Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca


Capítulo 33
O Dia Da Estrela


Notas iniciais do capítulo

Gente de deus, quanto tempo :3 Sabe, eu passei por um monte de problema pra escrever ao mesmo tempo (falta de tempo, de ferramenta, de computador .q) Mas espero que esteja a altura de um pedido de desculpas pelo atraso monstruoso ;-;



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À medida que os ensaios iam tomando ainda mais forma, as falas iam fluindo naturalmente, a peça virava uma obra prima...a data que se aproximava ia me deixando ainda mais ansiosa. Rosa não me dava nem ideia de como seria minha roupa, e confesso que estava com medo dela inventar muita moda e acabar me atrapalhando. Alexy até me disse que eu não tinha que me preocupar, mas ele não era exatamente reconfortante naquele quesito.

Pelo menos todo mundo parecia sincronizado quanto aos ensaios. Todos já tinham gravado suas falas, Violette e Iris só estavam fazendo os detalhes finais dos cenários para o fim e o figurino. O bendito figurino que estava me enlouquecendo. Provavelmente era sem razão, quase certamente, mas eu só conseguia me imaginar caindo ou com uma roupa muito apertada.

E, pronto, passou num piscar. Na véspera da peça, uma sexta feira, a diretora nos liberou das aulas para finalizar os preparativos. Iris e Violette levaram os cenários para o ginásio, onde Faraize e Boris já tinham instalado o palco. Repassamos as falas algumas vezes, até ver Rosalya numa conversa acalorada com um Alexy alarmado no canto do ginásio. Algo errado, opa. Não podia acontecer. Não mesmo.

Acabado nosso ensaio final, corri atrás dos meus dois amigos hiper talentosos com moda, no fim do corredor. Os dois se assustaram quando me ouviram chegando. Para soltar o ar assim que perceberam que era eu.

— O que há com vocês? Os figurinos estão prontos, sim? Tínhamos que ter ensaiado com eles, mas vocês…

— A diretora vai nos matar.

— O que vocês fizeram?

— Calma, vocês têm figurino. Digamos só que nos empolgamos um pouco. – Não sei se aquela frase dele me deixava mais tranquila, mas a expressão de Rosa definitivamente não deixava. – Bom, vão descobrir na hora que buscarem as roupas. Avise que estaremos com tudo na sala de ciências, para nos visitarem antes de ir embora.

— Okay.

Passei avisando pelas salas do figurino, tentando ignorar que algo estava prestes a explodir, até que eu mesma cheguei na sala para buscar a minha. Vi a roupa de Kim, mas a expressão indignada dela me deixou com medo. Alexy tentava explicar, mas não estava adiantando muito. Até que Kim aceitou e disse que só poderia entregar no dia seguinte. E saiu da sala, com a roupa nos braços. Um vestido rosa tão meigo que nem parecia dela.

— Okay, soltem a bomba.

— Aqui o seu. – Rosa suspirou antes de pegar um saco no cabideiro. Estranhei que até aquilo estivesse ali, mas eles levavam tudo com roupas a sério. – Preciso de cento e quarenta dólares.

— O que?

— Gastamos um pouco mais que o previsto no orçamento. Ha. – Alexy queria se esconder, e realmente era uma boa ideia.

— Gente, era pra ser de graça. GRAÇA.

— Todo mundo já nos contou, ok? E eu já paguei a maior parte do prejuízo com minha mesada dos próximos três meses.

— Minha mãe só quis ajudar com cem.

— Quanto vocês ultrapassaram?

— Não vem ao caso. Pode pagar amanhã ou não?

— Posso, mas não é isso. – Pensei em continuar com a discussão, mas percebi o olhar de Rosa no chão, cansada daquilo tudo. Suspirei. – Só falei porque precisam ter cuidado. Não se brinca com dinheiro assim, lindos.

— A parte boa é que nossa estilista te deixou um arraso. Com alguns toques meus, claro.

— Eu acredito.

