Scorpius não queria acreditar no que tinha acabado de assistir. Scorpius não queria acreditar ao baixo nível que Liam tinha chegado.

—Tu és nojento. - disse Scorpius com o maior tom de desprezo - Brachiabindo.— bradou.

Cordas apareceram em torno de Liam, apertando-o cada vez mais. Impedindo-o de se mexer.

—Malfoy. - bradou Liam.

—Nem te atrevas a protestar, se não acabo com a tua raça de vez. Tens sorte de estarmos em Hogwarts porque se fosse noutro sítio qualquer...coitado de ti. - disse Scorpius aproximando-se de Liam e ficando a centímetros dele - Tu nunca mais te atrevas a falar com a Rose. Nem que seja para pedir uma pena. Nunca mais olhes para ela porque, se o fizeres, eu faço questão de te arrancar esses belos olhinhos que derretem tantas raparigas inocentes. Ficas avisado. Se isto voltar a acontecer, eu não serei tão brando. Eu mato-te.

Rose permanecia encostada à parede. Continuava em completo choque. Scorpius aproximou-se dela agarrando-lhe a mão esquerda.

—Vamos princesa. - disse Scorpius de maneira carinhosa.

Rose não disse nada. Rose apenas se deixou guiar por Scorpius abandonando assim o sexto andar e um Liam cheio de cordas à sua volta.

Scorpius não sabia o que dizer a Rose. O seu subconsciente fazia questão de o lembrar, inúmeras vezes, que ele sempre tivera razão em relação a Liam. Mas claro que Scorpius não ia dizer isso a Rose. Ela tinha descoberto da pior forma possível.

Scorpius estava também com receio da reação de Rose quando recuperasse do estado de choque. Se recuperasse. Scorpius estava com receio que o que aconteceu trouxesse de volta más memórias. Traumas.

Não era a primeira vez que Rose fazia alguma coisa contra a sua vontade. Há um ano atrás, Albus levou-a à força. Rose ainda estava a recuperar disso. Conseguira estabelecer uma amizade com Albus depois de todos os mal entendidos serem esclarecidos. Mas agora, mais uma vez, tinha a sua liberdade perdida. Mesmo que por breves momentos, ela teve-a.

A primeira lágrima escorreu pelo rosto de Rose. Ela ainda não conseguia acreditar que Liam tinha tentado fazer aquilo. Ela admitia que, ultimamente, Liam se estava a tornar num completo intrometido na sua relação com Scorpius, mas eles eram amigos.

—Ei princesa. - disse Scorpius apercebendo-se que Rose chorava - Não fiques assim, princesa. Ele nunca mais te vai tocar. Ele nunca mais se vai aproximar de ti.

—Eu podia ter impedido isto. Eu podia não lhe ter dado tanta confiança. Eu podia ter reagir há bocado. Eu tinha a varinha no meu bolso. Eu podia tê-la usado. Mas bloqueei. Não me lembrei da varinha.

—Princesa, tu ficaste em choque. Tu eras amiga dele. Tu não esperavas que ele fizesse uma coisa destas. - disse Scorpius tentando acalmar a namorada.

—Eu não posso simplesmente bloquear, Scorpius. Se fosse no tempo dos nossos pais, eu facilmente seria morta por um Devorador da Morte. Se...se por acaso fosse o maníaco que anda a mandar os bilhetes? Eu simplesmente bloqueava. - lamentou-se Rose.

—Ainda não está descartado que seja o Liam o autor dos bilhetes. - disse Scorpius sem pensar no peso das suas palavras.

—Tu achas que o Liam pode ser o autor dos bilhetes? - perguntou Rose.

—Para já não vamos pensar no que eu disse. - disse Scorpius - Vamos pensar que tu és a bruxa mais incrível que eu conheci. Também uma das mais inteligentes. Não podes pensar que, só por teres bloqueado agora, vais bloquear depois. Porque isso não vai acontecer. Nem eu vou deixar que isso aconteça. Entendido? - Rose acenou a cabeça com pouca convicção - Tens de acreditar em ti, Rose. E agora vamos deixar isto para trás. Vamos para os jardins ter com o Albus que deve estar ansioso por uma tarde de estudos.

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Molly sempre teve um fascínio por ballet. Fora algo que ela sempre sonhou fazer. E tinha mesmo chegado a tentar. Houve uma vez que a sua tia Hermione a tinha levado, junto com Rose, à melhor escola de Londres. Mas algo aconteceu. Logo na primeira aula, Molly aleijou-se, com alguma gravidade, num dos pés. Algo que foi rapidamente resolvido através de magia.

