Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 67
Um Palpite Errado


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, tava bem sumidinha rs Tava tentando revisar uma outra fic e conciliar tudo com faculdade, deu meio errado haha, mas fim de semestre e consegui vir postar, veja só. Quase encerrando esse ciclo maligno da Iris, amores ♥



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   Depois do que tínhamos conseguido juntar sobre o caso de Iris, Armin me deixou ir para casa. Passei na academia para treinar um pouco. A recepcionista puxou minha orelha por andar sumida, mas falei que estava atolada de matéria e ela me perdoou. Sozinha, comecei a socar, descarregando todos os meus sentimentos no saco de pancada. A raiva do maldito Timothy, o desespero de Iris, a chateação de Alexy e até o abandono temporário de Lysandre.

   Eu já estava pingando suor quando percebi mais gente chegando para treinar no ringue. Não muito feliz em estar de short e top, juntei minhas coisas e os deixei em paz. Não tinha mais energia também para descarregar.

   Cheguei em casa, tomei um belo banho, e me joguei na cama. Armin tinha me dito que ia procurar mais algo com o que tinha em mãos e me avisaria, mas não tinha nada dele no celular. Suspirei. Pensei em ligar para Lysandre, mas desisti. Ele não parecia tão interessado assim no assunto mais.

   No dia seguinte, com o rosto um pouco menos cansado, mas ainda me sentindo esgotada, fui falar com Rosa antes do começo das aulas, pra saber de Alexy. E ela parecia desanimada.

   – Bom dia, Rosa. Tudo bom? Com você e o Alexy, no caso.

   – Não. Ele está me deixando confusa. Pelo visto ele está com saudade do Armin, igual a gente tinha dito. Ele fala que parece que não existe mais pro próprio irmão. Só que... – Ela deu um suspiro antes de apoiar o queixo nas mãos, com os cotovelos sobre os joelhos no banco do jardim. – Cada um tem uma vida, sabe? Eu disse a ele que eu sei que eles são próximos, mas eles não nasceram colados. Armin também merece um certo espaço. Mas isso pode ser minha visão de filha solteira.

   – Não, eu concordo. Eu e o Viktor, a gente sempre estava junto. Só que era um sempre figurativo. Eu sabia os dias em que ele queria ficar em casa conversando com algum amigo e não comigo e Nathaniel. Eu acho que devia falar isso com ele, talvez.

   – Acho que só os dois conseguem resolver isso entre eles.

   – Então vou pro outro lado da história. Preciso falar com Armin mesmo. Beijo, Rosa. – Ela me deu um aceno, mal se movendo enquanto eu ia até o corredor. Olhei pelas salas, ainda com tempo antes do sinal bater. Achei Kentin, que me sugeriu a biblioteca.

   – Anna. – Ele limpou a garganta enquanto eu ajeitava a mochila nas costas. – Eu sei que estou bem atrasado, mas eu...eu fiquei muito puto com o que a Ambre fez. Me lembrou quando ela e as duas ratazanas dela me importunavam e você me socorria. Eu juro que se estivesse lá não teria deixado elas nem chegarem perto de você.

   – Eu sei, Kentin. É até louco pensar que depois de tudo que a gente passou, você continua aqui comigo.

   – Sempre. – Ele apertou minha mão sorrindo. Sorri de volta e pedi licença.

   No corredor até a biblioteca, achei Kim e Violette falando sobre alguém. As duas sussurravam, mas consegui escutar antes de empurrar a porta do cômodo que eu pretendia entrar.

   – Ela nunca foi assim.

   – Não acho de todo ruim, Violette.

   – Quem? – Me permiti ser intrometida e perguntei, recuando alguns passos.

   – Ambre. Parece que ela está passando por uns bons bocados.

   – Como assim? O que foi?

   – A Priya e o Lysandre estão dando uma beça coça nela, no pátio.

   – Que? – Não deixei a menina terminar e corri para o pátio. O que aqueles dois estavam fazendo? Assim que eu ia sair para o pátio, a porta se abriu de uma vez, e a dona da cabeleira loira passou de uma vez, esbarrando em mim.

   – Chega, eu não aguento mais. Licença. – Por incrível que pareça, ela parecia prestes a chorar.  E ela tinha realmente sido educada? Porque eu tinha certeza que ela tinha me visto. Fui enfrentar Priya e Lysandre, na hora.

   – O que vocês fizeram? – Perguntei num tom mais alto do que o pretendido.

