Redescobrindo o Amor escrita por Bia Zaccharo


Capítulo 4
Um Lar e Uma Família Costurada


Notas iniciais do capítulo

Gente estou amando os comentários, vocês são uns amores, obrigada à todos que favoritaram, você são o máximo!
Dedico esse capítulo à Carlinha e Ernessa, vocês duas são demais...♥
Boa Leitura...♥



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ANASTÁSIA

Solto a mão de Christian corro para o portão empurrando-o, entro correndo e me corto um pouco enquanto passo pelo gramado alto.

—Não Anastásia! —Grita Clarck. —Volte aqui garota.

Empurro a porta da sala e fico paralisada com o que vejo.

Mamãe está de joelhos no chão, ela tem sangue em suas roupas, mas o sangue não é seu. Ela está com as mãos trêmulas e segurando uma arma enquanto papai está caído em sua frente com um ferimento perto do peito esquerdo.

—Mamãe... —Sussurro. Uma lágrima solitária rola pelo meu rosto.

—Ana... —Mamãe arregala os olhos, mas não se mexe.

Clarck entra com os outros policiais e olha tudo horrorizado.

—Tire-a daqui! —Implora mamãe. —Não a deixe ver isso.

—Mãe? —Pergunto confusa.

Sinto um toque no meu ombro e me viro vendo Christian.

—Vem criança. —Ele sussurra estendendo-me sua mão.

Olho para ele e depois para mamãe. Fecho os meus olhos e corro até mamãe agarrando-me em seu pescoço.

—Não me deixe longe de você mamãe... Eu te amo. —Imploro.

—Tudo bem querida. —Sussurra minha mãe. —Vai ficar tudo bem, mas eu preciso que você vá agora. Seu amigo vai cuidar de você, não é mesmo?

—Claro. —Christian sussurra.

Balanço a cabeça e vou saindo dos braços da minha mãe, seguro sua mão e logo vou me afastando enquanto nossas mãos se escorregam, caminho até Christian e ele segura minha mão levando-me para fora da casa. Quando chegamos à calçada, nos sentamos no meio-fio e Christian segura minha mão firme.

—Tudo vai ficar bem, você sabe criança.

—Se você me chamar de criança de novo, eu juro que acabo com a sua raça. Idiota!

—Pirralha! —Ele diz bagunçando meus cabelos. —Sua mãe está bem. Você viu.

—É, mas o Bob não.

—E você se importa?

—Sim. Eu não quero que ele morra...

—Ana, não pense sobre isso. Ok?

Christian me puxa e me abraça. Ouvimos alguns carros chegando e nos separamos. Uma ambulância chega junto com os carros e eu vejo Grace descer da mesma junto com dois paramédicos. Ela nos avista e corre em nossa direção.

—Ana. —Grace diz abaixando em minha frente . —Como você está?

—Bem... —Sussurro.

—Que bom. Eu vou ver sua mãe, querida. Depois nos falaremos, ok?

—Ok. —Sorrio.

Grace me dá um beijo na testa e repete o mesmo gesto com Christian, que estremece um pouco, ela se levanta e corre para dentro da casa junto com mais algumas pessoas e eu fico sentada com Christian. Deito a cabeça no ombro do meu amigo de olhos cinza e solto um longo suspiro.

—Não acostuma. —Ele diz batendo na minha testa.

—Ai. —Passo a mão na testa e sorrio. Um sorriso sincero.

 

DIAS DEPOIS...

 

Eu fiquei sabendo que mamãe logo vai melhorar, mas infelizmente meu ‘pai’ não vai voltar. Grace não quis me dizer o que houve, mas eu imagino. Eu não tenho raiva dele, por mais que ele fosse daquele jeito eu me lembro que ele já foi bom, e nós não podemos viver com lembranças de momentos ruins, isso nos destrói. O que realmente importa são as lembranças boas, e as chances de criarmos novas lembranças.

Como minha mãe tem que ficar no hospital, eu tenho que ir para a casa de Grace, confesso que bateu um friozinho na barriga com a notícia, eu queria ficar com mamãe, mas ela disse que precisa descansar, e que eu também preciso de cuidados, e Grace vai cuidar de mim. Eu acho.