Apesar da gravidade, Molly queria continuar a ir com Rose para o ballet. Mas Percy não permitiu. Percy alegou que ballet era demasiado perigoso.

Molly nunca mais voltou à escola de ballet. Mas continuou a praticar. No princípio tinha a ajuda de Rose. Mas quando Rose foi para Hogwarts, Molly começou a treinar sozinha.

—Quando falaste para eu pensar em ballet para entrar na sala das Necessidades não pensei que fosse no sentido literal da palavra. - disse Sarah assustando Molly - Não precisas de te assustar assim.

—Eu não controlo quando me assusto. - disse Molly em tom de brincadeira.

—Parece que não somos como aqueles casais que sentem a presença um do outro. - disse Sarah sem se aperceber da palavra que tinha usado para as definir. Mas claro que isso não passou despercebido para Molly.

—Claro que não. Nós somos diferentes. - disse Molly aproximando-se de Sarah e beijando-a de leve.

—E qual o motivo de estarmos numa sala de ballet? - perguntou Sarah, curiosa.

—Sonhos de infância. - respondeu Molly - Esta escola foi a primeira vez que tive contacto com o ballet. A minha tia Hermione levou-me junto com a Rose.

—Nunca te imaginei como uma adepta de ballet.

—Há muitas coisas que ainda não sabes sobre mim. - disse Molly em tom misterioso.

—Mas espero um dia vir a conhecer. - disse Sarah.

—Com certeza irás. - sussurrou Molly a centímetros da boca de Sarah.

—Vi-te com a Rose, nesta manhã. 

—Tu sabes como estragar um momento. - disse Molly de forma brincalhona.

—É que eu estou muita curiosa para saber sobre o que conversaram. - disse Sarah fazendo beicinho.

—Portanto vamos anotar, a menina é muito curiosa. - brincou Molly - Já posso dizer que conheço mais um pouco de ti. E a Rose veio pedir-me desculpas. Pelos vistos, mandaram-lhe um bilhete a dizer que me tinham posto sobre a maldição Imperius.

—Colocaram-te sobre a maldição Imperius? - perguntou Sarah em tom sério. O tom de brincadeira de momentos atrás tinha desaparecido.

—Pelos vistos sim. Mas já passou, Sarah. - disse Molly tentando acalmar Sarah. Ela queria esquecer que estivera sobre a aquela maldição. Ela queria voltar aos momentos de brincadeira..

—Como podes dizer que já passou, Molly? Usaram em ti uma das maldições imperdoáveis e tu queres que eu simplesmente esqueça? E se voltam a fazê-lo? Devias ir falar com a diretora.

—Sarah, calma. Não vai voltar a acontecer. E também só me colocaram sobre a maldição Imperius para entregar um bilhete. Foi só para isso.

—Foi só para isso? A sério Molly? Agora foi só para entregar um bilhete, da próxima vez pode ser para matar a Rose ou o Scorpius. Já pensaste nisso? - perguntou Sarah, levantando-se - Pela tua cara, estou a ver que não.

—Desde quando é que isto virou uma discussão? - perguntou Molly levantando-se também.

—Desde que tu não percebes no perigo que estás. Neste momento, tu estás tanto em perigo como o Scorpius e a Rose. Eles estão a ser ameaçados. Tu estás a ser usada para lhes levares essas ameaças.

—Mas podiam ter usado qualquer um. - defendeu-se Molly.

—Mas foi a ti que usaram. - rematou Sarah - Como é que não percebes a gravidade da situação, Molly?

—Tens razão. - disse Molly aproximando-se de Sarah - Desculpa. - pediu abraçando Sarah.

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 A final de Quidditch era naquela tarde. Slytherin contra Gryffindor. Quem ganhasse, ganhava a taça. 

Scorpius estava completamente nervoso. Aquela era a sua última oportunidade de voltar a ser campeão pelos Gryffindor. Era verdade que já tinha sido campeão de Quidditch algumas vezes, mais precisamente três, mas naquele ano também queria ser dado ser a última vez que representava os Gryffindor.

—Scorpius devias acalmar-te. - disse Rose enquanto caminhavam em direção ao salão Principal.

—Como queres que me acalme? Nós temos de ganhar. Eu tenho de apanhar a snitch.

—E vais conseguir, Scorpius. Tu és o melhor seeker que eu conheço. - encorajou Rose.

—Se bem me lembro, no ano passado, disseste que a Anderson só não apanhou a snitch por sorte. 

Rose corou ao relembrar-se do momento. Ela tinha-o dito quando iam, junto com Albus, para Hogsmeade.

—E, apesar de eu ter ficado chateado por teres dito isso, não era totalmente mentira. Eu só apanhei a snitch por sorte.

