A Torre de Astronomia escrita por Li


Capítulo 62
Capítulo 61


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez pelo atraso. Tenho estado doente e mais uma vez, ontem, voltei a adormecer em cima do computador :)
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671036/chapter/62

Sarah sentia-se completamente perdida. Ela não sabia o que fazer. O seu segredo seria revelado e ela não estava preparada para isso. Mas ela também não estava preparada para ser cruel, ela não estava preparada para destruir a felicidade alheia. Sarah podia ter muitos defeitos, e ela sabia que os tinha, mas ser cruel não era um deles.

Sempre disseram que os feiticeiros mais cruéis do mundo da feitiçaria tinham saído dos Slytherin. Sempre disseram que os mais cruéis tinham saído da casa a que ela pertencia. Ela sabia que isso era verdade. Mas ela também sabia que nem todos os slytherin eram assim. Era exatamente o que acontecia nas outras casas. Nem todos eram bons. O problema era que os piores tinham saído dos Slytherin.

Sarah era ambiciosa. Sarah era orgulhosa. Mas Sarah não passava por cima de ninguém para chegar onde queria. Ela lutava. Lutava para conseguir o que queria. Sem prejudicar ninguém.

Sarah ia tão distraída que acabou por esbarrar em alguém. Mais uma vez, Molly Weasley encontrava-se ali, à sua frente enquanto ela enfrentava os seus demónios. Molly Weasley, a causadora dos seus problemas. Mas, talvez também, a única pessoa com quem ela podia conversar livremente.

—Podemos falar? – perguntou Sarah assim do nada.

Molly concordou. Era verdade que da última vez que estiveram juntas, Sarah não tratou Molly da melhor maneira. Longe disso. Mas, como Molly tinha referido, ela sabia pelo que Sarah estava a passar e não a culpava por estar a reagir assim. Por isso aceitou falar com ela.

Ao contrário do que Sarah esperava, Molly não a levou até à sala das Necessidades ou até à torre de Astronomia, locais que normalmente estavam vazios. Não. Molly levou-a até às estufas. Aquele era o seu local favorito.

Aquela hora já não haviam aulas de Herbologia. Os alunos não eram permitidos nas estufas sem acompanhamento de um professor. Mas Molly conseguira a exceção. Neville Longbottom, seu professor de Herbologia, sabia o quanto Molly gostava da sua disciplina. Assim deu-lhe autorização para andar pelas estufas, para observar as plantas que estudava mais de perto.

—Está tudo bem? – perguntou Molly antes que Sarah dissesse alguma coisa.

—Não está tudo bem. – admitiu Sarah – Aliás, está muito longe de estar bem. E muito por tua causa. Eu não teria metade dos meus problemas se não me tivesse envolvido contigo naquela tarde.  – descarregou Sarah – Se nós não estivéssemos estado juntas naquele dia, a minha vida não estaria a merda que está.

—Foi para isto que pediste para falar comigo? – perguntou Molly em tom de descrença. Ela sabia o que Sarah estava a passar, mas isso não lhe dava o direito de tratar as pessoas da forma que quisesse – Desculpa lá Sarah, mas tu não tens o direito de falar assim comigo. Aliás, não tens o direito de falar assim com ninguém. Eu posso ser dos Hufflepuff, podemos ser conhecidos por ser calmos e pacíficos, mas tudo tem um limite. Nós não nos deixamos rebaixar. Nós lutamos por justiça. Tu não tens o direito de falar assim comigo. Eu estava muito bem. Eu estava muito sossegada. Lembra-te Sarah, foste tu que vieste ter comigo e que me beijaste. Foste tu! Eu não te chamei, eu não te disse nada. Por isso não venhas dizer que eu estraguei a tua vida porque eu não o fiz. Tu fizeste aquilo porque quiseste. Porque tu gostas de mulheres. Eu não disse que tu gostas de mim em particular. Não gostas de mim assim como eu não gosto de ti. Mas gostas de mulheres. E enquanto não te sentires livre contigo mesma, andarás sempre presa e a culpar as pessoas à tua volta.

Sarah ficou sem qualquer reação. Ela não esperava que Molly lhe falasse naquele tom. Ela não esperava nada daquilo. Nem mesmo ter dito o que disse. Ela simplesmente precisava de descarregar. E acabou por descarregar na única pessoa que a podia ajudar naquele momento.

—Desculpa. – pediu Sarah – Eu não sei o que me deu. Eu não sei…

—O que se passa contigo? – completou Molly – Eu sei. Essa raiva que criaste dentro de ti está a ser impossível de controlar. Tu esforças-te tanto para manteres a tua vida numa fachada que já não sabes quem és na realidade.

—E que queres que eu faça? – perguntou Sarah em tom de desespero – Queres que ande a contar aos sete ventos que gosto de mulheres?