Christian abre a porta para mim e logo entro na grande casa, olho em volta e posso perceber que por dentro ela é bem maior do que aparenta. Dou mais um passo e estico o pescoço olhando a casa.

Grace se aproxima e me estende a mão, mas eu não a seguro, apenas a encaro sem dizer nada.

—Está tudo bem querida. —Ela sorri parecendo bem tranquila.

Continuo encarando sua mão e logo ela abaixa. Viro-me e encaro Christian.

—Mamãe!

Uma menina aparece pulando na sala. Ela deve ter a minha idade, eu acho. Tem cabelos pretos e olhos castanhos.

—Olá Mia. —Diz Grace dando um beijo na menina. —Ana, essa é Mia, irmã de Christian, Mia essa é a Anastásia.

Mia dá um pulo e para na minha frente sorrindo.

—Vai ser tão legal te ter por aqui. —Ela diz alegre.

Muito alegre.

Dou um passo para trás e esbarro em Christian.

—Socorro... —Sussurro.

Christian ri, ele segura minha mão e eu me sinto um pouco mais confiante. Mia me encara e inclina a cabeça para o lado, ainda rindo. Ela não para de sorrir?

—Vamos apresentar a casa para a Ana? —Grace sugere.

—Vamos sim. —Mia diz sorrindo... E pulando.

Depois de conhecer a casa, Grace e Christian me levam até o quarto em que vou ficar hospedada. Entro no quarto e olho com cuidado cada detalhe, aproximo-me da cama e me sento abaixando a cabeça. Essa casa realmente não foi feita para mim. Isso aqui é muito grande, e não é nada parecido com o que estou acostumada.

—Você quer descansar querida? —Pergunta Grace e eu balanço a cabeça. —Ok... Vamos deixá-la descansar.

Grace me dá um sorriso doce e sai do quarto.

Olho para Christian e ele me lança um olhar de desaprovação.

—O que você quer? —Pergunto.

—Você está sendo injusta com a minha mãe. Ela só quer te ajudar.

—Falou o filho que não deixa a própria mãe abraçá-lo.

—Não comece Anastásia. Você não sabe de nada. —Christian rosna.

—E você sabe de tudo?

—Você é impossível!

—Nossa! E você é bem possível! —Retruco brava.

—Por que você apenas não a deixa te ajudar?

—Porque eu não confio nela.

—Mas você confia em mim.

—É diferente. —Encolho os ombros e abaixo a cabeça novamente.

—Não, não é. E eu sei como você se sente.

—Sabe? —Levanto a cabeça e o encaro.

—Sei. —Christian se aproxima e senta ao seu lado. —A Grace não é minha mãe realmente. Ela me adotou. Assim como meus irmãos.

—É perceptível... —Sussurro. —Por que ela te adotou?

—Para me salvar... —Sussurra Christian. —Minha mãe biológica era uma viciada em crack, ela se matou... Eu fiquei quatro com ela morta, tinha apenas três anos.

—O que? —Pergunto incrédula.

—A Grace me conheceu algum tempo depois, ela me adotou e cuida de mim desde então.

—Mas...

—Você pode confiar nela... —Christian me corta. —Eu também tive medo no começo, mas ela é a melhor pessoa que eu já conheci.

—Se você diz... —Encolho os ombros.

—Sim. Agora descanse. —Ordena Christian, ele se levanta e beija minha testa. —Eu tenho que sair.

—Aonde você vai? —Pergunto com medo de ficar sozinha.

—Trabalhar.

—Trabalhar? Aonde?

—Não muito longe, é na casa de uma amiga da minha mãe.

—Ok... —Sussurro confusa.

Christian sai do quarto deixando-me sozinha, mas eu me recuso a descansar enquanto minha mãe está no hospital. Eu queria tanto vê-la. Levanto-me e arranco a tiara que Grace colocou no meu cabelo. Eu realmente não entendo como alguém pode gostar dessas coisas. Ainda por cima rosa! Arg.

Preciso trocar de roupa. Caminho até o guarda-roupa e o abro, avisto as roupas que Grace comprou e suspiro. Eu sei que não posso aceitar, mas talvez se eu usá-las como um empréstimo não terá problemas.

