Will Not Be Easy escrita por Swiper


Capítulo 10
A curiosidade de Stiles


Notas iniciais do capítulo

Oi, hoje vai ter um capitulozinho meio tenso e tomara que eu tenha conseguido passar os sentimentos certos.
Boa leitura.



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Nos dias seguintes, Stiles estava sentindo a falta de alguma coisa, alguma coisa estava errada, e não era o fato de ele estar possuindo um espírito do mal. Não, claro que não.

Tudo bem, aquele assunto ainda o deixava nervoso, mas não era isso. Ele podia suportar o mal estar de ter um demônio, era como estar resfriado e ter febre, só que sem nariz entupido. O que o deixava pensativo era passar por Claire e ela não fazer absolutamente nenhuma piada sequer sobre ele. Não o provocava mais e geralmente ficava calada perto dele. Quer dizer, ela era bem tagarela e Stiles não conseguia, no mínimo, achar aquilo diferente.

A convivência irritante dela se tornou tão forte que ele chegava a estranhar quando Claire não fazia nada com ele. Uma vez até achou que ela estivesse pregando uma peça nele, mas quando chegou o fim do dia e ela não tinha feito nada com ele nem no real nem na internet, ele ficou com cócegas na cabeça.

— Você sabe que ela está se sentindo culpada, não sabe? – disse Scott em uma quarta-feira depois do humano ter confessado seus pensamentos.

— Eu não sei pelo o quê – Stiles rebateu com raiva – Já falei para ela.

— Ah sei, aquela conversa estranha de vocês alguns dias atrás.

— Ok, foi estranha, mas, cara, ela me chamou de covarde nas entrelinhas.

— Não acho que foi bem isso.

— Ela praticamente disse que eu correria dali se eu soubesse que poderia ser possuído por um espírito.

— Bem, você não sabia que poderia acontecer isso.

— Mas eu sabia que poderia me machucar seriamente lá, ou morrer. Por favor, Scott, já tenho bastante experiência com você para ter a esperança que nada aconteça.

— Ah, Stiles, vamos lá. Tantas vezes que a garota aprontou contigo e na única vez em que ela se sente culpada você reclama?

— Não estou reclamando – Stiles disse defensivamente – Só estou estranhando esse comportamento.

Scott rolou os olhos com a atitude do amigo.

— Você quem sabe.

Stiles ficou calado por um tempo, sabendo que aquela devia encerrar aquele assunto.

— Falando em demônios, tiveram mais mortes esses dias.

— O quê?

— Pois é, eu achava que quando pegassem a Claire, ou achassem que tinham, no caso – Stiles balançou a cabeça tirando os pensamentos confusos – Eu pensava que eles iriam parar depois do incidente na escola. Que eles se dariam por satisfeitos.

— Quem foram eles?

— Pessoas aleatórias, poucas coisas em comum, o que é perigoso.

— Sei, sei, o negócio de não ter um padrão.

— E todas as vítimas têm a marca. A minha marca também esteve mais visível, acho que quando uma pessoa morre, ela percebe de alguma maneira, meio que fica conectada. Deus, eu virei um satélite, isso é tão bizarro.

— Calma, Stiles.

— Melhor ser um satélite do que uma pessoa morta.

Stiles se sobressaltou de susto ao perceber a garota atrás dele.

— Pelo amor de Deus, Claire, avise quando estiver espionando a gente.

— Eu não estava espionando.

— Mas não se pronunciou, não tossiu, pigarreou, nem nada.

Claire se contentou apenas com um olhar debochado. Ali estava novamente, antigamente, Stiles sabia, ela diria “Vá à merda, não lhe devo satisfações”. Agora preferia a tática do silêncio. Isso de alguma forma irritava Stiles.

—Você não vai falar mais nada?!

— Deixa para lá, Stiles, vamos voltar ao assunto principal – disse Scott.

Stiles bufou de contrariedade.

— Enfim, mais alguma informação?

Stiles deu de ombros.

— Mais mortes, geralmente violentas e sem nenhum resquício de provas. O departamento de polícia está ficando maluco, principalmente meu pai.

— Como ele está? – perguntou Scott preocupado.

— O de sempre, sabendo que alguma coisa está errada, mas não sabe o que é e fica virando a noite por causa disso.

Stiles estava ficando seriamente preocupado com seu pai, estava dormindo pouco, jantava comidas pouco saudáveis e o garoto desconfiava que o Xerife da cidade bebesse quando ele ia dormir.

E além de estar preocupado, ele estava ficando curioso sobre os ataques, queria descobrir mais sobre isso e muitas vezes desejou que seu pai fosse dormir para ele ir procurar.

Stiles queria vasculhar melhor as informações que seu pai guardava em casa, tentando ajuda-lo, mas sempre que ele tentava surrupiar os papéis seu pai o impedia dizendo que aquele não era o trabalho dele. O xerife, por causa da insistência do seu filho, começou a guardar os papéis com ele mesmo e isso deixava Stiles maluco e atiçou ainda mais sua curiosidade.

