– (...) Ah, e... bem, sou filha do caçador Frederick Chase e de uma duquesa.

– Qual duquesa?

O rosto dela assumiu uma expressão sombria.

– Duquesa Atena Olympus.

POV. PERCY

Aquilo me atingiu em cheio. Duquesa Atena Olympus era, ninguém mais, ninguém menos, que a duquesa por quem meu pai fora apaixonado. A mesma duquesa que fora dona do colar que Annabeth roubara.

Mas como?

– Atena... Olympus?- balbuciei.

– Você já ouviu falar dela, não é?- disse Annabeth

Olhei para ela. Meu pai uma vez me mostrara uma pintura de Atena na época em que se conheceram. Por acaso, eles tinham mesma idade que eu: dezessete anos. Pensando nisso agora, na pintura ela era incívelmente parecida com Annabeth. Tinha a mesma beleza confiante, e principalmente, os mesmos olhos cinzentos. A única diferença eram os cabelos. Atena tinha cabelos castanhos, com cachos apenas nas pontas, enquanto Annabeth tinha seus cabelos louros e encaracolados.

– Meu pai... Me falou dela. – respondi. Me levantei e sentei-me na mesa ao seu lado. – Ele me disse que quando tinha nossa idade, se apaixonou por uma duquesa. Uma duquesa diferente de todas as outras. Ela não ligava pra aparência, e sim pra inteligência. Tinha um gênio forte, era bem durona. Segundo ela, seu nome era Atena Olympus. Ela também se apaixonou por ele, e eles foram um casal feliz por alguns meses. Mas, um dia, ela terminou com ele. Disse que seu coração pertencia a outro. Desculpou-se por terminar com ele tão de repente, e disse que não aguentava mais ficar com alguém por quem não era mais apaixonada. Meu pai ficou bem abalado, e só superou isso depois que conheceu minha mãe. Mesmo assim, ele ficou realmente triste depos que ela...

– Morreu. – completou Ann. – Meu pai conheceu Atena mais ou menos nessa mesma época. Ele se apaixonou perdidamente por ela, pelo jeito de ser e tal. E vice-versa. Quando ele finalmente tomou coragem pra se declarar para Atena, ela disse que era recíproco, mas que tinha um namorado. Minha... mãe disse a ele que terminaria com o namorado e logo voltaria para meu pai. E foi o que ela fez. Mas quando voltou, ela disse a Frederick que eles teriam que se encontrar às escondidas, pois seus pais nunca iriam aceitar que ela namorasse um caçador. Ele aceitou na hora. Depois de alguns anos, porém, minha mãe ficou grávida. De mim. Ela conseguiu esconder isso de todos. Meu pai sabia, lógico, mas só ele, algumas criadas, e a Duquesa Afrodite (que, por sinal, é a mãe de Piper). Todos juraram guardar segredo. Quando eu nasci, as criadas fizeram o parto. E uma delas me trouxe pra cá, a casa de meu pai. Passei minha vida toda indo ao palácio de minha mãe às escondidas, como ela e meu pai faziam. Ela me tratava bem, como uma mãe de verdade. Até que... – uma lágrima escorreu por sua bochecha. – Quando eu tinha oito anos, minha mãe ficou doente. Muito doente. Eu a visitava diáriamente para saber como ela estava. Até que um dia, durante as minhas visitas, ela... ela... Ela me deu um colar. Um colar de prata, com um pingente de coruja. Eu o guardei no bolso. Atena disse que me amava e... – a essa altura, Annabeth já chorava.- Ela morreu. Chorei sobre seu corpo até o momento em que uma criada me disse que eu tinha que ir embora, pois os pais de Atena estavam vindo para o quarto. Enquanto andava até a passagem secreta, eu tremia tanto que deixei o colar cair sem perceber. Só percebi em casa, enquanto eu chorava no colo de meu pai e lhes contava o que aconteceu. Só reencontrei o colar quase dez anos depois, enquanto assaltava uma certa carruagem real.

Ao fim da história, eu estava pasmo.

– Então foi por isso que você ainda não vendeu o colar. Porque você pretendia ficar com ele. – concluí.

Annabeth secou as lágrimas e me lançou um sorriso travesso.

– Sim, Cabeça de Alga. Mas ficar com esse colar está sendo meio difícil, já que o príncipe quer ficar com ele por motivos que não quer me contar. – disse.

Subitamente, me levantei da mesa e fui até a cozinha. Peguei o colar que estava em cima da bancada e andei de volta para a mesa. Me voltei para Annabeth, que me olhava com uma expressão confusa.

– Vira e segura o cabelo. –falei, erguendo rápidamente as sobrancelhas.

Ela desceu da mesa e fez o que pedi. Abri o colar e o coloquei em seu pescoço. Prendi o fecho. Eu estava tão próximo dela que poderia contar seus cachos. Eu não estava nem aí para o motivo de meu pai ter me dado aquele colar. Ele pertencia a Annabeth, fora dado a ela. Eu só estava devolvendo algo que deveria estar em seu pescoço a anos.

A loira viu que eu havia terminado de prender o colar e soltou os cabelos. Ela se virou, segurando o pingente de coruja. Seus olhos ficaram marejados. Percebi mais uma vez que estávamos incrívelmente perto um do outro. Se ela percebeu isso, não reclamou. Afinal, nenhum dos dois se mexeu. Ela voltou seus olhos para os meus. Não sei porque, mas de repente meu coração começou a bater mais rápido.

– Obrigada. Não sabe o quanto esse colar significa pra mim. – seu rosto estampava um leve sorriso.

– Eu tenho um bom palpite. Além do mais, esse colar é seu por direito. Só estou devolvendo o que já devia estar com você a quase dez anos. – sorri.

Annabeth ficou na ponta dos pés e me deu um longo beijo na bochecha. A essa altura meu coração parecia estar fazendo polichinelos. Senti meu rosto esquentar. Quando ela se afastou, vi que ela também estava corada. ( N/Noel: É O AMOOOOOOOOOORRRR!!!!!! QUE MEXE COM A SUA CABEÇA E TE DEIXA ASSIIIIIMMMM!!!!!! ‘cara de cheguei pra estragar o clima’) (N/Percy: CALA A BOCA! Vai achar outra história pra quebrar o clima!) (N/Noel: Não posso! Só tenho essa!)

–Obrigada outra vez. Agora... acho que você deve estar com fome. Tanho uns restos de esquilo e coelho assados, quer? – disse Ann.

– Eu adoraria. – respondi.

Comemos conversando sobre várias coisas diferentes. Quando terminamos, resolvemos que era hora de dormir. Subimos as escadas lado a lado. Chegamos nas portas de nossos respectivos quartos.

– Boa noite, Cabeça de Alga. – disse Annie.

– Boa noite, Sabidinha. – respondi. Ela me deu um beijo na bochecha e eu fiz o mesmo antes de entrarmos nos quartos.

Quando me deitei, senti meu coração pulando no peito de novo. “Por que fica acontecendo isso?” me perguntei mentalmente.

Resolvi ignorar e simplesmente dormir.