—Eu não disse isso. Até porque ninguém tem a ver com a tua vida. A vida é tua e tu fazes o que quiseres com ela. Agora, podes simplesmente não te esconder. Podes só contar aos teus amigos ou à tua família. Isto não é divulgar. É apenas partilhar algo com as pessoas que gostas. Eu sei o que estás a passar. Sei mesmo. Mas posso garantir-te. Vai correr tudo bem. Eu também estava assim. E sabes o que fiz? Contei à Roxanne, à minha melhor amiga. Contei que, para além de homens, também gostava de mulheres. E daí se eu gostava dos dois sexos foi o que a Roxanne me perguntou. Eu continuarei a ser a tua melhor amiga, completou ela naquela altura. Aquilo era tudo o que eu precisava de ouvir. E é o que tu precisas de ouvir.

—Mas lá porque te correu bem a ti não quer dizer que me corra bem a mim, não é? – perguntou Sarah – Quem garante que se eu contar à Octavia, por exemplo, ela vai aceitar?

—Ela não é a tua melhor amiga? – perguntou Molly retoricamente – Ela vai aceitar-te da maneira que és. Tu não vais mudar para ela.

—Mesmo que eu lhe diga que estou apaixonada por ela? – perguntou Sarah admitindo, pela primeira vez em voz alta, que estava apaixonada por Octavia.

—Mesmo assim. – respondeu Molly.

—Eu espero mesmo que estejas certa. Porque se tu não estás, eu não sei o que acontecerá comigo. – disse Sarah começando a afastar-se. Interrompeu o seu passo ainda antes de abandonara a estufa número três para completar – E desculpa mais uma vez. Eu não queria dizer aquelas coisas.

—----//-----

—Tinhas razão. – disse Rose a Octavia naquele fim de tarde – Quando perguntei ao Scorpius, ele fechou-se me copas.

—Eu sabia. Eu sabia que ele estava a esconder-me alguma coisa. Eu conheço-o. – disse Octavia – Ele vai ter de me contar direitinho o que é que se passa. Eu não fico mais um dia sem saber o que aconteceu.

—Octavia, espera. – pediu Rose – Tu tens a certeza do que estás a fazer?

—Claro que tenho a certeza, Rose. Quem é que o Albus pensa que é? Quem, diz-me? Imagina que me está a trair com alguém. Não achas que eu devo saber.

—O Albus seria incapaz de te fazer uma coisas dessas. – disse Rose convicta – Nem o Scorpius ia compactuar com essa mentira.

—Isso era o que eu também achava. Neste momento, eu já não estou convicta disse. Mas vou resolver isso. E é já.

Octavia nem deixou Rose responder. Deixou-a perto das escadas que a levavam ao quinto andar e seguiu em busca de Albus.

A fúria que consumia Octavia, por dentro, era ardente e crescente. Ela não conseguia acreditar que tinham voltado aquilo. Que tinham voltado ao momento que Albus lhe estava a mentir. Ela não conseguia. Ela ia enfrentar Albus. Nem que isso a destruísse completamente por ter confiado no homem errado. Ela só esperava estar errada.

Albus encontrava-se perto da biblioteca com Scorpius. Scorpius contava-lhe que Rose tinha vindo com uma conversa estranha à cerca do que se passava com Albus quando Octavia apareceu.

—Precisamos de falar. – disse Octavia em tom sério dirigindo-se a Albus.

—Está tudo bem, O? – perguntou Albus vendo o semblante sério da namorada.

—Agora, Albus. – pediu Octavia, de forma fria. De uma forma que Albus já não via há algum tempo. Aquilo só queria dizer uma coisa. Alguma coisa se passava.

Albus e Octavia seguiram para o sétimo andar. A sala das Necessidades era o melhor local para eles conversarem. Octavia não queria armar escândalos em frente a outras pessoas.

—Eu só tenho uma questão para ti. – disse Octavia mal a porta atrás de si se fechou - Tu andas a trair-me? – perguntou.

—Outra vez essa conversa, O? – perguntou Albus, descrente – Eu já te disse que não. Tu sabes que te amo, porque razão te haveria de trair?

—Pela mesma razão que muitos homens dizem que amam as suas mulheres e mesmo assim as traem. – respondeu Octavia – A resposta à pergunta é muito simples, Albus.

—Não Octavia, não te ando a trair. – respondeu Albus sabendo que era o melhor a fazer – Começo a ficar um bocado farto dessa tua constante desconfiança.

—E eu começo a ficar farta das tuas mentiras, Albus. – respondeu Octavia no mesmo tom – Começo a ficar farta que me continues a mentir. Por isso a minha outra questão é, o que é que me andas a esconder? – perguntou – Pensa bem antes de responderes. Tu sabes o quanto eu odeio mentiras.      

Albus não respondeu imediatamente. A verdade é que ele não sabia o que ia responder. Sim, ele escondia algo de Octavia. Essa era a verdade. Mas ele sabia o que aconteceria se lhe contasse. Ele sabia o quão furiosa a sua namorada ficaria.

