POV. PERCY

Acordei assim que ouvi a porta lá de baixo bater.

De repente, me lembrei de onde eu estava. É, aparentemente não era um sonho. Eu estava mesmo hospedado na casa de uma garota que me assaltara. Bom, ao menos ela não me matou enquanto eu dormia.

Então me lembrei do que ela me dissera mais cedo. “Vou sair daqui a algumas horas”. Levantei da cama num pulo. Eu não iria deixar Annabeth sair sozinha pela floresta para buscar algo pra MIM! Não mesmo.

Desci as escadas e corri até a mesa da cozinha, onde havia um bilhete. Ao julgar pela tinta fresca no papel, fora escrito a poucos minutos.

“Fui buscar sua poção. Se algo acontecer, a espada que você carregava a alguns dias atrás está na dispensa. Não se preocupe comigo, sei o caminho. E, acima de tudo, NÃO ME SIGA!!!!!

Annabeth.”

É óbvio que eu iria segui-la. Corri até a dispensa e peguei minha espada. Quase noventa centímetros de bronze, com base de metal e couro no cabo. Voltei a cozinha e fui até a porta. Abri uma fresta a tempo de ver um par de botas de couro a uns quarenta metros a prente, indo direto para uma parte mais profunda da floresta.

Saí da casa e corri na direção de Annabeth, evitando os galhos no caminho. Quando já estava bem perto, me escondi atrás de uma árvore. Depois, de outra. Conforme ela andava pela floresta, eu a seguia, me escondendo atrás das árvores para que ela não me visse.

Depois de mais ou menos uma hora fazendo isso, ela parou e suspirou.

–Você não vai desistir, não é mesmo, Cabeça de Alga? - Meu coração quase parou. Annabeth sabia o tempo todo que eu estava ali? Mas, como? – Já pode sair daí. – continuou a loira.

Saí de meu esconderijo. Ela estava parada, de braços cruzados, com uma sobrancelha erguida. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, com uma mecha cacheada solta caindo pelo lado direito do rosto. Ela estava com a mesma roupa de hoje de manhâ, mas tinha adicionado um arco de madeira polida ao ombro, uma aljava às costas e uma faca no cinto. E ainda assim ela continuava impressionantemente bonita.

–Como sabia que eu estava ali? – Perguntei, torcendo pra que Annabeth não me desse uma facada. Ela, porém, riu pelo nariz.

–Você faz mais barulho na floresta que um ogro apaixonado! E, além do mais, eu tenho uma boa audição. Ouvi você xingando toda vez que batia o pé em alguma árvore. – a loira sorriu. Um sorriso sincero, como se estivesse mesmo se divertindo com a situação. Acho que o fato de que eu etava mais vermelho que um pimentão ajudava a melhorar o humor dela. – Vamos. Tenho quase certeza de que você não sabe o caminho de volta, então você vem comigo.

***

Andamos por um longo tempo, e fomos conversando sobre coisas diversas. Até que, em certo ponto da conversa, eu resolvi perguntar :

–Por que você tem uma camisa e uma jaqueta masculinas na sua casa? – a expressão dela endureceu. Assunto delicado. Resolvi concertar. – Sabe, se não quiser me contar, eu vou entender.

– Não, tudo bem, é que... – Annabeth suspirou. – eram do meu pai. Ele era um grande caçador e negociante. Até que um dia, ele adoeceu. Seiva venenosa. Eu tinha quinze anos na época. Fiquei cuidando dele durante seis meses. Até que um dia, eu estava voltando da casa de uma amiga bruxa, na qual eu fui buscar a poção. Quando cheguei em casa... – sua voz soava melancólica. Uma lágrima escorreu sobre sua bochecha. Por instinto, guardei a espada na bainha e segurei sua mão. Ela a apertou. – Me lembro como se fosse hoje. Ele estava fraco. Seus olhos pareciam estar a quilômetros dali. Tentei dar a poção a ele, mas ele olhou fundo nos meus olhos e recusou. Ele me disse: “Está na minha hora. Proteja-se e cuide-se. Você não vai estar sozinha. Eu amo você.”. E então fechou os olhos. Naquele dia, todos os meus amigos foram a minha casa, e tentaram me consolar. Apesar de estar cercada de pessoas, eununca me sentira tão solitária. – Annabeth chorava de verdade agora. Soltei sua mão e passei o braço em volta de seus ombros. Ela enterrou o rosto em meu peito. (N/Noel: É o amooor!!!) (N/Percy: Quer calar a boca? Estamos num momento triste aqui!) N/Noel: Exatamente! Eu só queria descontrair um pouquinho! O clima tava muito tenso! E além do mais, você não pode negar que sente algo por ela!) (N/Percy: ... Vamos continuar a história!)

