Sobre Príncipes e Princesas escrita por Hanna Martins


Capítulo 17
Aceita jogar um jogo?


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Isa, esta linda que presentou a fic com uma recomendação maravilhosa e que me deixou sorrindo aqui por dias. Obrigada, Isa, sua linda!



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— Então, você — me aproximo de Leon, e lanço um olhar travesso —, está querendo mais, é?

— Emma...

— Pode confessar, eu sei! Você... — seguro o seu queixo — gostou. Eu sabia, eu sabia — provoco. — Apenas admita, Leon — pronuncio seu nome fazendo questão de realça cada sílaba.

— Você... — ele me olha.

Um sorriso maroto brota em meus lábios.

— Apenas admita...

Certo, certo, sei que vocês devem estar completamente perdidos, afinal, foram atirados em meio a um cenário completamente sem anexo, um quadro de Salvador Dalí. Ok, ok, já entendi o recado, não queremos permanecer no quadro de Salvador Dalí. Vamos apertar o botão do play e voltar, então.

***

 A festinha organizada por Charlie estava indo às mil maravilhas para ela, claro.

Charlie se aproximou de Leon e de mim. 

— Eu sei dar uma festa! — disse animada. — Mas... vocês dois... tsc, tsc, precisam se animar mais. Você, Leon, já foi bem mais animado, sabia? Hum... já sei! — olhou para nós com aquele sorriso maroto que ela sabe executar perfeitamente, especialidade da princesa caçula. — Vamos jogar um jogo!

— Jogo, que jogo? — indaguei, já me preparando para o pior. 

— E vocês vão participar, é óbvio! Não teria graça nenhuma sem vocês. E isso é uma ordem real! — brincou, pelo menos eu tomei como uma brincadeira naquela hora. Mas, se tratando de Charlie...

— Mas... — e antes que eu pudesse perguntar a que espécie de jogo ela estava se referindo, Charlie começou a gritar chamando a atenção de todos.

— O que ela vai fazer? — perguntei para Leon.

— Minha irmãzinha ama um jogo...

— Que tipo de jogo?

— Ela é muito criativa, adora inventar... você vai ver — apontou para a energética princesa, que nesse momento, estava em cima da mesinha de centro da sala.

— Quem quer jogar um jogo?

As pessoas, que deveriam conhecer bem os joguinhos dela, gritaram entusiasmadas. Entusiasmadas demais para meu gosto.

— É assim que eu gosto! — gritou.

Charlie desceu da mesinha, pegou vários copos e espalhou sobre ela. Despejou nos copos, vodca.

— Funciona assim, para os desinformados, vou contar até cinquenta e vocês precisam se esconder pela casa. A primeira pessoa que eu encontrar vai tomar três copos de vodca, a segunda dois, a terceira um e meio, a quarta um, a quinta meio... Só vale se esconder dentro da casa, ok?

Bem, o jogo até que não era tão difícil, considerando que tínhamos pelo menos uns vinte convidados e apenas os cinco primeiros bebiam e o fato da casa ser grande, havia muitas possibilidades de ficar entre os vencedores (este foi meu lado otimista falando, perdoem-no, se, às vezes, ele é demasiadamente ingênuo). Que mal havia em jogar? Além disso, isso me pouparia de ser atormentada por Charlie (e nós sabemos como ela pode ser... determinada com seus objetivos).

— Então, todos a seus postos... — ela olhou para todos nós. — Vou começar a contar, hein?

Charlie tapou os olhos.

— Um...

As pessoas começaram a se espalhar pela casa.

— Dois...

Aonde eu deveria ir?

— Três...

Comecei a procurar um lugar... O primeiro local que passou por minha mente foi a cozinha. Aquele era um ótimo esconderijo.

No entanto, alguém também concordava comigo sobre isto, descobri quando entrei na cozinha e vi Leon procurando por um lugar seguro.

— Eu cheguei aqui primeiro — foi logo avisando.

— Há espaço para todo mundo, não seja egoísta!

— Tem outros lugares para você se esconder — rebateu ele.

— Eu não tenho tempo para procurar outro — a contagem de Charlie já estava no final, se é que já não tinha terminado.

