Faltavam apenas dois exames. Rose estudava mais que nunca. Mal dormia. Scorpius começava a ficar realmente preocupado com a namorada. Ela sempre tinha entrado nestas épocas de stress na altura dos exames. Mesmo antes de começar a falar com ela, Scorpius sabia que ela era assim. Porque ela era Rose Weasley, a melhor aluna de Hogwarts.

Mas o facto de ser os exames finais faziam com que ela entrasse num stress pior. Mesmo sabendo que o seu futuro estava praticamente definido. Porque Rose tinha receio que, se se saísse mal em algum exame, a diretora McGonagall mudasse de ideias e não permitisse que ela seguisse a carreira de professora.

—Hoje à noite na torre à mesma hora de sempre? - perguntou Scorpius a Rose enquanto saíam da biblioteca em direção ao salão Principal para jantarem.

—Hoje não dá, Scorp. Os exames são já amanhã e eu preciso de estudar. Todos os segundos contam. - respondeu Rose que mal se conseguia ouvir dada a quantidade de livros à frente do seu rosto.

—Tu tens noção que estudaste o dia todo, Rose? - perguntou Scorpius - Tu sabes cada livro que tens na mão de cor. Da frente para trás e de trás para a frente. Também precisas de descontrair. Esquecer os exames por um bocado. Nem que sejam cinco minutos.

—Os exames são amanhã, Scorpius. Se eu fosse a ti, depois de jantar enfiava-me dentro do dormitório para rever tudo. Tu precisas do exame de Herbologia para seguir a carreira de Auror.

Scorpius acabou por não dizer mais nada. Não adiantava. Rose ficava completamente irredutível naquelas alturas. Naquele assunto, o ideal era concordar com Rose. Mesmo que não concordasse.

—Então até amanhã. - despediu-se Scorpius de Rose com apenas um aceno. Os livros que Rose transportava não permitiam algo mais.

—Adeus Scorpius. - respondeu Rose em tom baixo. Ela sabia que Scorpius tinha ficado magoado. Mas a partir de amanhã, as férias finalmente chegariam. E depois ainda havia o baile.

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Albus encontrava-se perto das escadas que levavam à mesa de jantar dos professores. A sua atenção estava completamente virada para um pequeno pergaminho que segurava. 

Scorpius sentou-se em frente a Albus. Este nada disse.

—Não me digas que também estás completamente vidrado nos estudos. A hora de jantar devia ser sagrada. - queixou-se Scorpius agarrando numa grande coxa de frango de uma travessa à sua frente.

—Não estou a estudar. Só a ver uma coisa. - respondeu Albus arrumando o pergaminho.

—Ao menos. - resmungou Scorpius.

—Que se passa para estares com esse mau humor todo? - perguntou Albus.

—Então não reparaste maninho? - perguntou Lily, retoricamente - Se calhar estás demasiado preocupado a impedir-me de ir com o meu namorado para Manchester que nem reparas nas coisas à tua frente.

—Está calada, Lily. - protestou Albus.

—Tu não és meu pai para me mandar calar. - respondeu Lily - Ao menos eu reparei no porquê de o Scorpius estar assim. Já tu...

—Já não acabaste de comer? - perguntou Albus retoricamente - Vai para o dormitório estudar.

—Vamos Hugo.  - começou Lily dando a entender que ia seguir a ordem de Albus - Vamos para um lugar mais sossegado. Fazer aquilo que só os namorados fazem.

Lily agarrou no braço de Hugo e despediu-se apenas de Scorpius.

—Não lhe ligues. Sabes perfeitamente que ela só disse aquilo para te irritar. - disse Scorpius - Ela conhece os teus pontos fracos.

—E quem disse que eu estou irritado? - perguntou Albus elevando o tom - Ela que faça o que quiser com o Hugo. Depois que não apareceça a choramingar à minha mãe a dizer que está grávida. Onde já se viu, uma criança.

—Nada irritado portanto? - perguntou Scorpius contendo o riso.

—Nem um bocadinho. - respondeu Albus - Mas afinal o que se passou? - perguntou, mudando de assunto. O sorriso que estava na face de Scorpius desapareceu.

—É a tua prima. - respondeu Scorpius - Ela devia ter mais noção dos seus limites e das suas capacidades. Ela sabe cada livro que tem, e também os que não tem, de cor e mesmo assim insiste, insiste e insiste.