– Qual... qual era o nome dele? – Perguntei.

– Frederick Chase.- ela respondeu, erguendo a cabeça. Annabeth se afastou de mim. – Vamos, temos que chegar a casa das bruxas o mais rápido possível. Não quero que você morra do mesmo jeito, Cabeça de Alga.

– Tudo bem. Mas, quando precisar desabafar, eu estarei aqui, Sabidinha. – eu sorri. Ela sorriu de volta.

– Obrigada. Agora, vamos! Estamos quase chegando! – Ela disse.

***

Caminhamos em silêncio. Depois de um tempo, avistamos uma pequena cabana. Annabeth apontou pra ela:

– É ali. – ela falou.

– Parece um pouco pequeno para abrigar bruxas, ainda mais pra se fazer poções.- respondi.

A loira me lançou um sorriso brincalhão.

– Você diz isso porque ainda não viu dentro. – ela correu até lá, e eu arranquei atrás dela. Paramos na porta. Ela pôs a mão na maçaneta e olhou pra mim. – Pronto, Percy?

– Claro!- respondi.

Annabeth abriu a porta e entrou, comigo em seu encalço. Um sininho tocou assim que entramos, e minha boca se abriu em um perfeito “O”. Por dentro, o lugar era enorme! Paredes de mármore branco, com um caldeirão em um canto. Uma escada levava ao andar de cima, onde provavelmente estariam as amigas bruxas de Annabeth, que se sentou em um sofá de couro ( qual o problema desa gente com couro?) e fez um gesto pra que eu me sentasse ao seu lado.

–Sente-se. Isso pode demorar...

Foi só Annabeth terminar a frase que ouvimos um grito:

– CLIENTES! CLIENTES! VAMOS MENINAS!!! – A voz era de garota, óbviamente.

– Ou não.- A loira ao meu lado completou.

Três garotas, uma de cada vez, apareceram na escada. A primeira era bem bonitinha, na verdade as três eram. Continuando, a primeira tinha cabelos castanhos, cor de chocolate, caindo pelos ombros. Tinha pele bronzeada, e olhos que mudavam de cor, como um caleidoscópio. Usava calças, botas de caminhada e uma jaqueta de frio. Não sei por que, mas essa garota me parecia estranhamente familiar.

Atrás dela vinha uma garota com cabelos castanho claros. A mesma tinha pele branca e olhos incrívelmente verdes. Usava um vestido verde, cor de grama. Ela tinha feições delicadas e um sorriso simpático.

E atrás dela tinha uma garota muito parecida com a segunda. O que mudava eram os cabelos. Esta garota tinha cabelos castanhos presos em uma trança que caia sobre um ombro. Seus olhos eram verdes, assim como seu vestido.

–ANNIE!!!! – gritou a primeira garota. Esta correu até Annabeth, que se levantou e a abraçou.

– Bom te ver também, Piper! – disse a loira, se separando da amiga. Piper olhou diretamente pra mim.

– E dessa vez não veio sozinha! Quem é esse? Parece o príncipe! – perguntou a morena.

– Piper, esse é o garoto que falei pra você, aquele de quem eu estava cuidando. E ele parece o príncipe porque ele É o príncipe.- respondeu Annabeth. – Percy, essas são Piper McLean, – ela apontou para Piper- Katie Gardner - ela apontou para a segunda garota. – e Miranda Gardner – a loira apontou para a terceira.

– Oi, meninas! – falei, meio envergonhado.

– Vocês já sabem do que preciso. E eu preciso do máximo possível de poções que vocês tiverem. – disse Annabeth com uma voz autoritária.

Foi nesse momento que as coisas começaram a ficar estranhas. A porta se abriu e três pessoas entraram. Dois garotos quase idênticos, com cabelos e olhos castanhos, que só poderiam ser diferenciados pela altura, seguidos de ninguém mais ninguém menos que minha prima Thalia.

Dessa vez ela estava com uma calça preta, botas de couro pretas, camisa branca e uma jaqueta de couro preta. Quando me viu, seus olhos azuis se arregalaram.

–Percy? – perguntou.