Precisava me esconder. Ouvi passos no corredor, poderiam ser de outro competidor, ou... de nossa caçadora! Os passos se aproximavam cada vez mais. Sem pensar, me enfiei debaixo da mesa, o primeiro lugar que vi.

— Aqui — murmurei para Leon, ouvindo os passos cada vez mais perto.

Ele me olhou, hesitando. 

— Vem logo! — ele precisava se esconder o mais rápido possível. — Anda!

Leon soltou um suspiro, mas acabou entrando debaixo da mesa.

— Vou te encontrar! — cantarolava nossa caçadora. — Vou te encontrar! Vou te encontrar!

Ela estava próxima da cozinha. Olhei para meu companheiro de esconderijo.

— Hum... acho que encontrei meu primeiro fujão! — prendi minha respiração. — Cameron! — voltei a respirar.

— Charlie! — ouvi a garota protestar.

— Parabéns, Cameron, você acaba de ganhar três copos de vodca!

Respirei um pouco aliviada. Talvez, ela seguisse outro caminho.

— Quem será o próximo? — fui otimista demais.

Charlie entrou na cozinha. Gelei.

 — Olha quem está aqui? Isto mesmo, é a Charlie! E... — ela parou por alguns instante de cantarolar e começou a abrir as portas dos armários.

Foi até a porta. Soltei um suspiro de alívio. Charlie soltou uma gargalhada.

— Saiam daí, Emma e Leon! Encontrei vocês! — ela se aproximou da mesa e ergueu a toalha, nos revelando. — Ora, ora, temos um empate aqui... Duas pessoas no segundo lugar!

Olhei para ela. A princesa caçula estava muito satisfeita com seu achado.

Depois de encontrar o restante dos jogadores, ela empurrou os perdedores para o centro da sala.

— Hora de receberem a punição — e aquele sorriso diabólico, que eu havia testemunhado momentos antes, ressurgiu em sua face.

Jogo é jogo, regras são regras. Empurrei goela abaixo os dois copos de vodca, sem respirar e nem pensar.

Depois de testemunhar o castigo dos perdedores, a princesa problema sorriu ainda mais.

— Agora, vamos transformar o jogo em algo ainda mais divertido. Cada um dos perdedores agora vai ser o caçador. Quem encontrar mais pessoas dentro de dez minutos vence o jogo. Simples, não é? Mas... cada um de vocês — apontou para nós, os perdedores da primeira rodada —, receberá cinco copos de bebida, cada pessoa que você encontrar beberá um copo, se você encontrou menos de cinco pessoas, por exemplo, só três, então beberá os dois copos restantes. Entendido?

Já mencionei o fato de que não bebo?... pois é. Então, quando uma pessoa, que não bebe, repentinamente se vê bebendo, pode ter alguns efeitos colaterais, por exemplo, a bebida te afetar muito mais do que aquelas pessoas que bebem regularmente. Naquela altura do campeonato, a bebida já estava começando a fazer algum efeito em mim.

— Vocês têm 10 minutos — olhou para seu relógio. — Não se esqueçam! Fechem os olhos e contem até 50!

Fechei meus olhos. Quando a contagem terminou e abri os olhos, simplesmente não sabia aonde ir. Tudo parecia tão silencioso. Comecei a procurar por algum sinal de vida. 

Não encontrei ninguém.

Sim, não encontrei uma mísera alma. Nada. E não ajudava o fato que repentinamente comecei a achar algumas coisas muito divertida como um abajur na sala. Devo ter perdido preciosos minutos observando o curioso objeto. Eu deveria ter notado que aquele era um sinal bem óbvio que as coisas não sairiam bem para minha pessoa.

— Acabou o tempo! — gritou a dona do jogo.

Olhei ao meu redor. Era a única que não havia encontrando ninguém. Até mesmo Leon havia encontrado uma pessoa. Uma certeza: estava perdida.

Tive que empurrar goela abaixo mais cinco copos de bebida. Um atrás do outro, sem interrupções.

Os fatos narrados a seguir é culpa unicamente da minha embriaguez, estejam avisados, hein!

