Midnight Kiss escrita por Anne Fernweh


Capítulo 1
Capitulo Único




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Corpos espremeram Simon assim que ele adentrou a casa. O cheiro de corpos, sexo e álcool invadiu suas narinas com a mesma rapidez. Penélope o agarrou pelo braço e o guiou até a cozinha, onde uma Agatha sorridente misturada vários tipos de bebidas.

- Simon! - ela gritou em uma voz mais estridente que o normal, lançando seus braços ao redor do pescoço do garoto e o dando um beijo estalado na bochecha.

- Você está bêbada. - Simon declarou.

- Eu estou bêbada. - a garota repetiu antes de rir e abraçar Penélope.

- Oi Agatha. - Penny revirou os olhos.

- Pen! Você não acredita no que aconteceu! Eu achei um namorado para o Simon!

- Achou? - Simon e Penélope perguntaram ao mesmo tempo.

- Sim, ele deve estar em algum lugar... - Agatha começou antes de tropeçar nos próprios pés e acabar de cara com a bancada.

- Certo, chega de bebidas para você. - declarou Penny arrastando a amiga para longe da cozinha. -Tente não destruir a casa Simon!

O garoto assentiu para si mesmo ao encher um copo com a bebida mais fraca que encontrara. Não destrua a casa Simon. Não envergonhe a si mesmo. Não entre em brigas. Ele repetia as frases como um mantra.

- Ei! Olhe por onde anda idiota! - Uma voz encheu seus ouvidos.

Simon percebeu que estava tão perdido nos próprios pensamentos que não prestara atenção em sua frente. Isso resultara nele derrubando sua bebida em um garoto que parecia muito, muito, irritado.

- Me desculpe? - Sua voz não parecia confiante nem aos próprios ouvidos.

O garoto revirou os olhos em frustração. Ele era muito pálido, Simon percebeu. Na verdade o garoto poderia se passar por um vampiro, foragido diretamente de um filme ruim dos anos 60.

- Sim, sim, desculpas não vão fazer essa mancha desaparecer magicamente de minha roupa.

- Eu posso te conseguir uma camiseta se quiser. - Simon disse. - A dona da casa é minha amiga e tenho certeza de que seu irmão não se importaria em emprestar uma blusa.

Simon ponderou a própria idéia. Penélope realmente não se importaria. Seu irmão fora a faculdade e só voltaria em dois meses. E o garoto não poderia andar na festa com a camiseta manchada de cerveja barata.

- É bom, mesmo. - o garoto com traços vampirescos retrucou, torcendo o nariz. - O que é isso? Xixi?

Simon controlou o impulso de revirar os olhos. Ele conhecera o garoto há um minuto e já sentia a vontade de estrangulá-lo.

- Cerveja. - se conteve a responder levemente, começando a andar na direção das escadarias. - Me siga.

-Claro Sr. Eu amo dar ordens.

Dessa vez Simon realmente revirou os olhos, certo de que o garoto não veria. Ele caminhou até o andar de cima da casa de Agatha, caminhando por corredores que mais pareciam labirintos até chegar no quarto de seu irmão.

- É aqui. - disse enquanto abria a porta.

O quarto estava impecavelmente limpo, embora visivelmente abandonado. Tudo era plástico demais, perfeito demais. Simon tentou não prestar muita atenção a cama arrumada de militarmente enquanto caminhava até o guarda roupas e tirava uma camiseta impecavelmente dobrada.

- Isso deve servir. - declarou entregando a blusa preta ao menino. Ele rapidamente tirou a blusa molhada de cerveja e colocou a preta. Simon não podia evitar de pensar em como o preto contra sua pele incrivelmente pálida o deixava mais vampiresco. E mais atraente...

- Obrigado. - ele murmurou de maneira a deixar claro que ele não estava realmente agradecido.

O moreno estava prestes a sair do quarto quando Simon o deteve:

- Qual o seu nome?

- Baz.

- Eu sou Simon. Simon Snow.

- Claro que é. - Baz revirou os olhos cinzas. Simon não pode deixar de pensar em quão obscenamente claras aquelas orbes pareciam.

- O que você quer dizer com isso?

- Nada, Snow.

Simon fechou a cara.

- Olha eu sinto muito por ter molhado sua camiseta. Mas não precisa agir como uma criança de cinco anos.

- Eu estou agindo como uma criança de cinco anos? - a voz de Baz não saira com raiva ou alta como Simon esperava. Em vez disso era perigosamente baixa e aveludada, como um ronronar, e fez Simon se arrepiar.