Visto um short jeans, regata azul celeste, converse e, por fim coloco uma bandana preta.

Saio do quarto e caminho pelo corredor meio perdida, um garoto de cabelos loiros e olhos azuis aparece. Congelo sobre meus pés e o encaro assustada.

—Ei. —Ele diz sorrindo. —Você deve ser a Ana.

—O Presidente que eu não sou... —Sussurro quase impossível de se ouvir.

—Eu não ouvi. —Ele diz com cara de sonso e eu reviro os olhos.

Dou de ombros e o encaro.

—Meu nome é Elliot, eu também sou filho da Grace.

Encaro Elliot e o olho de cima abaixo.

Ele deve ter a idade de Christian, ou ser mais velho... Não sei.

—Você não fala?

Arqueio uma sobrancelha e cruzo os braços.

—Acho que isso foi um não... Hum... Você quer conhecer o jardim?

Até que não me parece uma má ideia.

Balanço a cabeça em concordância. Elliot começa a andar e eu apenas o sigo, nós descemos um escada e passamos por outro corredor com mais quartos. Passamos em frente há um quarto que está com a porta aberta. Fico completamente pasma ao olhar o quarto. Ele é completamente... Rosa!

Em todos os sentidos.

Mia está em cima da cama com uma escova na mão e eu acho que está cantando alguma coisa... Ou berrando.

—Aninha! —Ela grita e dá um pulo da cama vindo em minha direção.

Ela tem que parar com esses gritos, e os pulos.

—Aonde vocês vão Lelliot? —Mia pergunta.

—Não enche Mia Grey! —Elliot diz bravo.

—Não comece Lelliot! —Mia coloca as mãos na cintura.

Os dois começam uma pequena discussão e eu fico horrorizada. Eles são tão estranhos. Dou alguns passos para trás e lentamente vou me afastando sem ser notada, desço mais uma escada e chego em um corredor, caminho até ele e logo estou na sala. Não há ninguém aqui... E eu não me sinto confortável.

—Ana.

Viro-me assustada e vejo Grace entrar na sala.

—Está tudo bem querida? —Ela pergunta e se aproxima.

—Não muito. —Digo baixinho.

—O que houve? —Grace se senta no sofá e eu a encaro.

—Seus filhos...

—Maluquinhos. —Diz ela sorrindo. —Eu sei querida.

Abro um sorriso com suas palavras.

—Eu... Hum... Posso perguntar algo? —Digo olhando-a.

—Claro. Mas pode sentar também.

—Obrigada. —Sento-me ao lado de Grace e ela me olha. —Por que você adotou três crianças?

—Porque elas são crianças encantadoras, eu me apaixonei por elas... O Elliot o Christian e a Mia, eram tudo o que faltava em mim.

—É assim que você se sente?

—Sim... Eu me sentia muito incompleta, e ai eles foram chegando... E ocupando todo vazio que estava no meu coração. Agora nós somos como uma família, bem, uma família costurada aos pouquinhos, mas somos.

—Você é tão boa... —Sussurro. —Faz coisas maravilhosas pelos seus filhos, e ainda arruma tampo para cuidar das outras pessoas.

—Mas esse é o nosso dever querida, ajudar ao nosso próximo. São as nossas ações que nos tornam o que somos, e nos dão as armas para lutar contra as coisas da vida.

—Você acha que um dia eu possa me tornar tão forte quanto você tia Grace?

—Claro que sim querida. —Grace sorri e segura minhas mãos. —Mas entenda, eu não sou tão forte sozinha, o que me dá forças é a minha família, algo que não devemos perder, e você é sim, e sempre será uma garota muito forte, bem mais forte do que eu. Você aguentou tudo aquilo com o seu padrasto, e mesmo assim continuou de pé.

Sorrio e abraço Grace sentindo seu cheirinho doce e acolhedor.

—Obrigada tia Grace, você é muito boa.

—Obrigada você Ana... São pessoas como você que me motivam a continuar sempre.

Solto Grace e sorrio olhando-a, levanto a mão lentamente e acaricio seu rosto, ela apenas sorri e dá um beijo suave na palma da minha mão.


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Notas finais do capítulo