—Scorp, tu só estás a dizer isso agora porque estás inseguro para este jogo. Mas eu já te disse, tu vais sair-te bem. Eu estou a torcer por ti. - disse Rose beijando de leve Scorpius.

—Eu estava a falar a sério quando disse isso. - confessou Scorpius baixando a cabeça - Eu distraí-me. E isso podia ter custado o jogo e o campeonato.

—Mas afinal tu distraíste-te com o quê, Scorp? - perguntou Rose já não aguentando a curiosidade.

—Contigo. - confessou Scorpius e, pela segunda vez na vida, Rose viu Scorpius corar - Não que eu andasse a seguir os teus passos, mas eu nunca te tinha visto num jogo de Quidditch. Aquilo foi uma surpresa. Mas depois consegui a explicação. Tu foste ver o James.

—E hoje vou ver-te a ti. - disse Rose levantando o rosto do namorado para o encarar - Hoje vou ver-te a agarrar na snitch. A não dar hipóteses à Anderson. Tu vais agarrar aquela snitch, Malfoy. Tu agarras a snitch e mal acabe Hogwarts, nós começamos a procurar casa para morarmos juntos. Tal como tínhamos falado.

—Parece que tenho uma snitch para apanhar. - disse Scorpius, com um sorriso, beijando Rose.

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O tempo estava ideal para uma partida de Quidditch. O sol brilhava e não existia uma única nuvem para o atrapalhar.

À medida que hora do jogo se aproximava, as bancadas começavam a ficar preenchidas. Até os mais estudiosos deixavam os estudos de lado para assistir a esta grande final.

O estádio apresentava duas cores. Vermelho e verde. Alunos dos Ravenclaw e Hufflepuff tomavam lados sobre quem queriam que ganhasse o jogo.

Tal como Scorpius, também Albus estava completamente nervoso. Tal como Scorpius, também era o seu último ano.

—Al não te preocupes, nós vamos ganhar. - disse Scorpius abraçando o amigo.

—Estás assim tão confiante que vais apanhar a snitch? - perguntou Albus sem esconder o nervosismo na sua voz. 

—Eu sei que sim. Porque só assim é que a tua prima começa realmente a procura de uma casa para nós. - revelou Scorpius deixando Albus em estado de choque.

—Tu e a Rose... - começou Albus mas logo parou de falar. Scorpius já tinha saído do balneário. Albus fez o mesmo. O jogo estava prestes a começar.

A juíza do jogo deu ordem para levantarem voo. Antes do jogo começar, Albus desviou o seu olhar para a onda verde a sul do campo. Octavia estava lá. E o amiguinho com quem ela estava no outro dia, estava ao lado dela. Albus arrependeu-se completamente de olhar.

—Hoje é o dia que ganhamos. - disse Diana a Scorpius.

—Sonha com isso. Ninguém tira a snitch de mim. - retrucou Scorpius - Muito menos tu que já me tiraste meses suficientes com a Rose.

—Vê lá se esses meses não se prolongam. - rematou Diana antes do apito inicial.

Scorpius nem ouviu o apito inicial. As palavras de Diana não lhe saíam da cabeça. Seria possível que ela fosse a autora dos bilhetes? 

—Scorpius acorda. - gritou Albus tirando Scorpius dos seus desvaneios.

Scorpius lembrou-se do que Rose tinha dito. Scorpius precisava de apanhar a snitch.

Os dez minutos que se seguiram foram completamente inúteis. A snitch não aparecera uma única vez. Nem a Scorpius, nem a Diana. Os primeiros dez minutos foram marcados por muitas voltas ao campo e pelo facto dos Gryffindor estarem a ganhar por vinte pontos.

Scorpius decidiu permanecer parado. Olhou em todo o seu redor. Até que avistou Rose. E, cinco metros acima dela, estava a snitch a balançar de um lado para o outro. 

Scorpius voltou a sua vassoura para lá e voou o mais rápido que conseguia. Ele precisava de apanhar a snitch. Slytherin ganhava agora com dez pontos de avanço.

Quando Diana se apercebeu, já era tarde demais. Scorpius já tinha a snitch na mão e os seus colegas festejavam fervorosamente voando de um lado para o outro.

Gryffindor era ouvido por todo o lado. Maior parte do campo cantava numa só voz.

Scorpius pousou e foi abraçar Albus.

—Eu disse-te que conseguíamos. - gritava Scorpius abraçado a Albus.

—Somos campeões. - gritava Albus.

—O campeão voltou, o campeão voltou. - festejava Scorpius.

Enquanto os Gryffindor festejavam, alguém deixava Rose inconsciente com um bilhete em sua mão.