- Bem, eu sei que não foi legal derramar cerveja em você, mas era só uma camiseta. E além disso foi sem querer.

- Sabe o que eu não consigo entender? O porque de eu ainda estar conversando com você, Snow.

Baz saiu do quarto em passadas rápidas, mas graciosas. Simon levou alguns momentos para processar o acontecimento, arregalando os olhos enquanto permanecia parado no lugar. Então, por algum motivo estúpido, ele seguiu o garoto com traços vampirescos e extremamente egocêntricos.

A multidão no andar de baixo estava enlouquecida. Ele encontrou Baz em um canto afastado das pessoas, pouco iluminado e onde a musica não chegava com tanta potência.

- A camiseta era da minha mãe. - Baz murmurou enquanto Simon se aproximava. - Ela tinha todo esse negócio com trabalhos manuais e fez para meu pai. Depois ele deu para mim. Desculpe se eu enlouqueci um pouco, mas... É uma das únicas coisas que eu ainda tenho dela.

Um olhar de realização misturado com choque passou pelo rosto de Baz.

- Ela está...?

- Morta. - Baz completou a sentença de maneira suave, embora em algum lugar distante de sua voz a tristeza pudesse ser percebida.

- Uau eu... eu sinto muito. - Ele sentia agora. Sobre a camiseta. Sobre a mãe. Sobre tudo. Bem, talvez não sobre o fato de o garoto vampiresco ser um babaca, mas pelo menos agora ele era um babaca com um motivo.

***

Uma hora, duas espumantes e várias conversas depois Simon decidiu que poderia gostar de Baz. O garoto definitivamente era um babaca, mas um babaca tolerável. E um bem gato. Okay, talvez essa ultima parte fosse culpa do álcool no cérebro do garoto, mas ainda era um bom motivo.

- Atenção de todos por favor! - uma voz alegre e levemente arrastada graças a bebidas soou pela multidão. A cabeça de Agatha podia ser vista no palco improvisado, com o microfone em uma mão e o braço de Penélope em outro.

- Nós vamos começar a contagem para o ano novo daqui a pouco então não se esqueçam: o beijo de boa sorte a meia noite não é opcional!

A multidão aplaudiu. Casais se juntavam, solteiros tentavam chegar mais perto de outros solteiros e Simon sentia sua mão suar. Ele odiava o beijo da meia noite.

- Três...

Todo ano era a mesma coisa, Simon ponderava. A meia noite todos se beijavam como se não houvesse amanhã. E ele no melhor dos casos passava por cinco segundos constrangedores sem beijar ninguém.

- Dois...

Esse ano provavelmente seria mesma coisa. Essa tradição era uma grande besteira para Saimon. Folhas de louro e romãs? Okay. Mas no que troca de salivas ajudaria para seu ano? Absolutamente nada.

- Um...

E de qualquer jeito Simon não seria beijado. Não naquela noite. Não havia ninguém que estaria disposto a isso. Afinal a única pessoa com ele conversara na festa era Baz e Baz....

- Zero!

A voz de Agatha saiu levemente distorcida, pois no mesmo momento ela se lançara sobre Penélope. Simon, porém, não teve tempo de processar o acontecimento, pois no mesmo segundo um par de lábios se lançara sobre sua boca.

Sua respiração parou por um segundo quando ele abriu os olhos chocado. Baz. Baz o estava beijando. Deus, ele conhecera o garoto a menos de uma hora! Ainda assim Simon não conseguia se afastar do beijo. Era muito diferente de todos os outros que já dera. Muito melhor...

- Simon! - a voz de Agatha o despertou de seu topor, o fazendo se afastar levemente de Baz.

- Pelo jeito você já conheceu o garoto para quem eu ia te apresentar. Safadinho... - ela riu e se jogou para trás, obrigando uma Penélope muito corada a a segurar.

- De qualquer jeito... - a anfitriã da festa voltou a posição ereta, de repente extremamente séria. - Simon, esse é Basilton. Basilton, esse é Simon.

A única coisa que Simon pode fazer foi rir. A situação parecia ridícula. Ser apresentado ao cara que estava beijando a segundos atrás. E a situação mais engraçada nem era essa...

- Seu nome é Basilton?

- Tyrannus. Basilton é o segundo nome.

- Esse é o nome mais ridículo que eu já vi.

-Você é a pessoa mais ridícula que eu já vi, Snow.

Simon deu um pequeno sorriso. Talvez troca de saliva realmente pudesse ajudar em seu ano.


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