Foi ai que eu tive a curiosidade de olhar minha roupa. Não quis tirar de dentro do saco para não amarrotar, mas vi muitos detalhes. A saia do vestido parecia cheia, com remendos em xadrez de diversas cores sobre o azul claro. Um colete preto, botinhas. Sorri, agradecendo o serviço dos dois. Foi a primeira vez que Rosa me olhou, e sorrindo. Eu sabia o que era toda a escola te reprovar. Sorri de novo.

Com tudo pronto, eu só precisava descansar e esperar o dia seguinte. Deixei meu figurino em casa e fui para a academia. Eu precisava descarregar um pouco toda aquela ansiedade, ou ia explodir antes da peça. Passei algumas boas horas dentro da academia, praticando com Kim, que tinha a mesma intenção de desestresse que eu.

Voltei para casa, ouvindo a conversa animada dos meus pais antes mesmo de abrir a porta. E ri da cena. Os dois tomavam um vinho, com o som tocando algum dos discos do meu pai. Os dois dançavam a música animada, rindo feito adolescentes. E nem me perceberam. Fechei a porta com todo cuidado do mundo e passei por eles, subindo pro meu quarto.

Depois do meu banho, de cabelos lavados e fones de ouvido, fui para a escada de incêndio. Já estava mais tranquila. Bem mais. Nathaniel me mandou mensagem, as quais eu ia respondendo sempre sorridente. Era engraçado como aquele menino me fazia bem. E eu esperava que ele se sentisse assim sobre mim também. Quase dormindo, voltei para o quarto e me joguei na cama. Inevitavelmente, dormi.

— É, mãe, eu sei. – Ela estava falando algo sobre minha postura em cena, pela milésima vez, enquanto eu atravessava o pátio. E logo de cara trombei numa senhora ruiva linda. – Oh, perdão.

— Anna, hey.

— Iris, desculpa, não te vi. Tudo bem, sim?

— Claro. Hum, essa é minha mãe, Isabelle.

— Prazer, sou Anna. Ah, minha mãe Lucia e meu pai Phillipe. Seu pai não pode vir?

— Não, ele vive em outra cidade. Divorciados. – A mãe dela respondeu, risonha. Vi Violette e um senhor grisalho alto, caminhando na nossa direção. – E esses, minha linda?

— Oi, meninas. Eu queria apresentar meu pai pra vocês. Essas são Iris e Anna, pai. A menina que me ajudou a encontrar minha… – Ele sorriu para mim.

— Armand. Minha menina fala muito de vocês. Os senhores?

— Lucia, meu marido Phillipe e nossa nova conhecida Isabelle. Prazer. – Quando percebi que os três logo iam se entrosar, dei meu jeito de ir procurar mais amigos. Curiosidade era meu forte e eu queria conhecer os familiares que enchiam a escola. E não demorou para eu encontrar uma moça até nova abaixada, murmurando.

— Licença. – Ela ergueu o rosto, pega de surpresa. Ergui a mão, pedindo desculpa pelo susto. O cabelo curto deixava os olhos verdes ainda maiores no rosto fino. Parecia uma boneca de pano. – Precisa de ajuda?

— Perdi meus óculos, não estou nem te vendo direito. Alguém esbarrou em mim e eles caíram. – Ela voltou a procurar, antes que eu falasse qualquer coisa. Passei a olhar também, encontrando um de lentes grossas perto da lixeira do outro lado do corredor. Fiquei de joelhos e os devolvi direto ao seu rosto. – Oh, obrigada. Uma bela moça, sim.

— Obrigada. Qual seu nome?

— Mãe, te achei, aleluia. Onde se meteu?

— Sua colega me ajudou a encontrar meus óculos.

— Anna, oi. Encontrou minha mãe, sim?

— Kentin, meu querido. Eu devia ter adivinhado. Só uma fofa dessas pra ser sua mãe.

