Isso é Amor? escrita por Letícia Silveira


Capítulo 20
Sensações - POV Alec




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~ Sensações

- Alec Cullen’s Point of View

Capa: http://imageshack.us/photo/my-images/193/ieacap20.jpg/



        Assim que Edward comunicou-nos a notícia do sequestro, o silêncio fora inevitável no ambiente da sala dos Cullen. Não me atrevi a respirar, até porque o ar parecia escasso em meu peito.

        Quase imediatamente, o meu coração congelado pareceu arder, ferver em chamas escaldantes no que parecia o verdadeiro inferno da Terra.

        Retorci o meu corpo levando-o à frente, a fim de proteger-me daquela sensação. Nunca pensara antes que um vampiro pudesse sentir falta de ar; todavia, meu peito apertava-se tão fortemente que me surpreendi por não ter morrido naquele momento.

        Eu não sabia se aquelas sensações eram consequências da notícia, mas eram um tanto estranhas para um vampiro imortal. Perguntei-me se Edward sentira algo tão forte ao deixar Bella, mesmo que ele o tivesse feito por livre e espontânea vontade. E, nisso, eu teria de admitir: nunca seria tão bom quanto o leitor de mentes, pois nunca conseguiria abandonar Renesmee para o seu bem; sim, eu era muito egoísta.

        Com todos aqueles sentimentos, apliquei o meu poder em mim mesmo em busca de uma cura para eles. Dor não era a melhor coisa de sentir-se, nem a condolência.

        Eu poderia permanecer milênios na névoa e não me daria conta do tempo perdido. Decidi, então, não lhes recusar ajuda; estaria sendo um grande cretino se o fizesse.

        Por mais egoísta que eu fosse, eu não privaria apenas a mim mesmo o sentimento de dor. Eu sabia que muitos outros estavam sofrendo já que eu nunca vira uma família tão unida assim.

        Assim que entreabri os olhos, percebi que os lobos não se encontravam mais ali, mas cheguei a ouvir um uivo dolorido ecoar pela floresta.

        No canto mais obscuro da sala, encontrava-se Edward encolhido com uma expressão de choro. Bella estava próxima ao piano com uma fotografia em mãos, porém, assim que avistou o sofrimento do marido, correu ao seu encontro e abraçou-o.

        Alice estava no centro em pé como se tivesse recém chegado. Sua cara de fada estava retorcida em dor, e a culpa que ela sentia era quase palpável.

        Já Carlisle e Esme pareciam querer buscar forças um no outro. Eu nunca havia entendido o sentimento de líder do vampiro louro; porém, naquele momento, o óbvio fez-se dito: ele não queria comandar, ele queria viver. E, então, mais uma vez, achei os Volturi ultrapassados; já que eles queriam liderar vidas ao invés de vivê-las.

        Jasper, que era um cara bastante reservado, parecia estar lutando contra o próprio dom. Sua cara estava idêntica ao de sua parceira; entretanto, eu não sabia se era por forçar demais o seu dom ou se era pelo rapto de sua sobrinha. Em ambos os sentidos, os seus poderes eram requeridos por todos na sala, e, pelo olhar que ele lançou-me, eu era um dos necessitados.

        Eu nunca soube o que era pedir ajuda; entretanto, naquela situação, qualquer orgulho poderia ser deixado para trás, mas nenhum sentimento poderia fazê-lo.

        Continuando a minha observação, Rosalie estava deitada sobre o sofá como se não tivesse forças para levantar-se. Porém, Emmett encontrava-se sentado sobre o chão ao seu lado, acariciando-lhe os seus cabelos reluzentes.

        E faltava apenas um membro daquela família que nem comparecia à cena: Jane, minha irmã. Por mais que eu não quisesse andar (e quisesse congelar-me naquele momento como em um sono profundo, acordando apenas quando ela voltasse), não pude evitar procurar por minha irmã.