 -Até parece que não a conheces. Até parece que não passaste a época de exames do ano passado com ela. 

—Mas este ano, ela está pior. Ela mal dorme. Ela mal come. Eu não sei como é que ainda não lhe deu alguma coisa de mal.

—Sangue Weasley, Scorpius. Os teus filhos também serão assim.

—Inteligentes como a mãe, espero bem que sejam. - respondeu Scorpius - O que vale é que os exames terminam amanhã. Depois ela volta ao normal.

—Até virem as alturas das formações que a façam stressar outra vez. - relembrou Albus - Ela terá sempre alguma coisa com que se preocupar, esse vai ser o problema constante.

—O ideal era ela ter mais confiança das coisas. Ela sabe perfeitamente que sabe tudo e mesmo assim continua a estudar, como se nada soubesse.

—Eu acho que devias ter uma conversa franca com ela depois dos exames. - aconselhou Albus.

—Acho que tens razão. - respondeu Scorpius.

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Roxanne aguardava impacientemente por Molly, no salão Principal. A hora de jantar estava quase passada e não havia nenhum sinal de Molly. O que era muito estranho. Molly Weasley nunca falhava uma refeição. 

Do outro lado do salão Principal, Lorcan, o seu namorado, jantava descansado perto de Lysander, Erica e Rose. De vez em quando, Lorcan trocava olhares com Roxanne como se precisasse de ver que ela continuava ali. 

Roxanne, vendo que nem Molly nem Sarah apareciam, decidiu juntar-se ao seu namorado na mesa dos Ravenclaw.

—A Molly não apareceu? - perguntou Lorcan, sussurrando ao ouvido de Roxanne.

—Não. - respondeu Roxanne - Eu não faço ideia de onde ela anda metida. 

—Provavelmente está com a Finnigan. Reparei que ela não está com a Bale na mesa. - comentou Lorcan.

Roxanne olhou para a mesa dos Slytherin em busca de Octavia. Avistou-a perto da entrada. Realmente, a única pessoa que estava com ela era aquela novo amigo que não a largava.

 -Pois se calhar... - Roxanne travou a sua frase quando viu Molly entrar, apressada, no salã Principal. Mas, ao contrário do que esta esperava, Molly correu em direção a Scorpius. Isso foi algo que a surpreendeu. A ela e a Rose que também observava a prima atentamente - Parece que a nossa prima anda muito ocupada. - comentou Roxanne com Rose.

—Pois, parece que sim. - respondeu Rose sem tirar os olhos da porta do salão Principal onde, segundos atrás, Molly tinha saído com Scorpius. 

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—Para onde é que o levaste? - perguntou Scorpius enquanto corria atrás de Molly.

—Para a sala das Necessidades. Ninguém dará com ele. E a Sarah ficou com ele para não arriscar.

—Tu contaste à Sarah? - perguntou Scorpius travando.

—Ela já sabia de tudo e já, Scorpius. - respondeu Molly - Vamos antes que fique muito tarde.

O caminho até ao sétimo andar foi cansativo. Subir sete andares a correr não era fácil. Que o diga Scorpius que mesmo com o treinamento do Quidditch estava pior que depois de um jogo.

Molly passou três vezes em frente à parede que dava acesso à entrada da sala das Necessidades. Uma grande porta castanha apareceu em frente aos dois.

Liam encontrava-se amarrada num canto da sala das Necessidades. Sarah encontrava-se à sua frente, com a varinha na mão para o caso de Liam tentar alguma coisa.

—Ele é todo teu, Scorpius. - disse Sarah quando reparou que Scorpius e Molly tinham chegado.

Scorpius nem queria acreditar. Depois de dias em busca de Liam, tinha-o ali, completamente indefeso, à sua frente. Pronto para o confronto.

—Ora, ora. Finalmente nos encontramos, Liam. - disse Scorpius sentando-se em frente a Liam e retirando-lhe o lenço da boca - Finalmente vamos ter a nossa conversinha.

—Não tenho nada para conversar contigo. - respondeu Liam. No seu interior, ele estava completamente assustado.

—Aí é que te enganas. Nós temos muito que falar. - disse Scorpius em tom sombrio.

