Seddie, a história continua II escrita por Nany Nogueira
Isabelle e Cris conseguiram retornar aos seus apartamentos sem serem notados por suas famílias.
Na manhã seguinte, Freddie concluiu que seu carro havia sido roubado ao não encontrá-lo na garagem. Isabelle, que nem tinha dormido de preocupação naquela noite, ficou pálida diante da afirmação do pai de que tinha sido roubado e de que iria chamar a polícia. Tentou disfarçar, dizendo que o nervoso se devia ao atraso que teria na escola, tendo prova na primeira aula.
Freddie deixou Isabelle seguir com Sam, na motocicleta, para o colégio. Assim que chegaram, Sam comentou com a filha:
— Você sempre quis andar de moto, pensei que fosse ficar mais empolgada.
— Estou nervosa com essa prova.
— Só isso?
— Não. Tô preocupada com o papai, roubaram o carro dele e tal.
— Vão achar! Um carro não some assim. Logo encontrarão os ladrões também.
— Você acha mesmo? – perguntou a menina, empalidecendo.
— Acho. Você está bem, Belinha? Tomou café da manhã?
— Não tomei. Acho que estou com queda de pressão.
Sam tirou um trocado do bolso e deu à filha, dizendo:
— Faça um lanche antes da prova, senão vai desmaiar.
— Obrigada, mãe.
Isabelle deu um beijo no rosto da mãe e entrou no colégio. Logo encontrou Alison, que, ao contrário de Isabelle, parecia calma e radiante.
— Advinha quem tem algo para contar...
— Eu não tenho nada para contar, Ali – apressou-se Isabelle, nervosa.
— Mas, eu tenho!
— Então desembucha logo.
— Acordou de mau-humor, heim! Você precisa namorar, veria como isso melhora o humor, falo por experiência própria.
— Eu não preciso de um namorado, preciso de um lanche...
— Belinha, não percebeu?
— Percebi o quê? Não penso bem de manhã e com o estômago vazio.
— Sempre achei que seu cérebro estava ligado ao seu estômago, hoje tenho certeza. Mas, vou direto ao ponto: estou namorando!
— Parabéns, amiga.
— Nossa, esperava mais empolgação. Não quer nem saber quem é?
— Parabéns pro Greg também. Desculpe a falta de empolgação, estou feliz por você, mas hoje não é um bom dia para eu demonstrar esse tipo de sentimento.
— Ok. Duas perguntas: Como sabe que é o Greg? O que aconteceu para te deixar desse jeito?
— Resposta um: Você só tem olhos pro Greg; resposta dois: to na TPM, dormi mal, não tomei café da manhã, roubaram o carro do meu pai...
— Minha nossa! Roubaram o carro do seu pai! Mas, como?
— Como eu posso saber? Melhor irmos para a lanchonete antes que a aula comece.
Na hora do intervalo, Isabelle encontrou-se com Cris, que também estava com a péssima aparência de quem mal dormiu a noite, somando-se à aflição.
— Seu pai já chamou a polícia? – perguntou Cris, nervoso.
— Não sei. Disse que ia chamar quando sai de casa. Provavelmente já chamou.
— Se descobrirem vamos presos.
— Somos menores, vamos para o reformatório.
— Dizem que coisas terríveis acontecem lá.
— Não vamos para lá, não vão descobrir.
— E se descobrirem?
— Não vão! Pensa positivo.
— Belinha, eu preferia ser preso logo, não sei viver como um criminoso. Minha consciência está pesada.
— Não somos criminosos, foi um acidente. Ninguém morreu.
— Você furtou o carro do seu pai e danificou patrimônio público. E eu sou seu cúmplice.
— Você é muito dramático!
— Eu não agüento guardar isso, Belinha. Eu tenho que falar com alguém.
— Fale comigo, estamos juntos nessa.
— Sinto que devemos contar ao menos para nossos amigos.