Não era como se ele fosse a pior pessoa da Terra, mas não fazia mal juntar o útil ao agradável. Seu pai descansava, tirava um pouco da preocupação do filho e este satisfaria sua curiosidade.

 A hora perfeita para conseguir ver os documentos aconteceu ainda no mesmo dia.

Como Scott decidiu colocar Claire sob sua visão 24 horas por dias, ele ficou de vigia-la durante seu treino de futebol e Stiles, que não estava muito a fim de fazer tal programa decidiu ir para a casa mais cedo.

Seu pai estava a todo vapor quando ele chegou em casa. O xerife corria para todo o lado da casa, segurando papéis e falando no celular.

— O que foi? É mais um ataque? – ele perguntou quando o pai colocou o celular no bolso.

— Eu estou indo para a delegacia – disse o pai pegando as chaves do carro.

— Espera, é isso? É mais um ataque? Mais um assassinato.

O Xerife suspirou pela teimosia do filho, mas cedeu.

— É sim, e nem pense em vir atrás de mim, entendeu? – o pai repreendeu apontando seu dedo  - Eu vou saber se fizer isso.

Ele saiu rápido da casa e logo o som de pneus arrastando foi ouvido.

— Bem – Stiles disse mais para si mesmo – Não, você provavelmente não saberia. Onde será estão os documentos com as vítimas?

Stiles foi em busca dos documentos policiais do seu pai, coisa que não foi lá muito difícil de achar. O humano conhecia muito bem os locais secretos que seu pai colocava documentos importantes que não queria que Stiles visse. O esconderijo atrás da cômoda do pai foi encontrado em seus onze anos, e era justamente lá que os papéis estavam.

Ele os carregou até a sala de estar espalhou pela mesa. As fotos, como ele já esperava, não era muito bonitas.  Stiles estava acostumado com aquelas fotos de corpos sangrentos e mutilados, fazia muito tempo que não ficava enjoado com as imagens. Seu problema mesmo era estar presente na cena e ver aquilo ao vivo, mas isso ele podia resolver por enquanto.

Todas as vítimas continuavam com a marca, o único sinal de que eram assassinadas por um mesmo grupo. Muitas das pessoas nas fotos pareciam ter sido cortadas, pareciam ter tido uma morte bem dolorosa.

Todos para o garoto eram estranhos, mas ele não pôde deixar de notar que eles pareciam um pouco familiares, talvez ele já tivesse os visto pela cidade. Afinal, Beacon Hills era uma cidade pequena. Com essa dúvida, decidiu ligar para Scott.

— Oi cara— disse Scott – que foi?

— Ei Scott, quando terminar aí o treino vem aqui em casa, eu consegui os papéis das vítimas.

O seu pai não tinha escondido isso para você não ver?

— Você tem aprender, Scott, ninguém esconde nada de mim.

— Tá bom, então, mas acho que vai demorar um pouco. A Claire está naquela de ficar competindo com a Victoria.

— Sei. Você dá quanto tempo aí?

— Uma hora, eu acho. Logo a gente está aí, ok? Eu vou desligar.

— Ok, tchau.

Até.

Uma hora foi um eufemismo.

Durante todo o tempo que Scott demorou, Stiles tomou banho, comeu, limpou seu quarto, tirou um cochilo de quase uma hora e ainda teve que ficar esperando um montão de tempo. Claro, dormir foi legal, ao se lembrar do pesadelo que ele teve nas primeiras horas da manhã que envolvia balões e um shopping, e depois não ter conseguido fechar os olhos novamente. Ele não se lembrava direito, mas sabia que seus sonhos estavam ficando bem criativos. Mas mesmo assim, foi com uma carranca que ele abriu a porta para os amigos quando a campainha tocou.

— Até que enfim – Stiles reclamou quando seu amigo lobisomem e Claire chegaram.

Assim que os dois entraram, Stiles percebeu o estado da garota. Claire estava como rosto arranhado e estava bem descabelada.

— Eu disse que ia demorar, e não facilitou Claire ter arranjado briga com a Victoria.

— O quê? – Claire se defendeu com raiva – Ela que veio toda se achando fazendo piada só porque eu caí quando a Amanda botou o pé na minha frente.

— Agora você sabe o sentimento – Stiles provocou.

A menina olhou com raiva para ele e foi com muito autocontrole, como Stiles percebeu, que ela resolveu ficar quieta. Talvez ela pudesse suportar algumas piadas que ele fazia, mas mexer com sua relação com a garota ruiva era perigoso. O humano quase podia ver uma batalha furiosa dentro da cabeça dela.

Briga X Não briga.

— Enfim – disse Scott que não percebeu muito aquela briga interna da amiga – As duas saíram no tapa. Eu tive que separar, foi um milagre ninguém ter ido chamar o diretor.