—Se é por causa do que aconteceu no outro dia, nós já falamos...

—Não é por causa disso. Apesar que, eu fui muito brando contigo nesse dia. Estamos aqui para falar da tua visita noturna à enfermaria. - começou Scorpius.

—Não sei do que estás a falar. - disse Liam fazendo-se de desentendido.

—Não mintas, Liam. A Rose contou-me. Achavas mesmo que ela não ia contar-me? - perguntou Scorpius retoricamente - Achavas mesmo que a minha namorada ia esconder-me uma coisa dessas? Ainda para mais quando estamos a ser ameaçados. Achava-te mais inteligente, afinal estás nos Ravenclaw.

—Como assim ameaçados? - perguntou Liam.

—Mais uma resposta que escuso de te dar. Ambos sabemos que tu sabes. Tu fizeste questão de avisar a Rose para nós os dois termos cuidado. Isso é no mínimo estranho. Aliás, isso só revela que tu sabes da história toda. A questão agora é. És tu o autor dos bilhetes? Ou será que não és e estás a ajudar de livre vontade só para ficares com a Rose? Ou será que estás a ser ameaçado? A Rose acredita na última opção, mas não sei até que ponto ela está correta. Ela tem tendência a ver o melhor das pessoas. Coisaas que eu não tenho.

—Não percebo nada do que estás a falar. - disse Liam mantendo a sua posição.

—Claro que sabes do que estou a falar. - voltou a afirmar Scorpius - Todos nós sabemos que tu sabes disto tudo. A grande questão é que papel tens tu nisto. Porque algum há de ser. 

—Por favor Malfoy, deixa-me ir. - pediu Liam. Os seus olhos demonstravam o medo que estava a sentir naquele momento.

—Malfoy? - perguntou Scorpius - Podes tratar-me por Scorpius, afinal estamos íntimos ao ponto de eu receber ameaças tuas.

—Eu não ando a mandar nada. - respondeu Liam, tentando soltar-se.

—Até podes não estar a mandar nada, mas sabes quem anda a mandar. Sabes da pessoas que me anda a fazer mal. Que anda a fazer mal à Rose. Como é que dormes de noite?

—Como eu durmo de noite é da minha conta.

—Deixa de ser da tua conta a partir do momento que metes a mulher que eu amo em perigo. - disse Scorpius em tom frio.

—Eu também a amo. - confessou Liam surpreendendo todas as pessoas que estavam na sala das Necessidades - Eu também me preocupo com ela. Também me preocupo que algo de mal lhe possa acontecer. 

—Então há alguma possibilidade de alguma coisa lhe acontecer? - perguntou Scorpius em tom elevado - Existe a possibilidade de a Rose sair magoada e tu, seu cabrão, não és capaz de impedir isso. Aliás, apenas ficas a ver a desgraça a acontecer.

—Tu não sabes de nada, Malfoy. Tu nem sabes metade da história. - respondeu Liam já sem controlo em si próprio.

—Mas para isso é que aqui estás. Para me dares essa metade. Essa metade que pode ajudar-me a ganhar contra a pessoa que está a mandar os bilhetes. Ou tu podes ser o autor.

—Eu não sou autor de bilhetes nenhuns. Eu já disse que amo a Rose e nunca lhe faria mal. - berrou Liam.

—Mas deixas que os outros lhe façam. - respondeu Scorpius.

—Eu não tenho alternativa. - respondeu Liam.

—Todos têm. - disse Scorpius - A Sarah também foi ameaçada, mas resistiu a essa ameaça.

—Eu não sou a Sarah. Eu não estou a esconder que sou homossexual. - respondeu Liam dando a pista final a Scorpius. Liam estava a ser ameaçado.

Mas, antes que Scorpius pudesse dizer alguma coisa, ouviu-se uma explosão. Faíscas de varinha saíam por todos os lados. Sarah encontrava-se inconsciente, perto da entrada. Molly tentou, em vão, parar quem ali entrou. Também ela ficou inconsciente. 

Scorpius escondeu-se o melhor que conseguiu. Aquela pessoa que tinha invadido a sala das Necessidades era a mesma que andava a mandar bilhetes à Rose.

Scorpius tentou contra atacar mas foi mal sucedido. Scorpius foi atingido por um feitiço de atordoar deixando-o também inconsciente.