        O sequestro, de acordo com os meus pensamentos confusos, teria sido arquitetado pela minha mãe; porém, eu não permitiria que Jane se unisse a ela. Era pavoroso demais lutar contra a minha família; no entanto, assim como os Cullen era a minha família, Jane e minha mãe Ivy, também. Arrepiei-me apenas ao pensar em um possível confronto entre nós... E eu nem saberia dizer de que lado eu estaria.

        Eu tinha, todavia, de assumir que minha mãe havia enlouquecido desde a transformação. Entretanto, o primeiro ato que praticara ao tornar-se vampira fora um tanto... Assombroso. Não havia outra palavra para relatar aquilo.

        – Alec, – despertei de meus pensamentos com a fala de Edward em uma voz fraca e baixa. – Conte-nos sobre a sua mãe. Possivelmente, ela é a culpada por tudo. – Identifiquei o ódio em sua voz e não pude culpá-lo por isso.

        Carlisle separou-se do abraço de sua mulher e deu um passo à frente, assumindo a costumeira postura de negociador.

        – Nesse momento, não podemos nos desesperar. Se for a mãe de Alec e Jane que a pegaram; provavelmente, há um motivo para tudo isso, e ela não quererá o mal para Renesmee. Se Alec fizer o favor de nos contar o motivo disso tudo... – Acho que ele parou de falar devido à minha expressão confusa. Eu não sabia o porquê daquilo, mas queria muito sabê-lo. – Prossiga, por favor.

        Suspirei, sentindo um peso nos meus ombros ao relembrar-me do passado. Fazia séculos que eu havia nascido, e, por mais que eu tivesse vivido muito mais como vampiro, eu fora muito mais feliz como humano quando nós ainda éramos uma família.

        – Nós vivíamos no interior da Irlanda. Ao contrário do que muito pensam, não somos italianos. Minha mãe Ivy era ótima com o cuidado do plantio que possuíamos no quintal da pequena casa de madeira. Éramos simples e buscávamos apenas riquezas para o próprio sustento. Não havia ambição; apenas, ingenuidade e dignidade... – Suspirei novamente enquanto fitava o crepúsculo do dia na dimensão do horizonte. Aquelas lembranças eram tão mágicas que mereciam ser contadas com uma vista tão mágica quanto ela. – Mas, então, a nossa aldeia foi saqueada; e, à noite, um homem veio nos visitar. – Jane, que descia as escadas, parou fitando-me intensamente com o medo exposto em seu olhar. Ela odiava aquelas lembranças tanto quanto eu. – Meu pai não estava em casa, e aquele homem logo aproveitou para morder a minha mãe e a nós mesmo.

        – Mas não foi isso que mais nos traumatizou. Tudo bem que ver os seus parentes sofrendo ao seu redor não é uma coisa nada boa, – prosseguiu Jane que acrescentava uma careta à sua fala. – Mas o pior foi ver a sua mãe transformada em um monstro e... Matando o seu próprio pai.

        O suspiro que demos juntamente pareceu comover alguns dos Cullen que nos olhavam com pena. Dei de ombros para demonstrar que eu já não me afetava tanto com o fato. Continuei a minha explicação:

        – Eu sei que éramos para ter nojo de matar humanos, mas nós não sabíamos que havia outros além de nós, e isso foi há mais de quatrocentos séculos atrás. Caius Volturi foi o primeiro a nos oferecer ajuda, o que recusamos inicialmente.

        Jane interrompeu-me erguendo a mão para impedir a minha fala.

        – Assim que nossa mãe percebeu o que havia feito, que havia matado a pessoa que mais amava na vida, ela fugiu, nos deixando sem rumo. Foi nesse momento que pedimos ajuda aos Volturi. Por isso que Aro sempre foi meu pai. Eu não tinha um e queria voltar a ter aquele sentimento de amor a alguém mais velho, mas, infelizmente, acabei me tornando uma pessoa fria.

