costumava acordar bastante cansada desses; porém jamais passou pela minha mente que eu acordaria cansada de uma noite sem sonhos.

Depois de sair da pequena reunião na Casa Grande, fui para meu chalé e desabei em minha cama, sem me preocupar com qualquer coisa supérflua como um banho... Tinha quase certeza de que nos próximos dias esses seriam raros, e no momento eu estava tão desnorteada que sequer conseguia raciocinar direito.

Irônico, não? A filha do deus da razão, não conseguindo raciocinar...

― Sinto muito, Catarina! ― Lua murmura de sua cama. ― Sei que dizer isso não muda nada, mas realmente sinto muito!

― Eu também! ― Alexis nos surpreende, falando também ― Acho que todo mundo aqui sente, porque todo mundo já passou por algo ruim: ser do chalé 7 parece maravilhoso, mas só nós sabemos as conseqüências disso.

Tal coisa me chamou a atenção, e até cheguei a encará-las em busca de respostas, mas elas pareciam tão abaladas quanto eu, como se lutassem contra demônios interiores. Levando em consideração que eram mais velhas do que eu, era bem possível que fosse isso mesmo.

― Alguma notícia sobre nossa irmã desaparecida? ― perguntei, lembrando-me do assunto que discutíamos mais cedo.

― Nada ainda! Eles continuam fazendo buscas, e dessa vez eu vou também! Mesmo que ninguém concorde com isso... ― Lex responde, deitando-se em sua cama. ― Boa sorte na sua missão, Catarina... Queria poder lhe dar uma boa notícia sobre ela, mas, infelizmente...

― Ninguém pode me falar sobre o futuro! ― completei seu raciocínio.

Afirmei que estava tudo bem, que só precisava de um pouco de descanso, e elas me deixaram ficar quieta. Eu não estava tão acostumada a tanta atenção, então me sentia um pouco incomodada, especialmente por não saber lidar com o turbilhão de sentimentos que tomava conta de mim.

Na manhã seguinte, fiz questão de tomar um banho longo e vestir algo que pudesse me aquecer ― afinal era inverno lá fora ―; havia uma mochila preparada para mim sobre minha cama, junto com um bilhete.

“Considere um presente. E boa sorte” dizia, em uma letra floreada e delicada. Chequei o conteúdo antes de sair, e encontrei outra muda de roupa, um saco com cubinhos e um pequeno cantil. Meus brincos de prata estavam ali dentro também, junto a outras coisas que não soube identificar. Tentei não parecer tão preocupada e cansada quando me despedi de meus irmãos e parti para a casa grande de novo.

A verdade, porém, não devia estar tão bem escondida quanto pensei, pois assim que entrei na sala e encontrei Percy conversando com Sadie, o filho de Poseidon me ofereceu um sorriso solidário e pediu para falar comigo.

― Como o cara que te resgatou, achei que seria legal te dar um conselho amigo! ― ele comenta quando estamos a sós na varanda.

― Manda a ver, Jackson! ― sorrio, sentando-me sobre o parapeito.

― Nenhum de nós escolheu ser um semideus, mas escolhemos ir em cada missão que nos foi dada...

― Nem isso eu pude escolher: ir nessa missão faz parte da minha vida. Do meu destino! ― suspiro, revirando os olhos.

― Mas você pode escolher como aproveitar o jogo do destino, Catarina! Essa não parece ser a última missão que você irá, mesmo que você não fosse amaldiçoada, essa não seria. Nascemos para nos arriscar, e se tem uma coisa que eu entendi ao longo desses anos e namorando uma filha de Atena é: podemos aprender com cada enrascada em que os deuses nos colocam. ― seus olhos verdes me encaravam intensamente. ― Aprenda o máximo que puder, seja forte, e chute a cara de alguns vilões por todos nós do Acampamento! ― e com um sorriso simpático e um aperto amigável em meu ombro, meu primeiro mentor me deixa a sós.

Percy também me deixou com um pouco mais de esperança sobre o que estava por vir, e mesmo que ainda estivesse desesperada, tentaria seguir o que me foi dito: aproveitaria o máximo que podia o que aquela missão pudesse me oferecer!

