Isso é Amor? escrita por Letícia Silveira


Capítulo 24
Ponto - POV Alec


Notas iniciais do capítulo

Olá, amoras *-* Que triste esse ser o último cap! Não queria me despedir...
MAS DEDICO O CAP A TODOS OS MARAVILHOSOS LEITORES QUE LERAM (PODEM TER COMENTADO OU RECOMENDADO, MAS O IMPORTANTE É QUE DERAM UMA CHANCE A ESSA LOUCA HISTÓRIA). E, claro, deixar o meu agradecimento especial e parabéns à Mari Moraes, que estava de aniversário!
E gostaria de deixar explícito algo: a fic era para ser sobre a vida do ALEC, não da Renesmee ou do Jacob. A fic era para ser, em sua maioria, por conseguinte, sobre a vida do ALEC.
Então, sei que decepcionarei alguns e alegrarei outros, mas espero que as críticas não sejam sobre o ~rumo~ da fic. Leiam e vejam o que lhes espera. Beijão :*



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 Ponto

“Ele amava-a e, porque a amava, sofria.”

Alec’s Point of View

Passaram-se dez longos e monótonos anos. Eu ainda não conseguia acreditar que o tempo, por mais que fosse eterno para mim, pudesse passar tão lentamente. Às vezes, eu achava que a dor apenas piorava tudo; porém, depois, percebia que ela comprovava a existência daquele amor.

Mesmo que nós não tivéssemos, sequer, chegado a namorar, o nível de conexão que eu tinha com ela era imensurável; e, por isso, era tão difícil viver sem tê-la.

O que eu não faria para abraçá-la mais uma vez? Para relembrar o seu beijo?

Na verdade, isso não seria necessário. A reminiscência estava mais do que presente. Eu ainda lembrava-me de quão dóceis eram os seus lábios, de quão ávida era a sua língua, de quão ágeis eram as suas mãos, que se perdiam em seu negro cabelo...

Aquela pergunta era apenas uma desculpa para revê-la. Não sabia se sobreviveria muito mais sem ela.

Desde a última vez que eu vira-a, nunca mais voltara a encarar aquele rosto tão angelical... Mesmo com o meu peito implorando-o a todo o momento.

O desejo de correr em direção àquela cidade a que o meu coração estava preso era inexplicável. Como queria envolvê-la do modo como eu estou envolvido! A esse ponto, ela deveria estar namorando firmemente com aquele lobo... E que raiva dele!

Verdadeiramente falando, não era raiva, era inveja. Eu queria estar no seu lugar, queria poder dizer aos demais que ela era minha, queria poder beijá-la, amá-la e, repetindo, tê-la. O anelo de tê-la era tão imensurável que não encontraria outra palavra para descrevê-lo. Tê-la era a minha prioridade; entretanto, protegê-la era o meu fundamento.

E, apenas por causa disso, eu estava preso à minha família. Largá-la-ia para rever a híbrida dos cabelos dourados. Faria, pois, qualquer coisa para possuí-la. Não sexualmente, mas sim no sentido de ela ser minha, da possessão de tê-la. E, novamente, a palavra insubstituível vinha à tona. Como eu queria poder esquecê-la, céus!

Retirando-me de meus pensamentos masoquistas, a minha irmã, Jane, adentrou no quarto em sua velocidade vampiresca. Fitei-a tediosamente, esperando o próximo “comando” do dia. Era assim que eu me sentia, pelo menos: um escravo. Eu apenas obedecia as normas e vivia no automático. Nunca imaginara que a vida poderia ser tão patética. Às vezes, até a opção de unir-me, novamente, aos Volturi alegrava-me mais do que aquilo. A verdade era que, com tudo o que ocorrera, eu tinha nojo da minha mãe. Não queria estar perto daquela que, em minha mente, era a responsável por minha dor. E o fato de ela não se dar conta disso apenas enervava-me.

– Maninho, venho com boas novas, novos ares! – Pelo tom de Jane, eu sabia que não viria algo bom daquilo.

Suspirei, esperando a continuação de sua irônica fala. Entretanto, ela apenas estendeu-me um envelope branco, sorrindo extensamente à medida que parecia lembrar-se de algo engraçado.

Fitei desconfiado aquilo e observei uma fina letra escrever o remetente à família Volturi. Suspirei, abrindo-o em seguida.