        Ela nunca havia assumido aquilo na frente de ninguém; por isso, fitei-a surpreso. Ao mesmo tempo, porém, estava orgulhoso dela confessar aquilo tudo e ainda conseguir contar a nossa história.

        Entendo que não pareça tão traumatizante quanto contamos; entretanto, apenas estando lá, demonstraria o quão atemorizante poderia ser a cena. Merecia estar em um verdadeiro filme de terror com você agonizado e convulsionando enquanto vê a sua mãe sugando até a última gota de sangue de seu pai...

        – Não entendo por que sua mãe sequestraria a minha filha. – Comunicou-me Edward, e eu apenas assenti. Compreendia a sua dúvida, pois nem eu conseguia decifrá-la.

        (...)

        Depois daquelas turbulentas emoções e lembranças, os Cullen e a Jane foram caçar para recobrar as forças. Por mais sedento que estivesse, todavia, eu não os acompanhei. Queria ficar em casa e obter o máximo de informações possíveis.

        Jacob passara por aqui antes de eles saírem, e não pude deixar de reparar na sua terrível aparência. Senti-me um monstro por amar a mesma garota que ele, pois ele estava preso a ela devido ao imprinting enquanto eu escolhi meter-me no seu caminho. Não era justo com ele; e, por mais que eu fosse o seu rival, eu tinha de admiti-lo.

        Suspirei novamente (ultimamente, estava fazendo muito frequentemente isso). Eu parecia carregar o mundo nas costas e, a julgar pelo meu cansaço, ainda estava em um corpo humano.

        Eu não podia, pois, deixar a culpa que me perseguia de lado. Ela estava presente em meu coração posto que, se eu não tivesse vindo para cá, a minha mãe não estaria perseguindo a mulher que eu amo.

        As minhas mãos ásperas percorreram as madeixas negras do meu cabelo quase as arrancando. Eu andava nervoso demais para concluir algo plenamente útil.

        Bufei. Inutilidade e pena eram os piores sentimentos que um ser humano poderia ser... OK, não só um ser humano, mas também um vampiro.

        Ri sem vida. Eu realmente conseguia ser hilário com piadas sado masoquistas.

        – Alec... – Repentinamente, uma voz murmurou no andar de cima; e subi rapidamente para averiguar o que fora aquilo.

        Ninguém mais estava em casa; então, era muito estranho eu ficar ouvindo vozes.

        Comecei a abrir as portas dos imensos quartos daquela mansão. Eu ainda não conseguia entender os porquês de tantos quartos... Tudo bem que eles “copulavam” frequentemente, mas não era necessário chamar tanto a atenção com uma casa tão grande e espaçosa como aquela.

        Ao adentrar no cômodo de Renesmee, o seu cheiro maravilhoso penetrou em minhas narinas. Todavia, um odor mais doce acompanhou-o.

        Meus músculos retesaram-se, pois eu conhecia aquela essência. Minhas narinas inflaram; e exalei rapidamente, em seguida.

        Notei a presença de um envelope em cima da cama. Caso fosse uma carta de “despedida” de Renesmee, a culpa aliviaria um pouco os meus ombros. Senão, sentir-me-ia pessimamente culpado.

        Corri na velocidade vampiresca, em direção à carta. Abri-a rapidamente, percorrendo os meus olhos incrédulos pelo mísero pedaço de papel que era capaz de desmanchar os restos do meu coração já machucado.

        Eis o que ela dizia:

        Querido Alec,

        Que saudades que eu estava de você! Pena que nos encontramos em uma situação tão chata como essa. Imagina se, um dia, eu imaginar-me-ia salvando a sua pele! Pensei que o meu bebê já era mais forte do que isso...

        Mas deixar-se levar por uma mísera híbrida? Nunca imaginei que fosse tão fraco, filho. Ainda sendo tão fraca quanto ela!

        Você acredita que ela chora antes de dormir? Mas, também, relaxar naquela posição não deve ser nada fácil...