— Nós combinamos que seria um segredo nosso, só nosso.
— Rick vem aí, eu não consigo esconder uma coisa dessas, vou contar pra ele.
Isabelle viu que Richard se aproximava e antes que Cris abrisse a boca, puxou o moreno para si e deu-lhe um longo beijo na boca, até deixá-lo sem ar.
Richard viu a cena e afastou-se para não atrapalhar.
— Uau! – exclamou Cris quando a loira o soltou.
— Espero que fique de bico calado agora.
— Só se você continuar calando minha boca desse jeito.
— Não começa de graça. Trato é trato, bico fechado e não se fala mais nisso.
Quando Isabelle voltou para casa, Freddie estava lá, agitado. Ele logo foi falando:
— A polícia encontrou o meu carro batido! Jogaram ele num poste, bem naquela rua que te levei para dirigir. Estranho não acha?
— Como assim? – perguntou Isabelle, sentindo o sangue fugir de suas faces.
— Alguém deve ter nos visto lá, nos seguido e planejado o furto. Temos que ficar atentos, esse bandido sabe onde moramos e quem somos. Não quero você saindo sozinha, Isabelle.
— Está bem, pai. Posso ir para o meu quarto?
— Claro, querida.
Isabelle tirou os tênis, largou a mochila num canto e atirou-se na cama, queria dormir para esquecer os problemas. Porém, os pesadelos não a deram sossego, acordou gritando, vendo Sam, de olhos arregalados, aos pés de sua cama.
— O que houve, Belinha? – perguntou a mãe, preocupada.
— Nada, mãe. Só um pesadelo.
— Minha filha. Você está muito estranha hoje. Algo me diz que você precisa me contar alguma coisa.
— Não preciso, mãe. Estou nervosa, porque estou na TPM.
— Você fica irritada nesse período, mas nunca ficou nervosa desse jeito. Tá diferente dessa vez, tem algo a mais.
— A senhora está imaginando coisas.
— Belinha, você perdeu a virgindade?
— O quê? Não! Claro que não! De onde tirou isso?
— Ora, eu já tive a sua idade. Sei como são as coisas, os hormônios, namoradinho morando no mesmo prédio...
— Eu não tenho namorado.
— Belinha, não sou cega. Sei muito bem que entre você e o Cris rola mais que amizade.
— Tá bom, mãe. Eu já fiquei com ele algumas, digo, muitas vezes. Mas, só rolou beijo, eu sou virgem.
— Se não é isso que está escondendo, o que é?
— Eu já disse que nada.
— Vou fingir que acredito, por ora. Mas, Belinha, espero que confie em mim. Posso ficar zangada, no entanto, jamais te abandonaria numa situação difícil.
— Está bem, mamãe.
— Quanto ao outro assunto... não quero que me esconda nada... quero te orientar... não quero que acabe grávida antes do tempo, como é tradição na família Puckett. Promete que vai confiar em mim? Que vai tirar suas dúvidas comigo?
— É meio constrangedor, mas eu prometo.
No dia seguinte, Isabelle ajudava Sam no restaurante, tirando os pratos de uma mesa, quando Richard apareceu:
— Oi, Belinha! Sei que você está meio ocupada, mas eu queria conversar contigo a sós, fora do colégio.
— Só vou levar esses pratos para a cozinha e podemos conversar. Sente-se.
Richard sentou-se à mesa e aguardou Isabelle. Assim que a menina voltou, ele foi logo ao ponto:
— Você e o Cris voltaram? Digo, estão namorando de novo?
— Não.
— Eu vi vocês se beijando no colégio e pensei...
— Rick, minha relação com o Cris é confusa. Mas, não estamos namorando. Se estivéssemos, isso te incomodaria?
Quando Rick ia responder, ele voltou os olhos para a loira que acabara de entrar no restaurante.
— Uau! Acabo de ver um anjo!
— Você fala da Mabel?
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