Queria nunca o ter feito, nunca o ter visto, nunca o ter tocado. Pois aquele envelope era a minha caixa de Pandora: todos os meus maiores pesadelos estavam contidos ali.

O susto foi, no entanto, maior do que a dor. Eu apavorei-me; por conseguinte, os meus instintos imploraram para serem guiados à La Push. Esse local nunca me pareceu tão horrendo quanto naquele momento. Então era isso? Ela casar-se-ia com um lobo e ainda convidar-me-ia para ser o seu padrinho? Que tipo de híbrida sado-masoquista era ela? Realmente, Renesmee nunca entendera os meus sentimentos a seu respeito. 

Após dez anos sem ver-nos, ela tinha a cara de pau de mandar-me um convite para observar a cena mais monstruosa do mundo? Pior do que isso seria apenas vê-los na lua de mel. Realmente, eu não nascera para amar.

Agora eu acreditava, mais do que nunca, em destino. Ele é simplesmente maravilhoso com aqueles que merecem e simplesmente horrível com aqueles que desmerecem.

Eu era um corpo sem alma, e alma é a parte mais admirável do corpo. Ela reina na razão, mas segue o amor. E eu, meramente, perdi-a ao transformar-me no monstro que matara, torturara, sequestrara seres vivos. Eu não era humano, por isso não deveria ser amado. E ter consciência disso era, unicamente, doloroso.

De que adiantava ter um coração se ele não batia? Por que ele sentia tantas dores se de nada servia? Por que existiam tantos porquês em minha vida? Por que eu simplesmente não podia ser feliz?

Eu admitiria, então, naquele momento, que antes, quando eu ainda pensava na tortura de não a ver, eu vivia em um paraíso. A ilusão de poder tê-la novamente alimentava o meu ser (infelizmente, não poderia dizer “a minha alma” para concluir o pensamento). Porém, ao descobrir sobre o casamento iminente, observar todas as minhas esperanças esvaindo-se era devastador. Como subsistir ao impossível? Quem me dera descobrir a fórmula da felicidade! Usá-la-ia para continuar a viver, para continuar a tortura que era a minha vida.

Correr era uma libertação insidiosa. Ela não lhe oferecia a liberdade, você escolhia tê-la ou não. Todavia, o meu coração insistia em permanecer preso àquela que não merecia. E, ainda que estivesse, figurativamente, sangrando, não pensava em parar de amá-la. Uma criatura tão perfeita como ela merecia as mais diversas formas de admiração.

Tentando consolar a mim mesmo, enquanto os passos ritmavam-se aceleradamente, rumo a nenhum lugar; pensei que, pelo menos, ela deveria estar feliz. Vê-la alegre e sorrindo seriam o suficiente para animar-me.

Cheguei, então, a uma terrível conclusão: por mais vazio que eu me sentisse, eu não poderia estar mais feliz... Por vê-la feliz. E isso era um sentimento ainda pior, pois era seguido pela pena que eu sentia de mim mesmo. Como alguém poderia ser tão bipolar a esse ponto? Como eu poderia estar tão arruinado a ponto de ter condolência comigo mesmo?

Ah, espere! Masoquismo deveria ser o meu sobrenome, e  o nome Lembranças deveria estar contido em minha certidão de nascimento. Porque, assim como nomes, elas nunca me deixariam e, sempre que eu as relembrasse, eu veria quem eu realmente sou. Graças à Renesmee, eu era alguém melhor. Infeliz, talvez mais taciturno; entretanto, com certeza, eu era alguém melhor.

Suspirei, caindo de joelhos, ao parar repentinamente em meio a uma desconhecida floresta. Eu encontrava-me longe de casa; entretanto, o meu coração dizia-me para parar de fugir. Não havia outro caminho a não ser vê-la feliz. E eu deveria contentar-me com isso... Mas era, realmente, difícil.

Eu não tinha forças para erguer-me, o que soaria extremamente gay para qualquer hétero metido a machão. Eu não me importava com o que pensariam sobre mim, pois eu tinha certeza da minha heterossexualidade. E não era preciso desejar alguém para amar. Por mais que eu já tivesse desejado a Renesmee; eu, à primeira vista, amei-a apenas fitando o seu olhar.