   – Oh, Anna, oi. A gente acabou de coloca-la no seu devido lugar. Você perdeu. – Priya parecia realmente satisfeita com seu feito, mas eu só conseguia sentir o sangue esquentando nas minhas veias.

   – O que vocês fizeram? – Repeti, mais dura dessa vez. Lysandre pareceu finalmente me perceber e tentar dizer algo, mas ele percebeu que só tinha uma resposta que eu queria.

   – A gente fez ela sentir como é, ser humilhado em público, feito de bobo. Sabia que ela quer ser modelo?

   – Sabia.

   – Pois é. Só que ela não consegue. E temos como provar. – Priya seguia sorrindo, mas eu já me remoía toda por dentro. Lysandre sabia do caso de Iris, como ele achava que aquilo era diferente? – Foi um plano meio doido na verdade, a gente pediu Nathaniel para colocar Lysandre dentro da casa e ele achou a caixa com todas as cartas que a dispensavam.

   – Espera, o Nathaniel sabe disso aqui?

   – Ele deve ter visto, mas ele não sabia o que tinha na caixa. A mãe dela a fez guardar todas as rejeições como se fosse motivador. Uau. Pelo menos ela não vai te incomodar mais. Não é ótimo?

   – Se foi feito assim, não. Eu acho que deixei bem claro que não queria vingança nenhuma, Priya. E as razões pelas quais não queria. E outra, você, Lys, de todo mundo, eu nunca achei que cairia na categoria de chantagista. E de humilhar uma garota em público. Talvez a próxima caixa seja minha, não é? – Olhei para ele, sabendo que ele sabia de qual caixa eu estava falando. E não eram folhas de cartas de rejeição na que eu citava. – Parabéns pros dois. Belo plano.

   Priya parecia um pouco chocada pela forma como eu reagi, mas Lysandre tentou me alcançar. Me enfiei no primeiro banheiro feminino que eu encontrei e esperei um tempo, me certificando que ele não estaria esperando. Acho que era a primeira vez que eu sentia aquela decepção. E medo. Eu queria continuar confiando em Lys, mas o que ele fez com a Ambre não tinha justificativa. Nem mesmo se o plano fosse todo de Priya.

   Quando consegui sair, o primeiro sinal já tinha tocado. Assisti todas as aulas calada, e no horário do almoço, fui atrás de Armin, justamente na biblioteca. Ele digitava algo, mas assim que ouviu a porta, pegou o mouse e clicou em algo. Mudando de conteúdo.

   – Ei, e ai? – Joguei a mochila no chão e puxei uma cadeira pra perto.

   – Oi.

   – Armin, você conseguiu entrar na conta do tal Timothy?

   – Uhum, só que não vai dar pra fazer isso hoje não. – Nossa, que belo corte. Ele mal estava olhando pra mim.

   – É, eu sei que você tem várias outras coisas pra fazer, mas você podia pelo menos me dizer do que se trata.

   – Hum, eu confirmei que os dois estavam namorando. – Eu fiquei esperando a explicação e ele deu de ombros. – Eu li o histórico de mensagens.

   – Armin, isso é íntimo.

   – Eu não sou pervertido, muito obrigado. Eu não queria também, mas eu precisava comprovar que eles tinham se visto e não eram só amigos, caramba. E eu nem tive que ler muito, não foi nem um terço. Só que eu percebi uma coisa.

   – O que?

   – Eu não acho que o chantagista seja ele. – Franzi o cenho, confusa com a afirmação. – Ele é lerdo demais para isso. Demorava um pouco pra responder, e nem sempre entendia direito o que estava sendo dito, entre outros. Porém...Lembra Queen qualquer coisa que bloqueamos porque era da escola? Só para não perceber nada de estranho nas contas?

   – Sei. Você acha que...

   – Possivelmente. Só tem uma coisa mais motivado do que um sujeito que não sabe controlar o próprio... – Olhei para ele, que engoliu em seco e prosseguiu. – Enfim, uma mulher com raiva.

   – Nossa, bem babaca essa afirmação, por acaso.

   – Não é pra ser machista, é sério. Por mais que eu não concorde, eu pesquisei sobre. A maioria das mulheres traídas acaba por culpar a amante, e não o parceiro. A outra garota é sempre a vagabunda que roubou algo delas.

   – Faz sentido. A culpa sempre é da mulher, não é?

   – Como eu disse, não que eu concorde.

   – Relaxa, Armin. Todo mundo já foi babaca uma vez na vida. E eu entendi o que você quis dizer, no caso.

