Programa Para Jovens (delinqüentes) Sob Supervisão escrita por Moriah


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Zooey, a minha personagem :3



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— Para jovens sob supervisão? Eu não fiz nada de errado! Vocês ao menos sabem o tipo de gente desprezível que vai estar lá? São todos delinqüentes! Querem me ver no meio deles? Que tipos de pais fazem isso com a própria filha?

— Nós.

Essa foi a curta e direta resposta que a exemplar e muita irritada Sra. Mayhard deu a sua filha. Zooey bufa inconformada, revirando os olhos.

— Suas malas já estão prontas, Zoe, e sua ficha já foi enviada, eu já paguei uma boa parte do preço, não tem mais volta. Você vai e ponto final — seu pai completa, com uma calma que só deixa Zooey ainda mais irritada.

Será que ele não pode explodir ao invés de fazer a filha se sentir mal por todo esse show de rebeldia? Será que ele não pode ser igual à esposa apenas por alguns segundos? Apenas nesse instante? Droga.

Há uma grande diferença entre seu pai e sua mãe. August Mayhard tem uma calma impressionante, uma calma que assusta, ele simplesmente não se estressa, o mundo pode estar caindo e ele vai exalar calma e segurança. Zooey sempre viu isso como uma qualidade. Agora, nesse exato momento, não passa de um defeito irritante.

Caitlin Toibin Mayhard não consegue ser mais diferente. Se em questão de segundos você sabe a resposta da adição de dois mais dois, no mesmo período de tempo o humor dela muda, uma hora feliz, dali míseros segundos triste. Às vezes Zooey pensa que sua mãe é realmente bipolar.

Com cabelos pretos que vêem por parte do pai e olhos azuis esbranquiçados, gélidos e observadores da mãe, Zooey desgostava do que via nos espelho (começou há alguns anos), tem a raiva da mãe misturada com a calma do pai, é o pai em pessoa e a mãe em emoções, é a cara do pai e focinho da mãe... Tudo, exatamente tudo nela lembrava seus pais, e as pessoas não podiam vê-la que tinham que lembrar ela desses fatos.

Um belo dia — nem tão belo para os seus pais — ela decidiu pintar o cabelo, a mãe da melhor amiga era cabeleireira e caindo na mentira de que os Mayhard sabiam da escolha da filha, pintou algumas mexas grossas da garota de verde água.

Zooey apenas queria ser diferente, mostrar que não era os pais, foi um jeito de tentar descobrir quem ela é, porque a mesma está cansada de apenas ser algo que lembra seus pais, quer marcar as pessoas de algum jeito.

O cabelo não ajudou em muita coisa, mas foi um dos motivos para ela estar agora em uma parada esperando o tal ônibus que vai levar ela de Fort Raleigh City até Nags Head — para uma chácara usada geralmente para retiros de uma igreja que Zooey nunca se importou em saber o nome, ao menos uma coisa operou para sua sorte: é a chácara onde seus tios moram (pois são chacareiros e cuidam do lugar com maestria).

Geralmente quem ajuda no lugar são homens que eram viciados em drogas, mas seus tios deram férias para eles e junto com a sua escola criaram um programa de inverno, onde jovens delinqüentes que vivem levando advertências, suspensões e quase moram na detenção vão ficar como um castigo para remodelar o caráter enquanto juntam esterco de vaca, limpam a piscina, arrumam as cercas, sobem até a cruz pelo meio do mato, pegam os ovos da galinha, dando comida para uma porca mestiça a javali muito brava e tentando conseguir a confiança da égua e do pônei, fora serem semi veterinários tentando libertar os cachorros dos carrapatos.

Isso se eliminarmos as partes de quase morrer pisoteado pelos bois, ou esmagar os feijões com um objeto estranho que parece uma arma de guerra antiga que Zooey também não sabe o nome, ou colher esses mesmos feijões e ter que abrir vagem por vagem, tirar os que não prestam e separar os bons em uma bacia enorme, ter que escovar a égua branca muito arisca e tirar leite das vacas, podar as árvores, sair a noite atrás de gambás, cuidar para o Sansão não se soltar e matar as galinhas e cuidar para não ser vitima de uma pato que morde bem no calcanhar, cuidar para as ovelhas não escapulirem para a parte habitável do lugar, limpar o celeiro onde essas mesmas ovelhas ficam, procurar animais desaparecidos pela mata, cuidar para o cachorro do vizinho não engravidar a pequena Charlotte e assim por diante, fora as pessoas que são obrigadas a conviver uma com as outras.

Também tem os intervalos, sem internet, sem sinal, sem computador, sem nada, apenas uma televisão que só pega o canal de noticia. Como as tardes são preenchidas? Jogos de tabuleiro e essas coisas.

Parece um inverno incrível, né?


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