Cansado de tentar lutar contra o sentimento de dor, cerrei os olhos, concentrando-me nos barulhos da natureza. Eu nunca fui religioso (até pelo fato de ter acompanhado o surgimento da Igreja), porém, naquele momento, percebi o quão presente estava Deus naquele ambiente. O canto dos pássaros acalmava a minha alma, o ruflar de assas despertava um sentimento oculto de liberdade em mim e o vento nas folhas produzia um ruído tão perturbador que era capaz de distrair-me. Era ali que eu O encontrava, pois Deus estava presente em tudo aquilo que era obducto; e descobri, então, que Ele era capaz de acalmar-me e de consolar-me. Eu sentia o carinho da natureza sobre mim, e isso só poderia ser explicado através de algo por detrás daquele ambiente tão confortável.

E, ali, permaneci alguns segundos, minutos, horas, dias ou, quem sabe, meses. Esses meses podem, possivelmente, terem formado anos até que Jane encontrou-me de olhos fechados, como alguém que dormia tranquilamente.

E era o que eu queria fazer: dormir, sonhar, escapar da realidade. 

Seria querer demais poder descansar da vida? Tirar férias ou, quem sabe, aposentar-me? Nunca imaginei que eu seria alguém tão emotivo assim. Nunca pensei, antes de conhecer a Nessie, que gostaria de poder chorar para libertar a dor em meu peito. Nunca refleti que ser um monstro era tão ruim. Antes, eu amava a vida que levava, a matança que eu fazia e a dor que eu espalhava. Agora, eu via o quão terrífico era perder alguém amado e, só de pensar em quantas vidas eu matei e quantas outras sofreram por isso, arrepiava-me. Monstro era uma palavra muito fraca para descrever-me.

Matutando sobre as minhas próprias ações, não me lembrava mais da presença de minha irmã em meio àquele verde todo. Respeitando-me e permanecendo em um confortável silêncio, Jane pegou-me no colo e começou a correr. Afinal, por mais pesado que eu fosse, ela também era extremamente forte. Importunamente, quem visse a cena pensaria na quão estranha ela era.

Entretanto, mesmo com o panorama, em minha mente, sendo engraçado, o riso não ecoava de minha boca. Parecia que, ainda que eu o forçasse, eu não conseguiria. Eu era, afinal, um inútil.

Ainda cismando em remoer a minha morte, Jane parou em um ponto de uma floresta conhecida por mim. Ela era estranhamente familiar; entretanto, a minha irmã não era.

A vampira loura começou, então, a cantar suavemente a letra de uma música desconhecida por mim. Conquanto que a melodia era animada, não consegui seguir o espírito. Entretanto, ao murmurar tal parte da música, entendi o motivo para fazê-lo.

– Drop your worries, you are gonna turn out fine. Oh, you'll turn out fine. Fine... oh, you'll turn out fine. But you gotta keep your head up… – Dizia para eu manter a cabeça erguida, que eu ficaria bem. Mas, passado algumas partes, veio à tona uma parte com que eu mais me identifiquei: – Only rainbows after rain. The sun will always come again and it's a circle, circling around again, it comes around. – A vida é um ciclo de infelicidades e felicidadedes. Um dia, a fortuna viria até mim. Era verdade.

(http://www.vagalume.com.br/andy-grammer/keep-your-head-up.html)

Tentei esboçar um sorriso, entretanto acho que fracassei. Porém, Jane merecia, no mínimo, um agradecimento por ter feito aquilo comigo. Na guarda Volturi, éramos cúmplices, melhores amigos e comparsas. Todavia, com a entrada de Renesmee, afastamo-nos; e, mesmo assim, ela cuidou de mim quando eu precisava do motivo que nos separou. Nunca imaginei aquela vampira com uma alma tão boa. Fiquei, realmente, orgulhoso de chamá-la de irmã.

Abracei-a, sendo correspondido por seus braços frios. Ouvi alguns resmungos e percebi que ela gostaria de chorar naquele momento. Apenas não compreendi por quê.