—Porquê que achas que ando a esconder-te alguma coisa? – perguntou Albus.

—Porque te conheço. É visível no teu rosto que estás a esconder-me alguma coisa. E eu sei que é verdade. Mesmo que me digas que eu ando a imaginar coisas. Eu tive a confirmação hoje. Não soube o que é. A única coisa que eu sei é que existe alguma coisa.

—Confirmação? Que confirmação? – perguntou Albus, confuso.

—O Scorpius não mente à Rose, Albus. – respondeu Octavia – Ele pode ter muito defeitos mas mentir à namorada não é um deles. Ele não é como tu.

—Estás a dizer que te menti? Estás a dizer que te costumo mentir? – perguntou Albus elevando o tom.

—Estou a dizer que me estás a mentir agora. Que estás a evitar a pergunta que te fiz. Porque sabes que eu vou saber quando estás a mentir. Porque, tu não me queres mentir. Continuarias a fazê-lo se eu não perguntasse nada. Mas aqui estou eu. Aqui estou eu a perguntar-te, Albus. E também estou aqui à espera da resposta.

—Eu nunca te menti, O. Tu sabes disso, por amor de Merlin. A única coisa que te fiz da outra vez foi omitir-te algo. Omitir é diferente de mentir.

—Para mim, no fim, vai dar tudo ao mesmo. Porque assumindo que tu estás a “omitir” ao não responderes à pergunta que te fiz ou a dares uma resposta que não seja a verdade, vais estar a mentir. Por isso estou à espera.

—O, por favor. – pediu Albus aproximando-se de Octavia. Mas ela recuou. Ela não queria que Albus lhe tocasse – Olha para mim – Octavia encarou-o, cruzando os braços – Eu amo-te.

—E tu sabes que eu também te amo. Ambos sabemos disso. Agora podes, por favor, responder à minha pergunta. – pediu, mais uma vez, Octavia. O seu tom mantinha-se firme apesar de, por dentro, Octavia estar prestes a quebrar.

—Eu ando a investigar a Sarah. – confessou Albus.

—Tu o quê? – perguntou Octavia, furiosa – Porquê que tu não a deixas em paz? O que é que ela fez de tão mal para tu não a deixares em paz?

—Tu sabes o que foi. Tu sabes que eu quero saber porquê que ela está a tentar separar-nos.

—Ela não está a tentar separar-nos, Albus. – disse Octavia devagar para que Albus percebesse. Ele estava completamente louco.

—Ai não? – perguntou Albus em tom descrente – Então e as conversas que ela tem contigo sobre mim. A dizer que eu não sirvo para ti. A tentar acabar o nosso namoro.

—Isso foram apenas conversas. Isso é a opinião dela.

—Não é só isso, Octavia. Há mais que isso. Eu posso mostrar-te isso. Eu posso provar-te que o que estou a dizer é verdade.

—Tu não vais fazer isso outra vez, Potter. – avisou Octavia. Albus olhou para ela sem acreditar no que ouvia. Ela tinha acabado de o tratar pelo sobrenome. Tinham voltado ao princípio – Tu não vais ficar outra vez obcecado. Tu não podes fazer isso outra vez. Lembra-te das barbaridades que fizeste. Lembra-te de quando levaste a tua prima à força. É isso que vais fazer à Sarah? Para arrancar uma verdade que só tu pensas que existe?

—Tu sabes o quanto eu estou arrependido do que fiz à Rose. – disse Albus em tom baixo – Não há um único dia em que eu não pense nisso. Não há um único dia em que eu não me martirizo por ter feito o que fiz. Eu sinto-me um monstro por ter feito isso. E tu, mesmo sabendo como me sinto, és capaz de atirar-me isso à cara?

—Eu não quero que tu voltes a ficar obcecado com algo. – disse Octavia em tom baixo. Ela sabia que tinha magoado Albus de uma forma que não queria, mas ele também a tinha magoado. Ele não tinha o direito de andar a bisbilhotar a vida da Sarah – Tu quase que me mentiste por causa disso. Tu estiveste tão perto. Eu não posso estar numa relação com alguém em quem não confio. Não posso estar com alguém que não dá segurança à relação.

—Estás a dizer que queres acabar comigo? – perguntou Albus engolindo uma lágrima. Ele não queria chorar em frente a Octavia.

—Talvez seja o melhor. – respondeu Octavia antes de raciocinar qualquer outra resposta – Adeus Albus – disse antes de abandonar a sala das Necessidades.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Que acharam da conversa entre a Molly e a Sarah? Acham que a Sarah deve contar à Octavia? Acham que a Octavia vais aceitar? E que acharam de todo este momento de tensão entre a Octavia e o Albus? Acham que é mesmo o fim?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Torre de Astronomia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.