        E de nada, Alec! Sei o quão grato deve estar por eu estar livrando-o desse sentimento. Não é bom libertar-se do amor? Por mais que eu não saiba o que é isso, quis dar-lhe tal oportunidade.

        Chega de sofrer, filho! Se, certo dia, você chegasse a machucá-la, nunca perdoaria a si mesmo, e eu não quero isso. Estou fazendo-o para o seu bem e espero que agradeça a mim mais tarde.

        Deixe-a com o lobo e seja feliz com a Anne! Essa sim é um ótimo partido. Basta transformá-la em vampira, pois parece uma bela menina para ter-se como nora.

        E pensa que eu não sei o que você anda aprontando? Estou sempre protegendo a você e a Jane, meu amor. Sou como uma sombra em um dia de Sol, sempre lhe dando conforto sem você, ao menos, sabê-lo.

        Saiba que, até amanhã, a híbrida não poderá fazer mais parte da sua vida. Um beijo, querido, e mande um à Jane!

        P.S.: cuide-se com o lobinho, ele vai querer uma vingança depois que eu matar a meia vampira. Hehe

        Amassei o papel com toda a força que eu possuía. Não acreditava no quão hipócrita e louca a minha mãe poderia ser. A morte de meu pai realmente transformara-a em outra pessoa: um ser egocêntrico e ambicioso.

        Sua busca sempre fora a reconquista do meu coração e do de Jane. Ela apenas não compreendia que já se encontrava nele, apenas não era nem seria da mesma maneira que antes.

        Esse antes lhe trazia tanta alegria, mas, ao mesmo tempo, tristeza. Isso acontecia, pois era uma época tão boa de sua vida, porém que já passara.

        Corri em direção à porta do andar de baixo (a fim de não quebrar nenhum vidro em um acesso de fúria) e fui à floresta dos arredores.

        Se o que estava escrito na carta era verdade; então, Ivy deveria estar por ali.

        Buscando todo o ar que eu possuía nos pulmões, gritei ao vento em busca de liberdade dos meus sentimentos. Queria gritar até cansar, mas não sabia se eu era capaz. O problema era que eu tinha medo de muitas coisas ao mesmo tempo em que tinha raiva de outras. Gostaria apenas de enfrentar o medo a procura de livrar-se dele. Precisava ter coragem, era verdade, mas nada como iniciar um passo de cada vez.


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Notas finais do capítulo

Olá, amoras!
Cap novo e rapidinho (nem 2 dias de atraso)! Escrevi em um dia (ouço améns por aí) KSAOPSKAOSKA Terminei de manhã, mas eu tava sem internet até agora ): Assim que eu postei ontem o cap de IEA, a net caiu. Ô sorte, hein!
Mas o que acharam do cap? Espero que tenham gostado!
A Ivy é louca, né? Adorei escrever uma coisa mais sádica. KSOAPSKOAP
O problema era que eu tinha medo de muitas coisas ao mesmo tempo em que tinha raiva de outras. KSOAPSPA Adorei a minha frase *-* qqq É que eu me identifiquei muito com ela '-' hehe
Bem, agora eu tenho que escrever um cap para Dulce Pecado, então não sei se eu vou demorar. Também tenho que estudar, né, gente? Eu tenho vestiba esse ano e também não estou de férias! É apenas o kung fu e o jiu-jitsu me inspirando para escrever mais rápido. KSOAPSKAOSKA Se bem que, com as dores que eles dão, não sei se é inspiração o nome disso... KSAPOSKAOPSA
Beijão, amores! E desculpe-me pela notinha grande. Me empolguei como sempre! KSAOPSKAOP
RECOMENDEM E COMENTEM, SWEETIES (: #muchlove
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P.s.: aguardem grandes emoções daqui pra frente :D Obrigada a Dan por estar comentando desde o início! E, gente, não respondi nenhum review passado nem novo ainda por causa da falta de internet. Eu só estou conseguindo acessar por que estou conectada ao cabo, mas está uma guerra pelo cabo aqui... KSOPASKAO Bjs



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