— Foi um milagre eu não ter quebrado a cara dela, isso sim.

— Cala a boca, Claire, você podia ter sido suspensa.

Claire fez careta para o lobisomem.

— Então, Stiles, o que de interessante você encontrou nas fotos das vítimas?

— Foi para isso que a gente veio? – perguntou Claire – Não, obrigada, prefiro ir para casa.

— Calma, sua medrosa – Scott riu da amiga – Você não precisa ver as fotos, ok? E você não vai sair daqui sozinha, eu estou te vigiando, esqueceu?

— Qual é, Scott, esses demônios ou sei lá o quê já acham que me pegaram, porque iriam atrás de mim de novo?

— Verdade – Stiles disse sem perceber – Quer dizer, nenhum dos outros ataques envolveu mais ela, com certeza não devem estar esperando terem me marcado.

— É, mas e se eles descobrirem vão vir atrás dela.

— Lá vem seu lado chato estilo paizão.

— Eu estou tentando te proteger. Olha, fica aqui tá bom, não precisa ver as fotos nem nada, mas você vai ficar na minha vista. Aposto como seu pai também gostou da minha proteção.

— Se gostou? Ele adorou, acha que eu sou uma garotinha indefesa.

— Ele só está preocupado. Vai Stiles, mostra logo essas fotos antes que ela saia daqui correndo.

Sabendo que Scott estava ficando mal humorado, Stiles seguiu o conselho do amigo e os levou para a sala.

— Ainda são pessoas sem conexão, sabe, às vezes trabalho em comum ou estudaram no mesmo colégio, mas não tem um padrão certo de vítimas. O que me causou curiosidade é que eu achei alguns rostos familiares, queria ver se você conhecia, talvez possamos encontrar uma lógica.

 Os dois se sentaram no sofá e ficaram olhando as fotos na mesa. Claire fez questão de ficar bem longe, ficou em uma poltrona afastada mexendo no celular.

— Você reconhece alguém? – perguntou Stiles.

— Não. Ah, eu acho que esse cara era atendente de uma lanchonete que eu fui.

Ele estava segurando a foto de uma das poucas pessoas que não teve o rosto cortado ou mutilado.

— Ai droga, a gente precisa descobrir quem vai ser o próximo. Já houve uma nova vítima hoje.

— Teve?

— Sim, eu esqueci de contar. Meu pai saiu às pressas quando eu cheguei, foi por causa disso que eu consegui pegar esses documentos.

— Não tem nada de parecido nas cenas do crime?

— Nope. Só o básico que já sabemos, brutalmente assassinados, com a marca e provavelmente estavam sozinhos na hora do ataque.

— É, mas não temos como proteger todos que andam por aí sozinhos.

— Eu sei.

Eles ficaram discutindo por mais algumas horas quando todos decidiram que já tinham falado demais sobre mortes. Decidido a mudar de assunto, Scott ligou a tevê e Stiles sentiu uma sonolência. Seria bom tirar mais um cochilo. Ali mesmo no sofá, ele apagou.

Quando já estava escuro, Stiles finalmente acordou. A sala estava iluminada apenas pela luz da cozinha e se encontrava totalmente sozinho. Seus amigos já tinham ido embora e felizmente fizeram o favor de guardas aquelas fotos. Ele levaria uma bronca se seu pai chegasse em casa e visse os documentos. Falando nele, será que seu pai já tinha chegado?

— Pai? – ele disse em voz alta – Já chegou?

Nenhum som veio da casa. “Ele ainda deve estar na delegacia” Stiles pensou.

Ele decidiu ir para o quarto e fazer suas tarefas, mas assim que colocou o pé no primeiro degrau da escada, um grito fez seu sangue gelar. Era alto e terrível, um grito de puro medo.

Ativado pelo susto, Stiles, em uma atitude que com certeza Claire diria estúpida, correu para fora de casa e tentar ver o que estava acontecendo. A rua estava muito escura e as casas ao redor também, parecia que toda a luz elétrica tinha se apagado. Apenas a luz pálida do luar permitiu ao humano enxergar alguns vultos na calçada.

A alguns metros de distância, estava uma forma humana alta, encoberta pela escuridão, segurando uma pessoa pelo pescoço. Era uma adolescente, bonita e de cabelos loiros. Seus olhos estavam apavorados, suas vestes sujas de terra. Ela se sacudia, tentando se livrar do raptor, mas a pessoa atrás dela era muito forte.

Entretanto, Stiles teve um sentimento estranho ao olha-la.

Ele a conhecia! Estudava com ele desde a quinta série.

De repente sentiu sua garganta fechar-se, o frio o atingindo como nunca.

Ele a veria morrer e poderia ser o próximo.

“Ah meu Deus” ele pensou.


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Notas finais do capítulo

Eita, a coisa parece que vai ficar feia. O que acharam?



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