—Scorpius. - gritou Rose vendo o namorado à beira de cair.

—Ele não te vai ouvir. - respondeu aquela voz que Rose conhecia tão bem. Uma voz que ouvia há anos - Ele está sob a maldição Imperius.

Rose encarou a outra pessoa, para além dela e de Scorpius, que se encontrava na torre de Astronomia, chocada. Claro que Rose já tinha pensado nela, mas depois achou que ela não seria capaz de uma coisa dessas.

—Makoto. - sussurrou Rose não acreditando nas próprias palavras.

—Não fiques tão surpreendida, Weasley. É do conhecimento geral que eu não gosto de ti, por isso, para quê esse tom de surpresa? - perguntou Makoto, retoricamente - Ah já sei. Faz parte do teu papel. Do teu papel de santa. Do teu papel de inocentinha. Aquele papel que eu nunca acreditei.

—Por favor, Makoto. Tira o Scorpius dali. Vamos conversar. Vamos resolver tudo sem ninguém se magoar. - pediu Rose. A sua voz saiu um pouco fraca. Ela não conseguia para de encarar Scorpius. Mais um milímetro e caía.

—Ai por favor. Por favor, vamos falar. - imitou Makoto - Tu és ridícula. Tu não viste tudo o que eu fiz. Eu revelei para toda a gente o segredo da Finnigan sem qualquer remoço. Eu ameacei a filha bebé do Liam. Pobre coitado, confiou na pessoa errada. Isso e o facto de ele estar completamente apaixonado pela santa Rose foram cruciais para a preciosa ajuda dele. Mas claro que tu não cedeste. Tinhas namorado e não podias passar por outra coisa sem ser santa. Não podias pular a cerca com o Liam.

—Se eu amo o Scorpius porque haveria de traí-lo? Além do mais, não trair alguém faz parte da pessoa que sou. Parte dos meus valores morais. Agora tira daí o Scorpius. - disse Rose retirando a varinha do bolso e apontando-a a Makoto. 

—Atrave-te a lançar uma faísca que seja e o Scorpius já era. - ameaçou Makoto. Rose manteve a varinha apontada a Makoto. Ela tinha que arranjar uma solução para tirar Scorpius dali - Ele só vai morrer por tua causa, Weasley. Se tu o tivesses deixado, ele não estaria aqui. Ele estaria feliz a namorar comigo. Eu sim seria a perfeita senhora Malfoy, não tu. As vossas famílias nunca se deram.

—Começaram a dar-se agora. - contrapôs Rose - Deixa-o ir.

—Já te disse, tu não estás no lugar certo para fazer exigências. Eu é que faço. Para já, vamos esclarecer. O Scorpius vai morrer. De qualquer maneira. 

A primeira lágrima caiu do rosto de Rose. Ela queria ser forte, ela queria conseguir enfrentar aquela situação mas a pressão era demasiada. O facto de Scorpius estar ali, completamente indefeso, e não puder fazer nada deixava-a completamente impotente.

—E chegaram as lágrimas. Elas não te servem de nada. Pensas que por chorar vais fazer com que tenha pena de ti? Pena do Scorpius? Não! Porque vocês não me deixaram ser feliz. Eu tinha tudo para ficar com ele. Mas não! Tinha de vir a santa da Rose Weasley estragar tudo. Meter-se entre nós os dois.

—Nunca houve vocês os dois. - gritou Rose. Mais lágrimas escorriam pelo seu rosto - Ele nunca esteve interessado em ti. E tu só falaste com ele porque me pediste. Tu nunca tiveste nada com ele. Eu pensava que a Anderson era louca, mas nada comparado a ti.

—Coitada. Pensou que eu a estava a ajudar mas, na realidade, eu estava a usá-la para atingir o meu objetivo. Quem é que achas que fez a poção Polissuco? Ela não tinha inteligência suficiente para fazer uma poção daquelas. Eu fui a alma daquele plano.

—Que felizmente falhou. - respondeu Rose - Stupefy. - gritou atingindo Makoto.

Os segundos seguintes foram cruciais. Apesar da torre de Astronomia ser pequena, Rose estava na outra ponta. Correu como nunca tinha corrido. Scorpius estava em queda. Se batesse no chão, morreria.

—Aresto Momentum. - gritou Rose apontando a varinha a Scorpius.

O corpo inconsciente de Scorpius começou a descer como se de uma pena se tratasse. A queda era suave, lenta. Era como se estivesse a ser embalado para dormir. 

Rose esperou que Scorpius se levantasse. Mas isso não aconteceu. O corpo de Scorpius continuava no chão completamente inerte.