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― Sobre ontem, me desculpe por aquela discussão! ― murmuro para Sadie enquanto caminhávamos pelo Acampamento. Como de costume, Claire estava atrasada.

― Tudo bem, sério: já tive brigas bem piores com meu irmão... A gente briga o tempo todo, na verdade, então meio que estou acostumada! ― ela sorri. ― O que me lembra que ele vai ficar com bastante raiva por eu... Aí, falando no diabo... ― ela pega o celular do bolso ― Oi, querido irmão.

Não consigo ouvir muito bem a conversa, mas Sadie certamente estava correta em supor que seu irmão ficaria com raiva: foi possível ouvir o ruído de seus gritos mesmo que eu tenha me afastado. O que realmente entregou o quão tensa foi a comunicação foi o fato de Sadie quebrar seu celular de tanto pisar sobre ele.

― Já acordaram com instinto assassino! Ótimo: isso vai nos ajudar bastante! ― Claire nos surpreende ao se aproximar ― Agora vamos para Veneza, temos muito que fazer ainda.

 Dessa vez ninguém discutiu. Apenas demos as costas para o Acampamento e seguimos o que o destino nos reservou.

P. O. V Lorenzzo:

Eu estava morrendo! Conseguia até mesmo enxergar a luz no fim do túnel, e estranhamente aquilo me desesperava um pouco: era nessa hora que ela costumava chegar e me salvar. Mas onde estava ela, que não me salvava? O que aconteceria se ela não me salvasse? Eu daria a mão ao homem no barco? Passaria para a luz?

Eu nunca descobria: nas raras vezes em que ela não aparecia, eu simplesmente acordava ofegante, sem saber onde estava, quando ou com quem estava.

Stai bene, amore? ― esforcei-me para olhar em volta, dando de cara com uma bela garota ao meu lado.

Seus cabelos loiros caiam sedosos sobre seus ombros, e seus olhos castanhos me fitavam preocupados. Elinor era linda, o tipo de pessoa que te conquista com um sorriso.

! ― respondi rapidamente, na tentativa de apagar aquela preocupação de seus olhos. ― Só mais um pesadelo normal!

― O pesadelo do anjo? ― ela pergunta, vestindo um penhoar sobre a camisola

― Não é um anjo! É... Alguma coisa, que não é humana! ― suspirei, vestindo minha camisa.

Fui visitar Elinor na esperança de que sua presença me acalmasse, que eu pudesse dormir enfim: há uma semana que aquele sonho continuava da mesma forma, sem um fim ou sem minha salvadora aparecendo. Mas, ao contrário do esperado, Lin não fora capaz de me acalmar.

― Preciso ir buscar Sophia! ― me despeço, beijando seus lábios rosados ― Mande lembranças à sua mãe!

― Mande minhas a sua também, amore! Ti Amo! ― ela sorri quando engulo em seco ― Sei que jamais serei correspondida, então nem pense em mentir!

― Você é a melhor, Elinor! ― sorri para ela, antes de voltar aos canais de Veneza.

Minha gôndola flutuava calmamente pelos canais, e eu invejava a calmaria deles: por dentro eu com certeza era seu extremo oposto, embora tentasse de tudo para ficar calmo.  Mas desde que a semana começara, meus pesadelos pioraram e a sensação de algo ruim aconteceria se agravou.

Voltei às ruas quando o espaço para a gôndola se tornava limitado demais, e posso dizer que pela primeira vez aquilo foi bom: a gôndola afundou segundos depois de eu ter saltado da mesma. Ninguém pareceu perceber que eu ficara “a deriva”, muito menos perceberam a estranha criatura que se desfazia em areia aos meus pés, onde uma flecha dourada descansava.

― Está ferido? ― sou questionado em inglês, por uma voz obviamente feminina

Não, eu não estava ferido; estava pasmo, assustado e confuso: o que estava acontecendo? O que se desfazia aos meus pés? E, se eu estava acordado, por que “o anjo” de meus sonhos estava ali?


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do capítulo? O que ta acontecendo com o Lorenzzo?
Gente, sério, eu adoro vocês amando o Lorenzzo tanto assim, mesmo o meu favorito sendo o Eleazar.
Espero que tenham gostado! Comentem, favoritem, isso ajuda muito, ok?
Beijoos e até a volta!