– Alec, meu irmão… Eu simplesmente não consigo vê-lo com essa dor. Por isso, trouxe-o para cá. – Meu coração falhou algumas batidas. Então era isso? Aquela floresta tão conhecida era Forks? – Você precisa encarar o fato de ela estar casando-se. Precisa demonstrar o quão forte você é. Levante essa cabeça e siga em frente. Não tema sentir-se infeliz, pois é melhor encarar a raiz do problema do que, simplesmente, saber da sua existência. Corra, irmão. Corra até a casa dos Cullen e seja feliz. Faça isso por mim e pela mamãe. – E o seu abraço, no final da fala, foi tão reconfortante que eu apenas suspirei. Eu sabia que doeria muito vê-la feliz ao lado de outro; porém, Jane estava certa: eu precisava disso para seguir em frente.

Então, eu corri livremente. A libertação, finalmente, viria até mim. Eu necessitava tanto daquilo que, até lá, eu segurei a minha respiração.

As árvores passavam por mim como borrões. Alguns animais espantavam-se com a entidade suspeita no local. A lama, provavelmente vinda da chuva tão corriqueira naquele ambiente, sujava os meus sapatos italianos. Eu ri, já mais leve, do meu pensamento imbecil. E, repetindo o gesto, ri novamente por constatar que eu era um imbecil.

Aguçando a minha audição, percebi que havia apenas uma respiração dentro da casa. Não havia barulhos incômodos vindos dos quartos, e o coração acelerado do cachorro não estava lá. Suspirei, aliviado. Seria bem mais fácil conversar com, por exemplo, Alice do que falar com alguém como Jacob. Arrepiei-me. Não era medo, era nojo.

Todavia, o anjo que atravessou rapidamente a porta e abraçou-me não era a pequena fada Alice. Era um corpo franzino, lânguido, mas também curvilíneo. Era o corpo que eu queria poder abraçar toda a noite e mimá-la todo o dia.

– Ness... – Extasiado pela sua presença, sussurrei. Mantê-la firmemente em meus braços era a melhor sensação masoquista que eu poderia ter.

– Alec! Ó, meu Deus! – E ela apertou-me em meio aos seus finos, mas fortes, braços. Como eu gostaria de permanecer ali para sempre... Céus! Que pecado era aquela pequena criatura! – Me desculpe, me desculpe por ter mentido! Mas eu precisava tê-lo aqui mais uma vez! Desde que Jacob se foi, eu... – Ela deu uma longa pausa, recobrando o fôlego, enquanto eu permanecia ali, sem entender nada. – Só queria tê-lo em meus braços novamente, reconfortando-me, amando-me... – Ela ergueu o rosto para fitar-me os olhos, enquanto eu apenas permanecia atônito. Sobre o que ela estava falando, afinal? – Como eu te amo! Eu te amo muito, Alec! E, por mais que eu tenha sofrido muito com a morte dele, eu sei que ainda há felicidade junto a você. Isso se você me quiser, é claro...

Silenciei-a, então. Não estava compreendendo nada, apenas entendi a parte do amar-me. E não posso negar que sorri com aquilo. Mas morte? Sofrimento? O que queriam dizer essas palavras?

Entretanto, ao ouvi-la oferecendo-se a mim, não contive a vontade de silenciá-la. E fi-lo através de um ávido beijo. Céus, como era bom senti-la contra o meu corpo novamente! Puxando as minhas madeixas, movendo a sua língua contra a minha, chocando-as...

Era um beijo recheado de saudade, amor e desejo. Ambos queríamos mais, mas eu não podia descontrolar-me tão cedo. Eu ainda tinha de entender o que acontecera ali. Afinal, o que acontecera com o iminente casamento?

– Ness, – murmurei ao encerrarmos o beijo, – e o casamento? E o que aconteceu com o Jacob? Ele morreu mesmo?

Ela desmanchou o seu sorriso e assentiu.

– Ele morreu ano passado em um ataque de nômades. Os vampiros estavam atacando a Anne, e ele foi lá e... Morreu pelos outros.

Um suspiro e um leve choro seguiram-se.

– E o casamento... Bem, minha tia Alice viu que, se eu lhe mandasse o convite, você viria aqui. E parece que ela estava certa. Mas eu não estou noiva... – Mas logo estará. Completei em meu pensamento, puxando-a mais fortemente contra mim.

Logo, após essa cena, eu senti algo como a água molhando-me. Abri os olhos sem lembrar-me de tê-los fechados. Reparei que eu não abraçava ninguém, que estava deitado sobre algo duro e que o céu escuro estava sobre mim.

Os olhos vívidos de Jane fitavam-me preocupadamente, e notei que ela continha um balde em mãos.