— Oh, essa é a menina de quem você tanto fala? A do colégio antigo de quem você…

— Meu pai está te procurando. – Eu estava certa, ele continuava fofinho. Brincando com o cordão, ele sorriu sem graça meio sem olhar para ninguém. Sorri e simplesmente adicionei meu nome a conversa. Manon, a bonequinha, agradeceu e foi na direção do gigante loiro no fim do corredor. Pelo estilo, definitivamente pai do nosso garoto.

— Licença. Você viu nosso garoto?

— Hum? Oh, olá. Eu não sei, depende de quem é ele. – A senhorinha com um lenço na cabeça sorria simpática para mim, olhando ao redor. O senhor magro que a acompanhava completou.

— O rapaz bonito, de olhos diferentes.

— Lys.

— Você o conhece?

— É, ele é da minha turma. Não o vi ainda, no entanto.

— Oh, nos perdemos dele. – Tive que conter o riso. Pelo visto o Lysandre tinha de onde puxar a mania de se perder e esquecer coisas.

— Eu digo para ele se o vir.

— Obrigada.

Vi muita gente. Peggy estava com os pais, falando algo sobre a comida que estava sendo servida. Kim estava com os pais por perto, mas sem conversar. A loira conversava com o negro alto, segurando seu braço. Vi os pais de Bia, Li, Charlotte, que pareciam não ser completos babacas como as crias. Ambre estava com a mulher com porte de modelo que imaginei ser sua mãe. Bem, de todo mundo praticamente.

— Adivinha quem é, princesa? – Eu nem levei as mãos até os dedos gelados que cobriam meus olhos. Ri antes de responder.

— Seu irmão não teria se entregado tão rápido, meu lindo. – Alexy fingia estar chateado por eu ter descoberto que era ele. E eu só ri. – Tudo bem?

— Estava te caçando. Conheça agora os dois divos mais maravilhosos do mundo, depois de mim. – Ele indicou o casal que se aproximava. E fiquei um pouco sem reação ao notar que eles não tinham absolutamente nada parecido com os filhos. Nada mesmo.

— Tudo bem? Anna. Cadê seu PSP, Armin?

— Confiscado. E só devolvo depois que ele arrasar como Chapeleiro.

— Eu ainda preferia que fosse feito o Chapeleiro de Alice Madness Returns.

— Aquele jogo é tão difícil.

— Você que é ruim, fofa.

— Só não vou te chutar em respeito ao seus pais.

— Quer ajuda? – O pai dele perguntou, sorridente. E todo mundo riu. Eles se apresentaram como Vitoria e Arnaud. Mas com tantos nomes na minha cabeça, fiquei com medo de confundir algum.

A conversa se estendeu um bom tanto. Alexy continuava pendurado em mim, enquanto Armin tentava me beliscar enquanto seus pais falavam comigo sobre como eu estava deixando-os na linha. Até que meus pais foram me procurar.

— Você parece seu pai, danada. – Alexy praticamente gritou. E meu pai olhou para ele um pouco sério demais. Tentei me soltar do abraço, mas ele nem se mexeu. E Armin também não parava. Imagino que eles já tenham se visto algumas vezes mesmo que por alto, mas meu pai parecia não se lembrar deles.

— Bem, vê se não vai esquecer a hora, meu anjo. Você é a estrela.

— Deixa comigo, mãe. Falando nisso…

Eu não consegui acabar a frase. Castiel veio praticamente rasgando pelo corredor, para simplesmente parar do meu lado e me tratar no bom humor de sempre. Aliás, com todo mundo. Alexy aproveitou para tirar seus pais da cena sem dizer nada.

— Você viu os pais dele?

— Dele quem?

— Seu namorado.

— Nathaniel?

— Não, o namorado que não é um babaca retardado.

— Agradável. Eu os vi há algum tempo. Você viu os meus?

— O que? – Cruzei os braços, vendo que ele só percebeu a presença da minha mãe e do assassino que meu pai estava prestes a virar naquele instante. – Desculpa. Castiel.

— Lucia e Phillipe.