As lágrimas continuava a cair do rosto de Rose. Será que ele tinha morrido? Será que o seu feitiço não tinha realmente funcionado?

Rose voltou-se. Ela tinha de chegar até Scorpius. Ela tinha de saber se ele estava bem. Por isso correu.

—Crucio - gritou Makoto antes de Rose ter hipóteses de sair da torre de Astronomia.

—Ahhhhhhhhhhhhhhh. - gritou Rose dada a tremenda dor que sentia naquele momento.

—Pensavas que saías ilesa? Achas mesmo isso, Weasley? - perguntou Makoto dando uma gargalhada - Tu nunca irias sair ilesa disto. Tu destruíste a minha felicidade. Crucio.

—Protego. - gritou Rose conseguindo proteger-se do segundo ataque de Makoto - Expelliarmus.

—Protego. - gritou Makoto - AVADA KEDAVRA! 

Por milésimos de segundos que a maldição da morte não lhe acertara. Rose tinha conseguido desviar-se. O que ela não esperava era que alguém estivesse atrás dela. Alguém recém-chegado.

—LIAM! - gritou Rose vendo o corpo, inerte, de Liam cair - NÃO! Stupefy! Brachiabindo! 

Os feitiços de Rose foram demasiado rápidos não dando a chance de Makoto se defender. Diversas cordas percorriam o seu corpo tornando impossível de se mover.

—Liam. - chamou Rose ajoalhando-se ao lado do corpo de Liam - Por favor! Abre os olhos. Por favor. - suplicava enquanto o seu rosto se inundava de lágrimas. Liam estava morto. Makoto tinha-o matado - Não!

—AHAHAHAH - gargalhava Makoto. Rose levantou-se e dirigiu-se a Makoto começando a socá-la sem parar.

—Sua cabra! Ele está morto! Tu mataste-o! - acusou Rose sem deixar de socar o rosto de Makoto. Esta já mal conseguia abrir os olhos.

—Rose. - gritou James ainda antes de chegar ao topo da torre de Astronomia. 

A primeira coisa que James viu mal atingiu o último degrau foi Liam. Estava completamente pálido. O seu peito não subia nem descia. Estava morto.

—Por Merlin. - disse James sem acreditar no que via. Olhou à sua volta encontrando Rose mais à frente. Esta continuava a bater em Makoto - Rose! - gritou correndo até ela para impedir que a prima fizesse algo que mais tarde se arrependesse.

— Ela matou-o, Sirius! Ela matou o Liam. E também não sei se o Scorpius está vivo. Eu não sei se ele morreu também. - disse Rose completamente desesperada - Eu tenho de ver se ele está bem, Sirius. Ele não pode ter morrido também.

—Vai Rose. - disse James - Eu trato desta cabra. 

Rose correu e correu tropeçando em alguns degraus. Ela tinha de chegar aos jardins o mais rápido possível. Ela tinha de saber se Scorpius estava bem.

Um aglomerado de pessoas fazia-se presente no jardim. Um casal de finalistas encontrava-se no jardim e tinha acabado por encontrar Scorpius.

—Deixem-me passar! Deixem-me passar! - gritava Rose enquanto empurrava todas as pessoas à sua frente - Por Merlin, saiam da frente!

A diretora McGonagall encontrava-se debruçada sobre o corpo de Scorpius.

—Por favor, diretora. Não me diga que ele está... - Rose não terminou a frase. Ela não queria que fosse verdade.

—Ele está bem, senhorita Weasley. Apenas desmaiado. - revelou McGonagall.

Um alívio profundo atingiu Rose. Scorpius estava bem. Scorpius não tinha morrido.

—Vamos levá-lo para a enfermaria. - disse McGonagall.

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 A dor de cabeça era pior que a dor de cabeça de uma ressaca. A claridade que atravessava as janelas também não ajudava. 

Aos poucos, Scorpius começou a abrir os olhos. A claridade continuava intensa. Quase dolorosa.

—Fechem as cortinas, por favor. - sussurrou Scorpius.

—Por Merlin, filho! - bradou Astoria abraçando o filho - Eu estava tão preocupada.

—Mãe, o que é que aconteceu? Onde é que estou? - perguntou Scorpius completamente confuso.

—Querido, estamos na enfermaria de Hogwarts. Tu caíste da torre de Astronomia. Se não fosse a Rose, terias morrido. - disse Astoria deixando cair lágrimas pelo seu rosto. Ela queria ser forte em frente do filho mas simplesmente não conseguia. Scorpius podia ter morrido. 

 -Está com a diretora. - respondeu Draco - Um aluno morreu esta noite. Fico feliz que estejas bem. Temíamos o pior.