   – Pois é. Acha que consegue se virar com isso?

   – Talvez...

   – Poderia aproveitar e deixar Lysandre a par, daí ele te ajuda, hein?

   – Não, eu dou um jeito sozinha. – Acho que ele notou que eu não queria ver Lys tão cedo e deu de ombros, dizendo que acreditava no meu potencial sozinha também. E fui direto na minha primeira suspeita. Ambre.

   Ela estava na sala de artes, rabiscando algo num caderno, de cabeça baixa. Eu sabia mais que a maioria o quanto ela era na verdade frágil, e agia daquela forma como uma defesa. Suspirei e acendi a luz da sala, fechando a porta e ficando na frente dela, bloqueando a passagem.

   – Seus dois colegas não foram o suficiente? Me deixa em paz. – E dessa vez era um tom de voz baixo, quase assustado. Como se eu finalmente tivesse a maior parte da corda no cabo de guerra. Suspirei, cruzando os braços.

   – Não vim por causa disso. Mas, se te consola, eu também não gostei nada da situação. – Ela me lançou um olhar preocupado, porém desconfiado. – Eu ficaria arrasada se alguém me colocasse no holofote dessa forma, sabe?

   – Então o que você quer? Porque aquela garota não bate bem da cabeça, se ela souber disso vai vir me ameaçar de novo e...

   – Não vai, não. Pelo menos não por minha causa. Eu deixei bem claro que não concordava com isso. Esse papelão todo. Agora você pode me escutar ou você quer mais uma certeza de que eu não vim aqui te humilhar?

   – Ela colocou os meninos contra mim, como se eu fosse a escória da beleza.

   – Não se preocupe, Ambre, até eu quem preferiria queimar a língua a falar isso em voz alta assumo que você é linda. Mas, falando em meninos...Você está solteira?

   – Que pergunta é essa?

   – Uma de sim ou não.

   – Sim. Não namoro ninguém. Feliz? Ou seu plano era perseguir meu namorado também? Se ferrou, nem existe ninguém.

   – Você terminou faz pouco tempo, então?

   – Não. Se seu plano é me humilhar por ser eternamente encalhada, pode saber...Se bem que alguém do seu nível não entenderia. – Ela já estava voltando a abrir as asinhas, pronta para outro pulo e para tentar voar de novo. A ave de rapina não estava mais lá para acuá-la.

   – Eu posso não ser muito experiente, mas eu tenho todos os neurônios no lugar, pode explicar que eu me viro.

   – Bom, quando você é bonita como eu e tem escolha, não é tudo que te impressiona, entende? A gente se torna mais exigente com quem queremos.

   – Você ainda não é surda, Anna, fique grata. – Resmunguei, olhando para o teto, antes de retomar meu assunto em mãos. – E sobre aplicativos de encontros?

   – Você tem certeza de que não é surda? Acabei de dizer que não estou desesperada.

   – Sim, mas para alguém com o ego do tamanho do seu, deve ser...satisfatório, todos os likes, toda a atenção...

   – Eu não preciso disso, isso é pra garotas idiotas. Deveria tentar. – O sorrisinho cínico que começava a tentar se formar em sua boca, mas era superado pelo medo. – Não vai contar nada disso para ela, vai?

   – Só eu sou doida o suficiente para me interessar na sua vida amorosa.

   – Então, qual o intuito desse interesse? Você não está interessada em mim, né? Lamento informar, mas eu sou hétero.

   – Fica quieta, me deixa pensar. – Resmunguei, quase sentindo minha cabeça explodir com tanta baboseira. Ela ficou quieta, me fitando. Não era ela. Ambre podia ter seu nível de maldade no sistema, mas quando era realmente cruel ela não era tão sem coração. Era só ver pelo caso do irmão dela. Claro, eles tinham mais convivência do que ela jamais teria com Iris, mas a forma como ela ficou chocada com o drama familiar...Não, ela não era doente a esse ponto.

   – Então quem? – Pensei um pouco alto, mas ela nem resmungou em resposta.

   – Estou livre, ou você vai convocar sua amiga psicopata?

   – Está, está sim... Valeu, Ambre.

   Ela pareceu um pouco surpresa com o rumo que a história tomou, mas não disse nada. Deixei a sala, sem saber como proceder. Meu palpite falhara e eu não sabia por onde mais ir. De novo, um quebra cabeças sem ter por onde me guiar.


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Notas finais do capítulo

Até mais vê-los ^~^



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