— A natureza foi boa pra você em, garota? – Eu quase não ouvi o comentário, mas ele ficou lançando olhares quase discretos, até eu entender.

— Castiel, cala a boca. Por favor.

— Oh, alguém conseguiu notar. Bom, já que você não viu seus sogros, eu continuo minha busca. Espero só te ver de novo em palco.

— Espero que caia dele. – Ele piscou pra mim e continuou seu trajeto.

— Quem é esse?

— O menino que adora pegar no pé da sua filha, é claro. Aposto que ele te adora.

— Não tenho certeza, mas acredite é estranho estar sem ele. Bom, eu vou trocar de roupa. A chave do carro, por favor.

Fugi da cena, sem o menor remorso. E a melhor parte é que realmente já estava chegando a hora de ir me aprontar. Busquei o saco no carro e voltei para o pátio, murmurando alguma música do filme de Alice. Achei Lys e Rosa falando com os senhores de mais cedo e me aproximei.

— Reuniram-se, enfim.

— Oh. Ela quem disse que te avisaria.

— Anna, bom dia.

— Hey, Lys.

— Anna? – George, que eu ouvi a senhora dizer pouco antes, começou a falar. – Oh, essa não é garota que você está sempre falando?

— Pai, não. Que ideia.

— Oh, Anna, Castiel te incomodou muito? A gente ficou sabendo que você tinha os visto e mandamos ele atrás de você. Sabe como é, conhecer a sogra e tudo mais.

— Ah, nada demais, agora meu pai só acha que eu beijo o Lysandre, mas está tudo certo.

— Como é?

— Ele estava procurando os pais do meu namorado. E ainda deixou parecer que Nathaniel também é um.

— Eu devia ter ido eu mesma, sabia. Enfim, quer ajuda pra se trocar?

— Oh, tudo bem. – Me despedi e fui com ela até o vestiário, onde algumas outras já se vestiam. Kim ajudava Peggy com a fantasia de lagarta, enquanto eu fui tirando meu figurino do saco. O vestido era até meio pesado, mas estava realmente lindo. Eles tinham conseguido uma meia calça de pernas diferentes, decorado a bota com naipes, feito até um anel e um arquinho para enfeitar meu cabelo, que ficaria solto.

— Cade?

— Tem mais, Rosa?

— É, tem o colar de relógio. Aqui. Toma. E eu vou passar uma maquiagem só pra dar uma uniformizada na pele. Tudo bem ai, Peggy?

— Sim, prontinha.

Aquilo eram os famosos bastidores. Charlotte estava isolada num canto, olhando tudo com aquele ar superior, enquanto ajeitava sua gravata. Ela estava num terno simples, de saltos altos e os brincos de argola reluzentes. Melody e Bia simplesmente dividiam seu trabalho, Kim acabava de prender a presilha no cabelo liso, enquanto Peggy espiava pela porta.

— Vocês vão arrasar. Vou para a plateia, comemoro com vocês no fim. Beijos. Dez minutos. – Rosa saiu e Peggy foi atrás. Tinha uma cortina no palco, onde ela foi se esconder. Não demorou todo mundo foi saindo também. Kim perguntou se eu precisava de ajuda, mas só respondi que precisava de um minuto sozinha.

— Tudo bem. Você consegue, garota. Não está sozinha. – Viktor me veio à cabeça. E ao mesmo tempo que me confortou me deixou mais ansiosa. Eu estava para sair do vestiário e ir assumir minha posição atrás da cortina, quando vi alguém saindo do banheiro masculino. E pelo cabelo preso, era o sobrinho do Boris. Dake sempre aparecia absolutamente do nada. Desviei dele e sai correndo. Não dava pra me distrair.

Atrás das cortinas, já em posição com Kim, tentei respirar fundo de novo. Ela me deu um empurrão para me reconfortar e voltou a ficar na sua pose. Fiz o mesmo. Era hora do show.


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Notas finais do capítulo

Isso mesmo, lindos, até mais vê-los ♥



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