Então, dei-me conta. Nada daquilo fora real. Era apenas a minha mera imaginação, matando inocentes como o cachorro e a Anne para eu poder ser feliz, como eu queria. Realmente, sem dúvidas, eu era um monstro. Era alguém detestável; e, nunca, um anjo amar-me-ia. Eu merecia apodrecer sob a terra em que eu me encontrava.

Os braços gélidos de Jane cercaram-me e confortaram-me. Era terrível saber que você não poderia obter a coisa mais desejada em sua vida. Talvez fosse a impotência que causasse tal sentimento.

A única coisa que eu cheguei a concluir era que, se Jane fosse humana, ela estaria chorando. Logo, com a voz embargada, começou a murmurar a quão apavorada ela havia ficado com a minha aparente sonolência. Eu havia feito algo impossível para um vampiro: eu dormi. Pelo menos, era isso que ela havia dito. E o melhor: eu havia sonhado. Há quanto tempo eu não o fazia! E a sensação era ótima, pois era como a ilusão que eu causava com o meu poder: indescritível. Eu queria poder ir parar naquele mundo paralelo onde eu tinha a Renesmee beijando-me e abraçando-me.

Mas não. Eu estava aprisionado no horrendo mundo, em que eu vivia. Então, eu apenas corri para longe, sentindo os leves passos de Jane seguindo-me. Por mais que tudo tivesse passado de uma ilusão, eu sabia que ela era tão boa quanto no sonho. Ela era tudo que eu tinha, afinal.

Passo. Outro passo. Esquerda. Direita. Vento na cara. Era apenas nisso que eu queria pensar, mas não era o que realmente acontecia. Os meus pensamentos continuavam a focar-se em um único ser que me prendia à Terra.

Eu corri, pois, para longe. Fugi na verdade. E Jane seguiu-me, pois ela era a única pessoa que, aparentemente, amava-me. Se minha mãe o fizesse, nunca teria imposto a mim sensações tão terríficas como aquelas.

E esse é o meu final. Fugir, escapar, afastar-me, retirar-me e qualquer outro sinônimo que queira usar. E, por último, abandonar. Eu abandonei a minha vida, a minha felicidade, a mulher que eu amo, para vê-la feliz e aquilo estava concretizando-se. Então, por que eu não estava alegre? Simplesmente, porque eu era aquele monstro do início e continuaria a sê-lo. Simplesmente, porque eu era egoísta ao ponto de preferir tê-la comigo a vê-la com outro. Simplesmente, porque eu era eu e, por isso, possuía falhas. Diversas, contínuas, ríspidas e duradouras falhas. Porém, isso era o que me formava, e eu contentar-me-ia com isso. Era melhor ser alguém que erra do que ser ninguém que acerta.

Então, volto a repetir: apresento-lhe o meu final. Pode não ser feliz, mas, se finais fossem felizes, não seriam finais. Se a felicidade pudesse estender-se, nunca terminariam com ela. Nenhum autor conclui-la-ia, pois pontuar é dar uma pausa, e o amor é algo infinito, nunca para.

Assim, colocar um ponto final em algo significa acabar com algo, e a felicidade deveria ser eterna... Mesmo a minha não tendo o sido.

Deixo-lhe, pois, a minha história como o legado de uma triste eternidade. Deixo-lhe esta como a prova de que as coisas nem sempre são como deveriam ser. Nem sempre são infinitas, nem sempre são perfeitas, nem sempre são justas. E, sem julgar mais, deixo-lhe com o meu ponto final.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que acharam da Jane? O que acharam da Ness? O que acharam do fim?
Sei que muitos não gostaram, mas, na verdade, era para, nesse final, incluir as duas versões de final. Infelizmente... Não foi dessa vez. Espero que tenham gostado da minha "inovação".
Fiquei muito feliz por concluir essa história, pois ela foi a minha segunda fanfiction e foi uma ideia totalmente louca de minha mente nada normal. Comecei-a em 2010 e nunca tinha lido Reneslec. Espero que essa fic fique guardada em suas mentes e tenha lhes ensinado algo (pois eu tentei passar vários ensinamentos nos últimos caps).
Eu até pensei em uma 2a temporada, mas eu não poderia prometer nada com os meus horários corridos.
Beijos grandes e espero que continuem comentando (bem ou mal) e recomendando, mesmo com a fic acabada.