Uma nova etapa do jogo começou, desta vez o jardim estava incluído.

— Leon! — gritei, quando o encontrei atrás de um arbusto.

— Emma, silêncio... — ele também estava embriagado. —  Vão nos achar...

— Ok, ok — murmurei.

Me escondi perto dele.

— Vou ficar aqui... bem escondidinha... silêncio! — cochichei na orelha dele. — Hum... você cheira tão bem.

Dei uma cheirada em seu pescoço.

— Cheiro, é?

— Ahn — encostei o meu nariz em seu pescoço e aspirei profundamente. — Gosto tanto do seu cheirinho...

Leon soltou uma risadinha.

— Você está me fazendo cócegas.

— Estou, é?

Mais uma vez, venho aqui lembrar que a culpa é da bebida, estamos entendidos?

— Hum... vou fazer mais...

Comecei a subir sua camiseta.

— Ah, você vai me fazer cosquinhas — reclamou, fazendo beicinho.

Mas não fiz cócegas...

— Tabletes de chocolate — toquei com meu dedo indicador o seu abdômen. — Oh, tabletes de ótima qualidade! Estou com fome... — deslizei minha mão por seu abdômen. — Muita fome! Nhac!

Tenho que advertir que eu estava completamente bêbada?

Meus dedos subiram pelo abdômen dele, passaram por seu peitoral e foram parar no ponto exato em que o pescoço começa.

— Em minha vida passada fui uma vampira. Era uma caçadora de vampiros igual a Buffy, mas fui mordida por um vampiro e virei uma vampira. 

— Você mordia as pessoas?

— Sim, vou te mostrar como eu fazia...

Sem esperar uma resposta, com muita resolução, sentei-me no colo de Leon e aproximei meus lábios do seu pescoço.

— Eu fazia assim...

Encostei meus lábios naquela parte em que o pescoço começa, passei a língua por sua pele, saboreando-a, dei uma pequena mordida e depois meus lábios sugaram sua pele com ímpeto, voracidade. Marquei sua pele de porcelana, a deixando vermelha.

Preciso repetir que eu estava bêbada?

— Viu? — permaneci sentada em seu colo.

Passei os braços por seu pescoço, prendendo Leon em uma espécie de cadeia.

— Você é meu prisioneiro agora! — decretei. — Tem que fazer tudo o que eu mandar!

— E o que você quer que eu faça?

— Tudo de você é meu.

— Tudo?

— Tudo! Seus olhos são meus, seu nariz — toquei seu nariz com o meu. — Seu rosto — rocei meu rosto no seu.

— E o que mais?

— Sua boca... — meus lábios tocaram os seus. Mas, eles não se contentaram em apenas tocar levemente, não.

Meus lábios se encaixaram nos dele, passei a ponta da língua em seu lábio inferior, o umedecendo e dei um pequeno mordisco. Meus lábios gananciosos tomaram os de Leon com violência.

Meu corpo se acercou mais ao dele, não deixando qualquer espaço entre nós.

Beijei Leon não apenas com meus lábios, mas com todo o meu corpo.

Apenas separei meus lábios dos dele, quando era extremamente necessário respirar. No entanto, a separação não durou muito tempo, em menos de um segundo ataquei novamente os seus lábios. Desta vez com mais determinação ainda. A determinação era tanta, que o derrubei na grama. Mesmo caídos, continuamos a nos beijar.

Rolamos na grama, embrenhados um no outro.

Comecei a rir, quando bati minhas costas em uma pedra.

— O que foi? — perguntou ele.

— Isso foi divertido! Hum... estou com frio — abracei Leon, encostei minha cabeça em seu peito e dormi imediatamente.

Uma dor de cabeça que anunciava que meu crânio estava preste a explodir foi o que me recebeu na manhã seguinte.

Acordei abraçada com Leon e sem nenhuma lembrança da noite anterior. Mas, elas trataram logo de voltar, algo como aquilo, com toda a certeza, minha memória seletiva de momentos embaraçosos não iria deixar passar. Minha própria mente é minha inimiga às vezes.

E que eu faria? Eu tinha atacado Leon! E uma marca roxa se destacava em seu pescoço como prova dos acontecimentos da noite anterior.