—Eu preciso de ver a Rose, agora. Por favor. - pediu Scorpius encarando os pais.

—Vou falar com a diretora e trazer a Rose. - disse Draco abandonando a enfermaria.

—Não parece mas o teu pai estava realmente preocupado. Não sabíamos o que se tinha passado. A única coisa que nos chegou aos ouvidos era que tinhas caído do sétimo andar. - contou Astoria - Eu só estou feliz que estejas bem.

—Quem é que morreu? - perguntou Scorpius temendo o pior.

—Foi o Liam. - revelou Astoria chocando Scorpius - Acho que era um aluno dos Ravenclaw. Com um Avada Kedavra.

—Scorpius. - gritou Rose correndo até ele.

A primeira coisa que Scorpius notou era que Rose tinha os olhos completamente inchados. Além disso, os seus cabelos ruivos estavam completamente desalinhados e os seus punhos estavam cheios de sangue.

—Princesa. - disse Scorpius abraçando Rose. Esta abraçou-o o mais forte que conseguiu. Scorpius, mesmo lhe doente o facto de Rose o estar a abraçar tão forte, abraçou-a de volta - O que é que se passou? O que é que aconteceu contigo?

—O Liam morreu, Scorp. O Liam morreu. - sussurrou Rose voltando a chorar compulsivamente - Ele vinha ajudar-me mas ela matou-o. Assim, a sangue frio.

—Quem é que o matou? - perguntou Scorpius.

—A Makoto. - revelou Rose deixando Scorpius chocado - Era ela a autora das mensagens. Era ela o maníaco dos bilhetes.

—Mas porquê? O que é que nós lhe fizemos de tão mal?

—Tu não te apaixonaste por ela. E eu impedi que isso acontecesse. E agora o Liam está morto por causa das crueldades dela. Por nossa causa.

—Princesa, olha para mim. - disse Scorpius colocando cada mão sobre uma bochecha de Rose para que esta o encarasse - Nós não somos culpados pela morte do Liam. A culpa é toda da Makoto. E ela vai sofrer as consequências. Ela vai sofrer.

—Ele deixou uma filha. Pequenina. - revelou Rose - A menina vai crescer sem um pai. 

—Mas a mãe dela vai fazer com que ela se lembre do pai como um herói. - disse Scorpius refazendo-se da surpresa de Liam ter uma filha - Nós vamos fazer isso.

—Oh Scorpius. - disse Rose abraçando-se a Scorpius e deixando as lágrimas correr livremente - Vamos casar.

—O que é que disseste? - perguntou Scorpius afastando Rose e encarando-a.

—Vamos casar. - disse Rose - Tu pediste-me em casamento há algum tempo. Eu disse que sim. Vamos casar o mais rápido possível. Depois do que aconteceu hoje, eu quero passar o resto dos meus dias ao teu lado. Como tua mulher.

—Tu definitivamente queres que o teu pai tenha um ataque cardíaco. - disse Scorpius arrancando o primeiro sorriso de Rose depois de tudo o que aconteceu - Os seus desejos são ordens. A senhorita quer casar. Teremos então um casamento em breve.

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 Como era tradição, os finalistas seguiriam, pela última vez, de carruagem até Hogsmeade.

Apesar de Hogwarts estar de luto, devido à morte de Liam, os professores arranjaram uma maneira dele ser relembrado durante aquela viagem. Assim, em vez dos habituais festejos, todo o caminho seria feito em completo silêncio.

—Scorp, tu és um atraso de vida. - provocou Albus caminhando na frente. Atrás seguiam Rose e Scorpius. Este caminhava devagar dadas as dores que sentia.

—Um dia vou dar-te um enxerto de porrada e depois também digo para te despachares. - respondeu Scorpius - Já estamos a chegar. - disse vendo as primeiras carruagens.

Rose parou encarando a carruagem à sua frente. Ela não conseguia acreditar.

—Eu consigo vê-los. - disse chamando a atenção de Scorpius e Albus.

—Tu consegues ver o quê, Rose? - perguntou Albus sem perceber onde a prima queria chegar.

—Eu consigo ver os trestálios. - disse Rose enquanto a primeira lágrima corria pelo seu rosto.

—Vem cá, princesa. - disse Scorpius agarrando Rose - Vai ficar tudo bem.

—Prometes? - perguntou Rose. O choro não permitia que a sua voz saísse clara.

—Claro que prometemos. - disse Albus abraçando o casal - Estaremos aqui uns para os outros. Para sempre.

—Para sempre. - responderam Rose e Scorpius ao mesmo tempo.