Milhares de pensamentos passavam por cérebro. O que eu faria?

a) Fingiria que nada aconteceu, inventaria uma amnésia.

b) Compraria uma pá e cavaria até a China.

A alternativa “b” me soava muito bem.

Uma coisa era certa, precisava abandonar o local do crime o mais rápido possível. Ele ainda dormia.  

Comecei a me levantar com todo o cuidado possível.

— Aonde você vai? — a voz de Leon quase fez eu dar um salto.

— A lugar nenhum... — disse, sem me voltar para ele.

— Ah, é assim? Você faz aquilo comigo e não toma a responsabilidade?

Me voltei para Leon. Ele sorria. Um daqueles sorrisos presunçosos. Ele acabara de colocar o queijo na armadilha para apanhar o rato, e agora observava o rato (eu) cair na armadilha. 

Leon tinha munição suficiente para me atormentar por meses. O que eu iria fazer? Precisava pensar rápido. Muito rápido. E para minha sorte, minha cabeça estava igual a uma ilha após um terremoto. Pensar rápido não era uma alternativa muito promissora naquele instante.

Ele passou a mão por seu pescoço, detendo-se no exato ponto em que estava a marca roxa. A maldita marca roxa.

— Pensei que seria... sugado por você, ex-caçadora de vampiro que virou vampira em sua vida passada.

Céus, aquilo iria ficar cada vez pior. Podia até vê-lo me atormentando pelo resto da minha vida. E ela não seria muito longa em liberdade. Eu assassinaria o príncipe e seria enviada para a prisão perpétua. Tinha que evitar a cadeia. Momentos drásticos, exigem medidas drásticas. 

Eu precisava de uma arma. Qual era uma boa estratégia de guerra? Se você conhece seu inimigo, você pode utilizar as mesmas armas que ele.

Leon gosta de atacar e zombar, esfregar na sua cara os seus momentos deprimentes. Eu precisava utilizar aquela arma.

Além disso, eu não era a culpada pelos meus atos anteriores, estava completamente bêbada. Não poderia deixá-lo ganhar aquela batalha. Não mesmo.

Sorri.

— Mas, você não reclamou! Você até colaborou e — olhei para ele — muito, Leon — soletrei cada sílaba de seu nome.

E foi assim que nos encontramos naquela cena inicial.

***

Leon me olha, com certeza não contava com minha tática. Ponto para Emma Jones!

Emma Jones 1, Leon 0.

— Eu estava bêbado — pondera.

— E daí? Eu também estava bêbada. Até mais bêbada que você...

Emma Jones 2, Leon 0.

— Não tão bêbada assim, você bebeu apenas um copo a mais do que eu.

— Então, você mesmo admite que eu estava bêbada!

Emma Jones 3, Leon 0.

— E também afirma que não estava tão bêbado... interessante... Se você não estava tão bêbado poderia ter evitado o meu ataque, mas não evitou...

Emma Jones 4, Leon 0.

— Ei, eu estava bêbado, não sabia o que estava fazendo...

— Sei... — olho para ele. — Percebe que está se perdendo em seus próprios argumentos?

Emma Jones 5, Leon 0.

Me levanto da grama. Eu acabo de ganhar de Leon e ainda dei a volta por cima na situação. A sorte está sorrindo para Emma Jones. Porém, melhor não abusar da sorte. Ele deve ainda estar bem atordoado devido a ressaca para pensar em algo, mas isso logo vai passar.

— Emma! Ei, Emma — ele vem atrás de mim.

Continuo a andar tranquilamente.

A vitória da grande batalha “pós momentos vergonhosos realizado na noite anterior” é totalmente minha. 5 a 0!

Me detenho no meio do caminho.

A princesa Sylvia juntamente com Will, Muriel e Lyane olham para mim e Leon. E eu nem sabia que eles também estavam aqui. É, não se pode abusar da sorte.  


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Leon e Emma... ai estes dois, uma noite muito agitada para eles... E ainda tivemos a presença de pessoas inesperadas nesta viagem de férias, o que será que vai acontecer agora?